Decisões
(...)
— Não, não, não…
Eu acordei desesperado no dia seguinte. Eu tinha transado com Jung Hoseok, meu funcionário, e naquele momento eu não conseguia lidar com aquilo. Não devia ter acontecido, eu não podia, ele iria estragar tudo, eu tinha estragado tudo. Quando eu olhei para o lado direito da cama que encontrei ele, seu corpo com as minhas marcas e o meu próprio com as dele, eu fiz o que um covarde faria. Eu corri.
Peguei o primeiro voo de volta para a Coréia dando a desculpa de que minha irmã precisava de mim. Eu tinha quebrado a confiança de Hoseok, usado ele para sexo casual sabendo que mesmo com menos de um mês, ele tinha desenvolvido sentimentos profundos por mim, mas a burrada que eu fiz não parava por ai.
Assim que eu pisei na Coréia fui direto para a empresa, mais precisamente para o RH, eu simplesmente cheguei jogando na cara da coordenadora daquela área que eu queria despedir o meu mais novo secretário. A mulher me perguntava mil vezes qual era a justificativa para aquilo, mas eu não conseguia formular uma frase concreta, eu apenas disse para ela ligar para Yoongi e resolver as coisas da demissão. Depois de quase “arrancar” a cabeça da mulher para que ela aceitasse minhas ordens, eu resolvi ir para minha casa e o meu celular começou a tocar insistentemente depois de algumas horas, todas as ligações eram de Hoseok, algumas poucas de Yoongi e umas ainda mais raras da minha irmã. Eu resolvi me trancar na minha casa até eu ter coragem o suficiente para encarar o mundo e superar a minha falha em ter dormido com alguém inalcançável para mim.
(...)
— MAS QUE PORRA ACONTECEU COM VOCÊ?! — Hoseok entrou na minha sala jogando papéis na minha cara, minha secretária nova tentava impedir a entrada dele, mas foi em vão. — Você me despediu, Jeon? Por causa de uma foda! — Ele gritava cada vez mais alto.
— Abaixe o tom, Senhor Jung. — Tentei não expressar emoção alguma, mas a verdade é que eu estava com muito medo de qualquer coisa que acontecesse.
— Baixar meu tom? Você deixou que eu me aproximasse de você desde o primeiro dia em que eu comecei a trabalhar aqui! Você quis passar um tempo excedente do que nós devíamos ficar juntos! Eu te contei coisas sobre minha vida e você fez o mesmo! E então, Senhor Jeon… — Ele estava possesso e cada palavra vinha com uma mágoa e uma decepção. — Você me levou para um país estrangeiro com a proposta de que aquilo ficaria registrado no meu currículo! Mas ao invés disso você me deixou te foder até o sol se pôr e você ficar sem voz por gritar o meu nome! Para então sair correndo no dia seguinte e me despedir!
— SIM! Eu te despedi e você continua aqui não sei porque! — Gritei de volta já irritado. — O que aconteceu no Japão não passou de uma foda comum! Eu teria fodido com o primeiro que me ganhasse na lábia! Mas você é o arrogante da história, porque voltou aqui para pedir quase se arrastando por crédito de um trabalho!
— Então eu que sou o arrogante… — Hoseok estava incrédulo e eu triste comigo mesmo por ter gritado aquelas coisas horríveis para ele. — Guarde bem uma informação, Jeon Jungkook. — Lágrimas escorriam dos olhos dele e eu segurava a minhas para que tudo de ruim que eu tinha falado para ele não fosse em vão. Eu precisava de Jung Hoseok londe de mim e da minha empresa. — Você vai se arrepender do dia em que me aceitou como secretário, mesmo que eu não fosse a pessoa certa desde o começo. Eu vou fazer você ter desejado aceitar o meu pedido arrastado de crédito de trabalho e se um dia você precisar de algo como eu precisei, só um milagre irá fazer eu aceitar a sua proposta! Espero que a sua empresa afunde e que você nunca mais me procure…
(...)
— Hyung, porque você não pediu para o Yoongi te acompanhar? Sabe que estou me sentindo ruim por algumas semanas…
— Desde que ele gritou com você e quebrou seu coração… — Jin murmurou e eu resolvi ignorar. A dor das palavras e do ódio direcionado a mim por Hoseok, eram piores do que as ânsias de vômito, a vontade de não comer e as quedas de pressão. — Yoongi tem que passar um tempo a sós com o Beom. O bebê chora toda vez que ele o pega.
— Ninguém mandou o Yoongi ficar com cara de marrento na primeira vez que o bebê viu ele… — gargalhei lembrando do momento histórico, mas meu sorriso logo se findou quando eu senti a vista escurecer. — Hyung, eu acho que vou cair… — Segurei os braços de Jin e ele correu para me sentar em um banco do hospital.
— Ei, enfermeira! — uma moça veio até a gente, começou a checar meu pulso e meus olhos, e eu senti que iria desmaiar a qualquer momento. — Jungkook, não, não! Olha para mim e fica acordado!
— Hyung, eu não estou me sentindo muito bem… — de repente fechei meus olhos e caí em um sono profundo.
Senti alguém me levantar e deitar em um lugar diferente, senti algo pinicar meu braço e alguns toques gelados no meu rosto, pescoço e barriga. Quando voltei a acordar não só Jin hyung, como também Yoongi, Beomgyu e Soyeon.
— Ele acordou! — Yoon que segurava o bebê alertou os outros dois.
— Jungkook! — Soyeon veio até mim, segurou meu rosto e o apoiou e seus peitos. — Que susto que eu tomei! Jin disse que você quase caiu do nada no meio do chão do hospital e então eu vim correndo!
— Eles fizeram exames em mim? — Empurrei um pouco minha irmã, pois precisava de ar. Jin concordou com a cabeça, ele parecia agoniado com alguma coisa. — E o que deu? — Jin trocou o peso de um pé para o outro.
— Você vai ficar com medo se eu te disser… — Yoon, Soyeon e eu observamos Jin de maneira curiosa. — Meio que está na cara o que ele tem, nós ficamos cegos e não percebemos… — ele pegou Beomgyu do colo de Yoongi.
— O que diabos ele tem? Comeu algo estragado? ‘Tá faltando vitamina no corpo? — Yoongi me encarou fixamente.
— Oh! Vejo que o paciente acordou! — um médico entrou no quarto. — Já deram a notícia para o senhor Jeon? — ninguém respondeu. — Então acho que sobra para mim, o médico, contar a grande notícia.
— O Senhor não pode ser mais preciso não? — Minha irmã estava impaciente. — O que essa criatura tem de tão sério que fez ele quase empacar no chão desde a semana retrasada?
— Vocês não tem noção nenhuma? — O médico continuava sem contar o que acontecia.
— Meu senhor, se a gente está aqui com caras de perdido e te fazendo falar o que de errado há com o meu dongsaeng, é porque não sabemos! — Yoongi era como Soyeon, ambos sem paciência e totalmente diretos.
— O Senhor Jeon está esperando um bebê! — O médico bateu palminhas animadas. No quarto só ele parecia feliz com a notícia.
— Merda! — Gritei e Yoongi me deu um tapa por conta de Beomgyu, como se a criança entendesse. — O Senhor tem certeza absoluta? Estou grávido?
— Sim. Os exames sanguíneos são mais eficientes que os de farmácia e nós fizemos alguns em você. É certeza, você está grávido de quatro semanas, meu jovem…
O médico saiu da sala e eu comecei a chorar nos braços da minha irmã. O bebê era fruto da única noite que eu fiquei com Hoseok, mas eu não podia contar para ele, muito menos abortar o meu filho, eu não teria coragem e não estava arrependido de nada. Aquela criança seria o meu segredo, o meu e o de minha pequena família que estava ali, naquele quarto, recebendo a notícia comigo e me apoiando.
— Vocês acham que eu dou conta de cuidar sozinho do bebê?
— Você quer criar uma criança sozinho? — Soyeon me olhava de forma reprovadora. — E o outro pai?
— O que odeia ele do fundo do coração que um dia gostou dessa bunda branca ? — Yoongi perguntou irônico.
