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Capítulo 6


Cyndi

Que beijo, meu Deus! Que beijo!

Empolguei-me no beijo, ergui meu corpo de encontro ao dele e com uma perna de cada lado do seu corpo, o montei. Sentindo-me uma deusa sexy eu não estava me reconhecendo, na verdade, eu acreditava que aquela era eu, a que cantava e era alegre, ia para o camarim do boy cantor e o atacava a fim de acabar com a carência de quase uma vida sem ninguém. Essa era eu. Não a que foi escondida e abafada em uma Cyndi, apagada e podada por uma vida sem graça.

Encostei-o no sofá e com a minha língua passeei em sua boca, segurei seu rosto com as duas mãos sentindo sua barba por fazer nas minhas palmas, subi até sua nuca e o puxei para mim. Eu devorava seu beijo como seu quisesse muito daquilo e eu queria.

Desde quando o tinha visto na noite anterior que instintivamente eu o queria, talvez por estar carente e sem atenção de ninguém há um tempo ou por ele ter sido gentil e me ajudado com a porta ou só por ele ser gato pra cacete mesmo e eu ter ficado louca por ele assim que botei meus olhos no seu sorriso lindo.

Ele me encantou de cara.

Adorei que apesar de eu tê-lo atacado, seus lábios macios não me rechaçaram, muito pelo contrário, sua boca devorava a minha com voracidade, enquanto seus braços fortes me apertavam em sua direção e suas mãos subiam por minhas costas. Ele também me queria.

Com um impulso rápido e me pegando de surpresa, Felipe me deitou no sofá e pousou seu corpo sobre o meu a seguir. Para recepcioná-lo eu entrelacei minhas pernas em volta dele e consegui sentir seu membro rijo de encontro a minha pélvis.

— Não temos muito tempo até eu voltar ao palco — sussurrou com a boca colada a minha, em uma sugestão velada do que podíamos fazer.

— Para mim é tempo suficiente.

Com a minha resposta ele se levantou, foi até um armário do outro lado do sofá, mexeu em algo ali e voltou com um preservativo, logo desabotoou a calça em um movimento rápido e novamente se posicionou entre as minhas pernas.

— E se alguém entrar? — perguntei.

— Não vão, eles me conhecem.

Entendi que já devia ter o costume de levar mulheres ao camarim, claro que eu não era a primeira e sinceramente não me senti ofendida já que estava tão excitada que só queria que me tomasse para ele e nada mais.


Seus olhos estavam fixos nos meus no momento em que enfiou a mão em meio a saia do vestido de cetim, puxou minha calcinha para o lado, passou levemente os dedos em minha abertura e com o indicador tocou devagar o meu ponto mais sensível.

Soltei um gemido e joguei a cabeça para trás com o toque, como se nunca tivesse sido tocada daquela maneira, o que, na verdade, não era totalmente mentira, já que o único rápido relacionamento que tive o imprestável nunca se preocupou com o que eu sentia e comparando com a sensação de um único toque certeiro do Felipe, percebi que a minha experiência antiga foi desastrosa.

Lipe movimentava o dedo fazendo círculos, enquanto eu sentia meu rosto esquentar e uma sensação prazerosa tomar todo o meu corpo. Eu era uma mulher de vinte e sete anos, que nunca tinha experimentado aquela sensação.

Algo crescia dentro de mim e eu, sem nenhuma vergonha, rebolava e remexia o quadril de encontro ao seu dedo, agradecendo aos céus por aquela sala estar escura.

Já havia lido sobre orgasmos, mas nunca tinha conseguido sentir um ou sido tocada por alguém que se preocupasse com o meu ponto certo. Tentei me tocar uma ou duas vezes, mas não tinha criatividade para isso e me lembrava da minha avó dizendo que toda promiscuidade era coisa do diabo.

Com Felipe eu estava entregue ao momento, mal lembrava meu nome, estava livre e movida pela reação do meu corpo com ele, mesmo sendo de forma tão surpreendente, eu aproveitei o ato sexual como deveria. Sem amarras.

