Capítulo 4
Capítulo quatro
— Enfim conseguimos te capturar — falei para o homem sentado e amarrado a uma cadeira bem na minha frente. — Está gostando de ser sequestrado? — Dei três tapas de leve na sua cara, como para acordá-lo. — Eu não gostei e seu companheiro pelo visto também não. Mas não quis falar e foi misteriosamente parar na cadeia, um tanto machucado demais para conseguir dizer quem tinha feito aquilo com seu rosto, mas a quantidade de droga que acharam com ele, o manterá lá por um tempo, para que repense que mexer comigo não foi a decisão mais inteligente que tomou. — Sorri e encarei os olhos cheios de medo do cuzão sentado ali.
— Fala para ele as opções que tem, Edson — pedi e meu amigo começou a dizer, quase como um rosnado ameaçador:
— Você pode nos dizer quem mandou capturar ao Martin naquela noite e aí virar nosso aliado e ter nossa proteção ou pode sofrer um pouco e ter o mesmo fim do seu amigo. — Edson segurava uma pistola que passou no rosto do homem. — Pode levar uns tiros e depois ir parar na prisão de onde cuidaremos para que não saia. Você já esteve na prisão? Ela pode ser pior que qualquer tortura.
Confesso que não gostava muito de ver aquelas cenas e ia contra tudo que aprendi com a minha mãe, mas no meu ramo o homem tinha que ser foda e mau pra caralho ou então era o que ficava sentado na cadeira e sendo ameaçado por uma pistola.
Não cheguei onde cheguei sendo bonzinho, no entanto, nunca havia matado ninguém, apenas fui mau e criei alguns planos para que a polícia tomasse conta de quem era pior do que eu e assim deixassem meu caminho livre. Tática.
— Eu falo — disse o homem, com medo. — Não sei de muita coisa, porque foram muitas pessoas, várias ordens até chegar a mim, mas ouvi um nome de uma mulher.
— Qual nome? — esbravejei.
— Não lembro direito, algo como Glória, Graça, Graciela... Não lembro muito bem, mas me lembro que falavam de uma mulher.
Edson foi para perto do homem e o deu um soco que fez sangue esguichar de sua boca, que a seguir em desespero, gritou:
— É tudo que eu sei, só cumpri ordens, mas a mandante é uma mulher. É tudo que eu sei.
Olhei para os dois seguranças ao meu lado, como se perguntasse se conheciam esse nome e ambos negaram discretamente.
— O que fazemos, senhor?
— Soltem-no e o dê um uísque. — Se olharam e eu me aproximei do homem. — Vou te dar o benefício da dúvida. A escolha será sua, quer ser meu aliado ou inimigo?
— Aliado... Aliado... — respondeu freneticamente e claramente com medo de morrer.
— Muito bem, ficaremos de olho em você, um vacilo e...
— Não terá vacilo. Sei o lado que serei fiel. — Assenti e olhei para meus seguranças que soltaram o homem e o deram uísque como ordenei.
Muitas vezes precisei ser cruel, como naquele momento, mas foi também sendo misericordioso que consegui muitos aliados. Eu os mostrava que estar a meu favor era muito mais vantajoso que estar contra mim, com isso, conseguia mais aliados que oponentes.
Da minha sala eu ouvia o barulho vindo do lado de fora, em que uma música tocava e eu sabia que casais se pegavam e pessoas jogavam ou lutavam. Tomei um gole da minha bebida, pensei e repensei quem diabos era a mulher dona do nome que o homem havia dito e porque ela queria me assustar.
Foda-se!
Naquele momento eu havia pego um dos aliados dela para mim e não demoraria até que eu descobrisse quem estava querendo minha queda.
— Chefe, acho bom você dar um tempo. — Edson se aproximou de mim, com todo o seu tamanho e disse de forma sucinta.
— Quer que eu fuja?
— Não é uma fuga, só um tempo. Talvez tirar aquelas férias na casa da sua mãe que você queria há um tempo. Tomaremos conta de tudo.
Cogitei me afastar por um tempo, organizar tudo de longe... talvez pudesse mesmo ficar na casa da minha mãe na cidade vizinha e deixar a poeira baixar. Não queria morrer e nem matar... a não ser que fosse preciso.
