Capítulo 2
Capítulo dois
Conversei com o Kevin, irmão do meu mais novo cliente, que descobri que se chamava Romeo, depois conversei com o advogado do dono do bar, que para a minha sorte, eu o conhecia e sendo muito apaziguadora o certifiquei de que meu cliente pagaria todo o estrago que fez no bar e o que mais a vítima desejasse, já que descobri que Romeo era dono de uma corretora de imóveis e tinha condições financeiras de arcar com os gastos, o que era bem feito já que foi ele quem causou.
Ao conversar com a vítima usei todo o meu charme e a minha lábia de advogada, dizendo que o agressor estava passando por um momento difícil, mas que nunca mais aconteceria. Com isso, consegui abrandar a situação, mas Romeo foi acusado de lesão corporal grave por a vítima ter quebrado o braço, entretanto, por não ter passagem pela polícia, facilitou.
Para falar a verdade, percebi que o dono do bar estava mais interessado em dinheiro do que em reparar qualquer dano físico que o meu cliente o tivesse causado.
Tão logo quanto podia, eu já tinha feito todo o processo necessário para tirar o amigo do Mateus da cadeia e como eu colecionava muitos contatos no meio, foi em tempo recorde.
Fui até onde o tal Romeo estava preso e quando o vi, sendo trazido por uma policial, imediatamente perdi o fôlego.
Caralho de homem bonito!
Romeo era alto, loiro, forte e os olhos eram castanho-claros, quase mel. Exibia uma cara de mau, com uma cicatriz clarinha em cima da sobrancelha direita, que a deixava com uma pequena falha e a ele muito atraente.
Seu semblante sério, queixo erguido e intimidador, imediatamente fez com que eu me sentisse fisgada por sua beleza. Cara de mau do jeito que eu gostava.
A aparência de Romeo era a do tipo de homem que eu me encantaria de cara em um dos locais que gostava de frequentar. Exibia um misto de bad boy com bom moço. Seus cabelos claros em um corte baixo davam a aparência de um homem calmo, mas quando eu descia com meus olhos pelo seu rosto, por sua cicatriz e via seu olhar carrancudo acompanhado pela testa franzida, notava que de tranquilo ele não tinha nada e sim parecia muito com um chefe de máfia, um lutador ou algo do meio ilegal.
Aparentemente eu podia parecer uma advogada séria naquele momento, mas por dentro, ao imaginá-lo desse modo, logo me deu uma vontade de foder com Romeo por vinte e quatro horas sem parar, nada romântico ou mais que isso, apenas foder. O mais puro sexo carnal e sem sentimento.
Sempre fui louca por sexo casual e a atração era instantânea, mas nunca tinha acontecido de me sentir tão atraída por um cliente.
— O que mais tenho que fazer? Quando posso ir embora? — sua voz forte, grossa e meio rouca me tirou do meu devaneio e me trouxe de volta para a realidade da advogada séria que eu tinha que ser.
Ele nem sequer me deu um boa-tarde?
— Olá, boa tarde. Está tudo certo com seu alvará de soltura e você está livre, mas ainda teremos mais alguns encontros com a justiça. — Estendi a mão para ele. — Prazer, sou Sheila, a sua advogada. — Apertou a minha mão também e me encarou com os olhos fixos nos meus, por um tempo, em silêncio, em seguida soltou a minha mão e disse:
— Meu irmão quem te contratou?
— Ele e o Mateus — respondi.
Deu um sorriso sem vontade e percebi suas olheiras e o olhar cansado em seu rosto.
— Aqueles cuzões podiam me deixar em paz.
Franzi a testa.
— Eles só querem te ajudar.
Romeo deu de ombros e em poucos minutos de conversa, eu já estava começando a mudar o sentimento inicial de compaixão de quando ouvi sua história e o trocando pela sensação de o achar um babaca ingrato.