— Ahhh... por favor, não pare — pedi e ouvi sua respiração.

Abri rapidamente meus olhos para encará-lo e ele me olhava de volta com os seus em chamas.

Eu estava bem perto... tão perto... e não demorou até que uma sensação indescritível, tomou meu corpo, o esquentou e me estremeci de encontro ao dedo do homem lindo sentado entre minhas pernas. Como se quisesse tomar meus gemidos para si, ele ergueu seu corpo sobre o meu, colou seus lábios nos meus e capturou minha respiração acelerada.

— Boa menina.

Ainda com o corpo pairando sobre o meu, novamente escorregou sua mão e com dois dedos dentro de mim e sentiu minha umidade.

— Você está tão molhada. — O encarei e não sabia o que responder, mas provavelmente meus olhos faiscavam e indicavam o tesão que sentia.

— Quero você — consegui sussurrar. — Dentro de mim.

Atendendo ao meu pedido, rapidamente colocou o preservativo e firme me penetrou. Seus olhos estavam diretamente nos meus, se mexeu para dentro e para fora, fazendo que com o impacto do seu corpo batendo diretamente no meu clitóris eu ficasse ainda mais excitada e o seu movimento ritmado fizesse com que eu me abrisse para ele e o incentivasse a me dar mais e mais.

Eu queria ter outro orgasmo e sentir tudo de novo, estava tão entregue aquela relação e aos movimentos dos nossos corpos que talvez a culpa de nunca ter sentido aquilo não tivesse sido do meu antigo parceiro, mas sim totalmente minha que nunca tinha me entregado ao momento como me entregava naquele.

Ergui meu corpo em direção ao seu e chupei seu pescoço ao mesmo tempo que com uma mão de cada lado apertei sua bunda e o puxei para mim para que fosse mais fundo. Com essa atitude fiz com que ele soltasse um gemido rouco.

— Mais, mais... eu quero mais — gemi em seu ouvido, pedindo mais daquela sensação tão nova para mim e Felipe parecia se segurar, mas me dava o que eu pedia com força.

Foi então que com mais algumas estocadas profundas em que sentia seu membro grosso e duro me preencher por completo e atingir meu ponto certo novamente, eu gozei e por mais que eu tentasse, não consegui reprimir os gemidos involuntários que a minha boca emitiu. Foi muito bom.

Com o semblante demonstrando o prazer que também sentia, ele gozou junto comigo, soltou um gemido e caiu com seu corpo sobre o meu, se perdendo nas últimas estocadas ao mesmo tempo em que seu rosto se apertava sobre meu pescoço e me fazia sentir sua respiração forte.

— Me desculpa? — pediu e eu não sabia o motivo. — Eu queria que você tivesse mais, só que você me deixou completamente em êxtase.

Fiquei com as bochechas vermelhas.

— Foi... o melhor que já tive.

Ele me encarou em descrença.

— Prometo que se tivermos uma próxima vez, com mais tempo, degustarei cada parte do seu corpo e te darei o melhor.

Me deu um beijo casto, após a promessa de uma próxima vez e saiu de dentro de mim, depois foi até uma porta onde provavelmente ficava um banheiro e quando voltou disse que se caso eu quisesse usá-lo também podia ficar à vontade.

Fui até lá, fechei a porta atrás de mim, me limpei, lavei as mãos e ao olhar no espelho ajeitei a minha peruca que estava um pouco torta.

Sorri ao ver que as minhas bochechas estavam coradas e denunciavam que eu tinha acabado de ter uma das melhores sensações, após um dos melhores momentos da minha vida.

Então é isso... Dessa vez foi sexo com orgasmo e não só penetração. É por isso que as pessoas dizem que sexo é a melhor coisa da vida.

Sorri de novo e ouvi o barulho vindo do lado de fora, de onde o show continuava e as pessoas aproveitavam o festival, com isso, me lembrei de algo importante.