Rosabel
Fazia uma semana que eu vivia em um novo endereço e me sentia em casa como no convento. Dona Cássia era receptiva e fazia de tudo para me agradar, de modo que eu até estranhava tamanho carinho, mas me sentia grata a todo momento por viver aquilo.
A falta da rotina que me incomodava um pouco, como não cresci acostumada a ficar sem fazer nada, passar os dias como uma madame me deixava inquieta, então comecei a fazer faxina na casa.
Limpei cada cantinho principalmente para manter tudo impecável por causa do gato, não queria que ele sujasse nada, já que dona Cássia o adotou por minha causa.
Arrumei os guarda-roupas, lavei, passei, fiz comida e agradei a dona da casa como pude, ao mesmo tempo em que a ouvia me pedindo para deixar aquilo e descansar um pouco e em seguida agradecendo por estar limpando o que ela não limpava.
No tempo que me sobrava eu brincava com o Papa e onde eu ia, ele ia também.
Continuei fazendo minhas orações da mesma maneira, como no convento, e deixei os domingos reservados para a missa, além de muitas vezes assisti-la pela TV.
No sábado à noite a faxina da semana cobrou sua conta e meu corpo estava exausto, com isso, avisei a dona Cássia que pularia a janta e perguntei se ela não se importaria se eu fosse dormir mais cedo.
— Claro que não. Depois de limpar tanto essa casa, você deve estar cansadíssima.
Sorri.
— Um pouco, mas estou acostumada com trabalho pesado.
— Vá descansar.
— Amanhã a gente termina aquela série.
— Combinado, parceira.
Ela me soprou um beijo, virei-me para subir para o quarto, mas antes que terminasse os degraus, dona Cássia me parou e perguntou:
— Não vai nem comer nada antes de dormir?
— Estou sem fome.
— Vou deixar um lanche pronto no microondas, caso sinta fome, já sabe.
Sorri.
— Tá, bom. Obrigada.
— É sério, dormir com fome dá pesadelo.
Ri largamente.
— Juro que desço para comer.
— Então boa noite.
— Boa noite.
Continuei indo em direção ao meu quarto e ainda me sentia envergonhada para comer à vontade na casa da dona Cássia, por isso ela insistia tanto para que eu comece e vivia achando que eu sentia fome, mas a tranquilizava que estava bem. E era verdade, seria só questão de tempo para que me acostumasse e me sentisse ainda mais em casa.
No convento tínhamos horário para tudo, sendo assim, também horário para comer. Talvez por isso não estivesse confortável para atacar a geladeira da dona Cássia fora de hora.
Já no meu quarto, arrumei a cama, coloquei um conjuntinho de dormir que dona Cássia me deu, composto por shortinho e regatinha com a estampa de um gatinho fofo que parecia com o Papa.
Depois de me aprontar para dormir, deitei-me na cama, puxei o edredom sobre o meu corpo, me acomodei confortavelmente e não demorou nada até que adormeci como uma pedra.
No dia seguinte acordei com o sol entrando pela fresta da janela e com dificuldade abri um olho, depois o outro e me espreguicei. Ainda estava com sono, mas sempre fui assim, quanto mais dormia, mais queria dormir, com isso, forcei-me a levantar ou passaria a vergonha da dona Cássia aparecer na porta do quarto para ver se estava viva.
No caminho para o banheiro, Papa enroscou-se as minhas pernas e me alisou como se quisesse dizer: "bom dia, dorminhoca."
— Bom dia, fofinho. Hoje vamos brincar bastante para acabar com sua energia. — Sorri e ele soltou um miado cheio de dengo.
Escovei os dentes e como era apenas dona Cássia e eu na casa, amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo no alto da cabeça e desci para ver que horas eram no relógio da sala.
Assim que cheguei no primeiro andar, vi que ao contrário do que eu pensava, não era tão tarde e o relógio marcava oito horas da manhã.
Imaginei que dona Cássia podia ainda estar dormindo e fui até a cozinha na intenção de começar a fazer um café da manhã reforçado para ela, porém, assim que entrei no cômodo, enxerguei um recado preso a geladeira.
