Capítulo 8

18 dias para o Natal

Era domingo à noite, eu tinha passado apenas um final de semana com o Natan e por mais doido que pudesse parecer, esse pequeno tempo foi o que bastou para que quando eu estivesse de volta e longe dele, assumisse para mim mesma e sem dúvidas que estava completamente apaixonada. Sim, apaixonada e apesar de relutante, eu não conseguia negar para mim mesma, principalmente depois de passar dois dias perfeitos em sua companhia. Fui incrivelmente mimada e bem tratada por ele, Natan me descongelou por completa e tudo que gritei ao universo que jamais faria de novo eu estava fazendo: Eu estava apaixonada.

Depois do nosso sexo na praia, voltamos para o quarto e dormimos, pedimos comida e comemos lá mesmo e só saímos da pousada para voltar para casa. Durante o dia por diversas vezes tentei me manter longe dele, eu pegava o celular ou ligava a TV ou ia até a varanda do quarto, apenas para tirar o foco dele, mas era só o Natan sorrir ou fazer alguma graça que eu me derretia e o plano de me afastar falhava.

Quando ele me deixou em casa, no momento seguinte a ele ir embora eu já senti a sua falta, entretanto, depois da viagem eu podia pelo menos matar a saudade pelo celular, já que tínhamos enfim trocado os nossos números e ficamos com a promessa de nos vermos mais vezes naquela semana.

Assim que me viu minha mãe me encheu de perguntas de como foi, de como ele era e quando ela ia conhecê-lo, já eu, me mantive discreta em relação ao Natan e para não dar a ela falsas esperanças eu apenas falei que foi ótimo, mas que ainda éramos apenas amigos. Minha mãe pareceu decepcionada, mas logo começou um novo assunto com a seguinte frase:

— Você viu a briga das suas tias no grupo da família?

Ri e disse que não, que por causa do passeio eu apenas abri a conversa e a fechei sem ler, então primeiro minha mãe me acusou de ser antissocial e depois me contou que tia Marília já estava falando de levar arroz com milho verde enlatado e tia Eliza disse para que ela pelo menos colocasse um bacon ou uma carne seca no arroz e por isso as duas se desentenderam.

— Acredita, filha? Tudo por causa de um arroz. Fora que tio Nonoto só aparecia no meio da briga para fazer piadas indecentes sobre o peru. — Ri e ela continuou: — E suas primas só davam risada ao invés de falar para as mães pararem de brigar e nem vou comentar que o seu primo Rodolfo falou que era para colocar passas no arroz e o primo Lucas falou que era para ele enfiar a passas no... aí ele digitou reticências e colocou o desenho daquela mãozinha fazendo OK. Ai, meu Deus!

Comecei a rir de gargalhar enquanto ela me olhava ultrajada.

— Mãe, fica calma, todo Natal é igual e no final sempre dá certo.

— Você ri, Natália? Eu fico é preocupada, pois e o clima chato que vai ter na ceia?

— Não vai ter clima chato nenhum, pois ou elas vão se desculpar ou vão dar abraço brigadas mesmo.

— É tem razão. — Deu de ombros.

Logo minha mãe me mandou ir descansar que no dia seguinte eu tinha que acordar cedo para trabalhar. No caminho para o meu quarto fiquei pensando que depois de me inteirar sobre a nova briga no grupo do Whatsapp, eu não conseguia chegar a um acordo se eu amava a minha família ou se odiava, pois até as brigas me faziam rir.

Assim que cheguei no quarto, comecei a desfazer minha mochila, peguei meu celular e para a minha surpresa já tinha uma mensagem do Natan:

"Testando para ver se você não me passou o número errado"

Respondi:

"Eu nunca faria isso. Obrigada pelo final de semana perfeito"

Imediatamente uma resposta dele chegou:

"Eu que agradeço. Você está me fazendo muito bem e apesar de nos conhecermos há pouco tempo, já consigo sentir sua falta quando não estou com você"

Dei um suspiro e eu não sabia o que responder, então apenas me despedi sentindo meu peito apertado por um suspiro apaixonado:

"Contando os minutos para te ver novamente. Ótima noite."

E ele respondeu:

"Eu também estou contando os minutos e ótima noite, meu amor."

Meu amor? Ele me chamou de amor? Bom, preciso parar de colocar expectativa, pois pode ser apenas uma forma que ele tenha de chamar as pessoas.

Eu estava colocando tanta expectativa no novo relacionamento e eu tinha jurado que não ia mais fazer isso, afinal, todas as vezes que eu colocava expectativa em algo, tudo não acabava bem. Natan e eu estávamos apenas nos conhecendo e eu tinha que dar uma segurada nessa história de já estar apaixonada.

Desde criança eu tentava me frear em relação as expectativas que eu criava, já que desde cedo em todos os Natais eu colocava expectativa sobre os presentes de Natal e aniversário e eles sempre faziam uma fusão e eram apenas um, aí eu me decepcionava. E comparando o Natan ao meu presente de Natal, eu precisava me controlar e segurar a animação, porque se ele não fosse o meu presente esperado, o choro seria certo e mais uma vez essa data seria uma grande decepção.