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4 anos depois...

4 anos depois...

— Sim, aqui quem fala é Jeon Jungkook… — Meu telefone tocou enquanto eu estava indo para a empresa ter uma reunião.

— Senhor Jeon, aqui é do colégio de seu filho, Jeon Taehyun. Não temos uma notícia agradável, mas o Taehyun está sendo suspenso e preciso que o Senhor ou um outro responsável venha pegá-lo.

— Como assim suspenso?! 

— Taehyun foi pego vendendo o gabarito das provas de matemática e física… Senhor Jeon, isso é algo que queremos conversar a tempos. Taehyun é um gênio em todas as matérias e é um bom menino, mas creio que as companhias do jovem Jeon não são tão boas… É essencial que ele se mantenha na linha durante esses últimos anos escolares, mas Min Beomgyu e Huening Kai tem sido uma grande provação na vida dele…

— Muito obrigada por me avisar, estou indo buscar Taehyun e garanto que ele vai ficar de castigo por muito, muito tempo…

(...)

— Taehyun! Droga! Eu já conversei com você sobre esses atos delinquentes que você anda fazendo! 

— Pai, eu não fiz merda nenhuma do que me acusaram! — Estacionei o carro na minha vaga da empresa. 

— Você não vendeu a porra dos gabaritos, Jeon Taehyun? 

— Tá! Eu vendi! Eu precisava de dinheiro para uma parada e não quis pedir para o senhor…

— Existe algo chamado “trabalho” sabia, Taehyun? — Ele revirou os olhos e eu fiquei com vontade de virar a cara dele pelo avesso.

— Porque você me trouxe para a empresa? — Ele retirou o casaco que usava e jogou no banco de trás do carro.

— Porque eu devo estar atrasado para a porra da reunião que vai salvar a empresa e você me aprontou! 

— Posso comprar um sorvete e te encontro na sua sala? 

— Pode, mas quero você lá dentro antes de eu acabar a reunião e já que você está cheio do dinheiro, vai pagar o próprio sorvete… — Taehyun cerrou os olhos para mim e eu levantei a mão fingindo que ia bater nele. — Vá logo!

(...)

A reunião estava encerrada e agora eu teria uma nova, mas algo fora da sala me chamou a atenção. Era quase que uma gritaria e eu reconhecia muito bem a voz alterada. 

— Taehyun, mais uma vez? 

— Pai, eu lavo minhas mãos dessa vez, eu cometi um acidente, estou tentando me desculpar e esse senhor desaforado está gritando comigo! — Ele encarou raivoso um cara muito bonito de cabelos escuros.

— “Desaforado”? Você estava falando no telefone e simplesmente esqueceu o mundo, aí sujou o terno do meu sócio e ia sair como se nada tivesse acontecido… — O cara gritou de volta.

— Eu pedi desculpas, cara! E o seu sócio aceitou, você que foi o afetado e que não tinha nada haver com a história… — Eles continuaram discutindo.

— Chega! — falei calando a boca dos dois. — Você… — Apontei para Taehyun. — Vai ficar de castigo eterno e eu vou fazer questão de proibir o Beomgyu de ir lá em casa. Está me ouvindo, Jeon Taehyun? Peça desculpas para o senhor…

— É! Acho bom, mesmo me pedir desculpas… — O homem disse convencido.

— Acalme-se Taehyung… Eu já disse que tá tudo bem, o garoto só sujou o meu paletó. 

Aquela voz. Fazia muito tempo que eu não a escutava, mas reconheceria ela em qualquer lugar que fosse. Era Hoseok, aquele que me odiava, que era pai do meu filho e que eu queria que nunca entrasse em contato com Taehyun, mas agora era tarde, eles dois estavam no mesmo ambiente.

— Taehyun, mande o Beomgyu vir te buscar… — Ordenei.

— Que? O Senhor acabou de falar que não ia deixar o meu namorado me ver! O senhor pirou? —Taehyun tinha ficado manso e realmente confuso com minha repentina mudança de ideia. 

— Só me obedeça, garoto! — Ele virou as costas puto e estava pronto para ir embora.

— Espera! — Hoseok parou Taehyun, eu ainda não tinha tido coragem de encará-lo e estava em choque. — Você desperdiçou um sorvete de morango inteirinho no meu paletó, compre um novo… 

Ele estendeu uma cédula para Taehyun, que me olhou, antes de estender a mão virada para cima e pegar. Quando o contato entre pai e filho aconteceu, percebi que Hoseok encarou a mão de Taehyun e então subiu o olhar para uma marca de nascença que ele tinha no pulso, ele demorou os olhos sobre a marca e então olhou nos olhos do filho. Taehyun sorriu, pegou a nota e sacudiu no ar, então virou as costas e entrou no elevador que tinha acabado de chegar. 

