Capítulo 7
Lipe
Já passava das quatro da manhã quando deitei sozinho na cama do meu quarto no hotel. Incrivelmente sozinho e isso quase nunca acontecia.
Dormi como uma pedra e acordei no domingo, com os meus amigos esmurrando a porta do quarto para que eu acordasse logo e fôssemos curtir o dia no hotel bacana em que estávamos hospedados. Então, me arrastando, me levantei e aceitei o convite dos três para descer até a piscina.
Após tomar meu café, coloquei meus óculos de sol e me acomodei em uma das espreguiçadeiras que ficavam de frente para a piscina enorme e em formato retangular que o hotel oferecia como lazer.
Sempre ficávamos no melhor hotel da cidade em que eram os shows, amávamos nosso trabalho e tudo de bom que ele nos proporcionava. Eu curtia muito a parte de ter ficado rico com a grana dos shows, dos vídeos que bombaram no Youtube e das propagandas que continuávamos fazendo para patrocinadores nas redes sociais e, por isso, naquele momento eu podia ter tudo o que quisesse. Tinha carro de luxo, cobertura de frente para o mar e tudo de melhor que o dinheiro podia comprar.
Da espreguiçadeira fiquei observando os caras na água e ri vendo os irmãos que pareciam três meninos apostando quem nadava mais rápido. Eu me divertia com eles.
Algumas pessoas nos reconheciam, acenavam e uma ou outra pedia fotos, mas talvez o nosso segurança estivesse as freando para que conseguíssemos um pouco de descanso, assim ali sem fazer nada eu não parava de pensar no meu sono maldormido por conta de ter ficado variando entre a loira da loja e a linda mulher de olhos castanhos e peruca rosa com quem eu tinha tido um momento no camarim. Além de voltar ao meu passado e ficar imaginando em como estaria a aparência da menina que me apaixonei quando jovem ou se alguma das duas gatas com quem vivi momentos, podia ser ela.
O pouco tempo que passei com a Cyndi de cabelo rosa foi tão intenso, que cheguei a estranhar como me senti no instante em que a dava prazer, eu quase gozei nas calças como um adolescente apenas em olhá-la se contorcendo de encontro a minha mão. Pensei que nem uma das mulheres que toquei estavam tão entregues e aproveitaram tanto o meu toque quanto ela.
Lembrei-me do seu gemido misturado com a batida da música que vinha do lado de fora, do seu corpo quente e fácil de manusear, dos seus olhos fechados e suas pernas abertas para mim, como se ela estivesse realmente se entregando sem amarras e pedindo para que eu a fizesse gozar. Depois a sensação de estar dentro dela, apertada e receptiva, seu corpo se mexendo de encontro ao meu e seus lábios me chupando ao mesmo tempo em que sua mão passeava no meu corpo. Ahhh... e a seguir... seu corpo se estremecendo de encontro ao meu pau, enquanto eu sentia o cheiro de uísque em seu pescoço, que ainda era tão presente em minha lembrança... Foi foda!
Parecia um sonho e balancei a cabeça para parar de pensar naquela mulher ou eu teria uma ereção em público.
Estranhei-me, pois normalmente as mulheres não me abalavam assim, quando eu vivia momentos no camarim era mais como uma foda rápida e pronto, nada que fizesse com que eu ficasse sonhando em repetir depois, como eu me via naquele momento, o que me deixava preocupado com a minha sanidade. Fiquei com uma paixão momentânea por uma desconhecida.
Após pensar na loucura de tudo, relacionei aquela mudança emocional a voltar para aquela cidade. Vivi um passado ali, meio que era coisa de criança, mas eu sentia que estava inacabado, me sentia culpado e merecia um final. Talvez fosse isso que estivesse mexendo comigo e me deixando fraco para os encantos femininos, eu procurava em todas as mulheres daquela cidade, a menina que conheci no início adolescência. E para o meu azar, dois dias e duas mulheres fodas tinham atravessado o meu caminho.
A da loja também tinha ficado em meus pensamentos, na verdade, eu já estava um pouco alcoolizado quando fui ajudá-la e não me lembrava perfeitamente de todos os seus traços, mas passei boa parte do dia pensando em seus olhos azuis e até pensei em ir até a loja reencontrá-la e saber por que fugiu de mim, só não fui por conta do show, do ensaio e de toda a programação que eu tinha que cumprir.
Já naquele momento pós-show e de descanso, eu pensava na moça da loja, mas estava completamente rendido pela Cyndi de cabelo rosa, que tinha me deixado louco, completamente louco a ponto de fazer sexo no intervalo do show e ter levado bronca do produtor e dos outros caras da banda.
Suspirei. E ainda tinha a do passado que eu tinha a esperança de reencontrar. Porra! Três mulheres naquela cidade já estavam me tirando do eixo e não fazia nem três dias que eu estava ali.
