Capítulo 3
Capítulo 3
23 dias para o Natal
Oh, jingle bells, jingle bells, jingle all the way...
Porcaria de musiquinha chata que não parava de tocar nos autofalantes do mercado.
— Essa musiquinha é aquela do acabou papel, né? — Um homem falou, no momento em que eu passava um pacote com dezesseis rolos de papel higiênico. — Lá em casa realmente acabou — completou, rindo e ficou me olhando, esperando que eu dissesse algo em relação a sua piada.
— Bom dia — cumprimentei, sorrindo. — Que bom que na cidade tem um supermercado.
Ele sorriu com a minha resposta e dei graças a Deus que o celular dele tocou e ele atendeu, assim não continuando com aquela conversa sem sentindo. Eu não era mal-humorada, até gostava de interagir com clientes, mas convenhamos que tinha cliente que forçava e ativava o meu mau-humor. Terminei com as compras do homem, ele pagou e antes de sair tirou o celular da orelha e me gritou:
— Não faz mal, não faz mal limpa com jornal. Agora não vou mais precisar do jornal. — De longe me lançou um tchau.
Tive que rir, pois acabei o achando engraçado ao invés de chato. Se as músicas natalinas eram ruins, as paródias delas eram ainda piores.
Fui para o próximo cliente e era o garotinho dos dias anteriores.
— Olá, Caique! — o cumprimentei, alegre.
Ele colocou um pacote de bolacha em cima do balcão mais uma vez e falou:
— Bom dia, Natália.
— Você gosta mesmo de bolacha recheada, hein?
— Ah, sim. — Ele sorriu. — Seu nome combina com o Natal.
Fiz uma careta, me abaixei até próxima a ele e sussurrei:
— Vou te contar um segredo, me chamo Natália, pois nasci dia vinte e cinco de dezembro.
— E você não gosta? — Ele franziu a testa.
— Hum, hum. Nem um pouco.
— Por quê? Você não ganha dois presentes?
— Não, sempre um, isso quando lembram do meu aniversário e, as festas são sempre o mesmo tema: Natal.
Ele pensou e falou:
— Que triste, né?
— Agora já me acostumei, mas quando eu era criança, queria mesmo era ter uma festa só minha. — Ele pareceu triste por mim e logo consertei: — Mas o bom é que eu sempre tenho muita gente perto de mim no meu aniversário, porque minha família é beeem grande e todos passam o Natal juntos.
Ele me olhou e seus olhos pareciam até brilhar.
— Queria uma família grande.
— Às vezes cansa, mas gosto.
Passei a bolacha dele e cobrei, Caíque me deu o dinheiro e recebeu o troco em seguida, agradeceu e se despediu:
— Obrigado. Até amanhã, Natália.
— Até e cuidado ao atravessar a rua.
Depois acenou e foi embora, imediatamente a ele sair voltei o meu olhar para o balcão e tinha mais um bilhete dobrado em um quadradinho. Sorri e revirei os olhos, mas abri o bilhete e li:
Olá, Natália.
Espero que o seu dia seja lindo. Eu gostaria de tomar um sorvete com você.
Topa tomar um sorvete comigo? Se a resposta for sim, deixa a sua garrafa de água ao lado da gaveta do caixa, que aí eu deixo o local.
Assinado: seu amigo secreto.
Olhei em volta mais uma vez e não tinha ninguém o que me fazia crer que o autor do bilhete só podia ser o garotinho, já que no dia anterior foi logo depois dele que achei o bilhete.
Tá de palhaçada comigo?
Ri.
Essas crianças...
https://youtu.be/3CWJNqyub3o
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