Meu Deus, a hora!

Saí do banheiro meio atrapalhada e andei rapidamente até a mesa onde antes tinha deixado a minha bolsa, de lá de dentro tirei meu celular e vi a hora: 23h30.

Puta merda!

— Preciso ir — falei tentando disfarçar a voz, o que era loucura já que não disfarcei durante o sexo e ele também não me reconheceria, mas o medo me fazia agir como louca.

Guardei o celular e em seguida indo em direção à porta, até que poucos passos depois, quando coloquei a mão na maçaneta para sair, Felipe me parou antes que eu passasse por ela, me segurando pelo braço.

— Espera, te fiz alguma coisa?

— Não, só preciso ir.

— Por que está com tanta pressa? Me fala se te fiz algo que não gostou.

— Não é você, sou eu.

Ele riu sem jeito.

— Sempre usei essa desculpa com as mulheres, mas elas nunca usaram comigo. — Seu semblante parecia envergonhado.

— Não é isso — comecei a ficar nervosa, me mexendo sem saber como explicar que eu tinha hora para chegar em casa.

Pensei que até que era bom que pensasse que o problema era ele e assim não me fizesse mais perguntas.

— Lipão, nossa vez de voltar para o palco. — Cleber apareceu na porta que estava quase toda aberta.

— Me dá um minuto — pediu ao amigo.

Olhei de um para o outro e aproveitando o momento de distração falei:

— Tchau, Felipe.

Não deixei que dissesse mais nada para me parar ou então eu chegaria depois da minha avó e seria um Deus nos acuda. Eu precisava ir.

Passei pela porta, desviei do Cleber, depois segui correndo pelo corredor e sem olhar para trás.

— Me fala ao menos seu nome verdadeiro... Ei, espera! — ouvi-o gritar atrás de mim, não me virei para respondê-lo, mas ouvi Cleber dizendo para que ele voltasse que o show deles já iria recomeçar.

Tinha sido o melhor sexo da minha vida, mas naquele momento, por mais que eu quisesse, eu não podia trocar figurinhas com ele.

Andei às pressas, à procura da saída e eu ria sozinha como uma louca enquanto dava um jeito de fugir para fora do palco. Algumas pessoas no caminho me olhavam sem saber quem eu era e talvez me achando esquisita, mas eu desviava meu olhar e fingia saber exatamente para onde estava indo.

Logo consegui chegar onde muitos assistiam ao show, passei pelos seguranças e me enfiei entre as pessoas que ainda aproveitavam o festival.

Ouvi a Prince ser anunciada novamente pelo apresentador do evento e enquanto eu me esquivava entre um e outro, ouvi o Felipe dizer do palco:

— Voltamos, galera. Ei, vocês gostaram da Cyndi, ? — Parei e olhei para ele. — Eu também gostei, gostei pra caramba. Pena que nem sei quem ela é, se vocês a conhecerem, me contem. — O público riu. — Cyndi, não sei por que você fugiu, mas se você ainda estiver por aqui me ouvindo e quiser voltar no próximo show, o meu microfone é seu... — Ergueu o microfone para o alto e continuou: — Esse microfone aqui, sem segundas intenções. — O público mais uma vez riu da sua fala com duplo sentindo e eu, mesmo com pressa, estava paralisada no meio do público, o observando.

A banda começou a tocar, suspirei quando começou uma canção de autoria própria e ouvi sua voz rouca preencher os autofalantes. Forcei-me a voltar a andar apesar da vontade de ficar ali vendo o show. Já me deixava saudade.

Segui desviando das pessoas pelas brechas que encontrava, ao mesmo tempo em que com o celular na mão, eu pedia um carro pelo aplicativo.

Com custo consegui sair do clube e quando passei pela portaria principal, para a minha alegria o carro já estava me esperando. Olhei para o celular e faltava quinze minutos para meia-noite.

Caramba!

