Capítulo 7
Depois do almoço fui para o meu quarto e resolvi assistir um filme, pensei que no dia seguinte começava novamente meu trabalho e se era a minha folga, eu iria descansar.
Evitei sair do quarto para não me encontrar mais com o Félix e novamente dizer ou fazer algo que me constrangesse como eu fazia sempre que estava na presença dele, parecia uma espécie de maldição.
A noite caiu, o dia amanheceu e na segunda-feira trabalhei feito uma louca, coloquei tudo em ordem, conheci todo o resto da propriedade que ainda não tinha conhecido e acompanhada por Clóvis que me disse tudo que me competia, fiquei a par de tudo e quando a sexta-feira chegou novamente com a minha folga, eu já estava acostumada e já tinha uma rotina de trabalho.
Havia ido à cidade algumas vezes e rapidamente, apenas para comprar um livro ou objetos pessoas que eu sentia falta e não tinha na mansão.
O dia a dia ali estava sendo maravilhoso, o pessoal da cozinha ainda me tratava como se eu fosse uma princesa e os trabalhadores que mantinham aquele pequeno resort em movimento me tratavam com respeito, enquanto o Zipe me tratava como se eu tivesse a mesma idade que ele.
Conheci também as arrumadeiras que eram uns amores e deixavam a mansão impecável.
Durante a semana não vi mais o Félix e agradeci a Deus por isso. Bom, para ser sincera, até andei pela mansão despretensiosamente, apenas pelo andar de baixo para quem sabe encontrá-lo sem querer e assim conseguir o ajudar em algo que precisasse e com isso limpar a minha barra com o patrão, de modo que ele não me pegasse de surpresa, me assustasse ou me envergonhasse, mas não o vi.
Soube pelo Clóvis que Félix estava na cidade e depois viajaria de jatinho até a uma das suas empresas, talvez voltasse no domingo. Fiquei aliviada e ao mesmo tempo desapontada.
Novamente no sábado, brinquei com o Zipe e dessa vez me permiti entrar na piscina, aproveitando que o Félix não estava por ali ainda. Após o almoço fui para o meu quarto e quando a noite chegou, eu já estava cansada de ficar sem fazer nada, dormir e conversar no aplicativo de mensagens com a Cindy, sendo assim, resolvi seguir o conselho da minha amiga e sair para conhecer a cidade, já que era o restinho da minha folga, me sentia entediada e já fazia mais de uma semana que eu havia me mudado e não conhecia nada.
Procurei na internet os points mais bem frequentados pelos jovens e ao ver um bar animado, que levava o nome de Bar dos Pescadores, resolvi ver se era mesmo tão bom quanto mostrava as fotos nas suas redes sociais.
Coloquei uma saia longa florida, um cropped preto e uma sandália rasteira, depois fiz uma maquiagem leve e coloquei brincos grandes. Pensei em não me arrumar muito, pois ainda não conhecia a vibe daquele bar.
Pedi um carro pelo aplicativo e avisei na portaria que um carro me buscaria ali, para que o deixassem passar com tranquilidade sem que fosse barrado pelos seguranças.
Já pronta, peguei a minha bolsa e rumei para a saída da casa, me sentindo animada com a noite. Não gostava de sair sozinha, no entanto, naquela minha nova realidade, eu teria que sair ou viveria presa dentro daquela mansão, apenas com passeios com um menino de oito anos ou tendo encontros nada amistosos com o Félix, sendo assim, mesmo não gostando da solidão de uma ida ao bar sem uma amiga ou um parceiro, era o que me restava.
Um ano sem ninguém para namorar seria algo muito difícil para mim.
Pensando em namoro, lembrei que no alto dos meus vinte e oito anos, eu nunca tinha namorado sério, mas sempre tive interessados e jamais me faltou uma noite quente de sexo em que eu descontava a tensão da vida adulta. Que pensando melhor, era o que eu estava precisando naquele momento.
Andando pela mansão decidi não sair pela porta da frente, pois apesar de o Félix dar aos seus empregados aval para usarem a residência como se fossem donos, eu não faria isso, pois correria o risco de dar uma gafe ao encontrá-lo ou... sei lá, então decidi sair pela dos fundos.
Fui andando em volta da casa, mexendo na minha bolsa, verificando se tudo que eu precisava estava ali e dei um sorriso quando vi que sim e até tinha dois preservativos.
Parei em frente à mansão e ao mesmo tempo em que mexia no celular, fiquei esperando um carro aparecer na estrada de pedras que vinha da portaria e traria o motorista até a recepção.
— Vai sair?
— Aaaaiiii... — gritei ao ouvir uma voz vinda de um canto pouco iluminado, nos degraus que levavam até a porta principal da mansão.
Quando olhei em direção ao escuro, uma figura alta se levantou e se aproximou de mim. Félix estava segurando uma garrafa e novamente parecia alterado pelo consumo excessivo de álcool.
— Desculpa se te assustei.
— O senhor não me assustou... Digo... assustou um pouco, mas só porque eu não estava esperando ninguém aqui fora.
Lançou-me um sorriso de lado.
— Não respondeu minha pergunta. — Semicerrei os olhos e ele perguntou novamente: — Vai sair?
— Sim, estou esperando um carro que chamei pelo aplicativo.
— Quer que eu te leve. — Me lançou um sorriso estranho, que na verdade não parecia um. — Ou pode pegar um dos meus carros. Tenho vários na garagem.
— Não, obrigada, já pedi o carro e ele deve estar chegando.
Assentiu contrariado e levou a garrafa à boca dando um gole na bebida, enquanto eu o observava não sabendo como reagir àquele homem que normalmente era uma fera comigo, mas que naquele momento estava até mesmo... manso.
— Muitas mulheres dariam tudo para que eu as oferecesse uma carona.
— Eu não sou como elas.
— Eu sei que não e por isso estou oferecendo.
O encarei sem conseguir responder aquilo.
— Você está bonita... mais do que da última vez em que te disse isso. Estou tentando ficar longe, mas... — sussurrou intensamente.
De imediato senti meu corpo reagir a sua voz e pegar fogo com o modo com que Félix me olhava.
Que diabos, Arabela! Este homem é seu patrão!
No momento seguinte fiquei com raiva de mim por ter aquele tipo de pensamento sobre o meu chefe. Sempre fui muito responsável, séria e profissional no trabalho e o que eu estava pensando em fazer com aquele homem parado na minha frente, não era nada profissional e eu precisava dar um jeito de acabar com aquilo.
Insistentemente me repreendi, porque ele não podia mexer comigo daquela maneira e eu ia acabar com aquele momento estranho.
— Assédio. — Joguei para cima dele a culpa que eu estava sentindo. — Apesar de não parecer, estamos em um local de trabalho e você não pode me dizer isso... essas coisas.
Olhou-me assustado.
— Eu... Não estou te assediando.
— Parece.
— Desculpa... Eu não tive a intenção, mas só tive a impressão que você estava me olhando de modo que parecia que o assediado era eu.
— Que absurdo! — me fiz de inocente.
— Eu vi...
— E eu vejo que você bebeu.
— Bebi, mas não estou bêbado a ponto de não saber quando uma mulher me olha com desejo.
Ri meio desengonçada, engoli em seco e o tesão que senti por ele deu lugar a raiva pela presunção com que ele falava.
— Ah, faça-me o favor... — me afastei dele.
— Arabela. — O olhei. — Você é uma ótima profissional.
Não entendi seu comentário, do nada, e graças a Deus o meu carro chegou.
— Boa noite, senhor Orsini. — Entrei no veículo, parti rumo ao bar e pedi para o motorista ligar o ar-condicionado, para tirar de mim o calor que o embate com o Félix tinha deixado.
Enquanto fazíamos o percurso que era de mais ou menos uns sete quilômetros, novamente repensei aquele olhar que tinha me deixado completamente abalada e cheguei à conclusão de que eu devia estar com abstinência de sexo e com isso estava pensando no que não devia e principalmente com quem não devia.
Decidi que naquela noite eu ficaria com alguém, nem que fosse apenas para um sexo rápido e sem compromisso, para matar o desejo que eu estava sentindo.
Cheguei ao meu destino e o bar era bem bacana, todo em madeira rústica, as mesas ficavam no canto e no centro tinha uma pista de dança, já nas paredes havia enormes janelas de vidro fumê, que davam de frente para uma movimentada avenida beira-mar. O ambiente ficava a meia luz, por lustres pendurados no teto e era uma mistura de rústico com sofisticado.
Assim que entrei no local, fui recebida por uma moça sorridente que me levou até uma mesa perto da janela e de frente para o palco em que uma banda se apresentava e algumas pessoas dançavam animadas.
Pedi um chopp e fiquei observando à minha volta, à procura de algo ou alguém para me distrair. Como eu não gostava de sair e ficar sozinha, procurar uma companhia era o primeiro passo que eu tomava quando me encontrava sem ninguém.
Não demorou muito até um homem de, talvez, uns trinta anos começar a me olhar. Ele estava acompanhado de mais dois amigos e todos os três eram atraentes.
Quando notei que me olhavam comecei a jogar charme para o mais bonito deles, um moreno, cabelos com corte baixo e um sorriso sedutor. Logo percebi que falavam de mim, já que o moreno cutucou os amigos e me indicou.
Não foi nem dez minutos de paquera e o moreno estava em pé ao lado da minha mesa. Perguntou se podia sentar-se comigo e quando aprovei, ele se acomodou e começamos uma conversa calorosa e direta, no entanto, alguns minutos depois em que eu fui varrer o local com o olhar, avistei alguém me encarando fixamente do bar.
Félix!
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