01. ㅤㅤㅤDUELO EM NOVA YORK
Nova York,
saguão da sede do MACUSA.
EM NOVA YORK, UMA delegação internacional de bruxos e bruxas sentavam-se em um grande salão, todos muito alarmados e focados no mostrador no centro da sala.
O mostrador gigantesco exibia que o Nível de Ameaça à Magia estava grave, porém, poucos segundos depois, na rapidez de um suspiro, ele se desloca de GRAVE para EMERGÊNCIA.
Dorian Lance estava lá também, sentado em uma das fileiras, com o Ministro da Magia britânico e mais alguns colegas de trabalho, aurores. Todos eles escutavam Heinrich Eberstadt, um bruxo suiço e também um dos delegados da Confederação Internacional dos Bruxos, conversar com Madame Picquery. Os dois pareciam estar em uma discussão acalorada, enquanto os bruxos e bruxas reunidos em grupos trocavam cochichos nervosos.
— Nossos amigos americanos permitiram uma violação do Estatuto de Sigilo — Eberstadt falou alto, obviamente reprovando toda aquela situação atual. — Isto ameaça expor a todos nós.
— Não levarei sermão do homem que deixou Gellert Grindelwald escapulir por entre os dedos — Madame Picquery respondeu de prontidão.
Dorian se remexeu em seu lugar, cruzando uma perna na outra e soltando um longo suspiro inquieto.
— Eles estão nos fazendo perder tempo — ele murmurou baixo, balançando seu sapato bem lustrado de um lado ao outro em sinal de impaciência.
Torquill Travers, Chefe do departamento de Aplicação das Leis Mágicas e um colega de trabalho, colocou uma das mãos na perna inquieta de Dorian, o fazendo parar e o olhar de esguelha.
— Tenhamos calma — foi tudo o que Travers disse, recolhendo sua mão e voltando sua atenção para a presidente e os demais no centro da sala.
Dorian levou sua mão direita até sua mão esquerda e, como ele fazia sempre que se colocava a pensar profundamente, começou a girar sua aliança em seu dedo anelar — ou, era isso o que ele sempre costumava fazer, até se lembrar que não havia mais aliança nenhuma em seu dedo.
Ele então juntou as mãos no colo e observou a imagem holográfica de um trouxa, o Senador Shaw. Morto e contorcido, flutuando no alto do salão, emitindo uma luz ardente que se espalhava por toda parte.
Aquilo era estranho, aquelas marcas eram estranhas.
Dentro de sua cabeça, Dorian Lance ligava todos aqueles ataques que aconteciam em Nova York à Gellert Grindelwald. Ele sabia que ele estava por ali, apenas não sabia dizer onde exatamente. E, aqueles ataques que todos diziam ser de um animal, eram estranhos demais. O tal animal já havia matado diversas pessoas, o que estava ajudando e muito na exposição toda dos bruxos e bruxas de Nova York, por isso estavam todos reunidos ali.
Era um caos sem fim, um tumulto que estava servindo para deixar bruxos e bruxas uns contra os outros e os expor aos trouxas. Aquilo era mesmo a cara de Grindelwald, mas a Madame Picquery se negava a crer naquilo, ao invés disso, ela dizia ser um animal o problema deles.
Dorian se perguntava como ela podia ser tão obtusa.
Primeiro, ela havia sido orgulhosa demais para deixar com que Dorian e companhia entrassem no país para expandir o caso de Gellert Grindelwald até ali, fazendo da vida de Dorian uma complicação. E agora, ela se recusava a ver o que estava bem debaixo do próprio nariz pomposo.
Dorian estava prestes a murmurar mais um de seus devaneios irritados, quando, de repente, surpreendendo a todos ali dentro, uma bruxa de repente adentra a câmara, chamando a atenção.
— Senhora presidente, lamento muito interromper, mas o problema é crítico... — ela murmura apressada e quando olha para frente, se surpreende com o que vê.
Ecoa um silêncio, ela parecia não saber o que estava acontecendo ali e onde havia se metido. Ela para, derrapando no meio do piso de mármore, com uma maleta em mãos, e então finalmente parece perceber exatamente onde entrou.
— É melhor que tenha uma excelente desculpa para esta intromissão, senhorita Goldstein — a presidente Picquery murmurou entre dentes em direção à bruxa.
— Sim, eu tenho — a bruxa respondeu, avançando para se dirigir à ela. — Senhora, ontem um bruxo entrou em Nova York com uma maleta. Esta maleta — falou mostrando a maleta em suas mãos. — Esta maleta está cheia de criaturas mágicas, e infelizmente... algumas escaparam.
Dorian apoiou os cotovelos nos joelhos e olhou para a bruxa no meio da sala com atenção.
— Ele chegou ontem? Há 24 horas você sabe que um bruxo não registrado deixou animais mágicos à solta em Nova York e achou adequado nos contar só depois que um homem morreu? — a presidente voltou a falar, irritação evidente em sua voz.
— Quem morreu? — a bruxa perguntou alarmada.
— Onde está esse homem? — Madame Picquery perguntou, ignorando a bruxa.
A bruxa no meio do salão então coloca a maleta deitada no chão e bate na tampa. Depois de um ou dois segundos, ela se abre para revelar uma pessoa inusitada.
Newt Scamander e mais um homem se colocam para fora da maleta, eles parecem tímidos e nervosos.
— Aquele não é Newt Scamander? — o ministro britânico indagou baixo logo ao lado, ao qual Dorian apenas continuou a prestar atenção no desenrolar da cena logo à frente, sua cabeça começando a maquinar o que possivelmente poderia estar acontecendo ali.
Com falta de resposta para sua dúvida, o ministro se levanta de seu lugar.
— Scamander? — ele perguntou em voz alta dessa vez.
— Ah... hmm... olá, ministro — Newt Scamander respondeu, fechando a maleta e parecendo não saber direito onde estava.
— Teseu Scamander? O herói de guerra? — Momolu Wotorson perguntou surpreso, olhando para o ministro e então para Dorian.
— Não, este é o irmão mais novo dele — Dorian respondeu, voltando a se encostar em seu assento e agora, com os olhos atentos de Newt Scamander nele. — E o que, em nome de Merlim, você veio fazer em Nova York, senhor Scamander?
— Senhor Lance — Scamander falou em forma de cumprimento. — Vim comprar um Pufoso de Appaloosa, senhor.
Dorian soltou uma pequena risada nasalada, se divertindo com a resposta de Newt Scamander.
— Sei — Momolu voltou a dizer, desconfiado. — O que realmente veio fazer aqui?
Scamander abriu a boca para responder a Wotorson, mas madame Picquery o impediu.
— Goldstein... e quem é este? — perguntou, apontando para o homem ao lado de Newt Scamander.
— Este é Jacob Kowalski, senhora presidente, ele é um Não-Maj que foi mordido por uma das criaturas do senhor Scamander — a bruxa Goldstein respondeu imediatamente, o que fez todos arfarem ao redor.
Houve então uma reação furiosa dos funcionários e dignitários ao redor do salão. "Não-Maj?", "Obliviado?", todos eles sussurravam entre si.
— Sabe dizer qual criatura causou isso, senhor Scamander? — Dorian perguntou de seu lugar, apontando para o holograma na sala, fazendo Madame Picquery o olhar nada feliz de onde estava.
— Qual de suas criaturas causou isso, foi o que ele quis dizer — ela falou, deixando de olhar para Dorian para olhar novamente para Newt Scamander no meio da sala.
— Pelas barbas de Merlim! — Scamander exclamou, absorto na imagem do corpo do Senador Shaw. — Nenhuma criatura fez isto... não finjam! Vocês devem saber o que foi, vejam as marcas... — ele para por um momento, ainda absorto na imagem. — Isto foi um Obscurus.
Há então consternação em massa ao redor da sala, resmungos, exclamações. Dorian franze a testa, levando uma de suas mãos até lá e então, se pondo a prestar atenção novamente na imagem.
Não haviam sinais de Obscuriais há muito tempo. Dorian nunca havia lidado ele mesmo com um, mas já leu e escutou histórias sobre.
Um Obscurial continha um poder enorme dentro de si, normalmente era descontrolado, mas inegavelmente poderoso. Se havia mesmo um Obscurial na América, então com certeza absoluta Gellert Grindelwald tentaria pôr suas mãos em tal coisa poderosa.
Dorian observou o corpo e depois se voltou para Scamander, por um momento esquecendo onde estava, mas então, logo foi lembrado quando a voz de Madame Picquery se fez presente no aposento...
— Esta indo longe demais, senhor Scamander. Não existe nenhum Obscurial na América — ela respondeu prontamente, completamente segura de si. — Aprenda esta maleta, Graves!
Dorian observou Percival Graves invocar a maleta, a fazendo deslizar no chão de mármore e ir até ele, indo parar em suas mãos nuas.
— Não... me devolva essa...! — ele escutou Scamander gritar, mas estava novamente muito perdido em seus próprios pensamentos.
— Um Obscurus — Dorian murmurou consigo mesmo, criando cenários e personagens em sua cabeça, tudo começando a fazer sentido de uma maneira que somente ele entendia.
— Não faça nada, Lance — o ministro logo ao lado alertou. — Não faça nada.
Dorian piscou os olhos e encarou o ministro.
— É tudo bastante estranho, mas não acho que o garoto esteja errado.
— Nova York não é problema nosso — o ministro voltou a dizer, se pondo de pé e caminhando para longe.
Dorian então percebeu que Newt Scamander e os demais não estavam mais no centro da sala, provavelmente já haviam sido levados presos. Ele então também se colocou de pé, mas segurou um dos aurores que os acompanhava pela lapela, o fazendo parar em sua caminhada e o olhar surpreso.
— Descubra o que eles pretendem fazer com aqueles três — ele disse para o auror britânico como ele, um pouco mais velho, quase da mesma idade. Eles provavelmente já trabalharam juntos quando Dorian foi Chefe dos Aurores em seu passado. — Se a sentença dada for a morte, me avise imediatamente.
— Mas senhor Lance, o ministro, ele... — o homem parou de repente quando percebeu o olhar de Dorian para ele. Lance não estava pedindo, ele estava mandando. — Sim, senhor Lance, senhor. Irei fazer o possível.
— Ótimo. Estarei aguardando — Dorian respondeu, soltando o casaco do auror e se pondo a arrumar seu terno de três peças, fazendo os mesmos passos que o ministro havia feito para fora da sala.
No meio do caminho, ele percebeu Madame Picquery o observando do outro lado da sala, atenta a cada um de seus passos. Dorian deu as costas e foi embora, ele tinha coisas mais sérias a resolver e, como ele já sabia, Madame Picquery era um caso perdido. E não adiantava tentar trabalhar num caso perdido, a não ser que ele quisesse perder seu precioso tempo, o que não era o caso.
Metrô de Nova York, mais tarde.
No metrô de Nova York, as coisas saíram um pouco de controle, Dorian tinha que admitir. Depois de salvar Scamander e companhia de uma morte terrível, ele teve a certeza de que o verdadeiro problema no Ministério da Magia de Nova York, era Percival Graves. O que explicava muitas coisas, afinal, o bruxo costumava ser o braço direito da presidente Picquery, então sabia de muitas coisas que os demais não sabiam.
Era o disfarce perfeito. O esconderijo perfeito... ou quase perfeito.
— Imbecis. Têm ideia do que fizeram? — Graves fervilhava enquanto os outros o olhavam com interesse.
Ele estava irritado com a morte do Obscurial. Irritado que seu plano não havia dado certo.
Madame Picquery surge de trás dos aurores americanos, seu tom é implacável e ao mesmo tempo questionador.
— O Obscurial foi morto por ordens minhas, senhor Graves.
— Sim. E a história certamente vai registrar isto, senhora presidente — Graves respondeu com ardor, ódio pingando em cada palavra.
Dorian deu um passo à frente, alguns aurores britânicos logo atrás.
— Se ainda não notou, senhora presidente — ele começou a dizer, ironia pingando quando a chamava de presidente. — Este não é Percival Graves.
O homem que vestia o rosto de Graves se virou na direção de Dorian Lance, o lançando um olhar perigoso.
— Você... — ele murmurou sem tirar os olhos de Dorian. — Confesso que te subestimei, Dorian Lance.
— Eu falei que mais cedo ou mais tarde te pegaria — ele respondeu com o mesmo sorriso. — Costumo ser um homem que cumpre com suas palavras.
— Mas o que está acontecendo aqui... — Madame Picquery indagou, olhando sem entender para Dorian e então para Percival.
— O que fizeram aqui esta noite foi um erro! — Graves voltou a dizer, tirando seus olhos de Dorian e os voltando para a presidente Picquery e seus homens.