Cara! Ela canta muito!
Lá estava eu pensando na cantora, na sua voz doce e calma, que ao mesmo tempo era potente e fez todos os pelos do meu corpo se arrepiarem logo no primeiro segundo que a ouvi. Não sabia como ia encontrá-la, além de ser mais uma mulher que eu mal sabia o nome, já que Cyndi não devia ser seu nome real.
Já sei!
Decidi que no dia seguinte eu iria atrás da loira da loja, jogaria meu charme e ficaria amigo dela para que me ajudasse a encontrar as outras duas. Ela devia conhecer muita gente na cidade por causa do seu trabalho com o público e dependendo, eu podia até me encontrar nela e quem sabe nem precisasse mais procurar pelas outras.
Pensar em esquecer a quente Cyndi de cabelo rosa não me alegrava, também planejava rever meu passado e depois esquecer de vez o amor da infância que me marcou pela forma como fomos separados. Eu estava muito perdido.
O que eu sabia era que eu pretendia ter a do passado, a de duas noites atrás e a da noite passada. Era querer demais?
Ri sozinho e fui tirado do meu pensamento quando fui atingido por jatos de água, lançados por meus amigos para que eu acordasse e fosse interagir com eles.
— Ei, cuzão, vem para água — Cleber chamou.
— Depois que criamos essa banda, eu nunca mais tive paz — brinquei enquanto me levantava para ir à piscina e os três jogavam água em mim.
— Bora tomar uma cerveja? Acho que já está na hora — Cleber sugeriu.
— A essa hora da manhã? — perguntei.
— Já é quase duas horas da tarde, Lipe.
— Já até passou da hora — Christian concordou com Cleber. — Para comemorar o show de ontem.
— Acabamos de tomar café.
— Sim, isso porque somos astros do rock, porque o horário do café do hotel já tinha acabado faz tempo quando você enfim desceu. — Caio disse.
— Ah, lá vem o certinho preocupado com o horário — Christian provocou o irmão e Caio jogou água nele.
Cleber acenou para o garçom do bar perto da piscina e pediu algumas cervejas.
— Ô, Lipe, você está meio quieto desde ontem ao final do show. O que tá pegando?
— Nada demais, só queria saber quem era a cantora. Foi embora sem dizer quem era e fiquei curioso e puto.
— Você realmente está virando um canalha. Não sabe mais nem o nome das mulheres que anda levando para o bar ou pegando nos intervalos do show — Caio me repreendeu.
— Não deu tempo, mas nem é isso, só que eu queria saber seu nome, divulgar seu talento... sei lá. A mulher canta muito.
— Realmente, que talento! Acho que nunca ouvi uma voz parecida nem em todo tempo que frequentamos as aulas de música — Cleber lembrou.
— Sim e eu fui surpreendido, porque quando a vi, achei que fosse mais uma louca, que fosse passar vergonha e só quisesse pegar um de nós — Christian riu.
— Não tem como eu não concordar com você — falei e rimos.
O garçom chegou com nossas cervejas e as abrimos para brindar, como sempre, depois do primeiro gole ficamos em silêncio, até que Caio sugeriu animado:
— Ou e se fizéssemos um concurso para procurar a voz misteriosa?
— Concurso? — perguntei sem a certeza se era uma boa ideia.
— Sim, o prêmio seria gravar uma música com a gente ou sei lá. Seria uma forma de termos conteúdo para as redes sociais e com isso gerar visibilidade para a banda.
— Caio, você realmente é o gênio da banda — Cleber passou a mão na cabeça do irmão. — Eu curti a ideia.
— Eu também — Christian disse.
— Mas e se a cantora não quiser aparecer? — pensei.
— Escolhemos outra, podemos dizer que o show foi tão bom que foi um sonho e a cantora foi um sonho de geral... — Pensou. — E não quis aparecer... Não sei, podemos pedir para o marketing desenvolver isso — Caio falou.
Sorri.
— Cara, vocês são fodas! — Sorri feliz por ter aqueles loucos comigo. — Tudo bem, eu topo. Partiu procurar a minha cantora, a dona da linda voz.
— Sua cantora? — Cleber perguntou, rindo.
— Sim, minha e que fique claro. Um brinde à busca da "minha" cantora. — falei e ergui a minha cerveja em direção a eles, que retribuíram:
— Um brinde!
— Um brinde!
— Um brinde!
Disseram em uníssono e bebemos nossas cervejas em comemoração, no entanto, em meu pensamento me via ansioso para chegar logo o momento em que iria até a loira da loja que me ajudaria na busca. Se nos ajudaria mesmo eu não sabia, porém, me parecia uma excelente desculpa para vê-la de novo e seria uma linda companhia no processo de busca.
Cyndi
No domingo evitei a todo custo sair do quarto e sinceramente meio que estava com uma ressaca moral.
Quando fui dormir na noite anterior, estava eufórica e achei tudo muito divertido, mas quando acordei, enganar a minha avó e me colocar em risco pulando o muro, não me pareceu nada responsável para uma mulher que sempre se preservou, como eu.
Fiquei na cama um tempo a mais, pensando que talvez não fosse boa ideia enfrentar a minha avó e me rebelar, pois o que mudaria na minha vida a não ser que eu conseguiria uma briga imensa com ela e com as minhas tias?
E pior, era que com isso, as três poderiam me deixar sozinha e por mais que elas não me tratassem como eu desejava, não as queria longe, não queria viver sem ninguém.
Pensei que eu não tinha um grande amor para lutar ou uma grande causa que me motivasse a produzir um reboliço tão grande. Seria apenas rebeldia de uma mulher que queria provar nada de coisa nenhuma, para outras três mulheres que gostavam de afrontá-la.
Com custo me levantei, até porque meu corpo doía pela queda do muro, e fui até a cozinha para pegar uma xícara de café, depois voltei para o meu canto, onde brinquei com meus cachorros e cantei baixo com eles ao mesmo tempo em que limpava meu quarto.
Eu não tinha o costume de comer de manhã, o que era bom, pois graças a isso não precisei encontrar com minhas tias na hora do café, porém, na hora do almoço foi inevitável e quando entrei na cozinha logo as ouvi cochichando na sala e me aproximei do corredor para tentar ouvir se desconfiavam de mim na noite anterior.
— Ele continua lindo... bom, para ser sincera, eu mal me lembrava dele — Ana Constância disse e ambas riram. Franzi o cenho curiosa para saber de quem falavam.
— E a tal cantora que subiu no palco? — Fiquei atenta. — Deve ser alguém que conhecemos, porque não a achei estranha, mesmo vendo de longe. Perdemos tempo demais nas bebidas e ficamos muito longe do palco.
— Será que não é alguém da época da escola?
— Não sei...
— Como foi a noite de oração, meninas? — Minha avó apareceu no corredor, vinda do seu quarto, indo para a cozinha e gritou para que as duas a ouvissem da sala, de imediato disfarcei e fui até a geladeira.
— Foi ótima, mãe — Lisbela foi andando até a cozinha e se juntou a nós. — Cyndi, você não quis ir com a gente. O círculo de oração estava ótimo, não é, Ana?
— Sim, cheio de gente, muitas pessoas falando em línguas, cantando alto. — Ana Constância também foi até a cozinha.
— Olha que coisa linda, Cyndi. Você devia ter ido — minha avó falou me olhando com desprezo, como se eu fosse uma pecadora.
— Sim, eu devia ter ido mesmo.
— É lindo queimar no fogo do Espírito Santo. — Minha avó olhava para as filhas com orgulho.
— Cuidado para não queimar no fogo do inferno — murmurei só para mim.
— O quê?
— Nada não, pensei alto, vó. Que hoje está um calor do inferno.
— Sim, um calorão, mas não pragueje dentro de casa. Ah, aproveita e lava os panos de prato para mim que estão de molho. — Eu e minha boca grande.
Vovó saiu da cozinha para atender ao telefone que tocava na sala e eu fui até a pia, lavar as verduras para fazer uma salada para o almoço. Virei-me de costas para Ana e Lisbela e passei a fazer minha tarefa rezando para que voltassem para a sala e não ficassem me provocando e tratando com desprezo como sempre.
Quando achei que já tinham ido comecei a cantar baixo uma música qualquer que surgiu na minha cabeça, foi então que Lisbela se aproximou, me olhou de perto como se me analisasse e perguntou:
— Onde você estava ontem?
— Oi? — Ganhei tempo.
— Ontem, onde você estava?
— Depois da loja vim para casa. — Lisbela semicerrou os olhos para mim em desconfiança. — Estava com enxaqueca e a vó até me acordou quando foi ao meu quarto após chegar da igreja.
— Hummm... — respondeu apenas.
Elas já tinham me ouvido cantar baixo e a Ana Constância já tinha ouvido na loja, mas nunca a plenos pulmões como cantei no show, era sempre algo mais contido, baixo e com medo de ser repreendida pela vó, por isso eu sabia que não reconheceriam a minha voz.
— Nada a ver, Lisbela. Sem chance de ser isso que você está pensando. Olha para ela — Ana Constância desdenhou de mim e naquele momento tive vontade de gritar que sim, era eu a cantora que arrasou na noite anterior no show em que elas não quiseram a minha companhia, porém, me mantive quieta. Como sempre.
— Tem razão.
Rindo com deboche, as duas me deixaram sozinha e a minha avó me mandou terminar o almoço. Claro que sempre sobrava para mim.
