Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

P R O L O G O

Meu pai costumava dizer que a fé era a única arma de que precisávamos.

— O mundo lá fora é uma terra de lobos — ele declarava, sempre com aquele tom que fazia tudo parecer uma sentença divina. — Só a oração pode nos proteger. Só Deus pode nos guiar.

Por muito tempo, eu acreditei. Afinal, tudo na nossa vida girava em torno disso. O dia começava com oração, antes mesmo do café. Minha mãe fazia questão de deixar claro que o café quente e os ovos na frigideira eram presentes de Deus, e que agradecer era mais importante do que comer. À noite, o ritual se repetia: mais oração, mais sermões, mais promessas de que, se seguíssemos o caminho certo, estaríamos seguros.

Mas, nos últimos meses, algo começou a mudar.

Pequenas coisas. Detalhes que, a princípio, não pareciam importantes, mas que, juntos, começaram a me deixar inquieta.

Minha mãe, que sempre cantava hinos enquanto limpava a casa, passou a andar em silêncio, os olhos fixos em algo que eu não podia ver. Meu pai, antes firme e imponente, agora parecia distraído, como se estivesse carregando um peso que não conseguia compartilhar. Meus irmãos mais novos, gêmeos de oito anos, começaram a cochichar entre si em cantos da casa, parando abruptamente quando eu me aproximava.

No começo, pensei que era apenas minha imaginação. Talvez eu estivesse lendo demais nos gestos deles, ou talvez fosse o isolamento que começava a me afetar. Morávamos longe de tudo, em uma casa velha no meio do nada, rodeada por campos que pareciam infinitos. Não tínhamos vizinhos, não tínhamos amigos, e o único contato com o mundo exterior era quando íamos à igreja nas manhãs de domingo.

Mas, conforme os dias passavam, as mudanças se tornavam mais difíceis de ignorar.

Era uma noite comum, pelo menos na superfície. Minha mãe preparava o jantar na cozinha, o cheiro de carne assada e legumes enchendo a casa. Meu pai estava sentado na sala, com a Bíblia aberta no colo, mas seus olhos não estavam focados nas palavras. Ele olhava pela janela, para o campo escuro além, como se esperasse ver algo.

— O jantar está pronto! — minha mãe anunciou, mas sua voz não tinha o mesmo entusiasmo de sempre.

Sentei à mesa com os gêmeos, Noah e Nathan, que brincavam com seus talheres enquanto cochichavam sobre algo que eu não conseguia ouvir. Minha mãe colocou a travessa no centro da mesa, mas hesitou antes de se sentar, olhando para o corredor como se esperasse que alguém mais aparecesse.

— Pai? — chamei, tentando quebrar o silêncio. Ele parecia tão distante que era quase como se não estivesse ali.

Ele finalmente levantou os olhos e sorriu, mas o sorriso não alcançou seus olhos.

— Vamos orar.

Todos nos juntamos, de mãos dadas, enquanto ele recitava a oração com a voz firme de sempre. Mas havia algo no tom dele que parecia... errado. Quase como se estivesse rezando por algo além da nossa compreensão.

Quando a oração terminou, começamos a comer, mas o silêncio voltou. Os gêmeos continuavam cochichando, minha mãe estava distraída, e meu pai parecia ainda preso em seus próprios pensamentos.

— Vocês estão bem? — perguntei, quebrando o silêncio.

Minha mãe levantou os olhos, surpresa pela pergunta.

— Claro, querida. Por que não estaríamos?

Eu não sabia como responder. Não sabia como explicar a sensação de que algo estava errado, mas não disse mais nada.

Foi Nathan quem quebrou a tensão, olhando diretamente para mim com um sorriso travesso.

— Você não viu ele, viu?

Franzi a testa.

— Quem?

Ele olhou para Noah, como se procurasse aprovação para continuar. Noah balançou a cabeça, mas Nathan ignorou.

— O homem do campo.

Minha mãe largou o garfo com força, o som ecoando pela mesa.

— Chega, Nathan.

Ele encolheu os ombros, voltando a brincar com a comida.

— Só estava brincando.

Mas eu sabia que não era verdade.

Naquela noite, fui para o meu quarto mais cedo do que o habitual. O clima na casa estava sufocante, e eu precisava de ar, mesmo que isso significasse ficar sozinha no meu espaço apertado.

A tempestade lá fora era violenta, com o vento uivando e a chuva batendo contra as janelas. Mas o que me incomodava não era a tempestade. Era o silêncio dentro da casa.

Deitei na cama, abraçando meu travesseiro e tentando ignorar a sensação de que algo estava errado. Mas então ouvi.

Vozes.

Elas vinham de algum lugar no andar de baixo, baixas e indistintas, como um murmúrio. Levantei da cama, sentindo o chão frio sob meus pés, e me aproximei da porta. Abri-a devagar, espiando o corredor vazio antes de sair.

Conforme me aproximava da escada, as vozes ficavam mais claras. Reconheci a de meu pai, grave e autoritária, mas também havia outras. Minha mãe, os gêmeos... e algo mais. Uma voz que não era humana.

Parei no alto da escada, segurando o corrimão com força. Lá embaixo, na sala, minha família estava reunida em círculo, segurando velas acesas. Eles estavam cantando um hino, mas a melodia era diferente das que costumávamos entoar na igreja. Era estranha, dissonante, quase perturbadora.

Por um momento, fiquei paralisada. Depois, minha mãe olhou para cima e me viu.

— O que você está fazendo aí, querida? — ela perguntou, a voz estranhamente doce.

Minha primeira reação foi fugir de volta para o quarto.

Quando acordei na manhã seguinte, tudo parecia... normal. Meu pai estava na mesa, lendo a Bíblia. Minha mãe estava na cozinha, preparando o café. Os gêmeos brincavam no quintal.

Por um momento, pensei que talvez tivesse sonhado com tudo. Mas quando Noah entrou correndo, com lama até os joelhos, ele me olhou diretamente nos olhos e sussurrou:

— Você viu ele, não viu?

— Quem!?

— O homem que virá te buscar.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro