Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 2

Capítulo dois

*Arabela

— Olá, o senhor deve ser o... Clóvis, que foi com quem eu falei pelo telefone.

— Exatamente. Sou o mordomo. Uma palavra e profissão um pouco arcaicas, preciso destacar, mas é exatamente o que eu sou. Servi os pais do menino Orsini e agora o sirvo.

Sorri, mas achei realmente tudo aquilo muito antigo. Não sabia que ainda existiam mordomos ou mesmo que ainda se usava a palavra "servi e sirvo" para se relacionar aos patrões.

— A senhorita... Senhorita ou senhora? — Percebi que olhava para a minha mão em busca de aliança.

Sorri.

— Senhorita, mas pode me chamar de Arabela ou de Bela, como meus pais me chamam.

— Pois bem, a senhorita Bela fez boa viagem?

— Sim, muito boa.

Assentiu.

— Vamos entrar que vou te mostrar seus aposentos, toda mansão e o funcionamento dela... Bom, não tudo hoje, porque você precisa descansar.

Fez uma mesura e esticou o braço indicando que eu subisse os poucos degraus que levavam até a porta da frente. Comecei a me virar para puxar minhas malas e fui interrompida por Clóvis.

— Deixe-as aí que logo peço para um dos rapazes buscar seus pertences. — Sorriu.

Fiquei meio na dúvida se aceitava a oferta ou eu mesma tentava carregar minhas coisas, mas como eu era uma moleza e péssima com as mãos ocupadas, achei melhor aceitar a ajuda, do que passar vergonha no primeiro dia.

— Obrigada.

Cheguei à porta e de cara foi a primeira coisa com a qual fiquei abismada, de perto era ainda maior e tinha por volta de uns quatro metros de altura. Clóvis a abriu para mim e apresentou:

— Aqui é o hall de entrada que é maravilhoso. Modéstia à parte, eu me saí muito bem quando há anos ajudei a mãe do menino Orsini a decorar. — Parecia muito orgulhoso.

Com o queixo caído admirei o grande hall em formato circular, que ostentava um desenho no chão, como os castelos antigos, e o desenho era claramente uma letra "O" em escrita cursiva.

De frente à entrada, a alguns metros de distância da porta, uma escada com corrimões dourados dava acesso aos andares de cima, era larga e mais acima se dividia em duas, subindo uma para o lado direito e outra para o esquerdo. Já para quem não podia usar escada, ao lado dos primeiros degraus dela tinha um elevador com portas de vidro que era um luxo.

— Muito bonito mesmo, o senhor tem muito bom gosto — falei, admirando cada detalhe e Clóvis sorriu satisfeito.

No hall era tudo muito claro e limpo, o chão parecia de mármore e brilhava como um espelho. Tinha um aparador, um espelho grande na parede e vasos com rosas espalhados pelos móveis do salão.

Após alguns passos para dentro, olhei para o meu lado direito e avistei uma grande porta em arco que dava para uma sala. Acompanhando meu olhar, Clóvis indicou que seguíssemos para lá e foi me contando várias histórias sobre os móveis e que aquela sala era o xodó da matriarca falecida.

Era uma enorme sala de visitas, com poltronas clássicas e lareira que contrastavam com o tapete felpudo na cor bege e com os aparelhos eletrônicos que, com certeza, eram de última geração, além de sofás tão brancos que me perguntei se algum dia alguém já havia se sentado neles.

Percebi que a mansão era uma mistura de clássico com moderno e notando a minha expressão ao observar os aparelhos eletrônicos, Clóvis me iluminou:

— O menino Orsini não quis perder o toque que seus pais deram a casa, mas na última reforma misturou um pouco de modernidade ao que os seus pais haviam deixado.

— Sendo assim, ele também tem bom gosto, porque é tudo muito bonito. — Clóvis assentiu mais uma vez e depois indicou que fôssemos para o outro lado do hall de entrada.

Alguns passos à frente passamos por outra porta em arco e nesse momento, se eu estivesse me vendo, tenho certeza que veria meus olhos brilhando. O cômodo em que estávamos era muito grande, recheado com prateleiras e mais prateleiras de livros, algumas tão altas que uma escada fazia com que chegássemos até elas.

— Meu Deus! — falei, com um sorriso admirado no rosto.

— Gosta de ler?

— Eu amo! É o meu passatempo favorito.

— Tenho certeza que se pedir permissão ao menino Orsini, ele não vai se importar que desfrute da sua biblioteca.

— Seria maravilhoso.

Andei mais, adentrando no enorme cômodo, e admirei as muitas prateleiras que eram todas de madeira em cor escura. Tinha também um sofá de couro preto, que parecia muito confortável, além de uma grande mesa de madeira acompanhada de uma cadeira também de couro.

Sorri e falei:

— Isso é o paraíso!

— Vejo que gostou mesmo daqui.

— Tenho certeza que será o espaço que mais vou gostar de toda a casa e nem preciso ver o resto.

Ele riu.

— Venha, menina, vou te mostrar o resto da casa. E ainda falta muito.

Saímos da biblioteca, mesmo relutante porque eu queria ficar ali, e seguimos por um corredor lateral a escada do hall, em que Clóvis me mostrou o escritório, uma adega climatizada, a dispensa, a cozinha, o lavabo, a sala de jogos, a academia interna e a ala dos funcionários da casa, que era onde ficava o meu quarto.

— Todos os funcionários dormem na casa?

— Não, apenas o administrador, que no caso é você, a cozinheira chefe que também trabalha na mansão desde os pais do menino Orsini, com o netinho dela e eu. Os demais têm suas casas na propriedade e vivem com suas famílias nelas, normalmente a família toda trabalha para o menino Orsini. Seus pais gostavam assim e ele manteve.

— São muitos funcionários, não é?

— São sim. É preciso muitas pessoas para tocar uma propriedade desse tamanho. Temos cavalos e outros animais, piscina, quadras, sauna, um bosque, um heliporto e mais outras diversas áreas de lazer.

Meu Deus, é muita coisa. Tudo de melhor que o dinheiro pode comprar.

— Entendo.

— Bom, tire um tempo para descansar, a senhorita deve estar cansada da viagem, amanhã te mostro os demais andares e na segunda-feira posso começar a te mostrar tudo que o profissional anterior deixou.

— O que trabalhava antes de mim também era um funcionário antigo?

Clóvis bufou, mas logo pareceu envergonhado e até mesmo culpado.

— Não. É que não fica ninguém no cargo por muito tempo desde que o Jorge faleceu, ele era funcionário antigo, do tempo do senhor Orsini, depois dele todos desistem logo... por conta de terem que lidar diretamente com o menino Orsini. É que o humor dele nem sempre é dos melhores. — Clóvis parecia sem graça.

Imediatamente pensei se eu realmente tinha feito um bom negócio viajando para tão longe e aceitado esse cargo. Sônia não era das melhores chefes, mas ao menos não era grossa.

Provavelmente notando a minha expressão pensativa, logo Clóvis se adiantou:

— Mas não fique preocupada, o menino Orsini é um bom homem, só um pouco... incompreendido.

Incompreendido = grosso e sem educação. Tinha entendido tudo e já tinha pintado perfeitamente o homem com quem eu ia me relacionar.

— Entendi.

— Bom, mas fique à vontade. A casa é como se fosse nossa, o patrão quase não interage quando está aqui, sempre fica em seu quarto, na biblioteca, cavalgando ou na praia... bom, a praia há algum tempo ele não vai mais. A cozinha é livre e se estiver com fome, sinta-se à vontade para se servir ou pedir algo para as meninas de lá. Amanhã te apresentarei a todos.

— Ele... O patrão... está na propriedade? — Não podia negar que eu estava ansiosa para conhecê-lo pessoalmente. Na multinacional, ele nunca havia aparecido, era apenas conhecido como mão de ferro ou "o homem".

— Não. Provavelmente apareça no sábado, mas agora descanse, porque amanhã você terá muito mais a conhecer. — Assenti, o lançando um sorriso e Clóvis abriu a porta do quarto que seria meu, indicando que eu entrasse. — Esse será o seu aposento.

Com um meneio de cabeça e as mãos para trás ele se foi e me deixou sozinha. Entrei no quarto ao mesmo tempo em que sorria dos modos exageradamente educados do mordomo, depois fechei a porta atrás de mim.

Todo o tempo em que estive com Clóvis me senti em um dos livros que costumava ler e que se passava dois ou três séculos atrás. Ele era excessivamente um perfeito mordomo.

Comecei a observar o quarto em que me instalei e ele dava duas vezes o tamanho do meu quarto na casa dos meus pais, era todo em branco, com uma cama cheia de travesseiros, um edredom fofinho, uma TV de tela plana e tinha um banheiro só meu. O guarda-roupa era enorme, tinha também duas mesinhas de cabeceiras com um abajur em cada e embaixo da TV que estava pendurada na parede, ficava uma mesa de trabalho acompanhada de uma cadeira.

Aquele quarto sem dúvidas passaria facilmente por um quarto de hotel e de um bom hotel.

Rapidamente me peguei pensando que se o quarto dos funcionários era tão confortável, o quarto principal devia ser digno da realeza.

Segui para a ampla janela e a vista era incrível, dava para um gramado muito bem cuidado e a uns duzentos metros tinha um lago.

Sorri.

— Não é possível que o tal menino Orsini seja tão insuportável que não valha a pena aguentá-lo para viver neste paraíso.

Joguei-me na cama rindo feito uma boba e pensei que ao mesmo tempo em que trabalharia eu também tiraria férias.

Animada liguei para meus pais para avisar que cheguei bem e contei as novidades sobre a mansão, não havia muito o que contar a não ser que eu já estava apaixonada por tudo o que tinha conhecido e achava que não seria tão difícil assim viver ali.

Não demorei a encerrar o telefonema com eles e ao final os ouvi dizer para me cuidar e fazer o meu trabalho com a responsabilidade que sempre tive, em contrapartida eu os tranquilizei dizendo que ficaria bem e trabalharia com afinco.

Depois liguei para a minha amiga e contei tudo para a Cindy também. Nós duas havíamos crescido na mesma rua e muitas vezes servi de ombro amigo ou meu quarto de abrigo para ela fugir das tias que a perseguia e com o passar dos anos nos tornamos confidentes.

Minha amiga riu de tudo que contei, inclusive dos modos do Clóvis, depois me desejou sorte no novo trabalho e cantou um trechinho de uma música de incentivo. Sempre adorava ouvir sua voz.

Assim que desliguei, me sentei na cama, olhei para o canto embaixo da mesa e fiquei surpresa ao notar que as minhas malas já estavam ali.

Os funcionários aqui são eficientes!

Eu estava cansada, no entanto, não conseguiria descansar enquanto não arrumasse todas as minhas coisas no lugar.

Imediatamente me levantei e abri as minhas malas sobre a cama, depois comecei a cansativa tarefa de arrumar tudo no guarda-roupa, organizei meus produtos no banheiro e meu notebook, agenda e afins na mesa de trabalho.

Após duas horas cansativas, estava tudo em seu devido lugar e eu consideravelmente cansada, com isso, decidi tomar um banho rápido e tirar um cochilo antes de pensar em comer alguma coisa.

Quando acordei, algumas horas depois, semicerrei os olhos em direção à janela e ainda com dificuldade de abri-los de vez, notei que já estava noite.

Bocejei ainda sonolenta e tateei procurando meu celular, a fim de saber quanto tempo eu havia cochilado.

Quase uma hora da manhã!

Assustei-me com o quanto eu tinha dormido e eu realmente estava cansada. Na verdade, o sono era culpa da noite anterior que eu não havia dormido nem um pouco de ansiedade para enfrentar o que estava por vir.

Levantei-me, escovei os dentes e arrumei um pouco os meus cabelos ondulados que por dormir com eles soltos estavam um tanto rebeldes. A seguir coloquei uma roupa apresentável para enfim sair do quarto.

Pensei em deixar de lado a minha fome e aguentar até o dia seguinte, porém eu estava com a barriga roncando e só de pensar em comer qualquer coisa que fosse, eu já salivava.

Abri a porta do meu quarto e coloquei a cabeça para fora, observando o comprido corredor vazio. Pelo tardar da hora não vi ninguém, a não ser o mais absoluto silêncio. Claro que todos os empregados já deviam estar dormindo.

Fui pisando leve em direção à cozinha, com todo cuidado para não fazer barulho e assim acordar o sono leve de alguém, até que poucos passos depois cheguei lá e com calma abri a geladeira, encontrando dentro dela metade de uma torta de frango e um suco. Quase babei.

Evitei fazer bagunça e me servi de um pedaço generoso da torta, acompanhado de um copo de suco e a seguir andei depressa para o meu quarto. Pensei que no dia seguinte eu avisaria ao Clóvis que ataquei a geladeira.

Devorei o meu lanche da madrugada me sentindo feliz por matar a minha fome. Comer sempre me dava uma felicidade inexplicável, assim como ficar com fome me deixava de mau humor e apesar da torta estar gelada e eu ter evitado ligar o micro-ondas ou o forno para não fazer barulho, ainda assim o lanche estava uma delícia.

Após comer coloquei a camisola novamente, liguei a TV com o volume baixo e comecei a assistir um programa qualquer, para quem sabe assim o sono voltasse, mas eu estava tão desperta que percebi que o cochilo do final da tarde, havia mandando embora de vez o sono da noite.

Rolei na cama por alguns minutos até que lembrei-me da enorme biblioteca que vi mais cedo e imediatamente senti um impulso incontrolável de ir até lá e escolher algo para ler.

Pesei os prós e os contras de invadir a coleção alheia e conclui que o dono da estante não ficaria chateado se eu pegasse um dos seus livros, eu teria cuidado e o devolveria antes mesmo que alguém desse falta.

Pensei em trocar de roupa novamente, mas como percebi que aquele horário não tinha ninguém por ali, fui de camisola mesmo e de novo pisando levemente para não fazer barulho, saí do meu quarto e andei pelo corredor comprido que levava para a entrada principal da mansão.

Passei por diversos cômodos evitando até de respirar para não acordar ninguém, até que não demorou muito a eu estar novamente na maravilhosa biblioteca do menino Orsini. Fiz uma careta ao modo como o Clóvis chamava o meu patrão, parecia até um mordomo de filme, fora que o apelido não era nada bonito. Ri.

Andei pelo interior da biblioteca, olhando para cima e encantada com o que via, como da primeira vez que havia entrado ali, olhei para todos os lados, contemplando a imponência de uma estante recheada de livros.

Em cima de cada prateleira havia uma plaquinha que indicava sobre o que era aquela sessão e como sempre os romances me encantavam e logo me dirigi para a parte que estava escrito: "romance de época".

Estranhei que meu patrão tivesse tal sessão em sua coleção, mas considerando que era uma grande biblioteca, ele devia gostar de ter de tudo um pouco, principalmente pelo tamanho do espaço. Para preencher aquelas prateleiras realmente precisava de diversas obras.

A sessão de época ficava um pouco mais acima e notei que eu teria que usar a escada com rodinhas nos pés para pegar qualquer livro que estava no alto, sendo assim, testei a intensidade do barulho que fazia quando a puxei bem devagar e com leveza a escada deslizou pelo trilho e quase não emitiu nenhum som.

Abri um sorriso e estava me sentindo uma menina travessa.

Subi alguns degraus e apesar do medo de altura, logo alcancei um dos meus livros favoritos que fazia parte de uma série que contava a histórias de irmãos. Eu amava aquela série e peguei novamente o primeiro livro para ler.

Como se entrasse na história, logo que li as primeiras páginas me lembrei de tudo que acontecia na narração e no momento em que, ainda em cima da escada, ia mudar de página, ouvi uma voz grossa logo atrás de mim, dizer com muita aspereza:

— Quem é você e quem pensa que é para estar mexendo na minha estante?

Com o susto meu corpo deu um pulo involuntário e sem que eu pudesse me segurar, meu pé escorregou da escada, fazendo com que me desequilibrasse e antes de atingir o chão esbarrasse no copo de uísque que o homem dono da voz, segurava.

— Porra! Olha o que você fez. — Sacudiu a mão para se livrar do líquido que o molhara, enquanto eu estava ainda no chão com a bunda doendo por ter caído com ela direto no solo e com cara de criança que tinha sido pega fazendo algo que não devia.

Observei o homem à minha frente e ele era alto, forte e usava um terno muito bem alinhado em seu corpo. Tinha os lábios cheios, os olhos verdes e o cabelo loiro perfeitamente penteado de lado. Tinha cara de... rico e... bravo.

Com esse pensamento imediatamente liguei que aquele belo exemplar a minha frente com o rosto feroz e dizendo que a estante era dele, só podia ser o meu patrão que tinha o mesmo rosto lindo do homem que eu havia pesquisado na internet.

Comecei a me levantar, fazendo careta de dor e sentindo meus músculos sedentários reclamarem, por terem sido jogados no chão como uma jaca podre e respondi sua pergunta:

— Eu sou a nova administradora da mansão. Me desculpe por estar... mexendo na sua estante é que eu estava entediada e...

— Foda-se, não me interessa. Não gosto de ninguém mexendo nas minhas coisas. Se for a administradora enviada pela Orsini Enterprises, mantenha-se apenas a fazer seu trabalho e não em mexer no que não te diz respeito.

— Desculpa...

— Saia daqui. — Fez um movimento com a mão, sem me olhar, me espantando como se eu fosse uma mosca.

O encarei por alguns segundos e eu quase o mandei à merda, mas com certeza meus olhos o mandaram.

Sem dizer mais nada, saí da biblioteca com o rosto vermelho de raiva, morrendo de vergonha, com a bunda doendo e me sentindo humilhada, apenas por querer ler um livro.

No caminho para o quarto pensei que não precisou nem cinco minutos de conversa para que eu percebesse o motivo de não parar funcionários trabalhando diretamente com o idiota do menino Orsini. Revirei os olhos novamente para o apelido.

Que se dane!

Farei meu trabalho e me manterei apenas no campo profissional, falando com ele apenas o indispensável e se eu havia aprendido algo com a minha ida à biblioteca, era que eu devia evitar qualquer tipo de contato com aquela fera que me atacou lá sem motivo algum.

Talvez o trabalho não fosse ser a colônia de férias que eu estava pensando que seria.

.

.

*Félix

Passava da meia-noite quando cheguei ao meu refúgio, depois de um dia exaustivo de reuniões, papéis e o inferno de problemas para resolver, problemas esses que os imprestáveis à minha volta, contratados para resolver, não davam conta disso e de apagar os incêndios sem que chegassem até mim.

Eu fazia de tudo para não precisar ir até as empresas e gostava de ficar apenas no litoral, mas estava cada vez mais difícil. Primeiro: porque eu estava cada vez mais pensando em tudo que aconteceu e olhar o mar que antes me acalmava, naquele momento parecia só me trazer mais lembranças ruins. Segundo: que sempre me ligavam me enchendo a porra do saco.

Imprestáveis!

Só de pensar nos incompetentes, me lembrava de que chegaria mais uma nos próximos dias para encher a minha paciência e me estressar ainda mais. Nem me lembrava o dia em que Clóvis tinha me dito que ela chegaria. Fiz uma nota mental para perguntá-lo novamente no dia seguinte.

Esperava que ao menos aquela funcionária que viria da multinacional e cheia de indicações, fosse ao menos um pouco melhor.

O administrador anterior enviado pela agência era péssimo, o antes dele ainda pior, a outra só chorava na minha presença, não podia ouvir uma palavra um pouco mais áspera. Um inferno!

Queria mesmo alguém eficiente que fosse capaz de ao menos administrar uma propriedade como a minha, sem me perguntar algo a cada cinco minutos e também que tomasse iniciativa para melhorá-la. Não acreditava que fosse nada tão difícil.

Não entendia por que era tão complicado achar alguém, a ponto de eu ter que pedir que viesse um funcionário direto da multinacional e que já fosse conhecido por ser bom.

Afrouxei a gravata com uma mão ao mesmo tempo em que deixei minha bolsa no sofá da sala de visitas, depois me servi de um copo de uísque quente e sem gelo, para queimar garganta adentro e me embriagar mais rápido.

Ultimamente a minha vida só me deixava mais leve quando eu estava bêbado.

Enquanto andava em direção à janela da sala, por onde se via o mar ao longe, dei um gole na minha bebida, que desceu ardendo do jeito que eu precisava.

Fiquei olhando fixamente para a direção do mar, mesmo sabendo que ultimamente aquilo só me deixava mais para baixo e como sempre nas noites de solidão, me lembrei do maldito acidente.

Com tudo, antes que pudesse me afundar na minha dor e reviver tudo de novo, um barulho baixo na biblioteca chamou a minha atenção, mas o ruído era tão singelo que se eu não estivesse atento não teria ouvido.

Cogitei que pudesse ser um ladrão, pois naquele horário os empregados já estavam todos dormindo, mas, curioso e pisando leve, mesmo correndo risco atravessei o hall e logo cheguei à biblioteca.

Assim que passei pelo arco de madeira que adornava o batente, vi que não era um ladrão que invadia a minha casa e sim uma mulher pequena, descalça, usando um pijama parecido com um pequeno vestido e aparentava estar completamente à vontade, pendurada na escada da minha estante.

Fiquei a observando por alguns poucos segundos, passei meu olhar por toda a sua extensão, começando pelo pé, que um estava na escada e o outro enroscado em volta do seu tornozelo, depois segui fitando sua canela, joelhos e subindo.

Senti meu corpo se esquentar e o meu pau se movimentar dentro da calça, ao meu olhar fixar em suas coxas grossas e envoltas pelo pijama curto, que pouco cobria e se encontrava a alguns centímetros próximos de onde eu conseguiria ver sua calcinha se de costas ela se abaixasse.

O quadril estava encostado a um degrau da escada, assim como o resto do corpo, e quando olhei o seu colo coberto pelo tecido fino que pouco escondia, mas deixava a mostra o bico do seio, não me contive e sentindo meu pênis pulsar, decidi me aproximar para tirar satisfação e encerrar aquela ereção tão repentina.

Ela se mexeu, talvez procurando uma posição confortável para continuar sua leitura e sem tirar os olhos da página ficou de costas para a entrada, e consequentemente para mim, me dando desse modo a visão da sua bunda redonda, coberta por aquele tecido fino e enfeitada com o desenho da sua calcinha.

Novamente meu pau se mexeu e eu quis brigar comigo por estar tendo aquela reação apenas ao ver uma desconhecida de pijama.

Eu não sabia quem era aquela que me deixou excitado e irritado ao mesmo tempo. Principalmente quando me lembrei do sorriso bobo que dava para o livro que segurava em suas mãos, assim que a encontrei ali e isso me deixou furioso sem motivo, apenas por ela estar com o meu livro e... sorrindo... enquanto invadia meu espaço. Inferno!

Devagar e a observando, passo a passo eu me aproximei mais, ficando tão próximo que eu estava logo aos pés da escada, mas a mulher estava tão inerte na leitura que não notou a minha presença, o que fazia com que cada vez eu me enraivasse mais.

Como alguém invade a minha casa, mexe nas minhas coisas e fica tão à vontade a ponto de não notar que alguém se aproximou?

Então movido pela fúria e pelo tesão que imediatamente senti ao ver a desconhecida, perguntei:

— Quem é você e quem pensa que é para estar mexendo na minha estante? — Minha voz saiu com um tom mais ríspido do que tive a intenção.

Assim que me ouviu, a pequena mulher que não estava esperando a presença de alguém tão próximo, se desequilibrou, caiu e no caminho antes de chegar ao chão, bateu no meu copo, assim me molhando com o uísque.

Esbravejei sem pensar, pela bebida e também por ver aquela mulher delicada caída e de maneira tão desajeitada. Pensei em ajudá-la, pois poderia ter se machucado, no entanto, antes que eu pudesse estendê-la a mão, ela se levantou. Além do mais, eu não sabia quem ela era ou por que estava ali bisbilhotando.

Ela se apresentou como a nova administradora e só para variar, logo no primeiro contato, percebi que não nos daríamos bem. Fui ríspido como sempre, falei sem pensar e ela saiu demonstrando estar com raiva, envergonhada e arrependida.

Acho bom que esteja!

Fiquei olhando para as suas costas, enquanto se afastava, e pensei que para ao menos uma coisa aquela bagunça serviu, para me tirar do poço de tristeza que eu estava prestes a cair antes de tudo acontecer.

Ao menos naquela noite não fiquei triste, mas em compensação fiquei puto e decidi ir dormir sem beber porra nenhuma, mesmo.

Resolvi também tomar um banho frio.

Fazia tempo que eu não estava com nenhuma mulher e talvez isso explicasse a condição que a simples visão de uma vestida com pijama tinha me deixado.

Saí da biblioteca para ir para o meu quarto, segui para o elevador e enquanto ele subia, imediatamente senti que aquela mulher de cabelos castanhos, pouca estatura e lábios cheios tiraria a minha paz. Literalmente, porque já havia começado naquela noite.

Que diabos que todo administrador tinha que me dar problema!

Mas se ela pensa que vai me dar trabalho, será o contrário e antes que ela possa começar, serei eu quem irá tirá-la dos eixos, até que me prove que não é uma desastrada e sim que é boa no que se propôs a fazer.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro