53 | all i wanna do is coast w you
Você é a onda no meu oceano
Pulsando ritmo e movimento
É o tipo de noite de Lua cheia, sim
Eu ainda não quero ir para casa
Você pode questionar a minha devoção
Expor os meus verdadeiros sentimentos
Basta relaxar e deixar a correnteza lhe aproximar
Coast - Hailee Steinfeld (feat. Anderson .Paak)
Los Angeles, Califórnia
01 de outubro de 2022
Becky se levantou da cadeira de praia assim que recebeu a última mensagem de Matt, olhando por cima dos ombros das pessoas para encontrá-lo. Chris era a pessoa mais próxima ali, sentado em uma espreguiçadeira enquanto conversava com um conhecido. A garota o avisou que estava saindo quando viu Matt se aproximar, Chris não perguntou mais nada porque também notou a presença do irmão.
A festa era na casa de um dos "amigos de Los Angeles" dos trigêmeos, bem no centro da cidade e cheia de convidados com algum tipo de influência nas redes sociais. Matt até gostava da nova experiência, ter amigos que faziam do seu mesmo ofício e a facilidade de criar conteúdo apenas por ir a uma festa ou viver a vida, mas sua bateria social nunca permitia que ele aproveitasse cem por cento de tudo. Logo as conversas ficavam entediantes e os ambientes muito lotados, ele precisava de uma pausa.
Felizmente, Becky era do mesmo jeito. Ela gostava de festas e confraternizar com pessoas novas, mas depois de algumas horas disso, nada era melhor do que sua própria companhia. Agora eles tinham um ao outro para ficarem sozinhos juntos.
— Para onde estamos indo? — Becky quebrou o silêncio enquanto caminhava de mãos dadas com Matt.
Já haviam se afastado uns bons dois quarteirões de onde a festa acontecia e passaram o caminho inteiro em silêncio, confortáveis e apreciando a presença um do outro.
— Estou tentando descobrir onde tem Chick-fil-A por aqui — o moreno respondeu.
— Por intuição? Por que não procura na internet uma lanchonete qualquer mais perto?
— Bom, eu não pensei nisso — Matt disse, rindo sem graça ao tirar o celular do bolso e acessar o Maps. — Mas não pode ser qualquer lanchonete. Você nunca comeu no Chick-fil-A e isso é um absurdo.
— Ei, é absolutamente compreensível! Não existe Chick-fil-A fora dos Estados Unidos.
— Mas você mora aqui há mais de ano!
— Meu Deus, já faz mais de um ano… — ela murmurou, se dando conta de quanto tempo passou. — Não parece muito, mas para mim é como se uma década inteira tivesse passado.
— Eu imagino. Aconteceu muita coisa em um ano e meio e ter essa impressão é normal.
— Você também se sente assim?
— Como se tivesse vivido dez anos em dois?
— Exatamente.
— Com certeza. Eu não reconheço o Matt do ensino médio, por exemplo, e isso é completamente insano. É como se fossem duas pessoas diferentes — ele constatou, procurando olhar nos olhos dela e encontrar compreensão.
— Eu entendo. E acho que daqui a mais dois anos, também não vamos reconhecer as nossas versões de agora. Por isso mudanças sempre foram o monstro debaixo da cama para mim.
— Nós não vamos mudar. Eu e você, quero dizer. — Matt se colocou na frente dela, parando na calçada de uma esquina sob a luz fluorescente e piscando de um poste sem manutenção.
— Você promete?
— Prometo. De dedinho — ele disse, sorrindo e levantando o dedo mindinho.
Becky entrelaçou o dedo no dele e ambos se inclinaram para beijar seus mindinhos. Ele a trouxe mais para perto com a outra mão na cintura e beijou seus lábios, selando a promessa por uma segunda vez.
— Oh, você tem que está brincando comigo — Matt esbravejou quando se afastou da morena e levantou a cabeça, sentindo os primeiros pingos de chuva em seu rosto.
— Não falta mais nenhum clichê para essa noite. — Becky riu da expressão brava no rosto do garoto, que logo suavizou ao escutar o som da risada dela.
— Vamos logo. Não quero que fique doente.
Ele colocou o capuz do casaco na cabeça e fez o mesmo com o de Becky, trazendo-a para o lado direito da calçada e abraçando seu corpo para tentar protegê-la da chuva.
Ao entrarem no estabelecimento que felizmente não era tão longe da festa, Becky estremeceu de frio e Matt se balançou como se tentasse secar as roupas.
— Vamos sentar perto do aquecedor — ele informou, pegando na mão dela e se direcionando para os fundos da lanchonete.
Se acomodaram nos bancos acolchoados, sentando-se de frente um para o outro. Becky pegou o menu para conhecer as opções enquanto Matt apenas a observava, já sabendo o que queria pedir.
— Eu não sei o que escolher. São muitas opções. O que você vai pedir? — a garota se viu perguntando depois de analisar o cardápio duas vezes e desistir.
— Sempre o mesmo, batata frita de waffles, sanduíche de frango, alguns nuggets e Dr. Pepper. E macarrão de queijo quando estou com muita fome.
— Uau, você realmente gosta de comer.
— É como dizem, né, todas as refeições são as mais importantes do dia.
— Tenho quase certeza que esse não é ditado popular, amor.
— O que você disse? — Matt sorriu colocando os cotovelos na mesa e as mãos no queixo, admirando os olhos de Becky brilharem em confusão.
— Eu disse que você errou o ditado…
— Não isso. Do que você acabou de me chamar?
— Oh. — Becky piscou e então arregalou os olhos, se dando conta do que havia dito. — Não é como se fosse a primeira vez que eu te chamo assim — ela completou com um sorriso tímido.
— Eu sei, mas é a primeira vez que diz isso pessoalmente. Cafona, mas fofo — Matt implicou e riu, ganhando um leve chute na canela por debaixo da mesa. — Au, você está usando bota!
— E da próxima vez eu vou dar com ela na sua bunda.
— Eu disse que você é fofa e recebo esse tratamento de volta.
— Cala a boca.
Matt riu enquanto ela revirava os olhos. Pouco depois, uma garçonete se aproximou e Becky tomou a frente para fazer os pedidos.
— Você gostou? — Matt perguntou assim que eles saíram da lanchonete.
— Gostei! O molho deles é bem bom.
— Eu não sou o maior fã de molhos, mas tenho que admitir que o deles é bom mesmo.
Um minuto depois, ele olhou para o céu quando notou que não havia mais nenhum sinal de chuva.
— Parece que só choveu para nos atrapalhar, viu? — Matt disse rindo.
— É, eu acho que o universo estava apenas querendo nos dar a chance de beijar na chuva, mas você não entendeu o recado.
— Desculpa… Eu não percebi.
— Ei, eu estou brincando. Está tudo bem.
— Tem certeza?
— Meu Deus, Matt. É claro que sim. — Becky franziu o cenho. — Por que disso agora?
— É que às vezes eu acho que não sou o cara mais romântico e carinhoso que você merece… Não sou de fazer grandes gestos, sabe?
— Você está brincando, né? — Ela parou e o fez parar também para olhar em seus olhos. — Eu gosto de você por quem é, exatamente desse jeitinho. Não preciso de grandes gestos românticos para me sentir realizada ou saber que você me ama, entende?
Quando Matt abria a boca para responder, uma batidinha em sua perna esquerda o impediu. Uma menininha tinha se aproximado tão silenciosamente que nenhum dos dois havia percebido até aquele momento. Ela tinha uma caixa organizadora de bijuterias transparente nas mãos e um sorriso cansado, não parecia ter mais de seis anos.
— Vocês são namorados? — a garotinha perguntou direcionando o olhar de um para o outro.
— Pode se dizer que sim — Matt respondeu envergonhado.
Ele estava tão preocupado em fazer um pedido grande e especial que os dias iam passando sem que realmente o fizesse. Sabia que Becky merecia mais do que flores, chocolates e um anel, mas também começava a achar que ter feito o básico já teria levado aquele relacionamento a um namoro propriamente.
— E ela não tem um anel? — a menina observou balançando de um lado para o outro enquanto olhava as mãos de Becky.
— Bom…
— Você pode dar um anel para ela agora!
