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Capítulo sem título 22


Rosabel

Após chegarmos da missa falei que ia fazer almoço, mas Martin insistiu para pedirmos comida pronta, com a alegação de que assim eu poderia ficar mais tempo agarradinha com ele.

Ensaiamos várias vezes como contaríamos a sua mãe sobre o nosso namoro, mas por fim decidimos que íamos esperar mais um pouco, na verdade, eu decidi e ele ficou bravo por eu não fazer do seu jeito, no entanto, eu ainda tinha receio sobre o futuro e preferia ir com calma e esperar como tudo ia ficar.

Pensei em como cheguei ao momento em que estava vivendo e repensei a minha caminhada da saída do convento até então e a minha vida era uma loucura.

Lembrei-me sobre a invasão a casa, o medo do cachorro e ri da adrenalina que senti.

— Martin, Edson descobriu algo sobre a foto que encontramos na casa abandonada?

Sério e olhando apenas para a TV falou:

— Não, ainda está investigando.

Hummm... Apesar da foto ser antiga, tive a impressão que conhecia aquela mulher. Você está com ela aí?

— Não, está com o Edson. E deve ter sido impressão sua. Não pense nisso. — Deu um beijo na minha testa e Martin parecia tenso.

Logo a minha atenção foi tirada daquela conversa ao ouvir o barulho do meu celular, que apitou com a chegada de uma mensagem e quando olhei de quem era, Martin viu também e bufou ao ler o nome do Guilherme.

— Para ele você vai contar que estamos namorando? — Eu ri do seu tom cheio de chateação.

— Está com ciúmes, senhor Martin?

— Sim, estou. — Ri ainda mais.

— Um bandidão desses com ciúme de uma freirinha? — Sorriu sem vontade e tirei os olhos dele para ler a mensagem, nela Gui perguntava se eu queria sair para aproveitar o domingo e continuar o que começamos.

— Está me chamando para aproveitar o domingo, vamos? — brinquei.

— Quer sair com ele?

— Deixa eu pensar...

— Rosabel, Rosabel... Lembre-se que sou um homem que lida com negócios ilegais e sei sumir com um corpo.

Gargalhei.

— Martin, eu sei que você só se finge de mau.

— Não quando roubam as coisas que amo. Não brinque com o perigo, mulher!

Amo? Meu coração bobo reagiu a apenas uma palavra da frase toda.

— Vou dizer que não posso, porque sou uma mulher comprometida, bom?

Deu de ombros como um menino mimado, eu ri e o beijei.

Digitei para Gui que de imediato respondeu perguntando com quem. Não o contei, mas disse que por enquanto eu só podia dizer isso e encerrei a conversa dizendo que ainda podíamos ser amigos. Ele não respondeu.

— Acho que não gostou muito da ideia de amizade, nem respondeu.

— Claro que não, quem quer ser só amigo de uma deusa como você?

— Exagerado!

— É a realidade, meu céu.

— Meu céu?

— Sim, meu céu. — Puxou-me para um beijo entre risos e eu que me senti no céu.

No final da tarde quando estávamos vendo televisão no seu quarto, depois de muitos amassos e de eu muito aproveitar aquele corpo cheio de músculos e com um cheiro delicioso que me deixava louca, o telefone do Martin tocou e o nome do Edson apareceu na tela.

— Só um minutinho que já volto.

— Quer que eu pare o filme?

— Não, pode continuar que já assisti e vai ser rápido. — Deu-me um beijo na testa e se levantou com o aparelho no ouvido.

Observei-o falando com o Edson e mesmo sendo feio fazer isso, tentei escutar a conversa, mas como seu tom de voz era baixo, não ouvi nada.

Logo Martin voltou muito sério, claramente preocupado e impaciente.

— Tudo bem? — perguntei e em resposta só assentiu.

Parecia tão sério como nunca vi, o que me deixou preocupada, mas se ele disse que estava tudo bem, eu não iria questionar... apesar da vontade louca de fazer perguntas.

Martin

Enfim chegamos a mandante... a maldita Gabriela Gothel.

Edson foi pessoalmente atrás dela, entrou em seu carro usando uma arma para ameaçá-la e correu o risco dos seus seguranças matá-lo, mas no final conseguiu sair dele com uma reunião marcada para aquele dia, entre mim e ela,

Encontrava-me ansioso para saber o que desejava de mim e acabar com aquela brincadeira de gato e rato, que só podia estar divertido para aquela bruxa cheia de plásticas e mais feia que o cão dos infernos.

O filme passava na TV e Rosabel estava deitada em meu peito. Eu a sentia tensa e já a conhecia bem para saber que havia notado que algo me incomodava e provavelmente estava se segurando para não me fazer perguntas.

Minha cabeça estava a mil, pensava no que Gabriela queria com o nosso encontro e até cogitei que podia ser uma emboscada para me matar. Ainda não estava claro para mim todos os recados que me enviou. Principalmente os sobre Rosabel.

Sabendo quem era a mandante, pensei que pudesse ter algo a ver com o passado dela e talvez a herança... Sempre era por causa de dinheiro.

Respirei fundo e não ia conseguir ficar ali com Rosabel sabendo que logo mais teria uma conversa que provavelmente seria tensa e decisiva.

— Vou precisar sair. Você fica bem sozinha? — falei querendo resolver logo e torcendo para que a minha freirinha não fizesse perguntas.

Rosabel me olhou parecendo curiosa.

Não faça perguntas... Não faça perguntas...

— Fico.

Ufa!

— Prometo não demorar e antes que sinta a minha falta, estarei de volta. — Assentiu e eu liguei para o Edson dizendo que podíamos ir.

Logo comecei a me trocar ou desistiria de sair depois de ver aquela carinha pidona me olhando.

— Aonde você vai?

Perguntas...

— Edson precisa de ajuda com um problema. — Olhei para sua cara de medo e completei: — Fica tranquila não vou matar ninguém. — Ao menos eu esperava isso.

— Vou ficar te esperando com saudade.

Dei um beijo casto em sua boca.

— Pega o meu relógio na gaveta ao lado da cama, por favor — pedi a Rosabel, que se esticou para pegar o objeto, no entanto, no segundo seguinte a ela abrir a gaveta, já me arrependi.

A vi paralisar e em seguida com cara de assustada e apontando para a pistola que eu deixava na gaveta, perguntou:

— Por que tem isso aqui?

— Proteção. Inclusive preciso te ensinar a usar.

Dei a volta na cama sem esperar que ela dissesse que não queria aprender.

— Sempre deixo carregada e travada, para usar é só destravar aqui. — Mostrei um pino que era só abaixar para usar. — Depois é só pressionar o gatilho e segurar com as duas mãos.

Vi que prestou atenção, mas disse em seguida:

— Deus me defenda de usar uma coisa dessas.

— Não vai precisar. Ah, e pode ficar tranquila que não ficará sozinha, tenho homens vigiando a casa. — Assentiu.

Terminei de me arrumar, liguei para o Edson e disse que poderia vir me buscar para irmos juntos, em resposta ele disse que já estava me esperando no portão.

— Não vou demorar. Quer alguma coisa da rua?

— Você. — Sorri.

— Já volto para você.

Com isso, dei um beijo na minha Rosabel, certifiquei-a que ficaria tudo bem, liguei meu modo criminoso e saí para encontrar a bruxa.

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