Quando Taylor caiu, ela quebrou. Porque não importa o que fizesse, nada parecia ser suficiente. Tudo nela era falso, ou assim diziam. Então ela deu um passo para trás, se protegeu e, fechando os olhos, sonhou com bons tempos que não voltariam mais. Sonhou com a verdade vencendo as mentiras dos últimos meses, e sonhou com um amor que fosse realmente alguma coisa, não apenas a ideia de algo.

Quando ela finalmente se levantou, se levantou lentamente. Evitando assombrações antigas. Quando ela se levantou, de pé, havia um amor que era realmente algo, não apenas a ideia de algo.

Então ela simplesmente desapareceu... e na morte da própria imagem, ela se sentiu verdadeiramente viva.

Olhando fotos antigas de Jamie, naquele quartinho no último andar da casa dos pais da garota, ela encontrou os desenhos que a mais nova fazia quando criança. Ao ouvir as histórias que Deborah tinha para contar sobre a filha, ela riu tanto que sentiu boas lágrimas nos olhos. Riu de todos os cortes de cabelo ruins na adolescência de Jamie, fases pelas quais ela passou e momentos românticos nada desejáveis, que tinha tido tentando realmente impressionar suas paixões do colégio.

Ela era só ela antes de se conhecerem, e Taylor adorava saber de tudo. Abaixando as fotos, a americana olhou para a namorada, valorizando a pessoa que ela era, as coisas de que se orgulhava e até as coisas de que se arrependia.

Elas trocaram uma conversa silenciosa, apenas olhando uma para a outra, e de mãos dadas desceram os degraus que as levavam para a sala da bela casa em Dulwich.

No sul de Londres, a vila arborizada era um dos bairros mais bonitos da cidade, ao sul do Tâmisa. Deborah e David haviam se mudado para aquela casa independente de dois andares alguns anos atrás, e era difícil não gostar da mudança. Parecia ter sido uma escolha sábia, apesar de todas as lembranças da velha casa.

Com uma famosa galeria de fotos, uma rua cheia de cafés e placas de rua de madeira branca com dedos apontando direções, havia muito o que amar naquela área. Adicionando tudo isso a um parque com um lago, muitas portas coloridas e ruas arborizadas, Dulwich realmente parecia uma verdadeira joia.

Taylor quase comentou que gostaria de morar lá para sempre. Mas ela não ia mentir, estando na casa alugada em Hampstead Heath, dificilmente trocaria aquele espaço por qualquer outro. Ela achava o bairro lindo e era onde estava passando os dias. Enquanto isso, o apartamento de Jamie estava praticamente vazio. De qualquer forma, parecia muito grande para uma só pessoa, e Jamie não queria ficar sozinha, então ela estava morando com Taylor, e já começando a pensar em colocar o apartamento de Primrose Hill no mercado para procurar um espaço menor em Crouch End, que parecia ótimo para ela ficar quando estivesse na cidade.

Antes que Jamie e Taylor pudessem sair, Deborah, que havia preparado Steak and Ale Pie - uma torta feita com um delicioso recheio de carne e stout - as chamou para almoçar. David ainda estava trabalhando, e Jamie fez companhia a sua mãe até que seu pai chegasse em casa por volta das três da tarde.

Entrando no carro de Jamie, após se despedir de Deborah e David, Taylor comentou com a namorada que elas deveriam sair à noite, fazer alguma coisa pela cidade e apenas aproveitar o tempo. Jamie então prometeu que fariam algo, e naquela noite as duas partiram para um restaurante no Soho, após assistirem "Wild Honey" no Hampstead Theatre.

No dia seguinte, tentando não ser tão óbvia, Jamie agendou um dia diferente para aproveitar com Taylor. Claro, a Abadia de Westminster e o chá da tarde em um dos cafés perto de casa pareciam opções adoráveis, mas elas queriam ficar longe da multidão, e Jamie deixou isso claro. Então ela se esqueceu completamente da rota turística e levou Taylor pelos lugares onde esteve a vida inteira.

Houve um tempo em que o público conhecia todos os detalhes dos muitos relacionamentos na lista de Taylor, mas esses dias tinha ficado para trás. Ela teve uma série de romances de alto perfil antes de conhecer Jamie - o mais longo foi com Adam, de pouco mais de um ano, e isso todos sabiam. Muito pela forma como tinha acabado.

No relacionamento com Harry, que durou apenas um mês, eles foram fotografados juntos várias vezes. Eles foram fotografados se beijando na Times Square na véspera de Ano Novo, no passeio que fizeram pelo Central Park, nos bastidores do Jingle Ball e até mesmo em sua viagem a Utah. Com Tom, não houve um único momento que eles passaram longe das câmeras. Em passeios em Roma, na Austrália e no quatro de julho em Rhode Island.

Mas desde que tinha conhecido a atriz britânica, o relacionamento delas tinha sido muito mais privado do que todos os outros. Claro, porque ninguém sabia da bissexualidade de Taylor - e para revelar algo assim, em plena carreira, ela precisaria de muito mais do que vontade de se assumir, ela precisaria conversar com absolutamente todas as pessoas por trás do nome e da marca que tinha criado na indústria - Mas também porque Taylor abandonou, pelo menos por um tempo, a vida agitada de NYC e LA, pelo discreto estilo britânico.

Os mundos de Taylor e Jamie não poderiam ser mais diferentes do que eram. A americana tinha uma fortuna estimada em duzentos e oitenta e dois milhões de dólares e era a orgulhosa proprietária de várias mansões de luxo nos Estados Unidos, além de dois jatos particulares, enquanto Jamie era uma atriz promissora que morava em um belo apartamento em Primrose Hill. O Audi que ela dirigia era talvez a coisa mais cara que possuía, depois de seu apartamento, e esse era o tipo de coisa com a qual ela realmente não se importava.

Enquanto o namorado anterior de Taylor, Tom, a levou para a Itália para um feriado muito público, Jamie não perdeu tempo em apresentar Taylor a um estilo de vida mais "normal" no Reino Unido. Elas tinham encontros secretos em parques locais, na casa dos pais de Jamie, em restaurantes simples e bares não tão movimentados.

Na verdade, um dos primeiros encontros da dupla em Londres foi no Pizza Express em Hampstead, seguido pelo Spaniards Inn. Em total contraste com toda a exposição durante o namoro com Tom, Taylor usava um disfarce quando saiu pela primeira vez com Jamie em Londres. Ela usava uma peruca morena e tinha dois seguranças à paisana sentados à mesa ao lado do casal, só para garantir.

Ela também começou a dirigir pelas ruas de Londres, sem ser reconhecida, em um Toyota alugado, para não chamar atenção - e dirigir era algo que ela não fazia há muito tempo, com aquela sensação de fazer as coisas por si mesma, quase como se vivesse uma vida completamente normal. Explorando a Inglaterra, ela dirigiu com Jamie até a orla marítima de Brighton, um passeio agradável apenas com as duas.

Taylor se tornou uma pessoa caseira quando toda a situação de Kanye e Kim estourou, mas mesmo nos últimos meses ela teve seus momentos, saindo para lugares quentes e sendo fotografada com amigos famosos. Em Londres, ela simplesmente se acostumou com tudo, com a normalidade, e não poderia ter gostado mais. Cozinhando com Jamie na casa que alugaram, prepararam os tradicionais jantares de domingo para os pais da mais nova e até convidaram seus irmãos e as namoradas deles.

A americana começou a gostar de passear pelo Camden Market à tarde, e adorava quando Jamie a levava para Highgate. E agora ela podia dizer com certeza que havia trocado café por chá, especialmente chá da tarde, e os dias quentes da Califórnia por passeios chuvosos de carro. Ela definitivamente gostava das noites em Brixton e Shoreditch à tarde, porque era tudo tão normal que era quase inebriante para Taylor saborear o anonimato novamente.

Ela sabia o que era ser famosa desde os 16 anos, fazia muito tempo que aquele sentimento a dominava. Sendo uma adolescente, Taylor realmente não tinha dado muita importância a isso, mas em seus vinte e tantos anos, ela entendeu o quão bom e importante era aquele sentimento.

Nos últimos dias, ela tinha definitivamente tomado decisões que fizeram sua vida parecer mais com a vida real e menos com uma trama para ser comentada nos tabloides. Fosse decidir onde morar, com quem sair, quando não tirar foto – a ideia de privacidade parecia tão estranha para tentar explicar para alguém que não a vivenciava, que era difícil colocá-la em palavras. No final, tudo era apenas Taylor tentando encontrar alguma normalidade, e ela estava fazendo um bom trabalho.

Ao acordar, numa quarta-feira cinzenta, Taylor notou que Jamie não estava mais na cama. Quando ela desceu, depois de se arrumar de jeans e uma camisa de mangas compridas extremamente básica, encontrou-a fazendo o chá preto de todas as manhãs, que ela terminava com leite e adoçava um pouco, do jeito que gostava. Claro, a xícara de Taylor estava posta, ao lado dos bolinhos de canela que haviam feito no dia anterior.

Taylor pegou sua xícara e, deixando um beijo carinhoso na bochecha da mais nova, sentou-se à sua frente no balcão da cozinha, que sorriu levemente ao encará-la, com os cabelos claros soltos e os óculos de grau no rosto.

Era uma visão linda de se ver, e Jamie estava bem ciente disso.

— O que é isso? — Taylor não pôde deixar de perguntar, com um sorriso sereno nos lábios, e o olhar da garota sobre ela.

— Nada... — Jamie balançou a cabeça — Eu só gosto do seu sorriso — ela foi honesta —E na maioria das vezes eu pareço uma criança quando nossos olhos se encontram, mas você realmente mexe comigo.

— Babe... — o sorriso de Taylor inevitavelmente cresceu — Eu te amo.

—Eu também te amo, hun — Jamie respondeu — Hm, um amigo acabou de me mandar uma mensagem. Meus amigos da faculdade estão se reunindo para ver um jogo de rugby em um pub em Camden Town, eu não quis dizer que vou, porque eu não sei o que você quer fazer hoje, mas-

— Podemos ir — Taylor interrompeu a mais nova, sabendo muito bem que ela iria se esticar apenas para chegar onde queria. Mas a resposta parecia simples.

— Nós podemos? — Jamie ficou surpresa.

— Acho que é minha hora de conhecer seus amigos. Não posso fugir disso para sempre.

— Eles são legais — Jamie assegurou — E totalmente normais. Quer dizer, eles provavelmente te conhecem, mas não vai ser nada estranho sabe!?

— Aham — Taylor assentiu.

— Vou avisar que vamos — Jamie comentou, e não demorou muito para pegar o celular e mandar uma mensagem no mesmo grupo de sempre, "Frosty Crew".

Durante a noite, Jamie se colocou em uma figura casual para sair com Taylor. De jeans preto e uma camisa azul que combinava com uma jaqueta preta, ela calçou botas de salto alto e pendurou uma bolsa de couro marrom no ombro. Taylor optou por um blazer pied-de-poule sobre uma roupa toda preta.

Jamie comentou que iria dirigir naquela noite, então ela abandonou o carro alugado de Taylor e usou o seu próprio. Ela abriu a porta para a mais velha e deu a volta quando viu que ela estava acomodada, entrando pelo lado direito.

A viagem de Hampstead até Camden High Street não levou mais do que quinze minutos, e quando Jamie estacionou o carro próximo ao pub, ela pôde ver Dane na frente do lugar, encostado na parede ao lado do pub, pé direito para cima e apoiado para atrás, fumando.

Ele se livrou do cigarro assim que viu Jamie se aproximar, e esfregou a camisa como se tentasse consertar algo que estava fora do lugar.

Jamie o cumprimentou e o apresentou a Taylor. Ela quase podia ver seu amigo ficando sem coisas para dizer quando entendeu quem era a garota, mas Dane conseguiu esconder bem, e logo conduziu as garotas para dentro do bar até a mesa onde o restante do grupo havia decidido se sentar. .

— Você costumava ser mais pontual — Booker brincou quando Jamie se aproximou, então ele se levantou para cumprimentá-la, e quando desviou o olhar para a pessoa ao lado dela, ele sentiu suas palavras sumindo por um momento — O que- — ele tentou.

— Oh, por favor, não torne isso estranho — Jamie brincou.

— Claro que não, nunca — Booker se corrigiu e estendeu a mão para cumprimentar Taylor — Não é todo dia que Taylor Swift aparece por aqui.

— Quando você comentou que sua namorada estava se juntando a nós para assistir ao jogo, acho que ninguém esperava isso — Arden foi honesta — Mas ei, boa surpresa! — ela brincou.

— Talvez eu tenha deixado esse detalhe de fora — Jamie comentou, o que não deixou de provocar algumas risadas. Mas, equilibrando a situação, ela apresentou Taylor para todos, na medida certa, e viu como a mais velha parecia realmente leve, causando uma boa impressão logo de cara.

— Ei, vamos. Sente-se — Mason disse após os devidos cumprimentos, levantando-se e sentando-se ao lado de sua irmã, para dar espaço para Jamie e Taylor se sentarem uma ao lado da outra.

— Vocês já pediram alguma coisa? — Jamie perguntou, puxando uma cadeira para Taylor sentar. Então ela se acomodou ao lado de sua namorada, e como algo já no fundo de sua mente, uniu sua mão com a dela.

— Algumas cervejas — Ed respondeu — Vocês gostariam do mesmo?

— Eu não estou bebendo hoje — ela respondeu, então desviou o olhar para Taylor — Cerveja ou outra coisa?

— O que você estão bebendo exatamente? — Taylor perguntou, apontando para os copos meio cheios.

— Guinness —Birdie respondeu.

— Cerveja então — Taylor respondeu, e não demorou muito para que Jamie pedisse outra rodada para seus amigos, com a adição de Taylor, e apenas água tônica para si.

O jogo na televisão parecia que ia começar, e todos ali estariam mentindo se dissessem que estavam focados na partida. Como em outras ocasiões, a televisão serviu apenas de pano de fundo à conversa que se seguiu, bem como à tagarelice dos outros clientes do pub, que pareciam alheios à presença da cantora americana no local naquela noite.

O tempo foi divertido, isso Jamie notou, e até Taylor concordou. Os amigos da mais nova eram engraçados e, com aquela aguda e típica ironia britânica, deixavam tudo leve. Quando finalmente se despediram do grupo de amigos, já passava das nove da noite. Taylor certamente estava cansada e cinco copos de cerveja mais alta.

Todos trocaram abraços entre si, e antes de cada um seguir seu caminho, combinaram de se reencontrar e repetir aquela noite. De volta ao carro, Jamie abriu a porta para Taylor e a ajudou a se sentar, então tomou seu lugar e foi para casa.

Tirar a garota meio adormecida do carro certamente deu algum trabalho, mas finalmente Jamie conseguiu e a guiou até o sofá. Quando ela se sentou ao lado dela, Taylor abriu os olhos, como se realmente estivesse prestando atenção em tudo, mas não estava. No entanto, foi uma boa tentativa.

— Estou acordada — ela sussurrou.

— Eu não tenho tanta certeza — Jamie comentou — E a última vez que você disse algo assim, estando bêbada, você acabou me beijando, e então não falou comigo por quase um mês.

— Ahhh — ela revirou os olhos — Eu estava uma bagunça. Não vale a pena lembrar — Taylor tirou a mão de Jamie do sofá e entrelaçou a dela — Acho que não deveria ter bebido tanto porque agora estou bêbada.

— Bem, isso é o que geralmente acontece quando você bebe demais.

— Eu sei, eu sei — ela suspirou levemente — Podemos arrastar esse sofá?

— Por que faríamos isso? —Jamie perguntou, tentando entender onde aquilo estava indo.

— Acho que quero dançar um pouco, não sei, talvez eu devesse ter alugado um lugar maior. Essa sala parece pequena — ela divagou — Cadê meu celular?

— No bolso do casaco.

— Hmm — Taylor colocou a mão no bolso direito, e não demorou muito para retirar o dispositivo. Ela apertou os olhos, desconfortável com o brilho, então mexeu em alguma coisa, e não muito tempo depois, "Lemonworld" do The National tomou conta da sala, emergindo do pequeno dispositivo nas mãos da garota — So happy I was invited. Give me a reason to get out of the city. See you inside watching swarms on TV. Livin' and dyin' in New York, it means nothing to me — Taylor cantarolou, desviou o olhar para Jamie, deixou o telefone de lado e continuou — Podemos dançar essa?

— Essa não é um pouco para baixo demais? — Jamie perguntou honestamente.

— O quê? — Taylor olhou para ela, quase incrédula — Não, não. Lemonworld é um lugar inventado, claro, mas é sexy e estranho. Put flowers in my mouth and we can say that we invented a summer lovin' torture party — ela cantarolou novamente — O que é incrível! Isso é sexy, estranho e divertido. É um mundo divertido sobre o qual o Matt canta — Taylor levantou-se, estendendo a mão para a mais nova, de alguma forma conseguindo se manter em pé.

Jamie segurou a mão de Taylor e sentiu seu toque gentil em sua cintura, então se viu dançando Lemonworld no meio da sala mal iluminada, ainda escura, com apenas a luz de fora dando o tom para toda a cena.

— Você sabe que não vai se lembrar disso pela manhã, certo? — Jamie perguntou.

— Ah, eu vou lembrar — Taylor respondeu — É difícil esquecer os momentos com você — ela deixou claro, porque mesmo estando com alguns drinks e um pouco fora de si, ela ainda tinha o pensamento muito claro — Hm... Jamie? — Taylor chamou a mais nova, sem espaço para o silêncio.

— Eu — Jamie respondeu. As mãos tocando carinhosamente a pele da mais velha, passando cuidadosamente pela bainha da blusa que ela usava, até chegar em suas costas.

— Eu te amo — ela sussurrou, como um segredo.

— Eu também te amo.

— Eu provavelmente vou te amar para sempre — continuou Taylor.

— Eu posso dizer a mesma coisa — Jamie sussurrou de volta.

— Obrigada — Taylor deixou escapar.

— Pelo quê?

— Por me amar de volta.