— Ele foi responsável pela morte de um Não-Maj — ela se explicou, como se ainda acreditasse que ali em frente quem estava era Percival Graves. — Colocou nossa comunidade em risco de ser revelada. Ele infringiu uma de nossas leis mais sagradas.
Graves de repente soltou uma risada alta, cheia de amargor.
— Uma lei que tem nos obrigado a fugir como ratos no esgoto! Uma lei que exige que ocultemos nossa verdadeira natureza! Uma lei que ordena aqueles sob seu domínio a se encolherem de medo para não correr o risco da descoberta! Eu lhe pergunto, senhora presidente... — ele murmurou, os olhos faiscando em cada pessoa presente ali — ... pergunto a todos vocês. A quem esta lei protege? A nós? — perguntou, gesticulando para cima, para os Não-Maj logo acima deles. — Ou a eles? Recuso-me a me curvar a isto por mais tempo.
Percival Graves começa a se afastar, dando as costas. Dorian olha de relance para a presidente Picquery, esperando que ela faça algo, para então ele ir em frente e agir, porém, ela parece sem reação.
— Já chega — e dito isto, Dorian é o primeiro a ir em frente e lançar uma maldição na direção de Percival Graves, que se vira, desviando, e sem nenhuma preocupação se protege e a lança outra.
Os dois lançam uma maldição atrás da outra, mas sem conseguirem de fato se acertarem. Os dois homens se defendiam bem, nenhuma maldição conseguia acertar seus alvos.
Os aurores ingleses, vendo Dorian em batalha, logo se juntaram a ele também.
— Aurores, gostaria que aliviassem o senhor Graves de sua varinha e o escoltassem de volta ao... — a palavra Ministério morreu na boca da presidente Picquery quando ela percebeu que Dorian não estava ali para escoltar o bruxo de volta para lugar nenhum, não da maneira com a qual os dois duelavam ali.
Mas os aurores americanos não precisavam de mais para entender o que deveriam fazer ali, então, se juntaram aos aurores ingleses e todos eles começaram a atacar Percival Graves.
O rosto de Graves estava encharcado do mais puro escárnio, desprezo e irritação.
Dorian Lance era um pedra enorme em seu sapato, ele precisava remover essa pedra o mais rápido possível.
Percival se aproximou perigosamente de Dorian, mas antes que conseguisse lançar a maldição, sentiu-se ser atingido por algo. Ele olha surpreso, pensando ter sido um feitiço, mas então, vê um enorme animal voando em sua direção.
Dorian aproveita a distração dele e então, lança um feitiço que corta o ar, traçando um cordão crepitante de luz que se enrola em volta de Graves, o apertando tão forte que o faz perder o ar por alguns segundos e inconscientemente, soltar sua varinha no chão.
Ele luta contra o cordão, mas vacila e cai de joelhos no chão. Graves abre as mãos, tentando fazer com que sua varinha volte para ele, mas antes que consiga, ela voa para longe.
— Accio! — ele olha para cima e vê Tina Goldstein com sua varinha agora nas mãos dela.
Graves olha para ela e então para Newt Scamander, um ódio profundo em seus olhos.
— Tsc! Tsc! Olhe só para você — ele ouviu de repente e, olhando para frente, vê Dorian Lance se aproximar, posicionando a própria varinha contra o pescoço dele. — Revelio.
E então acontece, Graves se transforma bem aos pés de Dorian Lance. Não é mais moreno, é louro e tem os olhos azuis gelados. É o homem dos cartazes espalhados pelo mundo todo.
Um murmúrio se espalha por entre todos ali presentes: Grindelwald.
— Acha que você consegue deter a mim? — ele pergunta com desprezo na direção de Dorian, ainda sentindo a varinha do mesmo quase perfurar sua garganta.
— Não só acho como sei que posso — Dorian respondeu entre dentes. — Não sou eu quem está de joelhos aqui.
Os olhos de Grindelwald olhavam atentamente para Dorian, fervendo em raiva e ódio puro. Sua expressão de repulsa vai transformando-se em um leve sorriso de escárnio. Ele então é forçado a se colocar de pé por dois aurores americanos, ficando assim cara a cara com Dorian.
— Nós ainda nos veremos — ele murmurou antes de ser arrastado em direção às escadas que levavam a saída do metrô.
Dorian encarava a própria varinha enquanto Grindelwald era arrastado para longe. Ele pensava em Jasper. Ele pensava que por um segundo, ali, ele realmente pensou em matar Gellert Grindelwald.
Uma comoção nas escadas o fez voltar a mirar Grindelwald e os aurores, ele parecia querer se virar e voltar escada abaixo e, percebendo os olhos de Dorian novamente nos dele, ele voltou a sorrir.
— Morreremos só um pouco, Dorian Lance? — E então, Dorian o perdeu de vista, pois Grindelwald finalmente foi levado para longe.
Lance guardou a varinha em um dos bolsos internos de seu sobretudo e então, arrumou seus cabelos desgrenhados por conta do duelo. Ele estava ofegante, e nem ao menos havia reparado nisso. Dorian levou a mão direita em direção à esquerda e procurou pelo anel em seu dedo anelar, mas olhou para sua mão esquerda e então se lembrou que não tinha mais nada ali, estava vazio.
Dorian então levou uma das mãos até sua testa, limpando algumas gotas de suor. Ele precisava descansar.
— Senhor Lance — ele olhou surpreso para o lado e para a voz que se fez presente de repente. Ele havia se esquecido que não estava sozinho, havia se esquecido que ainda estava nas ruínas de um metro em Nova York. — O senhor está bem? — Dorian percebeu que quem falava com ele era um dos aurores que o acompanharam até ali.
Lance apenas concordou com a cabeça e então se virou na direção de Madame Picquery e os demais.
— Nós lhe devemos um pedido de desculpas, senhor Scamander — ela disse enquanto olhava em direção do teto quebrado, admirando o mundo lá fora com preocupação. — Mas a comunidade bruxa está exposta, não podemos obliviar uma cidade inteira — ela murmurou e parecia mais conversar consigo mesma do que com os demais ali.
A presidente Picquery olhou com pesar na direção de Dorian Lance, quando o viu se aproximar.
— Pela primeira vez concordamos em algo — ele diz em direção a presidente Picquery.
Lá fora haviam centenas de trouxas assistindo ao que acontecia no metrô nova iorquino, todos assustados e revoltados com a presença de bruxos e bruxas, das quais eles julgavam serem malignos.
— Na verdade, creio que podemos — Newt Scamander disse de repente.
E sem dizer mais nada, ele então caminha até ficar debaixo do imenso buraco no teto do metrô e coloca sua maleta ali, a abrindo e de súbito, num piscar de olhos, há uma explosão de agitação de penas e rajadas de vento.
O grupo de aurores recua para dar espaço a criatura.
A criatura é linda, hipnótica, mas parece assustada quando bate as asas poderosas e paira acima deles.
— O que é? — Dorian pergunta deslumbrado.
— É um Pássaro-trovão — Jacob Kowalski, que Dorian lembra ser o Trouxa de mais cedo, o responde e ele sorri em resposta.
— É uma bela criatura.
Newt dá um passo à frente — ele examina a criatura com uma expressão de verdadeira ternura e orgulho.
— Eu pretendia esperar até chegarmos ao Arizona, mas parece que agora você é nossa única esperança, Frank — ele dizia, conversando com o enorme pássaro.
Há então uma pausa, um olhar entre eles — uma compreensão — e então, Newt estende o braço e Frank pressiona o bico carinhosamente no que parece ser um abraço.
— Vou sentir sua falta também — Scamander então recua, pegando um frasco de seu casaco. — Você sabe o que fazer.
Newt Scamander joga o frasco bem alto, o pássaro, Frank, solta um grito agudo, pegando-o no bico e de imediato voando para fora do metrô.
O pássaro voa para o céu e então uma chuva imediatamente começa a cair e a lavar a cidade de Nova York.
— Eles não vão se lembrar de nada. Esse veneno tem propriedades obliviativas incrivelmente poderosas — Scamander explicava, enquanto isso, ao fundo, Aurores se moviam, reparando com suas varinhas os arredores.
— Temos uma grande dívida com o senhor, senhor Scamander — Madame Picquery respondeu parecendo verdadeiramente agradecida. — Agora... tire esta maleta de Nova York.
— Sim, senhora presidente — ele responde rapidamente, agarrando sua maleta.
Madame Picquery se afasta um pouco, seu grupo de aurores caminha com ela, porém, de súbito, ela para e volta.
— Aquele Não-Maj ainda está aqui? — ela pergunta, apontando para Kowalski. Uma bruxa loura se coloca em frente a ele, o protegendo. — Obliviem. Não pode haver exceções.
