Capítulo 1
Não deixe o medo e a insegurança te impedir de viver. Viva o hoje intensamente, pois o amanhã pode nunca chegar.
Capítulo um
Atrasada como sempre...
Lá estava eu, como todos os dias, aproveitando cada segundo do meu tempo para que eu não me atrasasse mais. Passava das oito e meia da manhã e já estava mais que na hora de eu ter saído de casa para a loja de matérias de construção em que eu trabalhava. Rapidamente prendi o cabelo e no minuto seguinte eu guardava a bolsa no carro, sempre acelerada.
Não podia esquecer a bolsa mais uma vez.
— Vai com Deus, filha, e cuidado com as curvas — minha mãe repetiu o que sempre me dizia.
— Amém — gritei, já dentro do carro.
Morava apenas eu e minha mãe que era viúva e ela sempre insistia que eu tinha que encontrar alguém com quem eu pudesse construir uma família e seguir a minha vida além de viver apenas de trabalho e minhas saidinhas esporádicas no final de semana e, ás vezes, até me chamava de encalhada por estar com os meus quase trinta anos ainda sem me casar, porém, eu não queria deixá-la sozinha e eu também nunca acreditei no amor descrito em livros, aquele que seria para sempre e que chega de repente e muda tudo, esse eu nunca acreditei que realmente existisse. Sempre fui cética em relação ao amor arrebatador, à primeira vista etc. Eu era o tipo de pessoa que sempre acreditou no amor quem vem com o tempo, com a convivência e com as ações.
Enfim liguei o carro, coloquei o cinto de segurança, engatei a ré e saí da minha garagem, segui dirigindo e fazendo o mesmo caminho de sempre, com o rádio tocando alto um funk para eu acordar, porque o dia prometia muito trabalho, era segunda-feira e a loja sempre enchia nas segundas, com isso pensei que lá já devia estar cheio de clientes me esperando para abrir o portão.
A chave!
Olhei depressa no porta-treco do carro a fim de saber se a chave estava ali. Uffa, Estava!
Na minha frente um caminhão carregado de madeira estava segurando o trânsito e uma fila de carros se formava logo atrás dele, na qual eu estava presa e impossibilitada de ultrapassar, principalmente quando me lembrava da minha mãe me falando: "cuidado com as curvas". Revirei os olhos pensando que eu realmente chegaria atrasada... De novo, mas eu esperava que os clientes fossem pacientes e me dessem cinco ou vinte minutos de tolerância.
O calor do verão estava sufocante, então os vidros escuros do meu carro estavam fechados e o ar condicionado estava ligado no máximo. Eu usava óculos escuros, meu cabelo estava amarrado em um rabo de cavalo alto e eu vestia o conjunto azul social que era o uniforme da loja, que além de nada atraente era quente demais.
Os carros vinham no sentido contrário e vi seus faróis ligados, depressa lembrei-me de ligar os do meu carro, pois mesmo sendo de manhã eu não gostaria de receber uma multa por infligir a lei de andar com o farol baixo ligado mesmo de dia. Na verdade liguei o farol, mais para seguir a lei mesmo, pois sempre discutia com a minha mãe e a dizia que eu nunca seria parada pela polícia rodoviária, já que na minha concepção eles não paravam mulheres com cara de boa moça como eu, os policiais rodoviários sempre paravam os homens que são quem realmente tem cara de quem fazem burradas. O que não é mentira. Sendo assim, quase nunca me preocupava em pegar os documentos e andar com eles.
[...]Quando a noite chegar vou pegar você
Se prepara que hoje eu quero fazer[...]
Eu cantava alto a música Clichê da Ludmilla que tocava no rádio do carro, até que quando virei na próxima curva, ainda atrás daquele monte de carro segurados pelo caminhão, vi uma viatura da polícia rodoviária parada do lado esquerdo da pista e os dois policiais estavam em pé com suas fardas que davam o maior tesão e tinham as mãos no coldre, em posição ofensiva e estampado nos rostos suas caras de mau que davam o charme para a ocasião.
Tudo bem, nessa fila toda de carro, duvido que eu seja parada na blitz!
Até que... O policial com cara de mau apontou para o meu carro e depois apontou para o acostamento.
Ah, não!
Bufei, dei seta para a direita, para parar no acostamento e devagar andei com o carro mais alguns metros até que parei. Desesperada abaixei para procurar a bolsa no carro e a achei no chão do lado do passageiro, depressa comecei a procurar os documentos dentro dela, mas fui interrompida pelo barulho no vidro.
