Capítulo 10
Capítulo 10
16 dias para o Natal
Acordei acabada, destruída psicologicamente e fisicamente, pois dormi mal e estava com muito sono. No meu rosto olheiras enormes surgiram pelo choro e pela falta do sono tranquilo e pensei que os clientes que me vissem naquele dia, achariam que eu era um panda ou uma morta.
Bom que como morta já assustava todo mundo e espantaria todos os clientes que inventam de fazer compras e tiram minha paz.
Cheguei para trabalhar e assim que me viu Mariah logo notou que algo não estava certo.
— O que aconteceu com você?
— O presente de Natal era uma frigideira.
— O quê? — ela perguntou, sem entender a minha resposta sem nexo.
Soltei um sorriso sem graça e expliquei:
— Natan! Fui ontem de surpresa até a casa dele e a ex estava lá, nitidamente preparada para dormir. Presente de Natal mais furado.
— Cachorro! Mas me conta direito.
Contei tudo para ela, desde a mensagem do Caíque até a ex atendendo o portão.
— Mas e ele, o que ele falou para se defender?
— Não sei, não o atendi e nem abri as mensagens dele até agora.
— Pelo amor de Deus, Natália, você não é criança, você tem que deixá-lo falar, vai que ele tem uma explicação para tudo.
Balanceia cabeça em negativo.
— Que explicação ele teria para a ex-mulher na casa dele e de roupa curta pronta para dormir? Ele vai me dizer que estava calor? Não tem explicação para traição, o máximo que ele pode me explicar é se me traiu com ela ou se traiu ela comigo.
— Essa história tem algo de errado, pois pensa, por que o menino ia querer separar o pai da mãe e ia te enviar bilhetes para unir vocês dois?
— Pensei nisso também, mas e por que ele me mandou mensagem para que eu fosse até lá sabendo que a mãe estava lá? Não faz sentido... A não ser que ele me usou, talvez para fazer ciúme e fazer a mãe voltar... Não sei.
— Uma criança de oito/nove anos, Naty?
Pensei.
— É tem razão, acho que não.
— Então deixa o Natan se explicar.
— Não quero mais. Prefiro não sofrer.
— Você já está sofrendo.
Dei de ombros e preferi não continuar com o assunto, depois passei o dia todo triste, quieta e pensando na porcaria de sorte que eu tinha na minha vida amorosa. Eu achei que o Natan era diferente, achei que ele estava tão encantado por mim quanto eu estava por ele, mas não seria daquela vez que eu quebraria o encanto do dezembro do azar, ao menos serviu para que eu diminuísse minha carência e anotasse mais uma desilusão para o meu inferno astral chamado: dezembro.
O expediente havia acabado e quando peguei meu celular, vi inúmeras chamadas não atendidas do Natan e algumas mensagens também, fechei meus olhos e respirei fundo para me organizar e voltar a ser eu. Guardei o celular na bolsa e saí com a Mariah para irmos embora juntas mais uma vez, mas foi só passarmos pela porta de ferro que fechava o mercado, que vi o carro do Natan estacionado logo em frente e ele lindo encostado ao veículo e com os braços cruzados na frente do peito. Seu rosto tinha um olhar sério e quando o meu olhar cruzou com o dele, Natan ergueu uma sobrancelha como se me perguntasse o que estava acontecendo, só com o olhar. Quando o vi meu coração pulou uma batida e o ar parecia estar parado nos meus pulmões, entretanto, eu não queria conversar e ouvir mentiras ou desculpas, eu só queria me afastar dele e me manter imune a porcaria do amor como eu era antes dele aparecer, então apenas me despedi da minha amiga que ia para o lado contrário e comecei a andar como se ele não estivesse bem ali observando cada movimento meu. Natan notando que eu ia ignorá-lo, andou à passos rápidos em minha direção e começou a falar quando chegou ao meu lado:
— Espera, Natália, preciso conversar com você.