— Amor, como você é delicado ao falar da bunda do nosso amigo. — Jin revirou os olhos.
— Eu não aprovo isso não. Não vai ser legal esconder isso da criança, o que vai falar quando ele crescer e perguntar sobre o outro pai?
— Eu não sei ainda, irmãzinha, mas quanto mais tempo der para esconder do meu bebê o quanto eu magoei o outro pai dele e fiz com que ele nunca mais olhasse na minha cara, melhor para mim...
O clima no quarto ficou ruim, minha irmã não concordava com eu ter que esconder o bebê e eu não teria coragem o suficiente para ter Hoseok devolta na minha vida, ainda mais por eu não querer encontrá-lo novamente, muito menos compartilhar que a melhor noite da minha existência, a qual ele achava que eu tinha o usado como uma foda qualquer e não dava a mínima, tinha gerado uma criança. Aquele bebê seria criado com um pai só e eu arranjaria um jeito de contornar aquela confusão toda, eu estava decidido a apagar da minha vida qualquer traço deixado pelo Jung, só não aquele serzinho que eu já amava.
— Nós vamos ser tios! — Jin gritou e minhas lágrimas se transformaram em lágrimas de alegria. Eu tentaria ser o melhor pai do mundo para o meu filho com Jung Hoseok.
(...)
— Ei Beomgyu! Psiu! Olha para cá, bebê! — Minha irmã tentava fazer o bebê de um ano olhar para a câmera do celular. — Sério, eu achei que o Beom, sendo filho de quem é, adoraria câmeras, mas aí eu lembrei que ele tem outra metade de sangue que pertence ao Yoongi e isso estragou tudo. Desisto de tentar tirar foto de vocês cinco…
— Vou deixar passar dessa vez, porque eu quero uma fotinha do Taehyun de olhinhos abertos… Ai Jungkook, ele é tão pequenininho! — Jin passou os dedos pela bochecha do recém nascido. — Ele não estava dentro de mim, mas sinto que passou tão rápido o tempo em que ele ficou guardadinho em você…
— Ele tem cara de joelho… — Yoongi olhava o bebê no meu colo com a mesma cara esquisita que ele tinha feito no dia que Beomgyu nasceu.
— Para você todos os bebês têm cara de joelho… — retruquei. — Acho que vou chorar outra vez, o Taehyun é o bebê mais lindo que eu já vi!
— Posso dar minha opinião? — Yoongi levantou e foi abraçar minha irmã de lado, como se a opinião fosse a mesma para ambos. — Ele só tem os olhos do Jungkook, o resto é do J…— Ele não terminou de falar porque Jin lhe olhou de maneira mortal e ele se calou. — Enfim, como seu hyung e como pai, tenho que te falar que você vai contar para o Taehyun sobre o pai dele se não vamos ter uma novela mexicana em nossas vidas…
— Eu sei Hyung, não vou me intrometer nisso se ele quiser procurar pelo Hoseok, mas enquanto der o Taehyun vai ser apenas “Jeon Taehyun” e não vai ter contato nenhum com o Jung, vai que ele resolve fazer mal para o Tae…
— Sério? Tem gente que não é tão idiota de largar o filho… — Yoon falou sarcastico. — Mas eu vou te avisar, se seu filho e seu amante se revoltarem contra você, não diga que não avisei…
— Ele não seria capaz de destruir tudo, estaria dando um tiro no pé do próprio filho…
— Será?
(...)
— Filho, presta atenção no papai… — Abaixei-me ao lado da criança sentada na bicicleta. — Eu vou estar o tempo todo do seu lado e quando você perceber vai estar andando sozinho, certo? — Taehyun balançou a cabeça, seus olhinhos cheios de lágrimas.
— Ei, Hyunie… — Beomgyu se aproximou dando seu sorriso faltando alguns dentes. Nós adultos ficamos observando os dois pequenos que desde sempre eram grudadinhos. — Os papais também me ensinaram a andar de bicicleta que nem o titio Kookie está fazendo! Vou acompanhar vocês e para você ver que tudo vai dar certo, sabe o que eu vou fazer?
— O que, Beom? — Os olhinhos de Taehyun brilhavam para o outro. Beomgyu se aproximou do ouvido de Hyun e cochichou algo. — Quero, você vai me dar?
— Vou! — Beomgyu se aproximou de mim. — Titio, o Taehyun está pronto!
Segurei na bicicleta de Taehyun e esperei Beomgyu subir na dele, quando ambas as crianças estavam prontas nós começamos a andar, esperei um tempo e então soltei ele e voltei para perto de Jin e Yoongi.
— O que o filho de vocês falou para o meu tomar uma coragem súbita? Yoon hyung, você é má influência e o Beom tá aprendendo…
— Eu?! O Jin que cria expectativas de ele e o Jeon mirim serem um casal…
— Que?! Jin hyung!
— Você já viu o jeito bobo que eles olham um para o outro? É amor à primeira vista! Eu não consegui não planejar o casamento deles!
— Casamento?! — Gritei desesperado. — E o que mais? O Taehyun engravidando?
— Meu Deus! — Yoongi colocou as mãos no rosto. — Eu não estou pronto para isso! Beomgyu tem seis anos e vocês tão planejando a vida de casado do meu bebê!
— Aos seis anos você já decidia que menininha ou menininho da vizinhança iria azarar! — respondi gargalhando.
— Olhem lá! Eles estão voltando…
As crianças se aproximaram de nós e eu notei as bochechas de Taehyun extremamente vermelhas.
— Deu tudo certo, meu bebê?
— Deu papai! Eu não caí uma vez e o Beom me ajudou!
— Beom é o melhor amigo do mundo, não é Taehyun?
— Amigo não, titio! — Beomgyu respondeu irritadinho, ele pegou a mãozinha de Taehyun e entrelaçou com a sua. — Eu sou o futuro marido do Hyunie! A gente até já deu beijinho!
— Beomgyu! — Taehyun protestou. — Era segredo!
(...)
— Pai, você nunca vai me falar sobre o meu outro pai? — Taehyun soltou de repente enquanto jantávamos.
— Porque você teve interesse nisso, logo agora? — falei calmo. — Eu nunca te disse muito sobre ele porque envolveria outras partes da história, mas eu já te disse, Taehyun, o seu outro pai me odeia…
— E o senhor acha que só porque ele te odeia não tem direito de saber sobre mim? Ou melhor, acha que eu não tenho direito de procurá-lo?
— Você tem 12 anos, Jeon Taehyun! Não conhece direito a vida! Não pode sair procurando uma pessoa que nem ao menos você sabe se te quer!
— Beomgyu estava certo… — ele murmurou e eu escutei.
— O que o Beomgyu te disse?
— O senhor é arrogante e esconde coisas de mim! Beomgyu me aconselhou a procurar por mim mesmo pelo meu outro pai, eu nunca devia ter te contado sobre isso…— Ele começou a chorar.
— Você não vai procurar por ele! Eu não vou permitir! — Fiquei alterado e algumas lágrimas começaram a cair de meus olhos. — Tente me entender, tudo pode ir pelo ralo se o seu pai entrar nas nossas vidas, ele vai querer tirar você de mim!
— Então eu simplesmente tenho que ficar sentado quieto, observando todas as crianças da minha escola passearem com seus pais, falarem sobre seus pais? Enquanto eu nem sei quem é o meu?
— Isso tudo é por causa da feira dos pais?
— Talvez seja! Talvez eu precise de outra figura paterna! Eu só queria ser normal como as outras crianças! Eu queria saber um nome, pai. Um nome e nada mais, se o senhor não quer que eu procure por ele, então me diga como ele se chama pelo menos, é um direito meu! — Fechei os olhos para controlar as lágrimas e suspirei fundo antes de responder.
— Seu outro pai… Chama-se Hoseok… E eu não faço a mínima ideia de onde ele está. Só peço que não vá atrás dele se me ama…
— Obrigada, papai! — Ele enxugou as lágrimas com a manga da camisa e veio se sentar no meu colo. Abracei ele fortemente.
— Eu te amo, meu bebê… — Dei um beijo na testa dele.
— Eu também te amo, papai…
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