011
CAPÍTULO 11
116 D. C; VISERYS TARGARYEN.
SE PERGUNTASSEM A Viserys como ele se sentia por ter mais de dez crianças na Fortaleza, ele diria que estava feliz, e Daemon diria que era uma besteira e um pesadelo. Mas a diferença entre eles era que as crianças tendiam a cercar mais Daemon do que Viserys e era por isso que o Príncipe andava sempre pelos corredores com uma criança pendurada na perna. Literalmente.
— Jacaerys, eu já te disse que não posso te levar voando. — Daemon olhou para o garoto que estava agarrado em sua perna. — Prometi a Helaena que iria tomar chá com ela.
— Mas tio... — o menino olhou para ele com os olhos cheios de lágrimas. — Por favor.
— Aí está você! — a voz de Laena ecoou pelo corredor. — Jacaerys Strong, você deveria estar em suas aulas.
— Você ouviu sua mãe, vá — Daemon deu um tapinha na cabeça do menino.
— Seu pai já está esperando por você. — Laena acenou com a cabeça em direção ao final do corredor.
Jacaerys soltou a perna do tio e se aproximou da mãe com os braços estendidos, Laena se agachou e recebeu o beijo do filho antes que ele corresse pelo corredor.
— Se você está aqui, presumo que Joffrey e Viserys estão dormindo.
— Rhaenyra queria descansar antes de Alicent e Laenor chegarem então saí para cuidar das crianças.
— Boa sorte, essas feras não acalmam com nada.
A mais nova revirou os olhos e ele se afastou na mesma direção que Jacaerys havia tomado. Ao dobrar a esquina, ele encontrou Aemond parado no final da escada, o garoto olhando por cima do corrimão lá embaixo e parecendo tão distraído que não percebeu que estava ao seu lado até tocar seu ombro.
— O que você está fazendo? — Aemond pulou no lugar, quase escorregando no degrau.
— Oh cara. — o menino sorriu. — Eu estava apenas esperando por Aegon.
— Você não deveria estar na aula?
— Mamãe disse que poderíamos faltar à escola hoje. — ele deu de ombros. — Papai disse que estava tudo bem.
— Claro que ele disse isso. — Daemon revirou os olhos.
Ele sabia muito bem que Viserys faria qualquer coisa que Aemma lhe pedisse.
— Continue fazendo suas coisas, mas não mate alguém sem minha permissão.
Aemond piscou várias vezes vendo-o descer as escadas e franziu a testa quando entendeu o que ele havia dito. O menino de seis anos se inclinou mais uma vez sobre o corrimão e viu a figura de seu tio desaparecer por um corredor no andar de baixo, segundos depois Aegon apareceu correndo pelo corredor oposto. Baela e Rhaena estavam atrás dele, mais atrás estava um pequeno dragão laranja voando. Onde eles conseguiram um dragão?
— Aemond, corra! — Aegon agarrou a mão de seu irmão e puxou-o de volta.
Aemond quase caiu de cara, mas conseguiu manter o equilíbrio e mover os pés para seguir o irmão. Ele olhou por cima do ombro para suas sobrinhas risonhas os seguindo, só quando viu um guarda os seguindo é que ele entendeu por que eles estavam correndo. Aegon estava indo muito rápido, rápido demais, e Aemond tinha acabado de almoçar com sua mãe. Se ele não parasse agora iria vomitar e isso não seria uma coisa muito bonita. Três coisas aconteceram em um segundo. Aemond parou de repente, fazendo com que Aegon tropeçasse e caísse no chão, e Rhaena colidiu com ele, derrubando os dois no chão, e o pequeno dragão que os seguia pousou no ombro de Baela, gritando.
Foi assim que eles foram parar no quarto da Rainha, Aegon com a cabeça enfaixada e Aemond com um braço imobilizado. A mãe deles estava na frente deles com uma expressão preocupada que só piorava a cada coisa que o curandeiro dizia, até a palavra morte era mencionada que os fazia tremer na cama. Rhaenyra chegou quando o curandeiro estava saindo, ela estava com o rosto pálido e cabelos desgrenhados, mas assim que os viu ela foi até eles.
— Laena me contou que eles sofreram um acidente. — a filha mais velha da Rainha agarrou a mão de Aegon.
— Acontece que eles estão de castigo. — Aemma lançou-lhes aquele olhar que assustou a todos. — Por que vocês estavam correndo pelo corredor?
— Nós só queríamos trazer de volta o dragão que encontramos para Alyn. — Aegon foi quem respondeu.
— Algo pior poderia ter acontecido, Aegon. — o garoto abaixou a cabeça. — Você é o mais velho, deve cuidar de seus irmãos.
— Sinto muito.
— Tudo bem. — Rhaenyra olhou para sua mãe. — Foi só um susto.
Aemma foi até a cama e sentou-se ao lado de Aemond beijando sua cabeça. Quando o curandeiro lhe disse que se tivesse sido uma queda mais difícil, Aegon poderia ter morrido com o golpe na cabeça, ele sentiu seu mundo desabar.
— Meus dragões, não me assustem assim de novo. — ela estendeu a mão para Aegon e acariciou sua bochecha.
Viserys, Helaena e Daeron chegaram preocupados, pelo menos os dois primeiros porque Daeron quase deu um pulo com um sorriso no rosto e flores nas mãos.
— O que aconteceu? — Viserys olhou para seus filhos. — Eles estão bem?
— Aegon bateu a cabeça, o curandeiro disse que ele ficaria bem em alguns dias, mas Aemond demorará mais para se recuperar.
— Vocês encontraram o dragão laranja? — Helaena perguntou aos irmãos.
— Estava exatamente onde você disse. — Aegon respondeu.
— Mãe... — Daeron estendeu as flores para sua mãe... — Para você.
— Muito obrigada, meu menino. — Aemma recebeu as flores e beijou a cabeça do filho.
Viserys olhou para seus cinco filhos na cama com sua esposa, e o sorriso que surgiu em seu rosto foi enorme. Aegon já tinha nove anos e ainda achava difícil acreditar que teve mais filhos com sua Aemma e, mais importante, que ela estava com eles. Ele supôs que deveria agradecer a Daemon por isso, se não fosse por seu irmão talvez Aemma não estaria com eles e seus filhos não estariam lá, sorrindo e discutindo sobre quem era o favorito de sua mãe.
★
Querida Rhaenys,
Acho que Helaena tem sonhos de dragão. Eu sei que parece loucura, mas às vezes ela diz coisas que não fazem sentido e se você prestar atenção nelas você percebe que fazem sentido.
Foi ela quem disse a Aegon e Baela onde encontrar o dragão que Alyn recebeu. Acho que o mais estranho foi quando ela deu o ovo para Joffrey e disse que nunca tinha sido para ela. Você acha que estou exagerando?
Ela ainda contou isso a Aemma, mas acho que ela também percebeu, muitas vezes a encontro observando Helaena demais, como se a estivesse estudando. Suponho que você tenha suspeitas, mas não as fala por causa do que isso implicaria.
Como estão as coisas em Driftmark? As coisas estão uma loucura aqui com tantas crianças em um só lugar. Daemon diz que vai pedir para Rhaenyra se mudar para Pedra do Dragão, ele não aguenta mais tantas crianças correndo por aí.
Aemond quebrou o braço e teve que cancelar suas visitas ao Vale pelos próximos meses e Helaena cancelou suas visitas ao norte porque queria cuidar de seu irmão. Aegon está melhor agora, sua cabeça não dói mais então Aemma o deixou voltar para as aulas sem problemas, embora ela ainda o observe o tempo todo.
Também ouvi de Laena que eles iriam passar um tempo em Harrenhal para as crianças se acostumarem com o lugar, principalmente Jacaerys. Devo dizer que seus netos são excelentes filhos, além de acompanharem Aegon em suas brincadeiras, são bons filhos. Aemma diz que poderíamos prometer Aegon a Baela agora que Laenor tem um herdeiro para Derivamarca. O que você acha?
Espero que todos estejam bem.
Com carinho,
Viserys Targaryen.
★
— Pai... — Daeron chamou puxando as calças do pai. — Quando podemos ir?
Viserys sorriu desculpando-se para o Senhor com quem estava falando e se agachou para ficar na mesma altura de seu filho.
— Estaremos saindo daqui a pouco, querido. — o garoto franziu a testa. — Por que você não vai brincar com Tessarion e Vermithor enquanto eu termino de falar com Lorde Tully?
— Claro! — ele exclamou alegremente.
— Acompanhem o Príncipe. — ordenou Lorde Tully aos seus guardas.
Viserys se endireitou, seu olhar seguindo o filho até que ele desapareceu pela porta da sala em que estavam. Ele retomou sua conversa com Lorde Tully e tentou ser o mais breve possível, não gostou da ideia de deixar Daeron sozinho com pessoas que não conhecia. Ele sabia que os dragões o protegeriam, mas era melhor prevenir do que remediar.
Ele estava em uma curta viagem ao Norte, tinha estado com os Stark no dia anterior conversando sobre o noivado de Helaena e Cregan com Rickon Stark, eles já deveriam estar em Porto Real, mas Daeron estava muito curioso e queria explorar tudo. Eles tiveram que parar na casa dos Tully para descansar porque o menino estava com fome e queria continuar explorando. É claro que, mais do que explorar, ele teve que ouvir o pai conversando com o Senhor que os recebeu. Quando, finalmente, terminou a conversa com o homem, foi levado até os dragões.
Vermithor estava dormindo quando ele chegou e Tessarion estava voando ao redor de Daeron tentando alcançá-lo. A risada do filho mais novo do rei ecoou pelo pátio e fez sorrir as donzelas que ouviam. Que príncipe encantador, sussurraram quando o avistaram. Assim que Daeron viu seu pai correu em sua direção, acordando Vermithor que rosnou, levantando-se ao encontro de seu cavaleiro, o enorme dragão de bronze avançou em direção a eles e se agachou atrás de Daeron.
— Muito obrigado por nos receber, Lorde Tully.