Continuando a andar eu respondi:
— Acho que não temos nada para falar, eu entendi perfeitamente o que estava acontecendo e é melhor cada um de nós seguir com sua vida.
— Então é isso? Você vai jogar fora tudo que a gente tá construindo, sem motivo nenhum.
Parei de andar e o encarei.
— Sem motivo nenhum?
— Sim, sem motivo. Ou então me explica qual, porque eu não estou te entendendo.
— Sua ex estava na sua casa praticamente nua, Natan.
Ele franziu a testa e parecia não saber do que eu estava falando.
— Ex?
— Ou atual... sei lá o que ela é sua. — Joguei as mãos para o alto, irritada.
— Do que você está falando?
Ri sem vontade e olhei para o outro lado.
— Do que eu estou falando? Não vai dar para conversar com você se continuar se fazendo de desentendido.
— Eu realmente não estou entendendo.
Respirei fundo e depois soltei o ar.
— Olha, eu sei que não tínhamos nada sério e eu nem devia estar te cobrando nada, mas eu não quero ser a responsável por separar um casal.
Foi a vez de ele respirar fundo e soltar o ar, depois falou:
— Natália, primeiro que o que a gente estava começando, para mim era muito sério e fico triste em saber que não era para você, mas realmente não estou entendendo sobre o que você está falando. Você foi na minha casa ontem e pelo o que o Caíque me falou, foi embora desnorteada sem dizer nada e minha irmã até achou que você estava passando mal.
— Hã?
— O quê?
— Espera... Irmã?
Pronto, agora piorou tudo ele era pai do filho da irmã dele?
— Sim, minha irmã Elen, mãe do Caíque.
— O Caíque não é seu filho?
Ele me olhou com os olhos arregalados.
— Não, ele é meu sobrinho!
— Sobrinho?
Ai, meu Deus!
— Sim, de onde você tirou que ele era meu filho?
— Vocês se parecem... e ele apareceu no mercado a primeira vez com você... e... não sei! — falei, completamente confusa.
— Agora eu entendi tudo — Natan falou, com um sorriso começando a aparecer em seu rosto. — Natália, eu não tenho ex-mulher nem filho e muito menos estava te traindo com a minha irmã.
— Ai, Meu Deus — Tampei os olhos com as mãos, totalmente envergonhada. Depois comecei a rir e gargalhar, para em seguida começar a chorar, talvez por vergonha e por alívio, por toda aquela história não ter passado de uma confusão criada pela minha cabeça doida. A verdade era que naquele momento eu estava uma bagunça e Natan sorria parecendo aliviado por tudo ter se resolvido, me puxou para ele e me abraçou me acolhendo em seus braços.
— Eu não estava entendendo nada e estava pensando no que eu tinha feito para perder você — falou.
— Ai, Natan... Me desculpa por essa confusão. Sua irmã deve estar achando que eu sou uma louca.
— Está, mas Caíque a convenceu de que você é legal.
— Meu Deus... O Caíque. Ai que vergonha!
— Nem uma vergonha que você esteja sentindo é maior que o desespero que eu senti quando achei que tinha te perdido, sem nem saber o motivo.
— É porque você não sabe o tamanho da minha vergonha.
— E você não sabe o tamanho do meu medo de te perder. — Sorri tentando não parecer tão de quatro por ele.
Meu corpo estava até formigando de vontade do dele.
O encarei, minha respiração falhou e ao olhá-lo pensei se seria possível começar amar alguém em uma semana, pois com a hipótese de perdê-lo e a alegria de tê-lo de volta, senti que o Natan tinha feito uma grande mágica ao entrar na minha vida e só de pensar em não ter mais aquele sorriso eu já me sentia triste.
— Obrigada por não desistir de mim.
— Eu nuca faria isso.
Ele me puxou para um beijo e eu me sentia feliz e completa de novo.
Não foi dessa vez, dezembro!
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