25 | i've been waiting to smile
Eu estive esperando para sorrir, ei
Estive segurando isso por um tempo, ei
Levo você comigo se eu puder
Estive sonhando com isso desde criança
Eu estou no topo do mundo
On Top Of The World - Imagine Dragons
20 de fevereiro de 2022
Boston, Massachusetts
Becky estava sentada em frente ao espelho da penteadeira por pelo menos vinte minutos pensando e repensando em desculpas para não encontrar os meninos naquele domingo nublado e frio.
Desculpa, não vou poder ir, aconteceu um imprevisto. (Estou me sentindo feia).
Desculpa, vou ter que furar com vocês porque acordei com um resfriado horrível!
Desculpa, minha mãe não me deixou ir.
Não, nenhuma das desculpas era boa o suficiente. A primeira estava fora de cogitação porque Becky nunca a diria em voz alta, a segunda era mais crível por conta do clima tempestuoso da cidade, mas não havia chances de que um resfriado iria convencê-los a desistir de sair com ela, e a terceira era simplesmente uma piada. A mãe da garota ao menos sabia como ela estava indo, devido a falta de contato nos últimos dias.
A frustração teve que ser superada quando o celular vibrou sobre a penteadeira indicando a nova mensagem chegada. Ela não precisou olhar para saber quem era, apenas suspirou e pegou as coisas para colocar na bolsa enquanto fazia seu caminho até a porta do quarto.
— Não volte muito tarde, ouviu, mocinha? — Leonardo avisou quando a sobrinha passou pela sala se despedindo. Becky franziu o cenho e levantou a cabeça para encarar o tio, o tom da voz dele não era sério, mas por um momento ela realmente acreditou que estava levando uma bronca. — Estou brincando. Só avisa se for demorar e leve sua chave.
— Achei que você ia estimular horário e mensagens a cada meia hora para saber onde e com quem estou.
Leo balançou os ombros e Becky riu da expressão descrente que ele fez.
— Eu sou o tio legal, por favor! E estou feliz demais que você esteja se enturmando por aqui para te limitar. — Leo caminhou até ela secando as mãos no pano de prato sobre os ombros. — Se divirta.
— Você também. Bom jantar com a Gaia — Becky respondeu enquanto sua testa era beijada pelo mais velha. Ela lhe deu um último abraço antes de abrir a porta principal do apartamento. — Guarda a sobremesa pra mim!
Ela desceu os quatro lances de escada na rapidez de sempre, já que nunca tinha paciência para esperar o elevador. O prédio residencial era claramente uma construção antiga, e apesar de bem conservada, não fugia muito do padrão das casas e apartamentos da luxuosa Back Bay. As paredes de tijolos ou fundidas em pedras, com janelas retangulares, portas duplas de madeira escura e as escadas de concreto que dividem a entrada da calçada era tudo que Becky encontrava olhando ao redor. Era engraçado pensar em um solteirão como seu tio vivendo em um lugar que exalava a energia "tradicional", mas ela tinha que admitir que era uma ótima localidade.
— Uau, se você morasse sozinha eu prontamente iria recomendar uma mudança. Eu estava esperando a Beck de You sair por essas portas. — Nick foi o primeiro a dizer quando Becky apareceu. Ele olhava para as amplas janelas do prédio.
— Isso é muito dramático da sua parte.
— E muito "única herdeira de uma empresa do ramo petrolífero" da sua parte.
Becky revirou os olhos pela implicância do garoto, mas abriu um sorriso quando parou diante dele. Felizmente ela não passou por aquela caminhada de constrangimento até chegar mais perto dele e teve um quebra-gelo da forma mais Nick Sturniolo possível. Quando percebeu, estava recebendo um abraço apertado do garoto.
Ela se afastou e olhou para trás dele, vendo os outros dois componentes do trio acenando e sorrindo de dentro do carro.
— Vamos? — ele perguntou, gentilmente abrindo a porta da minivan para que Becky entrasse no banco de trás primeiro.
— Claro.
Meio tímida com toda a atenção, Becky se acomodou no banco traseiro bem atrás do motorista. Chris, do passageiro, virou o corpo de lado para se apresentar à garota e fez uma piada sobre a quantidade de roupas de frio que ela vestia.
— Eu não gosto de passar frio!
— E prefere ficar parecendo um boneco de neve?
— Chris?! — Ambos os irmãos o repreenderam. Becky não estava incomodada, na verdade, ela riu de como o garoto estava sendo naturalmente descontraído. Era uma boa primeira impressão dele.
— Para de pegar no pé dela — Matt sussurrou para o mais novo, que apenas deu de ombro e se ajeitou no banco para colocar o cinto de segurança. — Oi.
Ele sorriu ao olhar para a morena. Ela conseguia ver apenas o perfil do rosto dele, mas ainda assim podia dizer que era o sorriso mais brilhante e reconfortante que já recebera em muito tempo.
— Oi.
— Fico feliz que você esteja realmente aqui. — Matt já estava de olho na estrada quando falou, e Becky agradeceu por ele não conseguir vê-la corando.
— Se eu desse mais um perdido, corria o risco de ter Nick batendo na minha porta.
— Ainda bem que você sabe!
O carro explodiu em risadas pela afirmação do mais velho dos trigêmeos, mas ele contestou que não tinha graça nenhuma.
— Nós não íamos te sequestrar ou algo assim… Não tem nada com o que se preocupar.
Becky sabia que eles eram boas pessoas e estava muito feliz com a amizade que estavam construindo, mas o maior motivo de sua hesitação não tinha nada a ver com os trigêmeos em si. E ela não queria incomodá-los com suas próprias inseguranças, seria a mais verdadeira que podia e com sorte eles veriam que a intenção dela em se aproximar era a mais pura possível. Bom, disso eles também já sabiam, mas a cabeça dela não a deixava se convencer disso.
— Vocês ainda são três homens em uma minivan, continua sendo suspeito — ela respondeu.
— Você já viu o tamanho desse bracinho? — Chris franziu o cenho enquanto mostrava para a garota a falta de músculos no braço esquerdo. — Não estou sendo capaz de matar uma mosca, Becky, quanto mais atentar contra a sua vida.
— Contra a sua vida, eu não sei. Mas contra sua paciência, estabilidade emocional e PAZ, isso ele irá fazer todos os dias daqui para frente — Matt anunciou.
— Para, seu desgraçado! — o mais novo gritou batendo de leve no peito do moreno no banco do motorista. Becky riu e balançou a cabeça enquanto Nick apenas ignorava a cena corriqueira.
— Agora eu entendo porque ela estava morrendo para não ter que vir.
Quando Becky não negou a fala de Nick, eles todos dividiram mais uma risada.
O parque era espaçoso e bem frequentado, acomodava bancos de madeira e mesas de xadrez feitas de concreto. Tinha um lago onde uma família de patos era bem alimentada pelos moradores locais, um gazebo onde passarinhos estavam fazendo ninho nas divisões do teto e brinquedos desgastados pelo tempo, mas as crianças ainda se divertiam com aqueles animais de cimento de tamanho irrealista.
E com crianças, isso se refere a Chris e Becky, que se mostraram uma dupla e tanto. Eles já tinham pulado a grade que dividia o lago do parque para chegar perto dos patos - e foram perseguidos pelas aves, escalado todo a gaiola gínica que não parecia mais tão grande para eles e feito amizade com dois senhores que jogavam xadrez - sendo convidados a participar de uma partida.
Alahna tinha os encontrado lá e estava fingindo que não conhecia o mais novo dos Sturniolo e a nova amiga enquanto eles faziam as palhaçadas.
Nick perguntou pelo menos três vezes se estava tudo bem gravar para o vlog da próxima quarta-feira do canal deles, e Becky afirmou em todas elas. Ela não se incomodaria em aparecer se divertindo com os garotos, mesmo que soubesse sobre a reação negativa de alguns fãs sempre que eles estavam com as amigas. Se deixasse que "o que outras pessoas vão pensar" guiasse suas ações, estaria sozinha em seu quarto, enrolada no ededrom e assistindo um filme qualquer de gosto duvidoso ao invés de estar ali, feliz por ter conhecido aquelas pessoas.
Eles eram tão legítimos quanto Becky achou que seriam. Nick era o mais engraçado e estressado do grupo, Matt era mais reservado e tranquilo quando não tinha a paciência testada e Chris era bem enérgico e aleatório. Ainda que não tivesse tempo individualmente com Alahna, a brasileira já podia dizer que tinha feito uma amiga muito leal, autêntica e divertida ali em Boston. Ela mal podia esperar para contar sobre tudo isso para Luiza.
— Oi.
Becky virou-se no banco de concreto do parque para encarar Matt bem atrás dela com duas raspadinhas na mão.
— Oi. Não está um pouco frio para raspadinha? — ela disse, observando-o se sentar no banco à frente dela e estender um dos copos com a sobremesa de gelo e xarope.
— Nunca é muito frio para raspadinha. — Ele piscou e sorriu de lado. — Peguei o de morango para não errar. Quem não gosta de morango?
— Eu.
O rosto de Matt simplesmente caiu e ele teve que levantar o olhar para ver se ela estava falando sério.
— É sério?
— Bom, eu até gosto de coisas artificiais sabor morango. Mas a fruta… Ew — ela fez uma careta ao dizer. Matt balançou a cabeça, ainda muito incrédulo para processar a informação.
Um segundo depois, ele estava trocando as raspadinhas, dando para Becky a de cereja e chiclete e ficando com a de morango. O movimento foi tão involuntário que ele não fez grande cerimônia sobre isso.
— Você é insana. Literalmente, maluca.
— E você tem paladar infantil! Cereja e chiclete? Sério? — A garota mexeu o canudo no copo antes de tomar um pouco da raspadinha do sabor citado. Ela não iria admitir, mas era realmente muito bom. — Além de básico. Sua fruta favorita é maçã!
— Não é a minha fruta favorita, só é prática! E como você sabe disso?
— Ah — ela disse, fazendo uma pausa para engolir e tentar disfarçar o vergonha que estava deixando suas bochechas avermelhadas. — Tem muita coisa sobre você na internet.
— Isso é uma merda. Me deixa em desvantagem aqui.
— Desculpa, não vou usar isso contra você.
— Não tem problema se eu souber algo para usar contra você também. — Matt deu aquele sorriso tranquilizador que Becky muitas vezes imaginou como era. — Qual é a sua fruta favorita?
— Uva verde ou pêssego, eu não consigo decidir.
— Uva verde sem semente — Matt disse forçando uma voz mais fina como se estivesse imitando a morena. — Sua fruta favorita não pode ser algo que se pareça comida processada, que precisa ser mudada em laboratório.
— Eu não sei de onde você tirou isso, mas não vou permitir que questione todas as minhas respostas — ela argumentou, estreitando os olhos na direção do garoto.
Matt riu e deu de ombros como se não se importasse com a opinião dela e fosse continuar julgando suas escolhas.
— Série favorita?
— Agora, talvez The Crown. Mas eu realmente amo This Is Us.
— Você sempre tem duas respostas para tudo?
— Você tem algum problema com a minha versatilidade? Sua uma garota de muitos gostos…
— Você é engraçada. — Matt cobriu a boca para rir enquanto fazia uma careta por conta da frieza da sobremesa. — Aí, foi para a cabeça.
Ele colocou a mão na testa e logo depois bateu ali, como se magicamente a dor fosse sumir. Becky riu com a aleatoriamente da cena.
— Eu tenho uma pergunta para você — ela lembrou, levando o dedo indicador da mão que segurava o canudo da raspadinha.
— Nada que você possa achar na internet? — ele disse em tom de piada.
— Cala a boca. — Ela revirou os olhos ao mesmo tempo que se ajeitava no banco. — Você prefere gatos ou cachorros?
— Ooh, é uma daquelas perguntas que definem a amizade?
— Talvez. E eu sei que você tem o Trevor e o ama, mas responda sem pensar nele como seu animal de estimação.
— Hmm… — Matt desviou o olhar. — É, não, cachorros ainda me ganham mais.
— Resposta errada, Matthew. — Becky balançou o dedo na direção dele.
— Não o nome do governo, Rebecca. — Ele estreitou os olhos e sorriu quando ela deu um pulinho no lugar. Becky não conseguiria colocar em palavras como se sentiu ao ouvi-lo chamando-a pelo nome completo; o sotaque de Boston notável até para alguém que não tinha o inglês como língua nativa. — Mas sério, você prefere gatos?
— Sim, e não é como se eu não gostasse de cachorros, mas acho que combino mais com gatos. Nunca tive animais de estimação porque meu pai é alérgico a pelos e estávamos sempre nos mudando, mas acho que está na hora de eu ter um bichinho. E o tio Leo disse que tudo bem também. — Ela deu de ombros no fim da frase.
— É, acho que você é tipo de pessoa que tem quinze gatos. — Matt brincou.
— Está indiretamente me chamando da velha dos gatos, é?
— Bom, você não é velha…
Becky arregalou os olhos enquanto sua boca abria em descrença. Matt gargalhou pela reação dela e se inclinou sobre a mão, escondendo o rosto ali a risada quase histérica. A garota não teve oportunidade de responder, pois logo Nick estava chamando-os.
— Ei, pombinhos, estamos querendo comer algo que não seja essa água suja que vocês insistiram em comprar — o mais velho disse, jogando o copo praticamente cheio de raspadinha na lixeira ali mais perto. — Percebam o hate na minha frase já que eu naturalmente odeio pombos, então, parem de se isolar e excluir o resto de nós, os meros mortais!
— Você é incrivelmente insuportável, sabia? — Matt resmungou.
— Vamos, Nick. Você não precisa fazer uma revolução para eliminar todas as raspadinhas do mundo, nós já entendemos — Becky concluiu, passando um dos braços pelos ombros do maior.
— Não, mas é que-
— Cala a porra da boca, Nick! — Os irmãos e Alahna o interromperam ao mesmo tempo. Becky apenas riu de olhou arregalados pela sincronia.
— Isso é terrível, vocês são terríveis comigo.
— Eu te defendo, amor — ela reafirmou, recebendo um abraço de lado do garoto.
— Por isso você já é a minha favorita, Becky.
Nick e Becky sorriram um para o outro enquanto Chris, Matt e Alahna reviravam os olhos, fingindo desgostar do grude e afeto entre aqueles dois.
Não havia possibilidade da garota ter qualquer reclamação ou hesitação sobre estar aquele grupo de amigos. Eles a aceitaram e a trataram tão bem que no fim do dia quando deitou em sua cama para dormir, Becky estava com o sorriso impagável no rosto de quem havia encontrado suas pessoas.
i. não revisei esse aqui ainda, perdão pelos erros 🙏🏻
ii. veio aí o encontro das lendas e daqui para frente só felicidades (ou não, ninguém é feliz por muito tempo comigo
iii. se estiverem gostando de como dear diary tá indo até agora digam sim se não, não digam nada pois não sei o que fazer pra mudar. é isso, até mais 🤩
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