Capítulo 16
Lipe
Passei o domingo pensando nela, viajei pensando nela, fiz show pensando nela e foi inevitável não pensar nela a cada dia da semana que passei longe.
Conversávamos pelo celular todos os dias, fizemos chamada de vídeo e até sexo pelo telefone. Sentia muito tesão por aquela mulher, mesmo distante.
Na chamada de vídeo a vi fechar os olhos enquanto se masturbava nua em sua cama e pedi para ver seus peitos que me deixavam com um tesão da porra. Masturbei-me como um adolescente, eu amava como ela se entregava para mim e fazia tudo o que eu pedia, como estava aberta para o sexo e sedenta para experimentar tudo.
Após ter passado tanto tempo se privando de sentir o quanto o ato e tudo que o envolvia era prazeroso, Cyndi era receptiva a tudo que eu propunha e eu me sentia muito orgulhoso de fazê-la se descobrir.
Quando o final de semana chegou, descobri que não íamos voltar após o show do sábado e fiquei muito puto, cogitei alugar um carro e dirigir trezentos quilômetros para vê-la, mas Caio, Cleber e Christian me proibiram, disseram ser muito perigoso, além de me alertarem de que eu tinha passado quinze anos sem ela e podia passar mais uma semana.
Passei, mas foi uma semana de bosta e ao final dela o show que faríamos na cidade da Cyndi e me faria voltar para ela foi cancelado por ordem dos bombeiros e remarcado para quinze dias para frente, com isso, fechamos uma campanha publicitária para uma loja famosa de instrumentos e teríamos que ficar mais uma semana na cidade em que estávamos, ou seja, já era um mês longe da minha Cyndi.
Cyndi
As duas primeiras semanas sem o Lipe foram desinteressantes e sem graça. Não saí escondida, não pulei muro, não fui a shows nem fiz nada naquela cidade que fizesse meu coração acelerar.
Na verdade, na segunda-feira recebi uma caixa de uma loja muito cara de lingerie com dois conjuntos de calcinha e sutiã, um preto e um azul claro, e um cartão escrito:
"Este é um presente meu, como pedido de desculpas por aquele que estraguei, espero ter acertado o tamanho e estou ansioso para vê-la usando os dois para mim. Beijo do seu eterno Luiz Felipe. Ps: Mandei um a mais para ficar com crédito"
Ri feito boba, lembrando de como ele assinava as figurinhas de bala na época da escola, era sempre "seu Luiz Felipe". Ele ainda se lembrava.
Logo as duas semanas em que ele ficou longe se tornou um mês, eu apenas trabalhei, ouvi a minha avó reclamar de mim e da minha falta de serviços domésticos enquanto as minhas tias ficavam o dia todo em casa sem fazer nada. Sinceramente, já nem me preocupava mais em ficar sozinha e apesar de me sentir culpada, até queria que elas fossem embora logo, entretanto, eu que não ia expulsá-las e só as ignorava.
Troquei mensagens com a minha amiga que há alguns dias havia me enviado fotos do seu chefe gostoso pra cacete e agora eu tinha certeza de que ela estava apaixonada por ele. Também não tinha como não estar já que trabalhava diretamente com um deus daquele.
Pensei em contar para Arabela sobre Lipe, mas como eu ainda não tinha certeza se o que estávamos vivendo era sério, preferi guardar só para mim e quando ele voltasse e tudo entre nós continuasse igual, aí eu contaria. Repensei... ou se desse tudo errado contaria tudo sobre meu coração partido.
Conversei muito com o meu boy vocalista e até fiz o que achei que nunca faria: me masturbei ouvindo sua voz grossa e sexy me dizendo pornografias por chamada de vídeo e também o vi gemer e suar se masturbando por ver meu corpo nu.
Com ele eu me entregava de corpo e podia dizer que de coração. Sentia-me completamente apaixonada e já me preocupava se íamos conseguir vencer a distância entre nós.
Os dias foram passando e para a minha surpresa em um dia que seria normal, recebi uma mensagem da Arabela dizendo que estava de volta. Imediatamente me peguei pensando no que poderia ter acontecido para aquela doida voltar tão pouco tempo depois de ter partido. Quando a noite caiu, fui até a casa dos seus pais e minhas suspeitas tinham se concretizado: ela se apaixonou pelo chefe e sofreu uma desilusão amorosa. Entre muito choro me contou tudo o que aconteceu e eu entendia perfeitamente a dor que estava sentindo.
Ouvi-a com carinho, aconselhei-a como pude, mas Arabela me conhecia bem e notou que eu também tinha algo para contar, mas como aquele momento era dela, guardei a minha vida sentimental e foquei em ajudar a minha amiga que estava precisando de colo.
Quando a sexta-feira que antecedia a volta de Lipe chegou, tentei me manter o mais calma possível, mas a saudade que eu estava sentindo dele, gritava em mim e incendiava o meu corpo. A promessa de tudo que disse fazer comigo quando estivesse novamente ao meu lado me encheu de ansiedade e eu estava pegando fogo.
Para a minha decepção, Lipe disse que aconteceu um imprevisto e que voltariam no sábado. Eu amava como ele me dava satisfação de tudo, como se realmente fôssemos namorados. Também ficou bem chateado por não me ver na sexta, mas disse que às dezenove horas chegaria ao hotel e me queria lá com ele, assim que eu fechasse a loja.
Ainda não tinha ninguém trabalhando comigo, mas dona Fátima me certificou que na próxima semana uma moça que era indicação da sua amiga, começaria a trabalhar lá. Fiquei ansiosa para conhecê-la, pelo o que dona Fátima me contou, se chamava Rosabel e havia crescido em um convento. Rezei para que fosse uma boa pessoa e nos déssemos bem.
No final do expediente de sexta-feira, fui para casa e mais uma vez, assim que entrei e passei pelo corredor, fui interceptada por minhas tias que saíram do quarto para me parar, só que dessa vez não tinham os olhares raivosos de sempre, mas sim falas mansas e olhares curiosos, como se quisessem descobrir algo e tive a certeza quando começaram com as perguntas:
— Não saiu mais, Cyndi. Acabou a amizade com a amiga nova? — Ana perguntou com sua voz provocativa.
— Sim, faz um tempo que voltou a ser a Cyndi do trabalho para casa — Lisbela concordou com a irmã.
Passei pelas duas e fui até a geladeira beber água, abri a porta para pegar a garrafa e quando a fechei, Ana estava encostada nela. Tomei um pequeno susto. Apareceu do nada como um fantasma.
Rumei para a pia onde me servi da água a colocando no copo e bebi, fingindo não vê-las.
— Está nos escondendo algo? — Ana disse com o braço cruzado na frente do corpo.
— Não tenho motivos para esconder nada. Sou maior de idade, livre financeiramente e agora psicologicamente.
Elas se olharam parecendo não acreditarem na minha resposta. Guardei a garrafa de água na geladeira, cansei de conversa e fui passar por elas, mas Ana Constância segurou meu braço.
— Eu só queria saber que sorte é essa que você tem. — A encarei.
— Do que você está falando?
— Nada, só que... — pareceu se segurar para não contar algo e aí notei que elas sabiam alguma coisa sobre mim. — Sempre dá um jeito de ter o melhor.
Semicerrei os olhos tentando entender e a encarei, depois olhei para a Lisbela que estava impassível encostada à parede do corredor. Com um safanão me livrei da pegada da Ana.
— Ana Constância, quando vocês vão embora mesmo? A vó sempre disse que tinha um dinheiro guardado, que podia viver a vida dela longe sem ter que se prender a essa casa e a mim. Bom, eu cresci, vocês estão livres.
Saí da cozinha sem esperar resposta e as deixei com olhares espantados por minha resposta livre de sentimentos e ambas provavelmente ficaram fixando as minhas costas enquanto eu saia pela porta dos fundos. Eu estava cansada daquele terror psicológico.
Cheguei ao meu quarto e fui recebida por meus três cachorros com alegria.
— É incrível como os animais têm muito mais amor pelo próximo do que os humanos.
Jaques, Jack e Jane abanaram seus rabinhos.
— Sim, eu sei que vocês me amam muito mais que elas. Na verdade, elas nem me amam e nunca entendi o motivo, só que agora para mim é indiferente. Descobri que posso ter amor de outras pessoas e outras formas que não seja de alguém com o mesmo sangue que eu.
O sábado chegou e com ele a alegria de acordar para o dia em que novamente veria o meu Lipe. Eu estava cheia de saudade e louca para beijá-lo, sentir seu abraço forte e o seu cheiro de homem.
Trabalhei animada e o sorriso não saia do meu rosto e até dona Fátima ficou feliz em ver a minha alegria. Durante o dia tentei ligar para saber da minha amiga, mas seu telefone deu caixa postal e fiz uma nota mental de no dia seguinte ir ver como ela estava. No final do expediente, mais uma vez pedi permissão para me arrumar na loja e saí de lá diretamente para o hotel.
Levei uma bolsa grande com roupa de dormir e o que eu precisasse para passar a noite, já que Lipe havia dito que naquela eu seria dele e não tinha o que me tirasse do seu lado.
Peguei um carro por aplicativo e no caminho recebi uma mensagem dele dizendo que tinha acabado de chegar ao hotel. Meu coração palpitou com a mensagem e a ansiedade de revê-lo. De imediato respondi que estava a caminho e logo nos veríamos.
Assim que o carro começou a chegar perto do hotel, uma movimentação maior de pessoas também começou a chamar a minha atenção e quando nos aproximamos da entrada principal, vimos um número grande de fãs se aglomerando para conseguir uma foto ou um autógrafo do Lipe e da banda. Morri de orgulho.
Provavelmente haviam descoberto pelas redes sociais da banda, que estariam de volta à cidade naquele dia e como desde o início do concurso ali não se falava de outra coisa a não ser da banda Prince, talvez por isso se devesse aquela movimentação tão grande para vê-los e quem sabe conquistar e se tornar a Cyndi da banda.
O concurso estava quase no final e a minha ansiedade para que chegasse logo ao fim e a minha farsa fosse logo esquecida era grande. Só queria que aquilo acabasse e eu não me sentisse uma mentirosa todas as vezes que Lipe tocava no assunto concurso.
Após acertar o que eu devia ao motorista, desci do carro e segui para a aglomeração de pessoas na frente do hotel, a fim de tentar chegar à recepção e pedir para chamarem o Lipe.
Enviei uma mensagem para ele, que me disse que Jackson estava indo ao meu encontro e o seu segurança me levaria até onde ele estava.
Não demorou até que eu encontrasse o Jackson e juntos passamos pela gritaria, seguimos pelo entorno do hotel, até que chegamos a uma entrada lateral que dava em um corredor secundário e este levava a piscina do prédio luxuoso.
— Lipe pediu para que eu te avisasse que te espera no bar junto com os amigos. Fica de frente para a piscina. Só seguir por aqui. — Jackson apontou e eu sorri antes de agradecê-lo.
— Obrigada, por me trazer até ele novamente, Jackson. — Com simpatia o segurança me lançou um sorriso e se foi.
Segui para a piscina e antes que eu passasse pela porta de vidro que finalmente me permitia chegar à área aberta, avistei Lisbela sentada em um dos bancos altos do bar, conversando com o garçom e com o segurança do lugar.
O que ela faz aqui?
Pensei em voltar, mas eu não mudaria nunca mais meus planos ou me anularia por causa delas, então após uma respiração profunda, criei coragem e abri a porta. Com o barulho chamei atenção da minha tia, que enfim me viu e disse alto como se para alguém ouvir:
— Cyndi!
A olhei e no mesmo momento ela rodou no banco em que estava sentada e ficou de frente para o outro lado, meu olhar seguiu seu corpo e quando olhei para o mesmo local que o seu, lá estava Ana Constância agarrada em Lipe.
Não pode ser! De novo não!
Senti meus pés pregados ao chão e era como se eu não respirasse. A cena de quinze anos atrás passava em meu pensamento com um filme e era como se eu estivesse revivendo todo o sentimento de traição naquele momento.
Engoli o caroço que se formou na minha garganta enquanto milhares de perguntas invadiam meus pensamentos.
Como elas conseguiram entrar ali?
Lipe tinha permitido?
Ele estava me enganando a mando delas?
— Cyndi. — Meu olhar cruzou com o do Lipe e ele parecia assustado.
Com um movimento brusco se soltou da Ana e andou a passos largos em minha direção.
— Dessa vez eu não vou deixar que tudo entre nós se perca novamente por uma armação causada por elas. Olha para mim. — Segurou meu rosto entre as mãos. — Eu não tenho nada a ver com isso, não sei como entraram aqui, não sei como sabem de nós e... Eu não sei! Ela me pegou de surpresa e me beijou assim que ouviu seu nome.
Eu estava sentindo meu rosto quente e meu corpo paralisado.
Olhei na direção da minha tia e ela ria orgulhosa, mas vi que claramente não era orgulhosa por ter ao Lipe e sim orgulhosa por conseguir apagar mais uma vez o meu sorriso. Em uma mesa a alguns metros avistei os amigos da banda.
— Olha para mim — a voz de Lipe me tirou dos meus tormentos e eu o olhei. — Se lembra da armação, de tudo que eu te disse e do que vivemos. Novamente estão armando para nos separar. — Ele tinha o desespero no olhar.