— Motorista, pelo amor de Deus, corre. Preciso chegar em casa antes da meia-noite — falei enquanto fechava a porta do carro.

— Moça, isso é praticamente impossível, por causa do festival a cidade está muito movimentada.

— Para de me responder e aceleraaaa... — Praticamente gritei, no mesmo instante que colocava o cinto de segurança e vi pelo retrovisor o motorista rir do meu desespero.

Com calma começou a trafegar pela cidade e parecia que quanto mais pressa eu tinha, mais devagar o carro andava, apesar de que realmente o trânsito estava mais intenso que o normal.

— O show não estava bom? — o motorista puxou assunto

— Estava ótimo, maravilhoso e perfeito.

— Mas já acabou?

— Não, eu que saí mais cedo.

— Mas se estava bom, por que saiu?

Mas que xereta!

Contive um revirar de olhos.

— Porque eu não estava me sentindo muito bem, sabe? E se você não acelerar, vou vomitar no seu carro — menti e percebi que ele ficou sério e até acelerou. Dessa vez revirei os olhos.

Homens e seus carros...

Notando que a minha mentira tinha surtido efeito na velocidade em que ele dirigia, decidi dar uma turbinada nela.

— Nossa estou passando mal mesmo, muito mal. Olha, está tudo revirando aqui.

— Moça, você quer que eu pare?

— Não! — gritei. — Segue, só segue o mais rápido possível, porque... está me dando dor de barriga também. Uma cólica terrível. — Fiz uma careta falsa e passei a mão na barriga, com isso o ouvi dizer "misericórdia" e acelerou.

O motorista seguiu desviando dos carros que apareciam na sua frente e não demorou nada até que entramos na rua da minha casa, porém, para complicar ainda mais a minha vida, quando estava a uns duzentos metros, avistei a minha avó andando acompanhada da dona Dirce, uma das suas amigas da igreja, que era nossa vizinha e morava duas casas para frente da nossa.

— Droga! Droga! Droga! — esbravejei.

— Moça, quer que eu pare? Pelo amor de Deus, não vai vomitar ou cagar no meu carro — falou com um desespero absurdo na voz que eu até me senti culpada em mentir e sem conseguir segurar soltei uma risada alta de nervoso. O pobre homem logo se desculpou envergonhado: — Desculpa o meu modo de falar, mas é que ainda tenho que trabalhar o resto da noite.

— Tudo bem. Olha, minha casa é logo ali, pode deixar que vou andando.

— Graças a Deus! — O homem exclamou com tanta alegria que com certeza estava aliviado de eu não vomitar ou defecar em seu carro. Provavelmente contaria a minha história para todo mundo depois e eu ficaria com a vergonha de ser a passageira cagona e vomitona.

Sorte que eu estava disfarçada, não o conhecia e provavelmente não o veria nunca mais.

Paguei o que o devia, saltei do carro e a seguir fui andando, meio que me escondendo atrás dos postes para que a minha avó não me visse.

Isso é ridículo para uma mulher de vinte e sete anos, Cyndi! Você precisa dar um jeito nisso... amanhã!

Amanhã vou enfrentar a fera, não hoje.

Minha avó andava devagar, ia conversando com a amiga como se fosse de dia e se eu fosse um bandido elas nem me notariam ali.

Foi então que enfim chegaram ao portão da nossa casa e eu respirei aliviada, mas no momento em que achei que ela fosse entrar, as duas senhoras pararam no portão para conversar mais um pouco.

Ah, que lindas! Mas o que diabos essas véias têm para conversar a meia-noite no portão?

Deus, perdão por eu falar o nome do inimigo, mas ajuda a sua filha aqui a dormir em paz sem arrumar uma guerra com a vó a essa hora.

Parecendo que Deus me ouviu, em um momento a dona Dirce procurou algo na sua bolsa, em seguida mostrou o celular para a minha avó, ambas ficando lado a lado e de costas para mim para ver o que quer que fosse. Foi nesse momento que andei colada ao muro e entrei no terreno baldio ao lado da minha casa.

