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11 | it's like i've known you for years

Bom, eu te conheci ontem
Você me tirou o fôlego
E eu meio que gosto do jeito,
Que você é tão imprevisível
E isso foi só a história
Que se transformou em você e eu
Aconteceu tão facilmente
Como se eu estivesse vivendo algum tipo de milagre

High Hopes - The Vamps

22 de dezembro de 2021
Boston, Massachusetts

— Essa é uma péssima ideia — Matt murmurou enquanto Chris fazia a introdução do vídeo.

Nick estava concentrado no próprio celular e com um sorriso muito perverso no rosto. Matt o observou pelo retrovisor e se virou para encarar o mais velho dos trigêmeos.

— Por que você está rindo assim? Isso é esquisito, cara…

— Esse é um bom tema de vídeo, só isso — Nick respondeu, se encostando no banco e olhando para a câmera.

— Ok — Chris disse um pouco mais alto para interrompê-los. — Reagindo DM's, parte dois. Nós vamos trocar de celulares e ler todas as bizarrices que mandam para a gente.

— Eu não vou ler DM's que sejam elogios para o Matt, já basta os comentários em todos os posts e vídeos.  — Nick fez uma careta de nojo, arrancando risadas dos irmãos.

— Que merda você está apagando aí, Matt? Me dá o celular. — Chris se inclinou por cima do apoio do câmbio da minivan para arrancar o celular da mão do garoto.

— Espera! Para — Matt disse, afastando a mão do outro.

Ele estava se certificando de que a última mensagem de uma certa pessoa havia sido enviada há dois dias, torcendo para que seus irmãos encontrassem outras mais interessantes e não abrisse aquela DM específica.

Dos três, Matt era o menos ativo em suas próprias redes sociais, mas geralmente abria quase tudo em que o marcavam ou mandavam - mesmo que não respondesse. Já fazia meses que ele recebia mensagens diretas pelo Instagram da mesma garota, e o que chamou sua atenção foi a forma como ela falava sobre tudo e qualquer coisa como se ele fosse seu diário, confiando que ali era seguro o suficiente para guardar seus segredos.

Mesmo sem saber o porquê, mas morrendo de curiosidade para descobrir, Matt acompanhava tudo pela barra de notificações. Era a única DM que não estava silenciada para que ele pudesse ler as mensagens sem ter que abrir a conversa. De alguma forma ele achava que não tinha o direito de lê-las, eram coisas pessoais demais e talvez a garota só precisava desabafar em um lugar que ninguém poderia encontrar. Com esse pensamento, Matt se deixava ser o receptor das confissões de Becky e também mantinha segredo sobre isso.

— Eu vou ficar com o celular do Matt, Chris fica com o meu e o dele já está com o Matt… ESPERA!

— Por que você está gritando, Nick? — Chris pressionou o indicador no ouvido demonstrando ter ficado temporariamente surdo com o grito do irmão.

— Não é para começar a procurar ainda — o mais velho respondeu como se fosse óbvio. — Quando eu disser já.

Matt revirou os olhos enquanto pegava a lata de cerveja de raiz para beber um gole.

— Ok, já. — Nick disparou e rolou a tela do celular de Matt.

— Cadê o 1, 2, 3, idiota?

Nick fez um sinal com as mãos, dispensando o que Chris havia dito. O garoto fazia as próprias regras e os irmãos tinham que acompanhar.

— Essa é boa — o mais novo disse, virando o celular para Matt conferir. Ele tirou o aparelho do campo de visão do irmão e começou a ler, deixando o garoto sentado no banco do motorista ainda mais confuso. — Se vocês estiverem em LA para o Natal, venham no meu trabalho e eu dou sorvete de graça — ele leu.

— Eu tenho certeza que o seu chefe não vai concordar com isso. Eu particularmente demitiria você — Nick falou e Chris concordou, Matt riu enquanto dizia que eles estavam sendo extremistas.

— Nós não vamos para LA no Natal — Chris interrompeu a si mesmo. — Yo, na verdade, hoje é a véspera da véspera de Natal.

— Não é não, hoje é dia 22, Chris — Matt o corrigiu.

— Ah, então esquece. Não, quer dizer, então é a véspera da véspera da véspera de Natal. E quando esse vídeo for ao ar amanhã, será a véspera da véspera de Natal!

— Isso não faz sentido! — Nick argumentou.

Então Nick e Chris começaram a discutir como se a vida deles dependesse disso para poder seguir em frente. Cansado de ambos e mentalmente xingando-os, Matt apenas deslizou pelas mensagens no Instagram de Chris.

Como sempre acontecia, os garotos mais riam e brigavam para provar seu ponto do que realmente procuravam DM's interessantes para ler. Eles trocaram os celulares mais algumas vezes, até voltar a formação original de como o vídeo começou.

Nick gritou quando viu mensagens chegando na barra de notificações do irmão e começou a ler em voz alta. Matt logo soube de quem eram.

— MATT! Essa garota tem falado com você por meses, tipo, meu Deus, isso nem pode ir para o vídeo? Olha só isso… Ela acabou de mandar uma porra de história sobre o dia dela, levando cagada de pássaro e passando vergonha na frente do cara por quem ela está interessada. Eu vou morrer! — Nick continuou a falar e rir enquanto Matt pedia o celular de volta.

— Me dá, Nick! Porra. Não era para abrir essa DM, cacete.

— É literalmente o que decidimos fazer para o vídeo de hoje, cara. Relaxa.

— Não, não essa… Não era para ver essa.

— O que está acontecendo? — Chris perguntou claramente perdido enquanto tentava ver a tela do celular do irmão.

Matt respirou fundo e deitou a cabeça no volante do carro. Nick riu enquanto o pressionava para falar e Chris deu o vídeo como encerrado.

— Quarenta e cinco minutos do bruto deve servir.

O irmão do meio não viu outra alternativa a não ser contar o que ele sabia e pensava sobre as mensagens diárias da garota.

— Você é o diário dela, irmão. E quer saber? Por que não eu? Qual é, sou um melhor conselheiro que nós três juntos — Nick apontou fingindo estar bravo e arrancando uma risada baixa de Matt, que não estava tão mais animado em revelar aquele assunto.

— Me sinto culpado de estar vendo tudo o que ela manda assim. E para me sentir menos invasivo, eu nunca tinha aberto as DM's dela — Matt se explicou.

— Você não está sendo invasivo, cara — Chris comentou. — Afinal, foi ela que começou a te mandar essas mensagens e com certeza não é pensando que você nunca veria.

— Mas se esse for exatamente o objetivo?

— Eu quero ser amigo dessa garota imediatamente. — Nick pegou o celular e digitou o user de Becky na barra de pesquisa do Instagram.

— Não, cara! — Matt pediu quando viu o que o irmão estava fazendo.

— Então manda mensagem para ela, Matt. Você já é esquisito demais por acompanhar a garota pelas notificações, agora ela já sabe que você vê, então o que custa responder? E ela literalmente pediu para você fazer algo na última mensagem…

— Ela estava se referindo a… Ugh. Esquece!

— Ela tem um ótimo senso de humor! — Chris comentou dando risada ao ler as outras mensagens.

— CHRIS! — Matt gritou e bateu no peito do irmão, bravo por não ter percebido que o celular havia sido interceptado.

— É sério agora. Você deveria responder. Ela parece ser legal e não te trata como se você fosse um deus incansável e supremo. É engraçado e um pouco esquisito como fala com você como se fosse amigos, mas se nós mesmos falamos que as pessoas podem se abrir com a gente e rejeitamos quem está fazendo exatamente isso, então isso faz de nós hipócritas.

— Chris? Meu Deus, agora você falou tudo — Nick disse com os olhos arregalados e fazendo um toque com o irmão, impressionado como ele fez sentido em tudo o que disse - já que não era algo que acontecia com frequência. — Vou procurar ela no TikTok.

Ele abriu o aplicativo e não quis saber dos protestos que Matt fez sobre isso.

— Ok, eu vou responder, mas não agora.

— Por que, garoto? Que porra — Nick esbravejou. — Ela tem bons números no TikTok, olha. O conteúdo é dancinhas, algumas trend e mais recentemente sobre estudos. Adorei. Ela será minha nova bestie.

— Jesus Cristo! — Matt desistiu de tentar argumentar e saiu do carro.

Enquanto andava pelo estacionamento em busca da paz que os irmãos não o permitia ter, o garoto pensava em como responder Becky depois de todos aqueles meses tendo as mensagens dela como o ponto alto de quase todos os seus dias. Eles eram desconhecidos, mas Matt sentia-se tão próximo dela que não a conhecer pessoalmente era mais esquisito do que deveria. Era como se perguntar por onde ela esteve por todos aqueles anos.

O engraçado era que Becky se sentia do mesmo jeito.

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