A tarde eu me mantive no quarto, li e brinquei com meus bichinhos, entretanto, por mais que eu tentasse esquecer, a todo tempo a minha mente voltava para a sensação incrível que foi cantar para tantas pessoas e, em contrapartida, eu também pensava que no dia seguinte eu teria que lidar com um problema: Ana Constância descobrindo que contei sobre suas fugidas para dona Fátima.
Eu não queria nem ver o Deus nos acuda que seria.
Segunda-feira chegou, me arrumei para mais um dia de trabalho e parti antes do horário para não ter que lidar com ninguém logo cedo e principalmente para que não me perguntassem que sacola era aquela que eu carregava e eu tivesse que mentir sobre o vestido que usei no show.
Ao chegar na loja abri tudo, fiz café para acordar e me preparei para a bomba que aquele dia descarregaria em cima de mim.
Não demorou até que a Ana Constância chegasse junto com a sua cara de bunda de todo dia e o seu mau humor característico sempre destinado a mim, além de, como sempre, se achando a dona da loja.
Ela sempre achou que por ter começado a trabalhar ali antes, era ela quem mandava e eu era a sua empregada.
— Tem tanta coisa para fazer hoje. Você não fez nada no sábado?
— Sim, fiz. — Tive vontade de responder que fiz inclusive o trabalho dela.
Ana foi ao estoque e quando voltou perguntou:
— Que bagunça é aquela ali? Parece que alguém usou a máquina, tinha alguns acessórios fora do lugar e inclusive tem uma calça sua e uma camisa do uniforme lá.
Senti meu coração palpitar. Droga! Eu tinha esquecido de esconder minha roupa.
— Dona Fátima estava costurando... — comecei a responder, mas a minha atenção foi tomada por nossa patroa que abria a porta de vidro.
— Bom dia, meninas.
— Bom dia — respondemos juntas.
— Ana, venha comigo que precisamos conversar. — Foi mais rápido do que eu pensava e as duas seguiram para o estoque.
Soltei o ar me sentindo culpada pelo o que quer que fosse que dona Fátima diria a Ana.
Não demorou até que voltassem, Ana Constância com ódio no olhar e sua bolsa pendurada no ombro. Me fitou como se quisesse arrancar a minha cabeça e saiu da loja. Logo percebi o que havia acontecido: ela tinha sido dispensada.
Fiquei olhando para a porta em que passou, mas fui tirada dos meus pensamentos por dona Fátima que disse:
— Eu disse a ela que sabia sobre as escapadas e tinha te nomeado gerente, mas ela preferiu sair. — Deu de ombros.
Respirei fundo e soltei o ar em um misto de alegria por não precisar mais encobri-la e medo do que me esperava em casa.
— Filha, vou precisar que trabalhe mais durante uns dias, até que encontremos alguém para trabalhar no lugar dela.
— Tudo bem, até prefiro passar mais tempo aqui do que em casa.
— Mas prometo que todas as horas a mais vão contar como extra.
Sorri.
— Obrigada, mas não se preocupe com isso, eu amo trabalhar aqui.
Ela me encarou com um olhar cúmplice e perguntou:
— Agora me conta como foi a noite de sábado.
Abri um largo sorriso e contei empolgada:
— Dona Fadinhaaaaa... Eu cantei no palco com a banda e fui ovacionada. Foi a melhor noite da minha vida.
— Me conta tudo.
Contei a ela toda a minha peripécia, só deixando de fora a parte em que eu havia me entregado a um momento quente com o vocalista gostoso da banda.
Dona Fátima ficou feliz com tudo que me aconteceu e entre o atendimento de um cliente e outro, um café e outro ela me contava algo da sua juventude e me dava conselhos sobre não ser tão dependente emocionalmente da minha família.
Na hora do almoço ficou na frente da loja enquanto eu comia e durante a tarde fiquei sozinha porque ela tinha compromisso, porém, antes de ir acertamos que eu abriria e fecharia a loja e no horário do almoço ela ficaria para que eu tirasse uma hora.
Minha consciência pesada em relação a ter delatado a minha tia durou pouco tempo e até estava me sentindo mais leve, livre do peso de apoiar suas saídas furtivas antes do horário e leve por não ter que lidar com o seu mau humor durante todo o dia.
Atendi aos clientes, arrumei a loja e me virei muito bem sozinha. No final do expediente quando a noite já tinha caído, eu estava cansada, mas estava em paz. Comecei a me preparar para fechar a loja, peguei minha bolsa e a coloquei transversal ao corpo.
Tranquei a porta de vidro e abaixei a de ferro já fazendo uma oração para que o cadeado fechasse com facilidade e para a minha alegria ele fechou. Sorri ao me lembrar da noite de sexta em que naquele mesmo momento conheci um cantor muito príncipe que me ajudou.
— Esse sorriso em seu rosto é por pensar em mim? Porque eu pensei muito em você.
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