Becky gargalhou quando Matt foi interrompido pela menina abrindo a caixa e revelando suas jóias feitas de miçanga.
— Você é boa em vendas! — Becky elogiou. — Qual é o seu nome?
— Obrigada, tia. Meu nome é Belle. Isabelle, mas ninguém me chama assim. Só quando brigam comigo. — Ela sorriu.
— Ok, eu vou querer um anel — Matt disse, colocando a mão no bolso para pegar a carteira. O sorriso no rosto da menininha cresceu ainda mais. — Não é meio tarde para você estar na rua sozinha?
— Não estou sozinha. Mamãe está ali. — A criança apontou para um banco do outro lado da rua, onde uma jovem poucos anos mais velha que Matt e Becky acenou timidamente de volta. — Ela não queria que eu viesse até vocês porque estamos esperando o ônibus para Santa Barbara onde o papai mora… Mas eu vi vocês se abraçando e achei que poderiam querer pulseiras combinando de namorados! O papai e a mamãe usam, mas eles não namoram mais…
Becky ouviu atentamente e Matt a olhou como se estivessem pensando a mesma coisa.
— Que bom que veio até nós, querida. Então quer dizer que você também faz pulseiras? — Ela olhou para Matt. — Nós podemos comprar pulseiras também? — Becky perguntou com animação na voz e um sorriso semelhante ao da pequena vendedora. Matt riu e respondeu com um aceno de cabeça. — Então iremos querer pulseiras com as nossas iniciais, será que você tem? Uma com a letra M para mim e uma com a letra R para ele.
— Claro! Eu vou procurar — a menininha disse, virando a caixa para ela.
— Eu prefiro as iniciais I e B — Matt comentou, ganhando a atenção da morena por alguns segundos e um sorriso emocionado no rosto dela.
— I e B, então — Becky informou à garotinha.
Ela escolheu um anel rosa com um coração no meio feito de miçangas brancas, enquanto a pulseira era ornamentada de miçangas rosa bebê e no meio uma única miçanga branca maior com a letra B gravada em um rosa mais escuro. A pulseira de Matt era confeccionada de miçanga preta até que no meio havia uma branca maior como a de Becky, porém a letra gravada era o I em tinta roxa.
— Ficou perfeito em vocês! — a menininha anunciou enquanto Matt terminava de colocar a pulseira no pulso de Becky.
— Eu também achei, Belle. Obrigada!
— Belle, precisamos ir! — A mãe da menina chamou do outro lado da rua.
— Vamos, eu levo você. — Matt ofereceu a mão para ajudá-la a atravessar enquanto o ônibus para Santa Barbara se aproximava.
Becky observou com os olhos apaixonados o garoto dar a mão para a menininha e ajudá-la a atravessar a rua até a mãe. Ele se despediu e voltou para a calçada onde a morena o esperava de braços abertos, pedindo por um abraço.
— Você vai ser um ótimo pai um dia.
— Você acha? — Matt sorriu.
— Tenho certeza.
— Você também será uma mãe incrível. É fofo como sempre dá total atenção às crianças e interage com elas de igual para igual.
— Não tenho certeza disso… — ela respondeu, negando com a cabeça em pensar na possibilidade de ter filhos.
— É, é, ninguém liga para o que pensa — ele brincou enquanto a dispensava com a mão. Becky revirou os olhos e tentou se afastar, Matt a prendeu com mais força pelo braço em sua cintura. — Eu estava procurando pelo jeito perfeito de fazer isso e tudo o que consegui foi agir como se estivesse te enrolando.
Matt suspirou ao olhá-la nos fundos dos olhos.
— Do que está falando, meu bem?
— Eu tenho algo para te perguntar — ele revelou, abrindo a palma da mão e mostrando o anel de miçangas que ela havia escolhido e nem se dado conta de que ainda não estava em seu dedo.
— Matthew… — ela murmurou enquanto olhava para ele, para o anel e para ele de novo.
— Você quer namorar comigo?
— Oh meu Deus, é claro que sim! Sim. Sim. Sim! — Becky o beijou repetidas vezes. — Achei que estava deixando para pedir só quando fosse o de casamento.
— Muito prepotente da sua parte achar que vou te pedir em casamento algum dia — Matt brincou.
