Capítulo 18
No dia seguinte, lembro-me que caí no sono na mesa do computador de tão chata e briguenta que a conversa no chat estava. Mas hoje de manhã acordei na minha cama. Fiz todas minhas necessidades matinais e perdi minha carona, Patch hoje não iria pro colégio porque ele teria seu primeiro jogo de verdade. Fiquei pensando se Dean iria também, pelo menos para mim ele não disse nada. Papai saiu mais cedo de casa para me dar uma carona.
- Valeu, pai. - falei pegando minhas coisas para descer do carro.
- Se quiser eu posso te levar para casa no meu horário de almoço.
- Não precisa, pai, mas muito obrigada. - saio do carro e atravesso a rua, o carro do Dean estava à alguns passos do portão de entrada. Entrei no colégio mas não o vi pelo campus, nem nada entrada, fui pro corredor e o encontrei escorado no meu armário.
- Pensei que...
- Eu não fui convocado. - responde antes deu terminar minha frases. Esse negócio de ler pensamentos vai encher minha paciência, penso.
- Sacha, eu já disse que...
- Eu já entendi, Dean. - dessa vez eu o corto. - Foi só um pensamento. Eu também não tenho como freá-los assim.
- Tem razão. - ele entendeu a mão para pegar a minha.
- Vai ficar muito na cara. - falei, sem pega-la.
- Seu irmão não está aqui hoje.
- Mas os amigos dele estão. - ele abaixou a mão e fomos para sala.
- Vamos juntos hoje, né? - perguntou quando sentou-se ao meu lado.
- Eu acho que não devemos andar tão juntos por enquanto.
- Sacha, eu quase sempre vinha buscá-la.
- À tarde.
- Dá quase no mesmo.
- Não, é totalmente diferente. - tivemos que nos calar porque o professor de matemática chato entrou na sala. Ele passou apenas uma explicação e de cara passou 8 exercícios valendo 2,5. Arranquei uma folha do caderno para rascunho e comecei a fazer os exercícios. Minha notas estavam boas, mas um ponto a mais, um a menos, fazia sim diferença.
- Você tem que fazer o MMC nessa questão. - sussurrou Dean para mim.
- Eu sei. - falei.
- Mas você estava fazendo direto, iria dar errado.
- Mas eu sei, só havia me esquecido.
- E eu estou apenas te lembrando.
- E atrapalhando minha concentração.
- Vocês já acabaram, posso recolher? - perguntou o professor de cara feia, ficamos de boca calada. A mulher dele deve ter dormido de calça hoje de novo, pensei sozinha. Dean riu de leve, pena que eu não havia achado graça.
Na saída, Dean me acompanhava e insistia para que eu deixasse ele me levar.
- Eu não vou deixar você ir a pé quando eu posso te levar.
- Não precisa, Dean, eu acho que vai ficar muito na cara.
- A gente não deve nada a ninguém daqui, Sah.
- Mas você sabe como eles são fofoqueiros.
- Deixa eles pensarem o que quiserem, a vida é nossa. - ele pôs a mão nas minhas costas e me conduziu para o seu carro. - Sua irmã está em casa?
- Acho que sim.
- Já vou logo avisando que não vou te deixar sozinha em casa.
- Ela deve estar lá, sim. - depois de um minuto, no caminho, me lembrei de uma coisa. - Dean, num tem aquele dia que você me salvou...
- Sei, sei.
- Me deixa concluir minhas frases. - birrei.
- Tá bom, meu amor, me desculpe. - ele tirou a mão da marcha para colocá-la sobre a minha perna.
- Então, você já sabia que dia dama estava em apuros? - sorri.
- Só quando cheguei lá, minha dama, aí ouvi seus pensamentos aflitos e soube que você estava na janela.
- Sabe o que você poderia ser?
- Não viaja, Sah, não sou super-herói. Só há uma dama que eu quero salvar.
- E qual é o nome dela? - faço dengo.
- Ellen. - ele diz parando o carro.