Voltei a olhar para a minha tia, com meus olhos lacrimejando e jurei que ela não ia tirar meu sorriso novamente. Encarei o Lipe que continuava parado e esperando que eu dissesse algo, até que com um fio de voz perguntei:
— Você jura?
— Juro pelo o que você quiser. Se eu não te quisesse, acha mesmo que eu estaria aqui ainda e me justificando? É você que eu quero.
— Você é o que eu mais quero.
— Tudo bem. — Olhei novamente para Ana que agora estava séria, por notar o que eu ia fazer. Entrelacei meus dedos aos do Lipe e falei: — Vamos sair daqui.
Parecendo aliviado, Lipe andou ao meu lado em direção ao saguão e quando vi o elevador o puxei para lá. Sem dizer uma palavra indiquei que me levasse ao seu quarto e não precisou que eu falasse nada para que fizesse exatamente o que eu queria.
Em silêncio, com os corações batendo acelerados, ficamos lado a lado enquanto esperávamos o elevador parar no térreo.
Não sabia se tinha feito a escolha certa em acreditar nele, mas confiava no meu sexto sentido e o olhar da Ana Constância me dizia que aquilo era uma armação, além de o olhar do Lipe me passar verdade.
Quando as portas do elevador se abriram, entramos nele ainda quietos, mas no instante em que as portas se fecharam, ele apertou o número do andar, me prensou contra a parede e me beijou com voracidade.
Respondi ao seu beijo, agarrei sua camisa o puxando para mim e aceitei sua língua que se entrelaçava a minha. Seu corpo me apertava como se quisesse entrar em mim e eu, mesmo estando em um elevador, aceitaria se me propusesse.
Descolou a sua boca, beijou o meu pescoço e com as mãos apertou a minha bunda.
— Lipe, o elevador... parou — gemi.
Saímos para o corredor e ele me puxou até uma porta próxima dali. Colocou o cartão magnético no encaixe da porta e logo a abriu, me puxou para dentro do quarto e fechou a porta nas minhas costas, me prensando a seguir.
— Eu estava morto de saudade da minha namorada — falou com a boca de encontro ao meu pescoço. Ouvi-lo me chamando de "minha" fazia meu coração se aquecer.
Engoli em seco admirando a delícia de homem a minha frente e nua sentei-me na cama, até que Lipe parou de pé na minha frente. Umedeci meus lábios e passei a mão no seu abdômen cheio de gominhos, deslizei meus dedos por seu oblíquo e desci com eles até que alcancei a ponta da sua extensão.
— Posso pagar hoje a promessa da última vez que nos vimos?
— Por favor.
Seu pênis apetitoso me chamava e sem me fazer de rogada enchi a minha boca com ele. Fixei meus olhos nos de Lipe e o encarei ao mesmo tempo em que engolia seu pau, sentindo-o tocar no fundo da minha boca, depois voltava até a ponta e repetia o movimento engolindo-o novamente.
Ouvi-o gemer e coloquei suas mãos nos meus cabelos, pedindo que arremetesse de encontro a minha boca.
— Cyndi... — gemeu.
Como se não conseguisse mais aguentar, me pegou pelos ombros, me jogou sobre a cama e me penetrou, fazendo com que eu soltasse um gemido de prazer.
Arremeteu com força, com vontade e de modo que a cada estocada parecia matar a saudade de tantos dias sem me ver.
— Você. É. Muito. Gostosa — falou pausadamente e cada palavra era uma arremetida. Em resposta eu apenas gemi as palavras:
— Senti sua falta.
Também estava com saudade e o queria cada vez mais, com isso, levei minhas mãos até a sua bunda e a apertei o trazendo ao meu encontro. Notando que eu queria mais, Lipe me penetrou mais diversas vezes, rebolando a cada arremetida e sabia que estava estimulando o meu ponto sensível e me deixando louca, a ponto de eu gozar e o apertar enquanto me estremecia. Em seguida ele também se soltou e juntos chegamos ao clímax.
Após o sexo, com ele ainda deitado sobre mim, Lipe deu um beijo no meu nariz, me olhou nos olhos e disse cheio de sentimento:
— Obrigada por voltar para mim.
— Nunca parti, meu coração e pensamentos sempre ficaram com você. — Sorri e o beijei.
A cada coisa bonita que me dizia, meu coração era cada vez mais dele. Todo dele. Completamente dele.
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