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Capítulo 5


Capítulo 5

21 dias para o Natal

Noite feliz, noite feliz
Ó senhor, Deus de amor...

— Noite feliz não sei onde — falei para a Mariah sobre a musiquinha de Natal que tocava no final do nosso expediente. — Estou cansada e nada feliz.

— Ah, para, amiga. Até que hoje o dia passou rápido.

— É...

Pensando melhor até que o dia havia passado rápido mesmo, principalmente porque eu passei o dia todo aérea e pensando incansavelmente no Natan, parecia um feitiço, um transe ou sei lá... Algo que me deixou encantada por ele e querendo experimentar aquele bendito beijo gostoso de novo.

— Você suspirou? — Mariah perguntou.

— O quê?

— Você acabou de soltar um suspiro — Ela estava rindo da minha cara.

— Não soltei nada.

— Amiga, acho que o beijo do Natan mexeu mais com você do que você quer assumir.

Dei de ombros e não neguei, então ela falou:

— Para de pensar tanto, você é solteira e ele também.

Com esse comentário dela eu esqueci de perguntar se ele era solteiro e então fiquei preocupada. Bom, ele deve ser ou o menino não arrumaria uma namorada para o pai.

— Tenho medo de me envolver, ainda mais no Natal, você sabe como essa data comemorativa me deixa, parece que tudo de ruim sempre acontece comigo em dezembro e começar algo agora não me parece uma boa ideia.

Ela gargalhou.

— Para de ser supersticiosa. Vai dar certo e já falei, pensa que ele é seu presente de Natal, tipo um brinquedo novo e brinca com esse brinquedo, amiga! Cavalga no cavalinho, descabela a boneca, brinca de médico e segura o termômetro, chupa...

— Tá bom... Tá bom... Tá bom... Já chega! — a interrompi, gargalhando.

— Enfim, o que eu quero dizer é para você aproveitar, não adianta ficar aí com pensamentos bobos sobre um mês como outro qualquer, sendo que pode aproveitar a tal magia do Natal... Magia do Natan.

Ri alto.

— Que trocadilho bobo, mas aí, já que tenho tanto medo desse mês, vou tirar as expectativas dele e colocar no Natan. Vou aproveitar.

— Mas vai com calma.

— Irei, pode deixar, será tudo superficial e apenas aproveitando a magia do Natan, tudo bem lúdico e nada muito profundo, para se caso acabar logo eu não sofrer com o término.

— Isso aí, garota!

— Então me promete que você vai aproveitar.

— Prometo!

Aquela conversa tinha me dado calor e eu estava cheia de tesão e tendo infinitas ideias para brincar com meu brinquedo de Natal.

Ah, Natan, eu vou aproveitar de você.

Enfim acabou o expediente e eu e Mariah estávamos saindo do mercado, quando passei pela porta de ferro e dei de cara com o Natan: parado e encostado ao carro, com as mãos no bolso da calça e com um sorriso lindo no rosto, quando me viu.

Que gostoso!

Fiquei paralisada ao vê-lo e ele andou em minha direção.

— Boa noite — me cumprimentou e me deu um beijo no rosto. Meu corpo todo reagiu imediatamente.

— Boa noite — Mariah respondeu, sorrindo — Naty, preciso ir. Ótima noite com seu presente de Natal. Tchauzinho.

Fechei os olhos e já me senti vermelha imaginando que ele me perguntaria o que Mariah quis dizer. Sem esperar que respondêssemos ela foi embora e me deixou a sós com Natan.

— Tudo bem? — me perguntou.

— Tudo — respondi, sem graça e parecia que eu nunca tinha flertado antes.

— Presente de Natal?

— Melhor eu não explicar.

Ele sorriu e mudou de assunto:

— Te incomoda eu ter vindo aqui, hoje?

— De maneira nenhuma, pelo contrário, eu... Queria muito te ver.

Ele deu um passo para frente e ficou muito perto de mim.

— Muito quanto?

Eu olhei para cima para encará-lo, pois ele era alguns centímetros mais alto que eu, e minha boca ficou bem perto da dele.

— Muito... Muito!

Ele rompeu a distância que nos separava e me beijou. Novamente senti meu corpo em brasa e cada parte de mim queria ele mais perto, tanto que eu o abracei e o puxei para mim. Era como se eu fosse fogo e ele gasolina, um único pingo já incendiava.

— Posso te levar em casa?

— Por favor.

Entrei no carro dele e enquanto fazíamos o caminho até minha casa, fiquei pensando em como tão rápido eu estava envolvida naquela situação, um homem tão lindo sendo tão perfeito comigo e do nada... Parecia sorte demais para mim.

— Estou te assustando?

— O quê? — perguntei, em resposta, pois sua pergunta me pegou de surpresa.

— Você está silenciosa, estou perguntando se você está achando que estou rápido demais.

— Não... não é você... é toda a situação.

— Entendi. Juro que a ideia dos bilhetes foi toda do Caíque.

Sorri e olhei para ele.

— Ele foi um fofo.

— Mas confesso que te achei linda desde a primeira vez que te vi e confesso que comentar isso com o Caíque foi a melhor coisa que eu fiz.

— Também te achei... lindo. — Respirei fundo e ele tirou os olhos da pista para me olhar por uns segundos.

— Mas acho que a ideia dele de nos juntar também surgiu, porque ele te ouviu dizer que amava as tradições natalinas.

Arregalei os olhos.

— Ai, meu Deus!

— O que foi? — ele perguntou, rindo.

— Eu odeio o Natal. — Ele franziu a testa e eu continuei a falar: — Eu só falei o contrário para não decepcioná-lo.

Natan riu.

— Você vai acabar com os sentimentos do pobrezinho. Ele sonha com um Natal com todas as tradições e uma família grande, pois passamos o Natal somente eu, ele e minha irmã.

— Tadinhoooo... Eu sou uma mentira!

Natan riu.

— Mas por que você odeia o Natal?

— Tantos motivos...

— Espera, podemos nos encontrar amanhã ou na sua folga? Gostaria tanto de saber esses motivos.

Olhei para ele desconfiada, sorrindo e perguntei:

— Tipo um encontro?

— Sim, nosso primeiro encontro... oficial.

Pensei.

— Olha, algo muito difícil de acontecer acontecerá esse final de semana, eu estarei de folga os dois dias, e se estiver bom para você podemos sair sábado ou domingo.

— Sábado e domingo? — Fiz cara de quem não entendeu e ele continuou: — Vi que vai estar sol e a gente podia ir até uma pousada na praia da Garça. Se não for muito atrevimento da minha parte te pedir dois dias inteiros comigo.

Imediatamente meu corpo se ligou e teve partes dele que se molhara com a ideia e pareciam chorar de alegria, não estou falando dos olhos. Mas eu tinha que disfarçar a minha carência e a cara de puta que eu devia estar fazendo, não queria que ele pensasse que eu estava a perigo.

E o Caíque? Será que ele estava pensando em levar o filho e eu aqui pensando pornografia?

— Caíque também vai?

Ele fez cara de que não estava entendendo a minha pergunta e respondeu:

— Pensei em ir apenas nós dois.

— Ah, claro. Eu topo.

Natan sorriu satisfeito e o seu bendito sorriso lindo me atingiu em cheio. Era uma quinta-feira e eu contaria os minutos para que o sábado chegasse logo. 

https://youtu.be/WOao-H3Nbok

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