- Seu cafajeste! - dei um tapa no braço dele e saí do carro.
- Amor, eu estava brincando.
- Não fale assim, a Ciara pode estar aqui. - falei olhando pra trás, mas seguindo adiante. Ele saiu do carro e veio atrás de mim.
- Problema é dela.
- Dean! - exclamei. - Tem alguém aí? Ciara?
- Vê se ela está no quarto. - falou da porta. Subi e procurei nos quartos. Nada.
- Ela não está. - desci a escada.
- Beleza, estamos sozinhos. - ele fechou a porta atrás de si.
- Não vem, vá para casa da sua Ellen. - fui me afastando, de frente pra ele.
- Eu não sei onde ela mora. - falou vindo pra perto.
- Cafajeste, cafajeste, cafajeste! - tentei correr mas ele me alcançou e me agarrou por trás.
- Minha mulher é ciumenta. - disse, beijando meu pescoço.
- Você é meu e não brinque mais assim.
- Tá bom. Sem brincadeiras com a Ellen.
- É isso aí. - ele me virou pra ele e me beijou. Envolvi seu pescoço com os braços.
Ele me abraçou me apertando tanto que me ergueu um pouco chão, colocando meus pés em cima dos pés dele. Daí ele andou assim comigo, beijando meu pescoço e me levou até o sofá, deitando-me nele e se deitando sobre mim; com todo aquele músculo pesado. Quando eu pensei isso ele já ia se levantar, mas eu agarrei sua camisa e trouxe sua boca de volta para a minha. O beijo durou por um bom tempo, foi o meu record, sem desgrudar a boca um do outro, e nem cansei. Então, de repente, Dean pula de cima de mim e cai no chão. Olho pra frente e vejo a Ciara na porta com ela aberta, ela estava meio que paralisada. Eu também fiquei um pouco paralisada, mas depois me recomponho e sento no sofá.
- É... Ciara...- tentei falar, porém ela me interrompe.
- Nem adianta explicar, Sacha, eu paguei no flagra.
- Mas não conta pra ninguém, por favor. - peço, Dean se levanta e eu também, me pondo ao lado dele.
- E por que não? - ela fechou a porta e se aproximou.
- Ele vai pedir pra namorar comigo, mas agora não.
- Me dá um motivo para não contar, já que você sabia muito bem que eu sempre gostei dele. E primeiro do que você. - ela parecia nem se dar mais contra da presença dele.
- Eu não sabia, Ciara, você nunca me disse.
- Você sabia, eu disse que achava ele bonito.
- Isso não significa nada.
- Então se ele não ficar comigo, também não vai ficar com você.
- Aí é que você se engana. - seguro a mão e olho pra ele. - Você pode vir aqui falar com os meus pais hoje?
- Claro.
- Tudo resolvido então. - passamos por ela serem olhar pra sua cara, levei ele até seu carro.
- Vai ficar tudo bem aí? - ele pergunta.
- Vai, sim. Te vejo à noite.
- Sem falta. - ele me beijou e entrou no carro.
Entrei em casa e subi pro meu quarto, mas não a vi. Fiz um trabalho de história e depois naveguei net. Mais tarde, assim que meus pais chegaram, nós duas descemos juntas. Patchel também já estava em casa, esperei pra ver se ela diria algo, mas apenas foi ajudar a guardar as compras que eles trouxeram com Patchel (ele era igual criança, adorava ver o que de bom os pais traziam). Me virei pros meus pais e fui logo dando a notícia.
- Pai, mãe. Dean vai vir aqui hoje pedir algo pra vocês.
- Já até sei o que é. - disse mamãe virando um copo com água na boca.
- Ai, Senhor, por que o Senhor não me dei só filhos homens? - reclamou papai.
- Não exagera, amor.
- É sério, Carmem, olha a complicação que ela colocou em nossas mãos agora.
- E vamos ter que lidar com ela outra vez. Lembra quando Ciara apareceu com o Matheus? Eles só tinham 11 anos.
- Mas agora é diferente.
