Capítulo 13
Capítulo 13
13 dias para o Natal
Dormi feito uma pedra, o que foi bom, pois não pensei em nada que pudesse tirar a minha paz. Me arrumei para mais um dia de trabalho e quando encontrei com a minha mãe na cozinha, ela me perguntou quando eu compraria meu presente do amigo secreto.
— Que amigo secreto, mãe? — perguntei assustada.
— Ué, o da família, Natália!
— Mas, mãe, eu te avisei que não ia participar este ano.
Ela bufou.
— Eu tirei o seu papelzinho e você vai sim.
Revirei os olhos.
— Mãe!
— O sorteio foi no almoço de domingo na casa da sua avó e você estava com o seu namorado e eu não ia passar a vergonha de dizer que você ia fazer a desfeita com a nossa família e este ano não ia brincar. E eu só não coloquei o nome do seu namorado, porque eu não sabia. — Eu ri.
— Mãe, a senhora não tinha que ter colocado nem o meu.
— Agora já coloquei. E o namorado?
— O namorado não.
— Pelo amor de Deus, Natália, quando você vai me dar um neto? Você já tem quase trinta anos e até seu pai que sempre disse que estava cedo para isso, já está pensando que está ficando tarde.
— Ainda tenho vinte e nove e vocês dois podem parar, porque tenho muito tempo ainda para pensar nisso.
Revirei os olhos de novo.
— Para de revirar os olhos para mim, porque se bater um vento enquanto você estiver revirando, você vai ficar assim para sempre.
Eu ri das superstições da minha mãe, terminei meu suco e estava saindo para o serviço quando ela disse:
— Falei do namorado e você não disse nada que não era. Já posso contar para a família que você está namorando?
— Mãe, claro que não pode!
— Ai como você é esquisita, menina.
— A senhora que está impossível.
Rindo, balancei a cabeça em negativa e saí para mais um dia de trabalho. Eu ia andando, mas meu pai estava tirando o carro da garagem e como ia para o mesmo lado que eu, me perguntou se eu queria carona. Apesar de o mercado ser pertinho acabei aceitando para passar um tempo a mais com ele.
— Não sei como o senhor aguenta tantos anos de casado com a mãe.
— Natália, você é bem parecida com ela.
Olhei para ele e ergui uma sobrancelha.
— O senhor acha?
— Claro.
Fiquei pensando em o que em mim que o meu pai achava que se parecia com a minha mãe, mas antes que eu pudesse perguntá-lo, minha atenção foi tirada por uma obra no meio do caminho, na rua pela qual o meu pai tinha que passar com o carro. Ela estava totalmente interditada e com isso ele teve que fazer um caminho mais longo para desviar. Passamos pelo pequeno centro da cidade e quando eu estava passando pela praça principal, avistei de dentro do carro um homem que eu conhecia bem, cumprimentando com sorrisos uma mulher, mulher essa que mesmo sem querer acabei decorando o rosto. Natan e Sofia.
Meu pai falava sobre as obras serem boas para a cidade, mas eu nem sequer prestava atenção, meus olhos estavam focados na cena que acontecia ali: Natan sorria, contava algo para ela e até parecia feliz em vê-la e eu me perguntava como ele podia estar feliz em vê-la depois de Sofia ter terminado com ele da forma como fez, eu, desde que meu ex-noivo havia me traído eu evitava vê-lo.
O carro do meu pai andou e os dois sumiram do meu campo de visão, desviei meu olhar do lado de fora e olhei para as minhas mãos.
— Viu, igual a sua mãe — meu pai falou.
— O quê?
— Você. Algo está te incomodando, sei porque você ergueu uma sobrancelha e apertou as mãos.
Ri.
— Tem razão, ela faz mesmo isso.
— E o que está te incomodando, filha?
— Nada não, pai — omiti.
— Bom, se quiser conversar sabe que pode falar comigo. — Assenti e sorri para ele em resposta, o mostrando que eu estava bem.
Logo meu pai estacionou em frente ao mercado e eu me despedi dele. Pensei novamente sobre a cena que eu vi do Natan com a ex e decidi que mesmo gostando muito dele, eu tinha que dar um basta e o deixar resolver a sua vida com a ex, pois eu estava em um momento da minha vida que ou eu tinha tudo ou nada, não queria viver com a sensação de que eu estava sendo apenas o apoio para Natan se recuperar de uma desilusão ou pior: que no próximo Natal eu leria no celular dele uma mensagem deixada pela Mamãe Noel.
Naquele dia no almoço não liguei para o Natan, também não atendi a sua ligação e ele ligou apenas uma vez, o que me fez pensar se ele estava sentindo a minha falta. Abri uma mensagem que Natan enviou e nela ele apenas dizia que precisava falar comigo. A verdade era que eu estava dividida entre lutar para ficarmos juntos e deixá-lo livre para decidir.
Passei o dia trabalhando e por ser uma sexta-feira de dezembro o movimento estava uma loucura e deixava a todos os funcionários do mercado completamente loucos também. Uma senhora comprou vinte panetones e pediu para embrulhá-los para presente e como a moça do pacote estava muito ocupada eu fui ajudá-la. Nunca fui boa em trabalhos manuais e com a cabeça em outro lugar, os embrulhos ficaram péssimos.
No final daquele dia achei que Natan estaria me esperando na frente do mercado para conversarmos, mas ele não estava e o meu coração se apertou pensando no encontro dele com a Sofia.
Bom... o que eu poderia esperar de dezembro?
Só coisas boas... Só que não!
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