Segurando a mão direita dela, ele encaixou o anel de miçanga no dedo anelar, deixando um beijinho casto por cima. Becky não pôde fazer nada além de o abraçar apertado para confirmar que aquele homem era real e seu.
— E você ainda diz que não é o cara dos grandes gestos, né? — ela provocou soltando uma risada.
— Não sou! Mas sou bom com as palavras, isso você pode falar.
— Não vou aumentar o seu ego sobre isso, mas sim, talvez.
— Bom. — Matt se inclinou e a beijou de novo, sorrindo pelas borboletas no estômago que nunca pareciam ir embora.
Voltando pelo caminho que fizeram para longe da festa, Matt recebeu uma ligação de Chris quando já estavam a poucas esquinas de distância da casa.
O grupo de amigos foi orientado a esperar pelos dois do lado de fora da casa e antes mesmo que Matt e Becky se aproximassem totalmente, eles puderam notar as mãos dadas e o sorriso fácil quando um ou outro fazia ou falava qualquer mínima coisa.
— Finalmente! — Chris gritou pegando a chave da minivan e se dirigindo com pressa até ela para abrir.
— Ok, crianças, podemos ir para casa — Becky disse, abraçando Luiza de lado.
— Para onde vocês foram, hein? — Nick questionou, olhando desconfiado para o irmão e a amiga.
— Fomos comer — Matt respondeu.
— Ah, eu achei que íamos passar no McDonald's depois daqui! — Madi reclamou.
— Nós ainda podemos passar no drive thru para vocês lancharem — Becky a consolou.
— Ótimo, pois eu mataria por um McFlurry agora. — Nick levantou as mãos.
— Então, entrem logo! — Chris acenou de dentro do carro, tomando o assento atrás do banco do passageiro.
— Obrigada — Becky agradeceu à ele por ter deixado ela ir na frente.
— É, tanto faz. — O moreno a dispensou com a mão e revirou os olhos, mas logo sorriu e assentiu com a cabeça.
No caminho até o McDonald's mais próximo, os amigos se entretiam com as conversas paralelas e vez ou outra paravam para cantar em sincronia o verso de alguma música que Chris colocava no rádio do carro.
— Deveríamos fazer algo amanhã — Luiza sugeriu do último banco enquanto limpava os dedos engordurados pela sua porção de batata frita.
— Podemos ir à praia! — Becky disse
— Ah, não — resmungaram os outros.
— Por que não?
— As praias mais próximas ficam a mais de meia hora daqui, Becky. E eu estava realmente planejando dormir até mais tarde amanhã — explicou Chris.
— Ah, então tudo bem — ela murmurou dando de ombros.
— Mas Santa Mônica parece uma boa ideia… — Matt interveio quando soltou o canudo do milkshake que tomava. Becky se perguntou como ainda tinha espaço no estômago dele para mais uma bebida.
— Você acha? — Ela sorriu com empolgação.
— Sim.
— É claro que ele acha — Nick disse revirando os olhos, mas sem conseguir segurar a risada. — Vocês não podiam ser mais adoráveis.
— Sim, vocês estão nessa vibe pais na meia idade que desistiram do divórcio e perceberam que se amam… — Chris provocou, fazendo o carro explodir em gargalhadas.
— Você sabe sobre pais na meia idade que desistiram do divórcio, não é, Chris? — Madi implicou. — Jesus, isso foi suspeito.
— Mas eu meio que tenho que concordar — Nick disse.
Becky e Matt se olharam ainda rindo da fala engraçada e bastante específica do trigêmeo mais novo. Não era o caso do casal, mas perceber que se amavam e acordar todo dia com essa certeza, seria algo que eles fariam.
Estar oficialmente namorando era incrível e trazia estabilidade emocional para ambos, mas nenhum rótulo ou aliança era capaz de mostrar o quanto eles amavam um ao outro.
i. não sei como viver sem eles, já estou chorando esperneando soluçando 😢
ii. finalmente namorados que namoram!!! o que acharam?
iii. estou pensando em fazer umas cenas/acontecimentos bônus depois que a história terminar. se eu fizesse, o que mais vocês gostariam de ver sobre becky e matt?
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