— Não foi nada, Majestade, você pode voltar quando quiser. — o homem fez uma reverência.
Viserys carregou seu filho e foi até seu dragão, que balançou a cauda, atingindo Tessarion quando o pequeno dragão pousou ao lado dele. Protegendo seu filho na montaria, Viserys ordenou que Vermithor voasse e o dragão subiu no ar seguido por Tessarion, que gritou enquanto tentava alcançá-los. Daeron estava rindo, ocasionalmente estendendo as mãos para pegar as nuvens pelas quais Vermithor passava.
Nos arredores de Porto Real eles encontraram Silverwing, Dreamfyre, Cannibal, Sunfyre e Syrax sobrevoando a cidade. O dragão da Rainha rugiu em reconhecimento e voou perto deles forçando Vermithor a virar para a direita, Daeron gritou entusiasmado. Canibal rugiu e passou por eles com um risonho Aemond nas costas. Viserys não pôde deixar de se maravilhar mais uma vez ao ver seu filho no dragão negro.
— Dracarys! — alguém gritou.
O fogo do Dragão explodiu no céu de Porto Real, surpreendendo quem caminhava pela rua, mas no ar a família riu ao ver as chamas desaparecerem. Vermithor foi o primeiro a pousar no pátio, seguido pelos dragões de seus filhos, Silverwing foi o último a pousar.
— Achei que Aemond ainda não pudesse voar. — comentou ele ao ver seu filho descer do dragão.
— O curandeiro disse que o braço dele estava melhor agora. — Aemma se aproximou dele. — Como foi sua viagem?
As crianças e Rhaenyra estremeceram ao ver seus pais se beijarem.
— Correu muito bem para nós. — Viserys sorriu para sua esposa. — Certo, Daeron?
— Cregan é ótimo! — gritou o menino. — Ele é meu melhor amigo!
Aemma sorriu com isso e não hesitou em arrancá-lo dos braços do marido, Daeron deixando-se alegremente ser carregado pela mãe. Enquanto se afastavam em direção à carruagem que os esperava, o resto dos filhos se aproximou dele.
— Pai, o tio Daemon é muito mau. — acusou Aegon.
— Pai, Aegon fez Jacaerys cair da escada. — acusou Aemond.
— Foi um acidente! — Aegon se defendeu.
— Pai, fiz uma nova amiga. — Helaena pegou a mão do pai e puxou-o para começar a andar. — É uma lagarta que encontrei no jardim, a mãe disse que eu poderia ficar com ela.
Viserys olhou para a filha e depois olhou por cima do ombro para os outros três filhos. Rhaenyra segurava Aegon pela orelha e Aemond ria de seu irmão. Como ele sentia falta da família.
★
Querida Aemma
Alyn está doente há dois dias, a pobre Alicent chorou a noite toda rezando para que os deuses a curassem, mas ela não quer contar a Laenor. Ela diz que não quer preocupá-lo quando ele estiver fora.
Achei que talvez uma visita de Rhaenyra lhe fizesse algum bem, Laena disse que estava deixando seus filhos em Harrenhal com Harwin para ir vê-la. Eu apreciaria se você enviasse sua filha.
Espero que todos estejam bem.
Com carinho,
Rhaenys Targaryen.
★
Rhaenyra deixou Porto Real assim que soube que Alyn estava doente, deixando seus filhos aos cuidados de Daemon. Nesse mesmo dia Helaena acordou no meio da noite, a menina saiu do quarto descalça e com um coelho de pelúcia nos braços. O guarda do lado de fora da sua porta acompanhou-a até a sala do rei, onde ela entrou sem avisar, a seu pedido. Quando ela entrou tudo ficou em silêncio e ela caminhou até a cama que seus pais dividiam, os dois estavam dormindo e ela estendeu a mão para tocar o pai. O rei acordou assustado ao sentir alguém apertar sua mão, mas relaxou ao ver que era sua filha.
— Helaena... — o homem olhou para a janela. — O que você está fazendo acordada tão tarde? — perguntou ele ao ver o céu escuro.
— Eu não consigo dormir. — ela sussurrou. — Posso dormir com vocês?
— Viserys? — Aemma chamou, sonolenta.
— É Helaena, ela quer dormir com a gente.
— Deixe-a.
Viserys sentou-se na beira da cama e pegou a filha no colo, deixando-a entre ele e a esposa. Aemma imediatamente colocou um braço em volta dela e Helaena se aninhou ao seu lado.
— Obrigada. — a garota sussurrou enquanto seu pai a colocava na cama. — Boa noite, pai.
— Boa noite, querida. — Viserys beijou a testa da filha.
Helaena adormeceu quase imediatamente e Viserys a observou por alguns minutos antes de adormecer também. Quando acordaram pela manhã, Aegon estava deitado ao pé da cama, enrolado na capa do pai.
Teremos mais dois capítulos fofos (baseados em 112 e 115 DC) antes de chegar o drama chan chan! O que vocês acham que será o drama? Para adiantar, digo-vos que haverá muitas lágrimas e uma Aemma com sede de sangue.
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