Entreguei-o os documentos e expliquei que ele responderia pelo crime, mas a pena seria menor porque ele pagaria os danos causados e também por ser réu primário. Depois mostrei a lista com a estimativa de valores que ele devia pagar à vítima.
— Tudo isso? — perguntou olhando apenas para os papéis.
— Sim, era isso ou você continuaria preso.
— Mas precisava ser dez mil reais? Você também é do tipo corrupta que advoga comprando a liberdade dos seus clientes?
O encarei com a sobrancelha arqueada, nitidamente irritada por ele tentar menosprezar o meu modo de trabalhar, além de me acusar do que não era e já sem paciência e com a voz de desdém, falei:
— Acho pouco, pois você agrediu o dono do bar, quebrou o braço dele, quebrou as coisas dele e agiu como um escroto. Se eu fosse a vítima, era certo que pediria mais, já que ele tem uma vida e não precisa ficar aguentando as lamúrias de um homem adulto que não sabe lidar com as suas perdas e acaba fazendo as pessoas a sua volta ter que aguentar suas bebedeiras e as pessoas que o ama correrem para limpar suas merdas.
Foi a vez de Romeo me olhar com a sobrancelha arqueada, como se ninguém nunca tivesse falado com ele daquele modo e eu continuei:
— Quanto ao meu modo de advogar, se tem uma coisa que eu não sou é corrupta e dê graças a Deus por eu ser cunhada do Mateus ou não teria deixado de lado todos os outros muitos processos que tenho que cuidar, para negociar a sua soltura e aí você ainda estaria lá dentro esperando alguém tirar você daquela cela. — Apontei para o corredor de onde a policial o havia trazido.
Romeo me olhava sério e contrariado.
— Da minha parte está tudo certo, está aqui meus honorários e a conta para depósito junto com o contrato com a ordem de serviço. Eu não ia cobrar por ser um pedido do Mateus, mas acabei de mudar de ideia. Vou te comunicando sobre os próximos passos e tem também o acordo de substituição da pena de liberdade por pena restritiva de direitos, ou seja, pagamento de cestas básicas e/ou prestação de serviços à comunidade, mas vou te mantendo informado. Evita se meter em confusão, frequentar bar, casas noturnas e tenta ficar em casa à noite, porque se você for reincidente aí vai complicar.
Virei-me para sair sem esperar resposta e o achando arrogante e babaca, além de me sentir arrependida por ter pegado o caso e atrasado meu trabalho no escritório por alguém tão idiota.
Dei alguns passos para longe e já estava do lado de fora da delegacia, até que quando menos esperei, Romeo pegou meu braço e me virou para ele.
— Espera aí, Esquentadinha. — Encarei seu rosto e notei que parecia arrependido por ter me insultado. — É... e obrigado por me tirar daquele cubículo sujo.
Continuei o olhando, me sentindo sem paciência, até que respondi:
— Por nada, agradeça ao Mateus. — Me livrei da sua pegada. — E não me chame assim.
Virei-me de costas, andei em direção ao meu carro e o deixei me olhando de uma maneira que eu não soube decifrar no momento, mas era diferente do ar superior com que havia se aproximado de mim antes de o dizer umas verdades.
Me sentia irritada, com raiva de mim por fazer tudo o que a Liara e o Mateus me pediam e só queria sair logo dali, porém, antes de entrar no carro falei alto para que Romeo me ouvisse do outro lado da calçada.
— E só para deixar bem claro, vê se não se mete em outra confusão ou pode ser que dessa vez eu não esteja disposta a comprar a sua liberdade. — Dito isso, não esperei resposta, entrei no carro e parti.
Esquentadinha... A minha vontade era mostrar a minha mão esquentadinha na cara dele.
Ao mesmo tempo em que dirigia, me sentia impaciente e com pensamentos conflitantes desde quando deixei o Romeo. Permanecia irritada com o modo como ele desmereceu minha conduta como profissional e juntava a isso vários pensamentos do tipo: que homem gostoso e irritante do cacete!
