Prólogo

Chovia muito enquanto eu dirigia apressado em direção ao hospital. Minha esposa grávida de oito meses estava sentada ao meu lado, gemendo de dor e me deixava nervoso como nunca me senti na vida.

O para-brisa do carro não dava conta de limpar a chuva que caía e eu estava ereto no banco para tentar enxergar melhor em meio ao aguaceiro.

Eu estava trêmulo e me sentindo impotente por não conseguir fazer nada para amenizar a dor que ela estava sentindo.

— Fica bem, amor, que estamos chegando. Aguenta firme. — Soltei o volante por um minuto e peguei em sua mão, dando um aperto fraco para que ela soubesse que eu estava com ela, mas ela já não o retribuiu.

Quando parei em frente ao hospital, estacionei freando bruscamente, dei a volta no carro, correndo e desesperado. Não esperei ser atendido ou alguém ir até o carro buscá-la, peguei a minha esposa no colo e fui indo com ela até a recepção do pronto atendimento que era o mais próximo da minha casa.

Notando meu desespero, a recepcionista chamou o segurança que se apressou em trazer uma cadeira de rodas e uma enfermeira que sumiu com a mulher que eu amava, que já estava desmaiada, hospital adentro, não me deixando passar depois dali.

Foram horas até eu receber a notícia que mudaria e acabaria com a minha vida.

Minha esposa havia morrido de eclampsia e apenas nossa filha havia sobrevivido.

Eu era pai, viúvo e não fazia ideia de como viveria e cuidaria daquela criança sozinho.