A notícia
Capítulo quatro
Depois do vexame de vomitar na frente do Gabriel, nós começamos a trocar algumas mensagens e ele era engraçado e sempre flertávamos, mas sinceramente eu não sabia se investia nele ou não, por causa da namorada que ele jurou não ser mais namorada, porém, em um dia em que ele respondeu meu status no whattsapp eu fiquei na vontade de seguir com nosso rolo e mandei para as minhas amigas o que ele tinha me mandado e as doidas incentivaram a respondê-lo e flertar ainda mais. Eu era péssima com paquera, mas decidi entrar na onda quando ele comentou dizendo que eu parecia um anjo então eu respondi:
Sim, sou um anjo e estou á procura de um anjo de barba e covinhas.
Ele respondeu:
Que pena talvez eu não seja tão anjo assim.
Mandei para as minhas amigas e achei que ele estava me dando um fora, mas uma delas me passou como responder e eu enviei:
Não tem problema, porque talvez eu também não seja tão anja assim e aí podemos um proteger o outro.
Terminei a mensagem com uma carinha sorrindo e me sentindo muito provocativa. Então ele respondeu:
Ah, anjinha...
Não gostei como ele respondeu e achei que ele deixou no ar, mandei para as minhas amigas e elas me falaram o que eu tinha que responder para tirá-lo de cima do muro:
Pena que você não está à procura de nenhuma anja, né?
De imediato ele digitou:
Quem disse que não?
E de imediato eu respondi:
Mas também não disse que sim.
Ele respondeu:
Claro que eu disse, você que não quer acreditar.
Fiquei pensando no que responder e mais uma vez recorri as minhas amigas, até que uma das doidas me mandou o que escrever e assim eu fiz, porque eu não sabia flertar sozinha:
Já que quer, eu te busco ou você me pega?
Mandei uma carinha de safada no final da minha pergunta que tinha um duplo sentido e me senti muito atrevida, entretanto, infelizmente ele andava tão ocupado que apenas respondeu me dando um banho de água fria:
Vamos marcar sim de eu te pegar, porque infelizmente agora estou no meio de uma explicação chata de um professor mais chato ainda. Desculpa. L
Fiquei decepcionada com ele, mas entendi que Gabriel tinha planos para o seu futuro e eu respeitava e apoiava.
Fazia mais de um mês que eu vinha conversando com o gato do Uber, mas por toda a correria do seu trabalho, estágio e fim de faculdade, não conseguimos nos ver e eu também não tive folga, o salão estava cheio e eu estava trabalhando até mais tarde, com isso senti que esfriamos. Ele até tentava se manter presente, mas eu via que ele estava sem tempo e todas as vezes que eu o chamei ele sempre estava ocupado dirigindo ou em uma aula ou trabalhando, mas sempre dizia que estava apaixonado, me pedia desculpa e paciência que logo ele seria todo meu, entretanto, mais de um mês depois da primeira vez, nós dois não conseguimos mais nos encontrar... puff... Talvez fossemos ficar no amor de Carnaval.
Bom, pelo menos tinha acabado antes que eu pudesse sofrer e só ia ficar a lembrança do sexo incrível que tivemos. Na verdade, eu também estava apaixonadinha por ele e só de pensar no nosso sexo incrível, eu já queria de novo e um calor invadia meu corpo. Nas vezes que conversamos, ele me passou o endereço de onde era o escritório de engenharia e pediu que eu fosse vê-lo, mas eu me fazia de difícil para não ser eu a ir atrás dele e ele nunca conseguia ir até mim. Teve uma noite Gabriel até deu a ideia de eu o esperar em sua casa e dormir com ele qualquer dia depois da faculdade, mas eu também pensei que estaria atrapalhando, então nunca criei coragem para ir até lá.
— Você anda tão quieta. — Carol, a manicure que trabalhava no meu salão, me tirou dos meus pensamentos. Já fazia alguns minutos que eu olhava para o computador de planilhas e gastos que ficava na recepção e não resolvia nada.
— Eu?
— Sim, tem um tempo que tenho a impressão de que você anda muito silenciosa.
— Impressão sua, só estou meio enjoada, hoje.
— Hummm... Vai me dizer que está grávida? — A olhei indicando que ela falava besteira. Além de funcionária, Carolina era minha amiga.
— Lógico que não!
— Ah, tá, já achei que você seria o meme da mãe que tem criança fruto do Carnaval.
Ela ria largamente, mas meu riso congelou, eu franzi as sobrancelhas e peguei um calendário que tinha ali perto. Rapidamente contei os dias e me perguntei: quando tinha sido a minha última menstruação? Fiz uma varredura mental em que lembrei que duas semanas antes do Carnaval eu estava menstruada e na semana seguinte Guilherme tinha terminado comigo para curtir, ou seja, se eu estivesse grávida só podia ser do Gabriel que foi o único que tive relação sexual. CARALHO!
— Ariela? Você está pálida.
— Carol, faz um favor para mim?
— Claro.
— Procura no Google qual a probabilidade de ocorrer uma gravidez usando camisinha, porque estou tremendo e meus dedos não vão conseguir digitar.
Percebi o entendimento tomando conta do seu rosto e rapidamente ela correu procurar.
— Aqui diz que o risco é quase zero.
— Então não vou me preocupar com isso, não é possível que eu faça parte do zero.
— É — respondeu Carol, sem muita certeza.
Olhei meu horário e tinha uma cliente dali duas horas, daria tempo de cancelar. Eu precisava das minhas amigas.
— Pelo amor de Deus, me ajudem! — falei me jogando no sofá da casa da Carla, onde estávamos reunidas e eu estava rodeada das minhas três confidentes.
— Para de drama que você nem tem certeza de nada. Toma, vai fazer o exame, eu comprei no caminho para cá. — Eva me entregou uma sacola com uns três testes de gravidez.
— Mas e se der positivo?
— Você não vai saber até fazer o teste e pode ser até que esteja se preocupando atoa — Alice me respondeu sem paciência.
— E o máximo que você e o boy vão ter que fazer, será cuidar de um bebê — Carla falou, calma e até mesmo parecendo empolgada com a possibilidade.
— Ai,,, Nãooo. — Tampei os olhos com as mãos. — Ele nem terminou a faculdade.
— Vai lá fazer o teste, Ariela, depois a gente vê o que faz — Eva me incentivou.
Soprando desanimada eu fui até o banheiro, fiz o que pedia na descrição do produto e depois de alguns minutinhos constatei o que eu temia. Voltei para a sala sem entender o que estava acontecendo com a minha vida e quando encarei minhas amigas, ergui os três testes na direção delas e todos indicavam que eu estava grávida.
Grávida?
Gravida!
Eu já estava chorando e parecendo perdida.
— Fica calma — Eva falou me consolando. — Você sempre se virou e deu jeito pra tudo. Vamos ser práticas, você tem que contar para o pai da criança.
— Um bebê! — Carla falou sorrindo e eu revirei os olhos.
— Mas gente, foi só uma vez. Como vou contar isso para ele?
— Foi só uma vez em que ele também, participou, gozou e gostou, então tem que assumir.
— Tem razão — falei, decidida e me levantando.
— Aonde você vai? — Alice perguntou.
— Contar para ele. Eu não vou conseguir dormir com isso martelando na minha cabeça e se eu não vou dormir, ele também não vai.
Era quase seis horas da noite quando achei o prédio que ele tinha me dito que trabalhava. Tive que voltar todas as mensagens que trocamos para achar a mensagem onde ele explicava a localização da construtora e eu estava em um misto de ansiedade e desespero, entretanto, assim que cheguei no prédio o sentimento que prevaleceu foi a raiva. Parecia cena de novela, eu olhei para a entrada e lá estava o Gabriel: abraçado com a antiga namorada ou atual, eu já nem sabia mais.
A princípio fiquei paralisada, mas depois dei um passo para trás e depois outro e aí parei. Pensei que eu tinha um motivo importante para estar ali e que ele se sobrepunha àquela situação. Fiquei esperando eles se separarem para que eu me aproximasse, não queria que ela me visse para que não pensasse que eu estava ali para fazer uma cena. Mesmo não tendo nada com ele, eu estava me sentindo traída e até mesmo... Triste. Vi quando ela se afastou e não se beijaram, ela apenas se foi e quando ele estava voltando para o prédio, eu o chamei. Gabriel se virou para mim e primeiro pareceu tenso, mas assim mesmo abriu um sorriso ao me ver, como se estivesse realmente feliz em me ver ali.
— Enfim você veio. — Ele tentou me dar um beijo no rosto, mas eu o parei.
— Preciso falar sério com você.
Ele riu.
— Se for por que você viu a Érica aqui, não é nada...
— Não tem nada a ver com ela — o interrompi. — Não temos nada e se ela ainda for sua namorada... — Fechei os olhos e deixei a fala no ar.
Ele me olhou, parecendo surpreso e até mesmo assustado.
— Ela não é mais nada minha e eu sei que passamos esse um mês conversando apenas por mensagem e que eu estou completamente sem tempo, mas na minha vida desde aquela noite... Só existe você.
Ri em desdém e ele continuou:
— Se você está brava por que viu a Érica aqui, não precisa, porque ela veio aqui só para pegar um documento que esqueceu em casa e estamos separados e bem resolvidos e...
— Para! Sinceramente, isso não me interessa e você e seu relacionamento é o meu menor problema neste momento.
— Eu não tenho um relacionamento com ela! — falou irritado.
Suspirei.
— Gabriel, podemos conversar sério?
— Eu estou falando sério quando eu digo que quero você!
— Eu estou grávida, droga! — falei sem pensar e um tanto irritada.
Ele ficou branco, me olhou assustado, colocou as mãos na cintura e soltou o ar. Estava até pálido e o silêncio dele estava me deixando nervosa, até que ele resolveu falar e pensei que até seria melhor que ele não tivesse dito.
— E esse filho é meu?
Senti meu rosto pegar fogo.
Quem ele pensava que eu era?
Eu não disse nada, apenas balancei a cabeça em negativo, soprei o ar que eu segurava e sorri sem vontade, apertando os lábios para não chorar. Então virei-me ainda sem dizer nada e segui para longe dele, porém eu mal dei dois ou três passos e ele veio atrás de mim e me segurou pelo braço.
— Espera, vamos conversar.
— Eu não tenho mais nada para conversar com você.
— Eu preciso saber de tudo.
— Não precisa! Afinal, quem sou eu? A louca que você nem conhece e que te atacou no Uber. A qual você disse ter se apaixonado depois a que você vem trocando mensagens rápidas durante um mês e que agora vem te dizer que está grávida. Tem razão, você tem toda a razão de estar em dúvida, você não me conhece e não sabe que foi a primeira vez que eu tive relação sexual com alguém que eu mal conhecia e tive o azar de engravidar. Azar, um desgraçado de um azar de fazer parte do seleto e premiado clubinho que engravida usando camisinha.
Ele passou as mãos nos cabelos e parecia em dúvida, em pânico e perdido.
— Eu tenho uma reunião importante agora e posso ser efetivado depois dela, além de um trabalho importante na faculdade que falta poucos meses para eu terminar. Me desculpa se estou confuso, é muita coisa. Podemos conversar depois? Amanhã eu juro que te ligo e vamos resolver tudo.
Resolver tudo? O que ele quer dizer com isso? Será que ele vai pedir para eu abortar?
Eu soltei o ar me acalmando e falei:
— Tudo bem, eu te espero — falei calma, mas por dentro tudo estava explodindo.
— Amanhã esse mesmo horário eu te ligo e a gente resolve. — Assenti e engoli as lágrimas. Eu não queria ser a fraca que chora. — Preciso entrar. — Ele parecia culpado por ter que me deixar.
— Ok.
— Não pensa muito e fica bem.
Assenti parecendo calma.
— Até amanhã — ele falou com olhar perdido.
Não respondi e me virei, segui para longe dele e o deixei me olhando. Quando percebi que já estava longe o suficiente comecei a chorar, peguei meu celular e liguei para a Alice:
— Amiga — eu mal consegui falar em meio aos soluços —, preciso da ajuda de todas vocês para sumir. Eu preciso sumir e nunca mais ser achada por ele, preciso apagar todos os rastros, porque não quero ser o atraso na vida de ninguém.
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