Fiquei ali pensando que eu estava ferrada de qualquer jeito, por que como eu entraria em casa depois da minha avó sem que ela me visse? Seria praticamente impossível passar pelo portão que range, depois abrir a porta da sala, a fechar e aí atravessar a casa toda, passar pela porta da cozinha e chegar no meu cantinho.

Era impossível! Ela me veria e faria um verdadeiro show de drama e horror, me xingaria de tudo que era nome, me pintaria como a pior pessoa do mundo e eu não queria dar motivo para ela ter razão, já que eu realmente tinha mentido.

Precisava dar um jeito na minha vida e esse jeito teria que ser logo, precisava resolver tudo da maneira certa e sem mentiras, mas não seria naquela noite. Naquele momento eu só queria entrar para o meu quarto e curtir o que vivi antes que essa loucura de me esconder começasse.

Olhei a minha volta e sabia que se eu seguisse para o fundo do terreno, daria no fundo do quintal da minha casa e com isso eu economizaria um enorme caminho que me acusaria para a minha avó.

Decidi então ligar a lanterna do meu celular e mesmo com medo de rato, aranha e o que mais que fosse que tivesse naquele terreno escuro, segui para o final do terreno na intenção de pular para o outro lado.

O muro da minha casa não era muito alto, portanto, não era difícil de conseguir pular, mas eu precisaria de um apoio que me desse um pouco mais de altura. Ainda com a lanterna acesa, olhei em volta, achei um toco de mais ou menos uns quarenta centímetros e sorri ao pensar que só podia ser Deus me ajudando a não arrumar a maior confusão àquela hora da noite.

Coloquei o toco de pé na parede, pisei nele e ergui o braço para pegar no topo do muro, depois dei um impulso e pisei na parede com a ponta dos pés, ficando pendurada. Com dificuldade me puxei para cima com a força dos braços e subi escalando, depois ergui meu corpo cansado de quem não fazia nada de exercício e subi no muro, ficando montada em cima dele, mas apoiada na barriga.

Eu estava respirando com dificuldade, mas tinha que me forçar a terminar de pular, porque de onde eu estava já conseguia ver a luz da sala acesa, que entregava que minha avó já tinha entrado e talvez fosse para a cozinha e com isso me veria ali se fosse até a janela.

Incontrolavelmente me deu uma crise de riso que eu sempre tinha nos piores momentos e lá, deitada com a barriga em cima do muro gelado, comecei a rir como uma louca, a ponto de ter que colocar a mão na boca para abafar.

Nesse momento meus cachorros começaram a latir. Droga! Fiquem quietos!

Logo controlei a risada, respirei fundo tentando criar coragem para pular para dentro do quintal e passei a outra perna para a parte de dentro. Fiquei pendurada com as pernas soltas e a barriga no muro, até que enfim criei coragem e me soltei, caindo feito uma jaca podre, de bunda no chão.

Caramba!

Esfregando o traseiro comecei a andar em direção ao meu quarto, até que chegando lá abri a porta bem devagar e após entrar a fechei com cuidado para não fazer barulho.

Assim que me virei, meus três bichinhos me olhavam ansiosos por atenção.

— Oi — sussurrei. — Fiquem quietinhos ou serei descoberta. Tenho uma ótima história para contar para vocês. — Ri.

Quem está aí? — Ouvi a voz da minha avó, que provavelmente estava falando da porta da cozinha.

Cacete!

Abaixada, para que ela não visse a sombra de movimento no meu quarto, fui até a minha cama, baguncei o edredom, entrei embaixo dele e tirei a peruca rosa no mesmo momento em que a minha avó abriu a porta do meu quarto.

— Cyndi — chamou e depois acendeu a luz.

— Apaga a luz, com enxaqueca — pedi imediatamente e tão convincente que ela apagou depressa.