Quando cheguei em casa minha mãe logo viu que eu não estava de muita conversa e quando entrei no meu quarto, nem foi atrás de mim para saber sobre o escritório como sempre fazia, se manteve na sala e fiquei feliz em ficar sozinha.
Morávamos em um apartamento confortável, em um bairro nobre da cidade e eu gostava de morar com meus pais e os dois também gostavam de me ter como companhia, mas apesar de nos darmos bem, eu já tinha visto alguns imóveis para comprar ou alugar, só que nenhum me chamou atenção, no entanto, continuei procurando e visitando alguns esporadicamente e até pedi a ajuda do meu pai com isso.
Me joguei na cama e quando fechei meus olhos por um instante, a fim de me livrar da correria do dia, o primeiro pensamento que me veio foi do braço forte do Romeo.
Não é possível!
Levantei-me e balancei a cabeça para me livrar da lembrança insistente, depois com raiva liguei para o Mateus e o xinguei pela furada que me meteu, em me apresentar um cliente tão idiota:
— Fala, cunhada.
— Fala, cunhada? Mateus, que amigo mais pau no cu esse seu!
Gargalhou do outro lado da linha.
— Ele é legal.
— Legal? Legal sou eu, ele não é legal é um imbecil. Nunca mais atendo um pedido seu.
— É gente boa sim, só tem alguns problemas para lidar. Quanto aos meus pedidos, sei que você vai atender se eu prometer cerveja gelada.
Ri.
— Muita gente tem problema e nem por isso age como um babaca que nem ele.
Mateus riu.
— Não sei o que aconteceu entre vocês, mas ele é um bom amigo, você vai ver. Romeo pode ser qualquer coisa menos babaca.
— Não vou ver nada, já estou certa. Ele é babaca.
— Um dia apresento vocês. Me sinto culpado por ter abandonado meus amigos da cidade quando vim atrás do meu amor, mas não me arrependo.
— Que fofo, mas você não pode salvar o mundo, senhor bom moço.
— Mas posso tentar salvar os meus.
Soprei o ar e sorri. Mateus era muito bonzinho para brigar com ele.
— Tá, tudo bem. Só liguei para brigar com você e descontar a raiva.
— Ah, que carinhosa. Já brigou ou quer brigar um pouco mais?
Ri.
— Não, estou satisfeita por enquanto. Até mais, arrombado! — Sem esperar resposta e rindo desliguei o telefone feito uma criança levada provocando o irmão e depois fui tomar banho.
Como era sexta-feira, imediatamente liguei o modo sextou e decidi que iria sair, colecionar mais lembranças intensas para o meu cérebro reviver e assim esquecer o estresse do dia de trabalho.
Depois de um banho caprichado, coloquei um vestido curto e de paetê, que brilhava mais que um globo espelhado, no rosto fiz uma maquiagem bem marcada no preto e um batom vermelho.
Se era para sair, sairia para chamar atenção.
Coloquei um salto preto e bem alto, uma bolsa pequena também preta e depois de mais uma olhada no espelho, avisei aos meus pais que não tinha hora para voltar e como sempre ambos me fizeram milhares de recomendações, como se eu fosse uma adolescente. Não me irritava com isso, pelo contrário eu até gostava, pois mostrava que me amavam e se preocupavam comigo.
Já passava das onze quando enfim saí, confirmei se estava levando preservativo e sim, minha bolsa estava recheada deles para que assim eu tirasse o estresse do dia em uma noite extasiante de sexo intenso com um desconhecido qualquer que me chamasse atenção, pois diferente da minha irmã eu não era nada romântica, não queria saber de compromisso e só queria me divertir.
Não via nada de errado nisso, pois se os homens podiam ser livres, as mulheres também podiam.
Saí do elevador, cheguei à garagem do meu prédio e quando me sentei em frente ao volante do meu carro, falei para mim mesma ao me conferir no retrovisor:
— Sextou!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro