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O beijo


Capítulo sete

João

Que beijo!

Como senti falta disso.

Como tive vontade de fazer isso.

Mariana voou para cima de mim e me beijou. Não estava acreditando!

Caralho! Que sensação... Eu estava sentado de frente para ela e Mari veio para mim, colocou uma perna de cada lado do meu corpo, sentando no meu colo, e com as mãos em meu rosto, me beijou fervorosamente. Era como se nove anos de distanciamento, saudade e confusão de sentimentos, estivessem naquele beijo.

Passeei com as duas mãos pelas suas costas e a puxei para mim, tentando mostrar o quanto eu queria aquilo, o quanto eu a queria desde a primeira vez que a olhei. Eu queria tanto esse beijo, esse corpo, essa mulher. A busquei em todas as outras com quem estive nesses anos, mas nenhuma chegou perto de fazer eu me sentir assim. Meu coração estava acelerado, meu corpo estava em chamas e tinha certeza que ela conseguia sentir o quanto eu a queria.

Coloquei as duas mãos uma de cada lado da sua coxa, a levantando em meu colo e em seguida a deitei delicadamente no sofá e coloquei o meu corpo sobre o dela, sem separar as nossas bocas uma da outra. E a sensação de tê-la ali, embaixo do meu corpo, era única e indescritível. Eu só não queria parar, mas...

— João... Espera.

Com todo o meu autocontrole eu consegui parar e a olhei em seus olhos.

— João, não podemos... Eu não posso.

E isso foi um banho de água fria. Ela não estava tão entregue quanto eu, o momento não estava tão intenso para ela quanto para mim. O noivo era importante de mais para que ela o esquecesse e se entregasse ao momento.

Eu me senti um idiota, até mesmo envergonhado e senti que deveria mesmo dar espaço a ela.

O nosso tempo passou e ela vai se casar.

Levantei-me de cima dela e tenho certeza que expressava tudo o que eu sentia, em meu olhar. Na verdade há minutos atrás eu estava tão aberto, tão entregue, que se a Mariana me pedisse para largar tudo e fugir com ela dali para sempre, eu iria. E com isso, tenho certeza que a minha vergonha e o sentimento de rejeição estavam estampados nos meus olhos, então ajeitei minha camisa que ela tinha erguido enquanto eu a beijava e me sentei olhando para as minhas mãos, que estavam com os dedos cruzados.

— João... — Mariana colocou a mão sobre a minha, ia dizer alguma coisa, mas eu gostava demais dela, para que a deixasse se sentir culpada.

— Está tudo bem. — sorri um sorriso apagado.

— Espero que você...

— Eu entendo. Fica tranquila.

Mariana se levantou, mas eu continuei sentado. Ela ficou parada a minha frente me olhando e suspirou como se fosse difícil respirar.

— Você precisa ir embora, né? Eu te levo. — levantei-me.

— Não se preocupe, vou de taxi. É melhor assim.

Assenti, mas me perguntei: para quem era melhor assim? A distância de mim era melhor para ela? Porque para mim, me distanciar, estava cada vez mais difícil.

Ela se virou e começou a andar para a porta do escritório.

— Mariana. — A chamei antes que ela saísse, mas quando ela se virou, eu não disse nada, eu só queria que ela voltasse e dissesse que era comigo que ela queria ficar e que o casamento não aconteceria. No entanto, quando ela viu que eu não disse nada, respirou fundo, me lançou um olhar triste e me deixou ali, com a certeza de que mesmo me beijando e revivendo tudo de novo, ela tinha escolhido ele e não eu. Mais uma vez tudo teve fim, ela fez a sua escolha e estava mais que na hora de eu mudar a minha vida e também fazer a minha.

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