Capítulo 14
Capítulo 14
12 dias para o Natal
Acordei me sentindo triste e sentindo saudade do Natan, era sábado e eu tinha que trabalhar, ainda deitada e procurando forças para levantar, peguei meu celular e a primeira coisa que vi foi uma mensagem dele que dizia:
"Respeitei seu espaço e esperei você me ligar, mas isso não aconteceu. Talvez você esteja insegura, apesar de não ter motivo nenhum para isso, mesmo assim estou aqui te esperando. Beijos e um ótimo dia. Ps: estou de plantão e vou tentar te ver à noite."
Li aquela mensagem com o coração apertado e sentindo ainda mais a falta dele. Pensei que se caso ele tivesse alguma vontade de voltar com a tal Sofia, não estaria me enviando mensagens e me dando satisfação, mesmo assim eu ainda não me sentia tranquila e precisava conversar pessoalmente com ele, mas mesmo cheia de saudade, eu não respondi a mensagem.
Criei coragem e levantei para encarar mais um dia de mercado lotado, me arrumei e fui para a cozinha tomar meu suco. Chegando lá minha mãe e pai estavam sentados à mesa e tomando seu café.
— Bom dia — cumprimentei.
— Bom dia, filha, você vai amanhã, né?
— Vou? — perguntei e não fazia ideia de onde.
— Amanhã é a coleta de mantimentos para as cestas. Seu namorado também vai?
— Namorado? — meu pai perguntou.
— Ei, vão com calma vocês dois, não estou namorando.
— Tá, com namorado ou sem namorado, você vai? Seus primos vão. — Quando ela citava os primos era para que eu dissesse que sim, para ela não passar vergonha.
— Eu trabalho amanhã.
— Eu sei, por isso marcamos domingo às 15h, pois sabemos que muitos trabalham e eu sei que amanhã você trabalha até meio-dia.
Torci a boca.
— Você não tem como fugir, Natália. Parece que não conhece sua mãe — meu pai falou, rindo do meu desconforto.
— Ô se conheço!
— Tá, eu vou, essa parte do Natal que envolve a solidariedade eu até que gosto. — Sorri e ela me sorriu de volta.
— Acho que você é uma ingrata em não gostar do Natal.
— Tenho muitos motivos para não gostar.
— Mas tem um mais importante para gostar, o nascimento de Jesus.
Eu sorri.
— Nem sabemos se ele nasceu mesmo nesse dia, pesquisas dizem...
— Natália, independente do dia, do que a ciência diz ou se está certo ou errado, temos que crer nele, no nascimento, na vida, na morte e na ressureição e se tem gente que precisa de uma data para comemorar e fazer o bem, vamos viver a data, deixar o espirito natalino agir... sei lá.
Pensei e ela tinha razão.
— Tem razão, mãe.
— Eu sempre tenho. — Ela ergueu o queixo orgulhosa. — Mas e seu namorado, vai com a gente?
Mas, meu Deus!
— Não, mãe, ele não vai.
— Então tem um namorado mesmo, filha? — meu pai perguntou.
Fiquei olhando para os dois sem saber o que responder, até que falei:
— Vou trabalhar.
Mandei beijos e saí em direção à porta, sem esperar mais perguntas sobre o meu namorado, quando na verdade eu fugi, pois eu não tinha a resposta e nem sabia se realmente tinha um.
Fiz meu caminho andando como sempre, pois a estrada que estava interditada não passava veículo, mas passavam pedestres. Como saí de casa antes do horário diário, fui andando devagar, pensando na vida e em tudo que eu tinha que resolver nela. Levei o dobro do tempo que sempre levava e no momento que cheguei em frente ao mercado e enfim ergui minha cabeça para olhar em volta, vi um Bombeiro muito gostoso me esperando encostado ao seu carro. Natan usava um uniforme cinza, que evidenciava seus músculos e a calça apertava a sua bunda o deixando tão gostoso que vê-lo ali fez meu coração palpitar e outras partes em mim também, porém, eu tinha meu orgulho e eu não queria mostrar que o queria tanto, então apenas o cumprimentei, sucinta e esperando que ele que fosse ao meu encontro e me beijasse:
— Bom dia.
— Bom dia — respondeu, descruzou os braços, desencostou do carro em seguida indo até próximo de mim e me deu um beijo casto. Tive raiva do meu corpo que se entregou ao um minúsculo toque dele, me deixando na vontade de puxá-lo para mim e enchê-lo de beijos, mas meu instinto de autopreservação me dizia para me conter que eu podia me machucar.
— O que faz aqui? — perguntei.
— Vim ver a minha namorada.
— Hum... — falei, gostando da resposta.
— Fui te buscar na sua casa, mas você já tinha saído, acho que nos desencontramos por causa das obras no caminho.
— Você foi até a minha casa?
— Sim, sua mãe me atendeu.
Fechei os olhos, respirei fundo e os abri em seguida.
— O que você falou para ela?
— Só perguntei por você e conversamos um pouco.
— Conversaram?
Ele parecia segurar o riso por conta do meu desespero ao saber do encontro dele e da minha mãe.
— Sim, como duas pessoas normais que se encontram.
— Hum... Mas ela não te perguntou algo indiscreto, né?
Ele riu.
— Nada.
— Hum... — Estranhei, certamente minha mãe tinha dito algo que eu ia me envergonhar. — Então, mas você veio aqui por algo especial?
— Eu queria te ver. — Ele passou a mão pelo meu rosto e fez eu engolir o sentimento especial que tomava conta de mim sempre que ele me tocava. — E saber o que está acontecendo com a gente?
Olhei para baixo e eu não consegui encará-lo.
— Olhe para mim — pediu e eu o encarei. — A Sofia não significa nada para mim.
— Você encontrou com ela ontem, não foi? Na praça... eu vi.
Ele juntou as sobrancelhas em desentendimento.
— Você viu? — Assenti. — E por que não foi lá falar comigo ou por que não me falou?
— Não quero te cobrar nada que eu não tenha direito de cobrar.
— Você tem todos os direitos sobre mim.
— Você parecia bem à vontade com ela.
Ele fechou a cara e disse:
— Eu não estava à vontade, eu estava a cumprimentando — falou um tanto ríspido.
Eu o encarei com raiva pelo seu tom e mudando totalmente o sentimento que eu estava sentindo minutos antes, perguntei.
— E precisava ser tão sorridente para cumprimentar?
— Pelo amor de Deus, Natália!
— Tudo bem, talvez eu encontre com meu ex e o cumprimente com tamanha alegria e sorrisos.
Ele ficou me olhando, bravo e não disse nada.
— Preciso trabalhar, Natan. — Eu olhava para o outro lado e não o encarava. — Acho que seu relacionamento com ela está mal resolvido e talvez você precise de um tempo para resolver.
Ele ficou em silêncio e me olhando como se eu estivesse falando um monte de bobagens, mas não disse nada, então me virei para entrar no mercado, mas parei quando ele me disse:
— Estou trabalhando na cidade, estamos combatendo uma queimada aqui hoje e como é em um local sem área de celular, talvez eu não te ligue hoje.
Assenti e voltei a andar para dentro do mercado e sentindo o meu corpo estranho, como se faltasse algo e faltava, eu sentia que faltava a alegria que eu havia experimentado há dias e que naquele dia tinha se transformado no vazio pela falta de resposta dele ao que eu disse e pela falta que ele já fazia na minha vida.
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