Pelo bem da família
Capítulo nove
Fernando
Eu estou namorando! Eu que jurei para mim mesmo, que depois da Fabiana eu não iria mais namorar ninguém, mas aí a Clara apareceu e estou namorando.
Levei-a até em casa e fui para a minha com um sorriso bobo no rosto. Por mim eu ficaria com ela o resto do dia, mas entendo que hoje por ser domingo ela ficaria o dia todo com a filha.
Cheguei em casa, dormi e resolvi acordar um pouco mais cedo e ir almoçar na casa dos meus pais, para saber como estava a saúde do meu avô. Quando cheguei lá, meu avô e minha avó também estavam para o almoço. Tentei ser o mais amável possível e tratar a todos com carinho, não queria estressar a minha família.
O almoço correu perfeitamente bem, ninguém parecia lembrar que o mal estar do meu avô aconteceu por minha causa. Mas correu bem até o momento que meu pai me chamou no escritório.
— Entre Fernando. — Ele me disse assim que eu coloquei a cabeça porta a dentro. — Te chamei aqui para conversar sério com você, de homem para homem.
Sentei-me de frente para o meu pai e o encarei.
— Pode falar pai, mas se for sobre...
— Sim, é sobre o casamento e agora mais do que nunca, você vai ter que aceitar esse casamento. Seu avô enfartou por conta dessas suas rebeldias. — Meu pai me interrompeu.
— Não é rebeldia pai, é a minha vida, é o meu futuro.
— Deixa de ser egoísta e para de pensar só em você Fernando.
— Seu avô pode morrer de desgosto e a culpa vai ser completamente sua. — ele falou alto, mas depois assumiu novamente a calma oriental e continuou. — Filho eu amava a sua mãe quando me casei, meu pai não aceitou o casamento de início e eu quase fui deserdado, mesmo ainda amando a sua mãe, hoje me arrependo de ter sido tão impulsivo e agido de forma negligente com a empresa da família, então conto com você para assumir o papel que era para ter sido meu.
— Pai o senhor está vendo como tudo isso é ridículo?
— Não tem nada de ridículo em tradições.
— Mas o senhor não cumpriu.
— E me arrependo disso. Não quero que passe pelo mesmo arrependimento. Case e pelo menos tente. Dê esse orgulho ao seu avô. Ou você quer ser responsável pela morte dele por desgosto? A sua ultima malcriação já o deu um infarto de presente.
Fiquei em silêncio, passei a mão pelo cabelo e esfreguei os olhos. Eu estava em um beco sem saída. E se eu continuasse negando o casamento e isso fizesse com que meu avô morresse? Eu nunca iria me perdoar. E se eu aceitasse? Eu teria que terminar com a Clara. Eu não quero isso. Não faz nem um dia que estamos namorando.
— A Fabiana não vai querer esse casamento. — Falei de cabeça baixa.
— Como eu te disse, os pais delas já a convenceram. Ela esta em perfeito acordo.
Fiquei de cabeça baixa. Eu não posso aceitar isso. Eu não posso aceitar jogar a minha vida na lata do lixo por conta de uma tradição. Eu vou ser infeliz. Mas também não posso permitir que por minha causa o meu avô morra. Ele é meu ditian, sempre me pegou no colo e cuidou de mim, desde bebê. No momento em que eu estava de cabeça baixa pensando, meu avô abriu a porta do escritório e entrou me tirando da minha dúvida.
— Filho você pode me levar para o meu médico de novo, estou sentindo uma dor no peito meio estranha.
Meu pai se levantou rapidamente e se dirigiu a saída guiando meu avô pelo braço. Antes que eles saíssem falei:
— Ditian, aguenta as pontas, que quero o senhor no meu casamento com a Fabi.
Tanto meu pai, quanto o meu avô abriram um sorriso enorme para mim e me felicitaram pela escolha, chamaram o resto da família, que entrou no escritório em seguida e ouviram a novidade contada pelo meu avô que já não sentia mais nada. Minha irmã e minha avó me olhavam com tristeza, já a minha mãe me olhava como se enfim tivesse tirado um peso das costas.
— Vou me casar e assumir a empresa, mas isso durante o dia, à noite continuo na Angels. — Continuei e vi as feições mudarem.
— Vamos precisar de você em tempo integral Fernando. — Meu pai disse sério.
— Sem chance pai. Não abro mão da Angels. Eu me viro e faço os dois serviços, mas a Angels eu não largo.
— Ei deixem o menino. Ele já vai fazer duas coisas que vocês querem, se contentem com isso. — Minha avó me defendeu e eu sorri sem vontade para ela em resposta.
— Tudo bem, mas vamos acelerar esse casamento então. — Meu pai disse e tenho certeza que a pressa é por medo de eu desistir de aceitar essa ideia idiota.
Certifiquei-me de que meu avô estava bem, dei tchau á todos e fui embora. Fui o caminho todo pensando em como iria contar isso para a Clara. Como contaria para a mulher que pedi em namoro ontem, que eu não poderia namora-la porque vou me casar com outra? Caralho! Soquei o volante com raiva e machuquei o meu pulso que começou a latejar, mas é bom, pelo menos a dor vai me dar outra coisa para pensar que não seja essa situação ridícula. Preciso resolver isso. Mas não quero terminar com a Clara, gosto tanto dela como nunca gostei de ninguém. Mas eu preciso. Pela saúde do meu avô eu preciso.
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