Toc, toc.
Olhei para o lado e vi que era o policial que batia com o indicador dobrado, indicando que eu abaixasse o vidro.
⸺ Bom dia — ele me cumprimentou com o rosto sério, muito sério mesmo.
— Bom dia — respondi, sorrindo e meio que no automático voltei o meu olhar para a bolsa, enquanto ainda procurava a minha habilitação para dirigir.
— Pode me entregar a sua Carteira Nacional de Habilitação, por favor?
— Só um minuto. — Revirei um pouco mais a bolsa até que achei a bendita. — Aqui. — A entreguei a ele e feliz.
— Documento do veículo — pediu ainda mais sério, mas me olhava com atenção.
Caramba, mais isso!
Abri o compartimento, que ficava entre os dois bancos, para procurar e achei.
— Aqui. — Entreguei, mais uma vez com um sorriso no rosto e contente por eu estar com tudo que ele pediu.
Ele foi andando devagar até a frente do meu carro, conferiu a placa com o documento em sua mão, depois voltou andando devagar e olhou os pneus e toda a extensão do veículo. Eu já estava impaciente, pois estava atrasada para chegar ao trabalho e aquele policial estava me enrolando por nada, já que meu carro estava em dia.
Ainda continuando sua inspeção ele parou mais atrás no pneu traseiro, ficou o analisando e parecia até mesmo enrolar ali. Enquanto ele estava parado próximo ao pneu traseiro, também meu deu tempo de o observar pelo retrovisor e de onde eu estava conseguia perceber que ele era bem bonito: tinha um rosto bem desenhado, olhos claros e a farda evidenciava perfeitamente seu bumbum redondinho e enquanto eu o fitava com um olhar nada comportado o homem cruzou seu olhar com o meu pelo retrovisor e bem discretamente percebi um pequeno sorriso, bem pequeno mesmo, quase que imperceptível em seu rosto sério.
— Luana — ele me chamou.
— Pois não.
— Como está o estepe?
Antes que eu pudesse pensar a minha boca respondeu:
— Sinceramente, eu não faço ideia de onde ele fica.
Ele pareceu impaciente e a minha vontade era de mandá-lo à merda.
— Você pode abrir o porta-malas, por favor?
— Claro.
Desci do carro, fui até o porta-malas e o abri, então ele tirou o protetor que escondia o acessório e lá estava o estepe. O policial apertou, fez cara de poucos amigos e falou:
— O estepe está murcho. Como vejo que você não tem muita habilidade para a manutenção do veículo, já que nem sabia onde estava o estepe, pode pedir para o seu marido olhar — falou, sem me encarar e eu o fitei sem entender de onde ele tirou que eu tinha um marido.
— Eu não tenho — falei automaticamente.
— Namorado então? — sugeriu muito sério, ainda sem me olhar e colocando o protetor do estepe no lugar. Não parecia flertar, mas parecia atento a minha resposta.
— Também não.
Então ele assentiu, fechou o porta-malas e me pediu um minuto, depois atravessou a rua, foi até a viatura e pegou algo em um compartimento no meio veículo, escreveu algo e fez o caminho de volta até onde eu estava torrando no sol quente de verão.
— Seus documentos. — Me entregou tudo e parecendo sem graça me entregou também um pequeno pedaço de papel e falou: — Meu pai tem uma borracharia se precisar de ajuda com o estepe, me liga. — Deu um sorriso de lado, mais uma vez quase que imperceptível e parecia envergonhado.
— Ah, obrigada — respondi, olhando para o papel e sem saber mais o que falar.
— Boa viagem! — falou, indicando que eu estava liberada.
No automático assenti e entrei no meu carro, coloquei o cinto de segurança, dei mais uma olhada pelo retrovisor e lá estava ele no meio da rua da movimentada rodovia e também me observava pelo espelho, tinha a mão no coldre de maneira ofensiva e estava novamente com sua posição imponente, queixo erguido e parecendo bem sexy como no momento que me parou. Quando voltei meu olhar para o seu rosto, bem discretamente tive a impressão de que ele piscou para mim e segurou um sorriso mordendo o canto da boca.
O que foi isso?
Tirei meu olhar do dele e peguei o papel com o número do telefone no porta-trecos, encarei o número escrito ali e o nome logo abaixo: Leandro. Dei um sorriso e depois de ligar o carro, dar seta e sair sentido a loja o vendo ficar para trás conforme eu me afastava, suspirei e sorri pensando que o dia tinha começado interessante.
https://youtu.be/nS2Jya20yOs
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