- Pai - fui até ele e o abracei. -, eu vou ser sempre sua caçula, mas só que eu vou crescer também.
- Só que ainda faltam 5 anos pra isso acontecer. - disse ele esmagando minha bochecha na barriga dele.
- Faltam só dois, pai. - eu disse, meio sufocada.
- Na minha conta faltam 5, então é 5.
- Aceite, Greg, eles crescem um dia. - mamãe o abraçou dio outro lado. Na mesma hora a Ciara largou o que estava fazendo e subiu pro quarto.
- Mulheres. - suspirou Patch.
- Quer entrar no abraço do papai também, Patchel? Tem espaço. - papai virou a cabeça e olhou pra ele.
- Se você fosse a mãe do Jonathan até que eu aceitaria.
- Quem é Jonathan? - perguntou mamãe saindo do abraço e indo ajudá-lo.
- É um amigo do treino.
- Sai dessa, Patch, nada de mãe de amigo, além do mais é falta de respeito.
- Eu vou lá falar com ela. - disse papai, ele me dei um beijo na cabeça e foi falar com nossa irmã ciumenta. Só então dei conta do que ela poderia dizer à ele e fiquei com medo. Porém, no jantar, ninguém tocou no assunto, graças a Deus.
Quando Dean chegou, papai, mamãe e eu estávamos na sala. Eu fui atendê-lo e nos sentamos no sofá, como sempre, lado a lado. Só que agora de mãos dadas.
- E nós estamos aqui aqui outra vez. - papai fala, olhando pro Dean, que tinha a postura ereta de um perfeito cavaleiro que pediria a mão de sua dama em namoro. Dean deu um apertinho na minha mão pra dizer que tinha lido isso na minha mente.
- Pode falar a que devemos a honra de sua presença, apesar de já termos uma ideia.
- Então eu vou direto ao assunto. - disse Dean. - Eu vim perguntar se me permitem namorar a Sacha.
- Eu não vou decidir, fala aí, amor. - papai passou a bola pra mamãe.
- Então, vamos começar. Pode parecer que sou meio ranzinza, Dean, mas como você pôde perceber - ela olhou pro papai. -, Eu é que sou a chefa por aqui e tenho que tomar conta dos negócios.
- Seja o que for, vou entender perfeitamente. - disse Dean. " Calma, você ainda não escutou a juíza" pensei pra ele.
- Como você já sabe, Sacha é nossa caçula...
- A filhinha do papai. - interrompe papai.
- Também. Resumindo: Dean, nós não gostaríamos de saber que nenhuma de nossas filhas estão com um trapo qualquer, que não quer nada da vida. - Dean não alterou a expressão. - Não que você seja isso. Pelo que nós percebemos você é um ótimo garoto, aparentemente e, sim, deixarei você namora-la. Desde que você a respeite, cuide dela, não a magoe e esteja dentro das regras.
- Quais? - perguntei, curiosa.
- Dia de semana não é dia pra namorar. - "O que?!", pensei, Dean apertou minha mão para tentar me tranquilizar. - Vocês terão dever de casa pra fazer, trabalhos, época de prova e terão de estudar. O namoro atrapalha, sei por experiência própria.
- E se não tivermos nada a quisermos sair pra algum lugar? - pergunto logo.
- Aí eu vou pensar no caso, vou ver se você estará merecendo.
- De acordo. - Dean concorda.
- Acho que não preciso falar dos cuidados em relação ao...
- Por favor, não diga essa palavra. - papai implora.
- .... sexo. - ela pôs ênfase na palavra. "por favor, essa conversa não", rezo em pensamento.
- Não será necessário, Sra. Jennings, vou respeitar muito bem sua filha. - já eu, penso: "Eu não concordo com isso".
- Estamos confiando em você, Dean. - concluiu mamãe.
- Eu não. - discordou papai e a encarou. - Não confio em mim mesmo com você.
- Greg. - ela o cutuca com o cotovelo.
- É sério, nós homens não nos seguramos, é a força da natureza.
- A minha força da natureza estará sempre protegida, Sr. Jennings, eu garanto. - " sei, com camisinha, né?" Dean apertou minha mão de novo, provavelmente para eu parar de pensar essas obscenidades.
- Viu, eles estão ligados.
- Sacha, sua irmã está vindo e vai dizer o que... - Dean estava sussurrando para mim, quando Ciara desceu falando:
- Mãe, pai, a Sacha estava se agarrando no sofá hoje sem nem ao menos vocês saberem.
- Isso é verdade, Sah? - Minha mãe perguntou.
- Estávamos nos beijando, mãe, mas Dean pediria a vocês mesmo.
- Não se eu não estivesse visto. - fofocou Ciara.
- É mentira!
- É assim que você demonstra confiança, Dean? - papai perguntou bem sério. Nesse momento só sinto ódio da Ciara.
- Mas nós não...
- Não, Sacha, ele tem razão. Eu prometo que isso não acontecerá mais, Sr. e Sra. Jennings.
- Mas, Dean...
- Não, Sacha. - de novo ele aperta de leve minha mão com a sua.
- Bom, já que é assim, lá vem seu primeiro castigo de namoro. - anuncia mamãe. - Uma semana sem beijo, abraço, nem nada.
- Intrigueira. - rosnei pra Ciara.
- E já que o namoro veio mais cedo hoje, ele acabará por aqui. Nada de beijinho de despedida hoje, sobe, Sacha. - Levantei com raiva, mas puxei Dean comigo.
- Eu sinto muito! Boa noite. - ele disse, comigo puxando ele para fora da sala.
- Vem me buscar amanhã. - sussurro.
- Mas...
- Fique com o carro no final da rua. - solta sua mão e subo pro quarto. "Beijos", pensei, mas sem parar de subir.
****
Hoje Patchel me levaria mesmos, e ele fecha comigo e com Dean. Assim que saímos de casa contei a ele o ocorrido e ele disse se fosse com ele não cagoetaria nada.
- Só pediria algo em troca, né?
- Algo material, devia me agradecer.
- Valeu. - desci do carro e fui pro do Dean, que estava estacionado no final da outra rua.
- Ele não vai dizer nada? - perguntou Dean se inclinando e colocando meu cinto de segurança quando viu que eu não ia botar. O Colégio não fica nem 20 minutos daqui. Ele me deu um beijo castro também.
- Ele está com a gente - Patchel buzinou e Dean buzinou de volta. - Ele é mais legal comigo, lá em casa é ao contrário.
- Não pediu nada em troca?
- Dessa vez ele não fez igual da vez que... - parei quando percebi que ia falar burrada.
- Do seu primo Guilherme, tudo bem você falar. - ele lê minha mente, claro. - É passado, não é?
- Com certeza. - eu disse, mas como uma coisa leva a outra, eu acabei me lembrando da cena do quarto e fiquei com vergonha.
- Esquece isso, graças a Deus ele não mora aqui, então não vai ter problemas.
- Então vamos mudar de assunto. Eu estou com tanta raiva da Ciara.
- Esquece isso, deixa pra lá.
- Não! - quase gritei. - Ela vai ver só, ela que me aguarde.
- Para com isso, Sah, vocês são irmãs.
- Patchel também, e vê se ele fala alguma coisa. - encarei ele.
- Ah, pelo menos seus pais deixariam a gente namorar.
- É, com uma semana de castigo.
- Que estaremos aqui no colégio. - nesse momento ele estaciona em frente o colégio.
- E sábado e domingo também.
- Aí você inventa que vai na casa de uma amiga, uma mentirinha não mata.
- É, só que não tenho amigos.
- Ninguém mandou ser metida a filinha do papai. - ele zombou.
- Eu não sou metida.
- Mas é filinha do papai.
- Sou mesmo. - soltamos o cinto e nos agarramos um pouco antes de ir pra aula.