Bom dia, querida! Ontem depois que você foi dormir, recebi um convite para um passeio repentino com o clube da melhor idade. Nada estava programado por isso não te avisei e para não te acordar deixei o recado. Fica à vontade, a casa é sua. Se quiser sair, deixei dinheiro em baixo da fruteira. Desculpa por te abandonar no domingo, mas já vai se acostumando, porque com a solidão do lar me juntei a essa turma e passeamos muito. Quem sabe você não vai com a gente na próxima. Ps: precisamos comprar um celular para você.
Beijos da sua mamãe do coração.
Sorri com o bilhete e andei até a fruteira sobre a mesa onde realmente achei o dinheiro.
— A senhora não existe — falei sozinha.
Deixei o bilhete sobre a mesa e decidi fazer um ovo mexido para o café. Peguei a frigideira e coloquei sobre o fogão, mas decidi fazer o café primeiro. Peguei tudo que precisava e liguei a cafeteira. Me sentia tão leve e em casa que até sorria sozinha.
Quando fui acender o fogo e colocar óleo na frigideira, ouvi um barulho como se o portão estivesse sendo fechado. Estranhei e andei pelo corredor entre a cozinha e a sala para ver quem era, mas para o meu desespero, avistei a sombra de um homem através da cortina branca iluminada pelo sol do domingo de manhã.
Imediatamente voltei correndo para a cozinha e peguei a frigideira que há pouco tinha colocado sobre o fogão, depois voltei para perto do corredor e me escondi atrás da parede.
Ouvi passos vindo em minha direção e me preparei para a qualquer momento tacar aquela frigideira em quem quer que fosse que entrava sorrateiramente na casa da dona Cássia.
Pensei que era um ladrão, que sabia que ela morava sozinha, a esperou sair e entrou para assaltar a casa.
Meu coração batia acelerado e eu podia senti-lo nos meus ouvidos, o medo era tanto que a minha boca estava seca e imediatamente me lembrei de já ter vivido aquilo, porém, um raio dificilmente caía duas vezes em um mesmo lugar e outro bandido não seria tão bonzinho comigo como aquele que invadiu meu quarto no convento.
Os passos se aproximaram mais e quando vi a sombra no chão muito perto de mim, ergui a frigideira e com o olho fechado taquei em quem quer que fosse que estivesse ali.
— O que é isso? — Uma voz masculina perguntou se esquivando das minhas frigideiradas.
— Saia daqui, já chamei a polícia. — E tome frigideirada.
— Polícia? Quem é você? Eu que tenho que chamar a polícia. Quem é você e o que faz na casa da minha mãe?
— Mãe? — parei a frigideira no ar e enfim encarei o homem com os braços para cima e protegendo o rosto do meu ataque.
Conforme percebeu que eu havia parado de atacá-lo, ele abaixou os braços e assim pude ver os seus olhos... Intensos olhos azuis que eu nunca mais me esqueci. Quase dois meses haviam se passado desde a vez que invadiu meu quarto, mas era impossível esquecer e eu me lembrava perfeitamente.
— Você?
— Você?
Perguntamos juntos e nos olhamos sem mais palavras, apenas olhos nos olhos e meu coração quase saindo pela boca.
Sua beleza não era parte da minha imaginação, assim como me lembrava, era muito bonito e naquele momento, na claridade e sem escuridão, sangue e inchaço por seu rosto, eu podia ver que era ainda mais do que eu guardava em minha lembrança.
Vi que seus olhos desceram do meu rosto para o meu cabelo ondulado e cumprido que caía do rabo de cavalo na frente do meu corpo, que mal estava coberto pelo conjuntinho de dormir.
Fechei os braços para me cobrir, ainda segurando a frigideira, e ele notou meu desconforto, então tirou seus olhos de mim e seguiu até a geladeira.
— Cadê a minha mãe?
— Você é filho da dona Cássia? — perguntei com os olhos arregalados e ainda tentando entender as voltas que a vida dava.
— Sim. O que você faz aqui? — Serviu-se de água. — Não sei se estou me lembrando de você... de onde lembro?
— Você se lembra sim! Não se faça de bobo. — Encarou-me unindo as sobrancelhas e eu continuei: — Ou você costuma invadir o quarto de uma freira todos os dias?
Sem paciência revirou os olhos e levou o copo com água até a boca e depois falou:
— Não costumo, mas não guardo o rosto de todas as mulheres com quem passo um tempo.
Foi a minha vez de bufar sem paciência.
— Sim, você é o invasor e estou tentando entender como uma senhora tão abençoada como a dona Cássia tem um filho como você.
— E eu estou tentando entender como saiu do convento e está aqui me afrontando na casa da minha mãe.
— Eu moro aqui. — Ergueu uma sobrancelha em uma pergunta silenciosa. — Vamos dizer que sua mãe me adotou.
— Quando ela dizia que queria adotar, eu pensava que era uma criança. — Senti-me envergonhada, mas não abaixei a guarda e retruquei:
— Talvez você tenha dado muito trabalho e preferiu alguém já crescida como eu... Bom, considerando o que vi, você deve continuar dando trabalho.
Encarou-me com seriedade.
— Você não sabe nada sobre mim. — Virou-se de costas e seu tom de voz foi ríspido.
— Não, mas o pouco que sei começa com você invadindo o quarto de uma freira indefesa na calada da noite. Como vou saber se você é mesmo filho da dona Cássia? Você pode ter inventado isso para roubar a casa e invadir aqui também.
— Você não é nada indefesa. — Olhou para a frigideira. — E eu sou filho da minha mãe.
Ficamos em silêncio, até que perguntei:
— Dona Cássia sabe da sua vida noturna invadindo quarto de freiras?
Olhou-me com o rosto fechado.
— Não, e você não vai contar.
— O que vou dizer a ela quando perguntar se já nos conhecemos?
— Nada. Não vai dizer nada, porque não nos conhecemos. Naquele dia eu fui sequestrado e não quero preocupar a minha mãe com isso. Ficaria grato se não contasse nada.
Senti-me culpada por estar acusando-o de ser um criminoso quando, na realidade, ele era a vítima.
— Ah, me desculpe. Por que não me contou no dia? Podíamos te ajudar lá no convento.
Vi que deu um sorriso que não atingiu os olhos, virou-se para guardar a garrafa de água na geladeira, depois tirou o celular do bolso e de costas para mim começou a digitar algo, claramente encerrando o assunto.
Aproveitei que não me olhava mais e para me livrar daquela sensação estranha que invadiu meu corpo, deixei o ambiente com passos largos, subi para trocar de roupa e me tranquei no quarto.
Assim que fechei a porta atrás de mim, encarei Papa que estava ainda deitado em sua caminha e me olhou sonolento.
— Que confusão! — Andei de um lado para o outro e falei para o bichano: — Olha, nós dois vamos ficar trancados o dia todo neste quarto e não sairemos para nada.
Fui até a cama e deitei nela sentindo a minha barriga roncar de fome.
— Não me olha assim, Papinho, eu que não vou sair para buscar sua comida. Vamos ficar os dois aqui e de jejum até dona Cássia chegar.
Ouvi barulho do lado de fora, provavelmente vindo do quarto em frente que era do filho da dona Cássia, enquanto em minha mente perguntas martelavam incessantemente.
Como fui parar na casa da mãe do homem que invadiu meu quarto? Por quê? Era muita coincidência! Deus, o que o senhor está preparando para mim?
Perguntas e mais perguntas rodeavam os meus pensamentos e fiquei tentando entender o que Deus estava preparando para a minha vida. Fiz algumas orações, tentei acalmar meus pensamentos e até cantei baixinho alguns cânticos.
Martin
Decidi sair direto do Sweet Hell e peguei a estrada sentido a casa da minha mãe. Já tinha deixado tudo certo com o Edson, que tomaria conta de tudo na minha ausência.
Ele era um bom amigo e não sei como eu daria conta de tudo se não fosse com a sua ajuda, que além de ser meu segurança, era meu braço direito e o que, na maioria das vezes, fazia o serviço sujo sem remorso.
Trabalhou a vida toda no meio do crime, do submundo e dos negócios ilegais, então para ele aquilo que fazíamos era algo normal, mas desde que fui sequestrado que Edson andava preocupado. Era um pouco mais velho que eu e me via como um filho, apesar de eu sempre dizer que ele era mais durão que eu.