Dorian dá um passo adiante, se colocando entre o grupo e madame Picquery.
— Eu tenho certeza, senhora presidente, que todos aqui conhecem a lei. Mas acho que eles merecem ter um tempo para se despedir, não é? — ele pergunta baixo, em direção à Picquery. — Você deve isso a eles — depois de quase matá-los, Dorian quis acrescentar, mas se manteve quieto.
Uma pausa. Ela parece ficar constrangida diante da aflição do grupo, ela também sabia que havia errado ali.
— Vou deixar que vocês se despeçam — ela diz e então, se vira e sai.
— Obrigado, senhor Lance — Scamander diz de repente, fazendo Dorian se virar e voltar a olhar para o grupo.
— Não precisam me agradecer. Se eu pudesse fazer algo a mais faria, mas a regra é clara — ele fala, lançando um olhar pesaroso na direção do trouxa. — Infelizmente os nova iorquinos tem um pensamento forte pelos Não-Maj, como eles chamam.
— Já fez o bastante nos salvando da morte, senhor Lance — a bruxa de mais cedo, da qual ele descobriu ser Tina Goldstein, falou de repente. — Obrigada.
Dorian respondeu com um acenar de cabeça, ele estava prestes a sair e deixar com que eles se despedicem, quando voltou a olhar para Newt.
— Se não se importa, senhor Scamander. O senhor poderia me dizer o por que de realmente estar em Nova York?
Newt arregalou os olhos com a súbita pergunta. Ele pensou em mentir de novo, mas olhando para o senhor Lance, ele parecia ser alguém confiável, que havia os salvado da morte e que ele, Newt, sempre escutava seu irmão, Teseu, falar com admiração e respeito.
— Estava planejando soltar Frank nos desertos do Arizona, que é onde ele realmente pertence — revelou, apontando para cima, onde o pássaro enorme de mais cedo estava. — Uma fonte confiável me disse que esse era o certo a se fazer.
As palavras de Newt fizeram um sorriso genuíno surgir nos lábios de Dorian Lance.
— Pelo visto ser um herói está no sangue da família Scamander — ele disse e Newt sorriu em resposta. — Foi um prazer, senhor Scamander. Espero que possamos nos rever novamente no futuro — Dorian murmurou enquanto se virava e deixava-os a sós.
Indo em direção às escadas principais do metrô, ele percebeu que madame Picquery estava ali parada, o observando. Parecendo esperar por ele.
— Madame Picquery — ele disse em cumprimento. — Se a conheço bem o bastante, parece querer trocar uma palavra ou outra comigo.
A presidente Picquery soltou um suspiro e, com um manejo de mão, dispensou os Aurores que a seguiam.
— Também lhe devo um pedido de desculpas, senhor Lance — ela disse de repente, ganhando uma sobrancelha erguida em surpresa, de Dorian. — Não deveria ter recusado seu pedido para estender suas investigações à Nova York.
Dorian passou uma mão sobre os cabelos e então em seguida, enfiou as mãos nos bolsos de suas calças.
— Por mais difícil que seja, eu compreendo. Se a senhora tivesse acatado, haveria um grande problema e comoção em Nova York — ele falou e olhou ao redor, para o metrô que agora encontrava-se totalmente arrumado. — Talvez as coisas fossem piores.
No fundo, não havia nem um pouco de verdade nas palavras de Dorian, mas Madame Picquery pareceu não reparar nisso.
— Ou melhores. Todos elogiam sua lealdade e comprometimento com o trabalho. O Ministro confia plenamente no senhor. Eu não deveria ter desconfiado — Madame Picquery ergueu uma das mãos em direção a Dorian. — Nova York tem uma grande dívida com o senhor, senhor Lance.
Dorian aceitou a mão que lhe foi oferecida, apertando a mão de Madame Picquery na sua.
— Muito obrigado, senhora presidente.
Mais tarde, ele sabia que Madame Picquery muito provavelmente fosse se arrepender de suas palavras direcionadas a ele, afinal, ele nunca deixaria que ela mantivesse Gellert Grindelwald em solo americano. Não, ele faria de tudo que fosse possível para o manter sob seu supervisionamento.
Dorian Lance não descansaria enquanto não jogasse Gellert Grindelwald em Azkaban para apodrecer até o último de seus dias em vida.
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