A Maya não disfarçava o olhar raivoso que lançava pra mim. No intervalo, Dean estava sentado em um banquinho escorado, que só cabia dois, e eu estava entre as pernas dele. Estava tudo uma maravilha, a gente conversando, rindo, ele querendo olhar - e olhou - dentro da minha blusa, até que a Victória parou na nossa frente e pôs um mão na cintura.
- É sua namorada, Dean? - ela perguntou.
- Han... Sim, essa é...
- Eu sei quem ela é. - ela o cortou e me olhou de cima a baixo.
- Gostou? - debochei.
- Pra quem disse que não estava interessado em ninguém... - ela disse, olhando para ele.
- É, fazer o que, ela me encantou. - ele disse e me apertou um pouco mais.
- Sei, te encantou. - ela abaixou a mão das cadeiras e saiu rebolando, indo pro outro lado com suas amigos paty.
- O que rolou entre vocês, hein? - perguntei sem me virar para ele.
- Como você nem pôde ouvir; nada.
- Então qual foi a de vocês dois?
- Ah, ela não disse que estava interessada, mas me perguntou se estava com ou gostava de alguém. E resposta você já sabe.
- Você disse que não. Mas ela estava interessada?
- Bom, ela nunca pensou en querer namorar comigo.
- Mas ela estava interessada, Dean?
- Estava.
- E agora que ela sabe que você está comigo? - perguntei olhando na direção em que a dita cuja conversava gesticulosamente com suas amigas.
- Mulheres são imprevisíveis, mas até então ela não está ligando.
- Não é o que parece.
- Ah, amor, ela só está meio assim porque estava afim e agora perdeu pra você. - ele levantou meu rosto e me beijou, um monte de estalinhos.
- Então me diz o que ele está falando com as amigas dela.
- Nada de mais.
- Fala, Dean. - insisto, já impaciente.
- Você sabe como mulher é fofoqueira.
- Dean. Resume.
- Ela disse que você não tem todos os "dotes" femininos que nem ela e que ela estava sempre dando em cima, por isso acha que devo usar óculos. - ele diz tudo isso com o cenho franzido, concentrado.
- Então ela acha que não tenho "dotes" femininos, não é? - me levantei e depois subi no colo dele, de frente, segurei seu rosto e comecei a beijá-lo. Sua mão desceu logo pro meu bumbum, depois de minutos nos beijando, ele subiu a mão e disse:
- Alguém do colégio pode passar, amor.
- Somos alguém do colégio. - desci a mão dele de novo e continuei a beijá-lo até, cinco minutos depois, o sinal tocar.
Hoje eu ficaria no colégio, os meninos vão pro treino, quando saíssem, os dois viriam me buscar, entretanto eu iria com o Dean e mudaria pro carro do Patchel perto de casa pra Ciara não perceber. Eu estava tão desligada pensando e colocando os livros tem ordem, que só fui perceber a presença da Victória e suas suas cadelas de guia quando me virei e bati com uma delas.
- Preste mais atenção, Jennings. - disse ela ajeitando o arco xadrez na cabeça.
- Talvez eu esteja cega, né?
- Você tem algum problema com a gente, Jennings? - me perguntou a outra cadela loura.
- Vamos contar o que vocês já me fizeram...- levantei a mão.
- Nada! - Victória exclamou, meio espantada.
- Epa! Não é que você acabou de responder? Com licença. - me virei e fui em outra direção.
- Ela está assim porque está DE namorado novo. - " Ô Santa paciência que tenho." Me viro e volto calmamente para perto delas, com a maior cara de cínica.
- O que um "namorado novo" tem haver com o meu comportamento diferente que você julga eu estar?
- Não sei, Sacha, mas você...
- Epa, epa. Ela aprendeu meu nome, fizemos um progresso aqui. - bati palmas sem realmente bater, como mímica.
- Viu como você botou as asinhas de fora. Mas como eu ia dizendo; um garoto novo no colégio é como a realeza, ainda mais quando esse garoto é Dean Bricci. É uma raridade...
- Só pra constar, ele não é um quadro do Picasso, não, tá?
- Você me entendeu. E certas pessoas aqui o conheceu primeiro, e sempre quis ter a oportunidade de uma chance com ele.
- Entendo. - debocho.
- A questão, Sacha, é que você roubou essa oportunidade de mim. Não sei o que você fez para chamar a atenção dele.
- Eeeeeu? - fiz e coloquei a mão no peito, estávamos em um corredor distante, então não dava para a bibliotecária nos ouvir. - Eu não fiz nada, ele que me assediou.
- Ele te assediou, Sacha? - ela cruzou os braços e franziu os olhos.
- É verdade. E como eu sou inocente, acabei caindo na dele.
- Fala sério, Sacha, conta outra. - uma das guia disse.
- Quando eu inventar outra, eu lhes digo. - olho pro relógio. - Bye, já deu minha hora. - pego minha bolsa, dou um tchauzinho pra bibliotecária e saí. No corredor eu sorri sozinha. Essa Victória é uma babaca mesmo, penso. Os meninos esperavam lá fora, me aproximei e beijei o Dean.
- Não vai começar com essa nojeira, não. - ouvimos Patchel reclamar. Colocamos a língua pra fora da boca e enroscamos uma na outra. Sorrimos.
- Ai que nojo, seus porcos, isso é falta de higiene. - ele virou a cara pro outro lado e cuspiu.
- Até parece que você não faz isso, Patch. - falo.
- Mas ver os outros fazendo dá nojo, ainda mais quando é a sua irmã caçula.
- Está com ciúmes, Patchel? - perguntou Dean, e depois passou a língua nos meus lábios entreabertos.
- Não, mas mesmo assim não quero mais ver você enfiando essa língua podre na boca da minha irmã.
- Então você só não quer ver? - pergunto.
- Claro, longe de mim pode fazer qualquer coisa com ela. - dá de ombros.
- Tudo mesmo? - quis confirmar, Dean.
- Menos sumir com ela, porque, como eu já disse, meus pais se importam com a caçulinha.
- Ôoo, meu irmãozinho está com ciúmes. - vou até ele e abraço sua cintura.
- Me solta, grude. - disse ele se balançando como um cachorro.
- Nós vamos à uma micareta esse final de semana. - disse Dean pegando minha mão e me puxando para os seus braços.
- "Nós" não, eu estou de castigo, lembra?
- É, só que esse castigo é do namoro, para nós não nos vermos.
- Eles não disseram que você não podia ir a uma festa com seu irmão mais velho e bonitão aqui. - Patchel abaixou os óculos escuros que estava na cabeça pros olhos.
- Mas eles não podem saber que o Dean vai junto.
- Dãaaa. - fez Patch.
- Tadinha, Patchel, não zoa meu chocolatinho meio-amargo, não. - Dean passou os dedos nos meus lábios.
- Meio-amargo, amor? - resmungo franzino o cenho.
- Não quero ser meio-amargo.
- E eu vou levar a Tanisha. - diz Patchel sozinha e viajando.
- Patchel, você nem gosta dela. - disse Dean.
- É, mas ela faz o que eu mando, não é cheia de gracinha e libera mais.
- Seu cafajeste, homem não manda em mulher, não. - retruquei.
- Ela me obedece porque quer.
- Ou porque é uma vadia. - falou Dean, me surpreendendo.
- Não admito que chama minha cadelinha assim.
- Cadela é o que mais tem nesse colégio. - falei, olhando pra trás.
- Depois vamos falar sobre isso. - Dean cochichou para mim.
- Então, meninos, o papai pode até ser desligado, mas a mamãe não é burra. Ela vai ligar pra casa do Dean e...
- Eu tirei pros meus pais que irei num lugar diferente.
- Ela não vai cair.
- Mesmo se esse lugar for o hospital na outra cidade onde minha tia está internada?
- Dean, não brinque com coisas assim.
- É verdade. - falou Patchel, acentindo. E Dean continuou:
- Ela tem câncer, antes íamos visitar ela com mais frequência, daí ela se recuperou e foi pra casa. Agora piorou e foi pro hospital de novo, meus pais vão apenas no fim do mês. Eu direi que vou nesse final de semana.
- Mas eu não acho legal mentir assim, devido às circunstâncias.
- Não será de tudo uma mentira. Para irmos pra quadra onde será a micareta, passaremos no hospital onde minha tia está internada. A gente visita ela e vai pra micareta.
- Eita, Dean, que coisa feia de se dizer...
- Todos pensam o mesmo, mas quanto conhecerem a minha tia, verão do que estou falando. Ela é tão doida e alegre que vai querer que a levemos pra micareta também.
- Que legal. - sorrio. - E quem mais vai?
- Nós, a namorada de Patchel e o Jona... - Dean resmungou o último nome.
- O que? - cheguei mais perto dele para ouvi-lo melhor.
- É o Jonathan, aquele que quer dar uns pegas em você. - esclarece Patchel.
- Queria. - Dean me aperta em seus braços, quase me sufocando.
- Dean tem ciúmes dele. - Patchel dá risada. - E ele não queria, ele quer.
- Mas só que não vai conseguir. - rodeio o pescoço do Dean com os braços e beijo seu rosto. - Mas por quê ele vai também?
- Porque só ele sabe ao certo onde é. Ele quem descobriu isso. - Dean diz.
- Vamos todos no mesmo carro, ou seja, o meu. - Patch continua.
- Vai conseguir largar sua Ferrari, amor? - zombei um pouquinho.
- Desde que eu esteja com você.
- Ôooo, que melação. - Patch reclama outra vez.
- Sai, machista. - digo.
- É capaz da gente encontrar vários moleques do time ou até o pessoal da cidade.
- Tomara que não. - falei. Eu não queria encontrar nenhuma Ellen, nem Victória, Maya; ninguém.
- Então, vamos? - Dean abriu a porta do carona pra mim.
- Até lá. - Patchel caminha pro seu carro. Entro no carro do Dean e coloco o cinto.
- Então, o que foi dessa vez com a Vic? - Odeio quando ele a chama assim, penso. - Tá bom, Victória.
- Você não tem que parar de chamá-la assim só porque eu não gosto. Eu não vou mudar o meu jeito por que causa.
- Vic, Victória, tanto faz. - ele deu de ombros. Patchel buzinava logo atrás para ele ir mais rápido.
- Você não escutou a conversa?
- Não toda.
- Basicamente a Victória e as cadelas estavam afim de apurrinhar alguém e me encontraram, logo na biblioteca, aquelas garotas sem cérebro não sabem nem o que éum dicionário.
- Está sendo ofensiva.
- E eu não estou nem aí. - olho para ele com a raiva crescendo dentro de mim.
- Eu só não acho certo.
- Estamos em algum tribunal, você é o defensor delas?
- Claro que não. Continue, Sah.
- Também não estou mais afim. - emburrei a cara.
- Por favor. - ele já ia colocar a mão na minha perna, mas eu a puxei antes.
- A cadela "líder " veio com uma de que ela te conheceu primeiro e estava tentando uma chance quando eu entrei no caminho é atrapalhei.
- A Vic é doida.
- Ela quer saber o que eu fiz para chamar sua atenção, vou ensinar uma coisinhas a ela.
- Mesmo assim não daria certo. - fiquei quieta. - Eu vou falar com ela pra te deixar em paz.
- Ah, esquece isso, deixa pra lá. Eu sei me cuidar sozinha. - digo e abro a porta do carro assim que ele para.
- Diz respeito a mim também. - não parei, fui andando até o carro do Patch; entrei e fechei a porta.
- Não deram nem um beijinho de despedida? - meu irmão quis saber.
- Ham hã. - minto.
- Não acredito que brigaram só nesse intervalo de lá pra cá?
- Não foi bem uma briga. - e ficamos em silêncio. Em casa eu subi pro meu quarto e me joguei na cama. Ah! Suspiro, as complicações do amor e no namoro...
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