Desde o sequestro eu tomava muito mais cuidado e fazia tudo com mais atenção e para me manter seguro dei um jeito de despistar a minha saída naquela manhã. Troquei de carro no estacionamento em um subsolo que sabíamos que não tinham câmeras e prestando atenção se estava sendo seguido fiz o caminho mais longo para a casa da minha mãe.
Ninguém, além do Edson, sabia de onde eu era, nem da minha família, até pensavam que eu era filho do antigo dono das casas noturnas e que após a sua morte eu havia tomado o comando. Na verdade, comprei os negócios do velho antes de morrer e mantive essa ideia no meio para manter minha mãe segura dos meus acordos ilícitos.
Quando cheguei na minha antiga casa estava tudo no maior silêncio e como cheguei cedo, achei melhor não acordar a mãe. Usei uma chave que levava comigo para entrar em casa, assim poderia deixar uma mensagem em seu celular e dormir um pouco no meu quarto até ela acordar.
Peguei meu celular e digitei:
Mãe, tô em casa!
Como não apareceu a notificação de que a mensagem chegou para ela, imaginei que o aparelho estivesse desligado, mas ao menos quando o ligasse veria a mensagem antes de se assustar com minha presença ali.
Abri a casa tentando não fazer barulho e segui para a cozinha. Precisava de água para matar a ressaca que já estava me atingindo após uma noite de bebedeira e tramas para manter a minha partida em sigilo.
Atravessei o corredor que levava à cozinha, andando devagar e meio sonolento, mas para a minha surpresa acordei a base de frigideiradas que atingiram me ombro, braço e onde mais aquela coisinha pequena e corajosa conseguiu acertar.
Pela brecha entre os meus braços vi que era uma mulher que me batia com a panela, mas não era a minha mãe, então resolvi perguntar para ver se o ataque cessava e no momento que perguntei sobre a minha mãe a mulher parou de me acertar e em seguida a encarei diretamente, observando seus olhos e voltando diretamente para o quarto da freirinha.
Era ela... E me parecia mais bonita do que me lembrava.
Mesmo tanto tempo depois e tantas mulheres depois, eu me lembrava de seus olhos, assim como seus cabelos, que estavam amarrados e caiam sobre o seu colo. De novo usava roupas de dormir e suas pernas torneadas estavam à vista, mal cobertas pelo short curto.
Sem que eu pudesse controlar deixei o cafajeste em mim se deliciar com a visão, porém, quando notei que parecia envergonhada, tirei o olhar rapidamente para não constrangê-la e fui em direção a geladeira tomar água.
Em meu pensamento me perguntava incessantemente o que ela estava fazendo na casa da minha mãe? Seria amiga da minha tia? Mas cadê o hábito? Parecia tão à vontade.
Puxei na memória quanto tempo não falava com minha mãe e me senti um péssimo filho. Me vi tão envolvido na busca por quem queria me assustar ou me ver morto, que deixei de ligar para ela e não conversava com minha mãe há umas duas semanas.
Virei-me novamente para a mulher que provavelmente encarava as minhas costas e me lembrei de como era faladeira e perguntadeira, no momento em que começou a me fazer diversas perguntas.
Será que eu ainda estou bêbado e imaginando aquilo?
Não. A dor no ombro onde as frigideiradas atingiram me dizem que é real.
Perguntou-me sobre a noite no seu quarto e eu disse que fui sequestrado, o que não era mentira, mas foi o jeito de mantê-la satisfeita com uma resposta e assim não contar para a minha mãe.
Nossa conversa na cozinha não durou muito e cogitei que ela tivesse ido para um dos quartos e também segui para o segundo andar da casa. Olhei para o quarto extra bem em frente ao meu e como vi sombra de alguém se mexendo pela fresta da porta, deduzi que estivesse lá.
Virei-me e fui em direção ao meu antigo quarto. Precisava dormir um pouco antes de lidar com a freirinha corajosa novamente, mas na minha cabeça a pergunta sobre o que ela fazia ali ainda martelava.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro