Capítulooito

Talita

Depois que conversei com Marilia ela me contou tudo sobre a conversa que eles tiveram depois que saí e ela era totalmente a favor de Ricardo, mas eu preferi realmente seguir com o tempo que pedi, para que com ele percebêssemos se era realmente o que queríamos.

Depois do nosso sexo, pensei que ia me sentir culpada pela Rebeca, mas em nem um momento me senti assim, muito pelo contrário, eu tinha tido sonhos com ela, em que minha amiga estava serena e sorria feliz para mim.

Passei todo o recesso do meio do ano entre sozinha e acompanhada da Talia que passou alguns dias comigo. Ela insistia que eu tinha que ser mais amiga do seu pai, a pobrezinha não entendia por que quase não nos falávamos e quando eu lia para ela os livros que eu mesma havia te presenteado, Talia dizia que seu pai ia amar me ouvir lendo e eu sorria do seu jeitinho de tentar nos juntar.

Eu conversava com o Ricardo apenas o essencial quando ele a trazia e a buscava em minha casa, no entanto, era inevitável controlar meu coração todas as vezes que eu o via e controlar o meu corpo que tinha a memória de como Ricardo havia o tocado e queria mais sempre que eu admirava o quanto ele era lindo.

No retorno das aulas ensaiei as crianças para a apresentação de dia dos pais e a música era a coisa mais linda. Eu amava todas as apresentações.

Eu via Ricardo todos os dias na entrega e na busca da Talia e todas as vezes meu coração acelerava. Na última semana ele tinha me enviado algumas mensagens com trechos de poemas e uma delas dizia:

"Lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor."

Pensei e repensei na palavra amor e decidi que talvez eu estivesse mesmo perdendo tempo lutando contra algo que eu queria. Com isso, resolvi que no dia da homenagem aos pais, depois de quase um mês de distância eu estava cansada de tempo e com saudade e se ele tivesse que desistir de mim já teria feito.

Decidi que se Ricardo ainda me quisesse, eu ia me permitir viver e aceitá-lo, mesmo que isso pudesse quebrar o meu coração no futuro.

No dia da apresentação, os pais foram chegando e se acomodando. Eu estava ansiosa apenas para que um pai chegasse, foi então que vi a figura alta do Ricardo entrando no pequeno auditório da escola, olhando para o papel onde tinham os nomes de todas as apresentações das crianças e meu corpo logo reagiu ao vê-lo. Tão lindo quanto podia ser.

Quando ergueu o olhar, logo o dele se encontrou com o meu como se fosse um ímã e nos encaramos intensamente, até que ele me deu um meneio de cabeça em cumprimento e sentou-se em um dos bancos na frente do palco.

Respirei para controlar meu coração e voltei para a sala onde outra professora arrumava as crianças e certamente eu estava com as bochechas rosadas apenas pelo o que um simples olhar do Ricardo podia fazer comigo.

Meus pequenos estavam lindos, vestidos como se usassem um smoking preto, um chapéu estilo cartola, no peito levavam uma letra P.

A diretora da escola fez as honras e uma turma após a outra foram se apresentando até que chegou a vez da minha. Enfileirei os alunos e Talia parou bem em frente ao Ricardo, que tinha um sorriso feliz em seu rosto e toda a sua atenção para a sua pequena.

A música que eles tinham ensaiado, que era "P" de papai do meu coração do Rogério Azeredo, começou a tocar e meus alunos começaram a fazer a coreografia que tínhamos ensaiado ao som da letra que dizia:

"Eu conheço muitas letras,

mas cantarei hoje uma só.

É a letra P,

P de paixão,

P de papai,

do meu coração..."

Eu só conseguia olhar para a Talia que dançava e fazia tudo tão lindo e com um sorriso radiante no rosto. Ela era uma criança muito feliz. Já em frente, Ricardo fotografava, mandava beijo e mesmo de longe eu conseguia ver o quanto ele amava ser pai e fazer de tudo para que Talia se sentisse especial e amada.

Ele era um pai excelente.

No final da apresentação eu estava ainda mais apaixonada pelo homem, pelo pai e pela pessoa que o Ricardo era. 

https://youtu.be/lQBVIACUZAs