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Capítulo 28

Martin

Encontrava-me nervoso como nunca estive em todo tempo que vivi no mundo do crime e eu sabia que a vida com a Rosabel seria mais cheia de adrenalina do que uma fuga de carro em alta velocidade ou ter alguém na mira da minha arma.

Contactei o pessoal que tocou na igreja quando pedi Rosabel em namoro e decidi refazer a cena, mas dessa vez mais elaborado.

Eu me acostumei a fazer as orações da Rosabel, assim como acompanhá-la a missa todos os domingos e naquele não foi diferente. Estávamos sentados em um dos bancos no meio da igreja, minha mãe, ela e eu. Ouvíamos os avisos finais e eu sabia que a qualquer momento o Padre que era meu cúmplice me chamaria.

— Então, meus caros, como o apóstolo Pedro disse, amem-se sinceramente uns aos outros, porque o amor perdoa muitíssimos pecados. — O ouvi dizer e eu sabia o que viria depois, com isso meu coração começou a acelerar. — Pensando no amor que tudo transforma, hoje vou convidar alguém que deseja demonstrar o seu amor e dar um testemunho sobre ele.

— Que lindo, quem será? — Rosabel perguntou-me.

— Martin, venha até aqui — o Padre me chamou.

— O quê? — Vi a confusão no olhar dela e sorri.

Levantei-me e fui aplaudido pelos presentes, andei pelo corredor entre os bancos e ainda bem que a igreja não era muito grande e a distância para chegar até a frente era pouca.

Assim que me aproximei o padre me cumprimentou e me deu o microfone.

— Bom dia — cumprimentei a todos e eu estava muito nervoso. Meu olhar cruzou com o da minha mãe e da Rosabel e ambas me olhavam com curiosidade. Minha mãe também não sabia de nada. — Eu me afastei de Deus por um tempo, andei por caminhos escuros, mas foi o amor que me trouxe de volta e o meu amor tem nome. — Olhei para a minha freirinha que tinha as mãos na boca como se não acreditasse que eu estivesse fazendo aquilo. — Rosabel. — Todos aplaudiram. — Há alguns dias eu a pedi em namoro aqui mesmo e hoje quero renovar e oficializar outro pedido, assim pedi a licença para o Padre para fazer o pedido aqui. Pode vir até mim, Rosabel?

Mesmo parecendo muito envergonhada ela se levantou e foi até onde eu estava.

Enquanto a esperava na frente vi pessoas a reconhecendo e cochichando coisas do tipo: "Não é a irmã Rosabel?" "Olha a irmã Rosabel".

No momento em que ela se aproximou, seu sorriso era curioso e parou ao meu lado, acenou para algumas pessoas e para a minha tia que também estava na missa com as outras irmãs do convento.

A banda, como combinado, começou a tocar em um tom baixo a música . Eu tinha sondado as músicas que ela gostava e essa e várias outras, eram as que ela sonhou que tocasse em seu casamento, sempre que as ouvia nos casamentos que ajudou.

Resolvi pedir a Deus
Pra que eu possa te guardar
Ser teu anjo protetor
Te velar e te cuidar

Quando eu precisei
Pôs tua vida em mim
Deus permita-me ser teu anjo aqui...

Ouvimos a letra e ela falou baixo:

— Você é louco!

— Por você — repliquei só para que ela ouvisse e depois coloquei o microfone na boca: — Rosabel, aqui, na frente de todos, com a benção de Deus, do Padre e com certeza da minha mãe que está ali nos olhando e chorando. — Rimos. — E aqui onde em breve, se você aceitar, te receberei como esposa, eu peço oficialmente. — Ajoelhei-me, tirei do bolso a caixinha com um anel de noivado, a abri e a ergui em sua direção. — Quer se casar comigo? — Houve uma comoção geral e com os olhos marejados ela balançou a cabeça em positivo, fazendo todos aplaudirem e eu levantei para abraçá-la.

— Espero vocês aqui em breve para testemunharmos o primeiro beijo como casados — brincou o Padre.

— Não vai demorar agora que ela aceitou na frente de todos. Rosabel não vai me enrolar, Padre.

— Isso mesmo, filho. — Todos riram e o Padre pediu: — Palmas para o amor que tudo salva, tudo transforma e tudo restaura.

Entre palmas voltamos para o nosso lugar e o Padre deu a benção final.

Cantávamos o canto de despedida, meu sorriso era o mais largo do mundo e eu ria ainda mais vendo Rosabel olhar para o anel em seu dedo.

— Você é mesmo louco.

— Louco apaixonado por você. — Dei um beijo em sua bochecha.

Ao nosso lado minha mãe sorria feliz por testemunhar nossa alegria.

— Fico tão feliz que todas as vezes que inventei compromissos, só para deixar vocês a sós, tenha feito o meu plano dar certo a ponto de vocês chegarem nesse momento. — Enxugou uma lágrima.

— O quê? — perguntei.

— Você acha mesmo que eu tinha tantos compromissos, filho?

— Dona Cássia! — Rosabel exclamou em surpresa e com os olhos arregalados.

— E a história de eu tratá-la como irmã e incentivar as saídas com o Guilherme?

, gente, tudo era um plano. Rosabel é a nora que qualquer mãe pediria a Deus. Eu pedi e ele atendeu, mas dei uma forcinha. — Riu. — Logo na primeira vez que os vi juntos já imaginei esse momento. — Ergueu a mão em direção ao altar relembrando o que aconteceu minutos antes.

— A senhora é muito ardilosa.

— Muito. Ai que vergonha. — Rosabel Ria. — Vou chamar a senhora de sogra?

— Ficarei feliz com isso.

Começamos a sair da igreja enquanto a minha mãe fazia planos para a festa, para o vestido e falava até em netos e eu ria orgulhoso de ser o motivo do riso das duas mulheres que eu mais amava.

Na frente da igreja as duas encontraram com as irmãs, amigas da Rosabel do convento e com a minha tia, aí a comoção foi geral e os sorrisos também.

Resolvi deixá-las surtarem com a novidade e de longe, encostado ao carro e observando aquela cena, eu repensava a minha escolha e foi a melhor que tive em toda a minha vida. A felicidade não tem dinheiro que pague.

Ah, minha Rosabel... 

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