— Você ouviu algum barulho?

— Não, digo sim... agora a pouco Jack derrubou minha garrafa.

— Ah, então foi isso que ouvi caindo. Esses vira-latas não param? — Tive vontade de defender meus bichinhos, mas me mantive quieta sem nem me virar para olhá-la, pois se ela acendesse a luz e chegasse mais perto me descobriria. — Acabei de chegar da vigília, vou dormir já que o barulho só foi a bagunça dos seus cachorros.

Reprimi um riso de nervoso, porque estava com medo que ela percebesse que embaixo do edredom eu ainda estava de tênis e fantasia.

— Creio que foi isso sim, porque não ouvi nada — falei baixo como quem estivesse com dor e imitando a voz de quem tinha acabado de ser acordada.

bom, boa noite.

— Boa noite.

Fiquei em silêncio ouvindo a minha avó arrastar seu chinelo pesado pelo chão de cimento e quando ouvi a porta da cozinha bater, respirei aliviada.

Esperei mais um pouco para ter certeza de que ela não voltaria e depois de um tempo levantei e fui abaixada até a minha porta, a tranquei por dentro e aí respirei aliviada, olhando para a cara dos meus três cachorros que claramente me julgavam.

— Parem de me julgar que vocês não fazem ideia da noite louca, linda e maravilhosa, que eu tive. — Passei a mão no rosto, rindo feliz e depois encarei meus cachorros que abanavam os rabinhos para mim.

— Carinhas, eu cantei para uma multidão, eu tran... não vou falar isso para vocês, porque vocês são bebês inocentes, e eu fugi do cantor, quase matei o motorista do aplicativo do coração mentindo que ia passar mal no carro dele e pulei o muro do quintal... Eu pulei o muro do quintal! — Ri baixo tentando me segurar, mas o riso me atingiu de forma intensa e a minha noite de aventura era tão louca e decadente, que eu não conseguia parar de rir dela. — Ai, vocês três não fazem ideia.

Levantei-me do chão, fui até o banheiro onde tomei um banho rápido e a seguir guardei a roupa que dona Fátima tinha feito para mim em uma sacola preta para não chamar atenção, depois a virei ao contrário e a coloquei dentro de outra sacola, tudo para que na segunda-feira quando eu fosse trabalhar, ninguém conseguisse ver o que eu carregava.

Após escovar os dentes e me aprontar para dormir, deitei na minha cama, fiquei olhando para o teto e pensando no vocalista gostoso.

Que delícia de homem...

Pela primeira vez ele fez com que eu soubesse o que era o ápice do prazer em uma relação com um homem. Suspirei e pensei que adoraria repetir.

Tinha ficado claro para mim que ele era acostumado a levar mulheres ao seu camarim e eu era apenas mais uma, mas sinceramente eu não me importava com isso, já que da mesma forma que ele provavelmente me usou, eu também o usei.

Será que o verei de novo?

O mais divertido era que para mim, nós já tínhamos nos encontrado duas vezes, mas para ele apenas uma. Uma vez ele conheceu a mulher que ele nem sabe o nome e que trabalhava em uma loja e da outra vez a misteriosa cantora de quem ele não sabia nada a não ser que sabia cantar.

Cada dia fui uma mulher diferente e isso era tão excitante! Gostei do mistério, principalmente porque há tantos anos a minha vida foi um verdadeiro marasmo e uma rotina chata e sem emoção.

Pensei que provavelmente ele iria embora da cidade e eu nunca mais iria vê-lo, o que me deixava triste, mas ao mesmo tempo me deixava feliz, já que assim ele não conheceria a verdadeira Cyndi sem graça que eu era.

Tudo bem que ele sabia onde eu trabalhava, mas pensei: qual a chance de um deus gostoso do rock como o Felipe se lembrar de uma vendedora de loja que conheceu um dia antes de transar com uma cantora misteriosa e aí, ir atrás dela novamente?

Ri.

Nenhuma.

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