— Podemos ir para a reunião, cavalheiros? — Yoongi apareceu do nada, não entendendo o que acontecia, muito menos reconhecendo Hoseok. Ele abriu a porta da sala em que estávamos e esperou todos entrarem. — Acho que podemos conversar sobre a nossa parceria, certo? — Ele se sentou ao meu lado. 

— Eu aceito a parceria se o Senhor Jeon me responder uma única pergunta. Seja a resposta negativa ou positiva, se ele me responder eu aceito. — Todos na sala olharam Hoseok sem entender nada, principalmente o sócio dele.

— Você não está se precipitando? — Taehyung perguntou ao sócio. 

— Seus dois maridos, ambos advogados, analisaram o contrato deles e aprovaram ser muito benéfico. Eu viria aqui com o intuito de fazer Jungkook se arrastar no chão por um mísero crédito de trabalho, mas as coisas mudaram.

— Espera.— Yoongi pediu e encarou ele, que só tinha olhos para mim. — Jung Hoseok? Você é o Jung Hoseok? — O referido concordou com a cabeça. — Puta merda! — Yoongi se jogou no encosto da cadeira. — A pergunta é sobre o Taehyun? — Ele concordou com a cabeça.

— O que aquele lobo em pele de cordeiro tem haver com a nossa reunião? — Taehyung não escondia o mau começo com Taehyun.

— Ele é seu ou da sua irmã? — Ele perguntou. — Ou melhor… Quando ia me contar que eu tenho um filho? 

— Aquele garoto encrenqueiro é seu filho? — Kim Taehyung perguntou incrédulo. — Como isso é possível? Eu sei que você dormiu com Jeon Jungkook, o empresário mais invejado e desejado, e que a empresa está em maus bocados, mas um filho? Você bebeu antes de vir? 

— Como você descobriu em poucos segundos? — Perguntei limpando as lágrimas de meus olhos.

— Ele tem uma marca de nascença exatamente igual a essa...— Ele me mostrou o pulso e lá estava a marca igual a de Taehyun.

— Você vai me tirar a guarda dele agora que sabe sobre? Vai me afastar do meu filho? Diga o que vai fazer, Hoseok! — Desesperei-me.

— Calma, Jungkook! — Yoongi me gritou. 

— Eu fui burro, hyung! Você me avisou que ele iria aparecer e estragar tudo.

— Caramba, garoto! Ele nem abriu a boca para falar o que vai fazer! Escuta antes de pirar! O que você quer fazer, Hoseok? Sejamos justos…

— Justos?! Ele me escondeu um filho por 16 anos! Como o garoto confia em você se mentiu esse tempo inteiro?! — Ele gritou na minha cara e eu comecei a chorar ainda mais. — Eu sugiro que procure um advogado, tomarei medidas legais a respeito do meu filho e você não vai me impedir, Jungkook. Espere pelos meus termos…  

— Pai… — Assim que Hoseok iria sair, escutei a voz de Taehyun me chamar. Ele estava acompanhado de Beomgyu. — Pode assinar isso? — Ele passou pelo pai e me entregou uma folha. — É...é...é para eu poder ir para a escola daqui a três dias...

— Hyunie, acho melhor pedir para o tio assinar isso depois… — Beom tentou puxar o namorado, mas Taehyun tinha empacado ao meu lado. 

Levantei e passei a mão na bochecha esquerda de Taehyun, ele me olhou perdido e entramos em uma conversa de olhares. 

— Você não vai entrar em porra de justiça nenhuma contra o meu pai! — Ele se revoltou contra Hoseok e eu fiquei surpreso.

— Taehyun? Filho, calma… —Tentei fazer ele ficar calmo. 

— O que você quer para deixar o meu pai em paz? Se entrar na justiça pedindo a minha guarda irei fazer com que você além de perder ela, perca a sua empresa! 

— Fins de semana na minha casa, meu nome na sua certidão e que me trate como “pai” e não como qualquer um. Quero fazer parte da sua vida… — Hoseok resolveu tratar aquilo como um negócio, assim como o filho estava fazendo. Eu podia enxergar agora a semelhança entre eles frente a frente.

— Irá entrar como parceiro da empresa? — O outro concordou com a cabeça. — Ok. Quer fazer parte da minha vida, Hoseok? — Ele ficou um tanto incomodado, mas não se deixou intimidar pelo filho. — Comece fazendo as pazes com meu pai e tirando o ódio que ambos têm no coração um pelo outro… Vamos Beomgyu! — Saiu puxando o namorado para fora da sala.

(...)

— Ele já te ligou, pai? — Taehyun lançou de repente. Estávamos eu, ele e Beomgyu assistindo filmes.

— Quem? 

— Hoseok. 

— Filho, porque não começa a chamar ele de pai?

— Ele já te ligou? — não respondi, pois não tinha acontecido. — Então pronto. E você, Beomgyu? Cadê minha torta que meu sogro mandou? 

— Em minha defesa, papai disse que não ia cozinhar nada lá em casa e que está de greve por causa do meu outro pai… Então nada de torta para você…

— Porque você não pegou a receita, Min Beomgyu?! Você sabe cozinhar e fica nessa miséria para o seu namorado! Acho que vou entrar de greve também!

— Ah não, amor!!

Comecei a observar o quão feliz Taehyun ficava perto de Beomgyu e como eles eram um casal fofo. Beomgyu tentava roubar um beijo e Taehyun afastava ele derrubando-o do sofá, eles ficaram nessa brincadeira que provocou gargalhadas gostosas até escutarmos a campainha tocar e meu filho obrigar o namorado a ir atender a porta já que ele já era de casa.

— Er… Tio, amor, é para vocês… 

Taehyun e eu nos entreolhamos, mas então levantamos e fomos até a porta onde encontramos Hoseok em roupas casuais. 

— Boa noite… — ele cumprimentou tímido.

— Hoseok! — Taehyun respondeu e se jogou nos braços do namorado. O outro pai fez uma careta ao observar o filho. — Entra… — O outro iria entrar, mas Taehyun o interrompeu. — Espera, você não veio falar de negocios, certo? — Hoseok balançou a cabeça indeciso. — Estamos na noite de filmes, a menos que você queira ficar e assistir com a gente pode ficar, se não dê meia volta e volte outro dia…

— Jeon Taehyun! — Gritei reprovador com o garoto. — Mais respeito com o seu pai! Eu não te criei assim!

— Ok! Desculpe-me, Hoseok! Entre e assista o filme conosco! 

Em 15 minutos estávamos os quatro sentados nos sofás, Taehyun e Beomgyu em um, Hoseok e eu em outro, em nossos colos baldes de pipocas e na mesinha de centro copos de refrigerante e barras de chocolate. Eu me sentia observado e tentava prestar atenção no filme, mas não conseguia.

— Filho, vou buscar um copo de água, querem algo da cozinha? 

— Pode trazer um para mim, tio? — Beomgyu perguntou e eu concordei com a cabeça.

Levantei e caminhei para a cozinha, assim que acendi a luz encontrei Hoseok atrás de mim e quase gritei de susto, mas ele tapou minha boca.

— Calma! Sou eu! — Ele sussurrou e eu senti meu coração acelerar consideravelmente pela proximidade com o corpo dele. Ele me soltou aos poucos.

— O que você está fazendo aqui, Hoseok?

— Também quero um copo de água, não aguento mais ver Taehyun e o namorado se agarrando…

— Não. Eu quero saber porque está aqui em casa, porque veio até nós? 

— Jungkook, eu quero contato com meu filho. Não quero ter uma relação ruim como tenho com o meu pai e acho que eu posso ser um diferente para o Taehyun. E ele me forçou a vir fazer as pazes com você, mesmo minha cabeça gritando algo diferente do meu coração…

— E o que eles gritam de diferente? — Nós estávamos muito perto um do outro, podíamos sentir as respirações quentes e eu percebia que o corpo dele estava tão afetado como o meu. 

— Bom, a minha cabeça grita para ferrar você e ganhar o Taehyun só para mim… Já o meu coração… — Ele aproximou nossos rostos. — Diz que ainda gosta de você e que quer te levar para o quarto e cometer loucuras… — Nossos lábios se friccionaram.

— Pais! Vocês estão demorando demais! — Taehyun apareceu com uma cara toda pervertida. — Venham logo e não esqueçam a água do Beomgyu, vou buscar a máquina de polaroid! — Ele saiu correndo.

— Jungkook… — Hoseok arregalou os olhos e segurou em meus braços. — O Taehyun me chamou de pai! — Arregalei os olhos ao perceber que realmente ele tinha falado “pais”. Hoseok se aproximou de mim e me abraçou apertado. — Esse é o dia mais feliz da minha vida! 

— Venham! Preciso registrar o momento! — Taehyun gritou da sala.

Ele e eu nos afastamos, peguei um copo de água para Beomgyu e nós voltamos para sala. 

— Pais, sentem um do lado do outro… — Taehyun indicou o sofá e nós nos sentamos. — Mais perto...Mais...Mais! Perfeito! — Ele não parou de falar “mais” até eu estar quase no colo de Hoseok. — Vem amor! 

Taehyun e Beomgyu sentaram na nossa frente e então o mais novo tirou uma foto nossa.

— Amor, pega a caneta permanente preta, por favor...— Beom obedeceu o namorado e antes de entregar a caneta deu um beijo apaixonado nele. 

— O que vai escrever, filho? — Hoseok perguntou temeroso de como Taehyun reagiria à palavra “filho” saindo dos lábios dele.

— “Oh Happy Day”, pai… — 

Hoseok soltou a respiração que estava segurando e virou para mim com o mais belo sorriso, o mesmo sorriso que derrubou as paredes do meu coração a 16 anos atrás.

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