but you stuck yourself in a world that doesn't care for you
Taylor sabia que essa não era a maneira certa de lidar com as coisas. Copo após copo, sentindo-se cada vez mais alta, ela ainda tinha o mesmo pensamento no fundo de sua mente de que havia feito algo errado.
Mas não havia como voltar atrás, ela pensou.
Porque ela não queria ser um problema para Jamie, e sabia que eventualmente seria. Olhando de uma perspectiva desapegada, longe de tudo e longe do conforto que Londres lhe trazia, ela notou como tinha tido mais dias bons do que ruins nas semanas que passou se escondendo do mundo. Desde que conhecera Jamie, tudo parecia menos complicado, pelo menos foi o que ela sentiu. E não apenas por Jamie, mas por si mesma, que com ela se sentia em constante estado de leveza.
Sua vida estava tão bagunçada do ponto de vista do público que tudo o que ela precisou fazer foi sair do ambiente seguro que tinha criado com Jamie para que tudo aquilo desmoronasse, e se mostrasse a bagunça que realmente era.
Então, em um clube aleatório de Los Angeles, em sua própria companhia, sob o olhar atento de Noel e outros dois seguranças, ela desistiu - ou tentou - de tudo que tinha com Jamie. Porque tudo tinha sido tão bom que quando ela teve um gostinho da realidade, se viu assustada.
Naquela noite, ela reservou uma vaga no 1 OAK, um clube em West Hollywood. Ela entrou sem ser vista e ali, bebendo sozinha, não pôde deixar de pensar em como a imagem era patética.
Pensando em Jamie, ela se perguntou em quanto tempo a mais nova estaria envolvida em outros relacionamentos. Elas tinham acabado, era tão claro. Jamie precisaria seguir com a própria vida.
E isso é horrível, pensou Taylor.
Mas por mais que isso a incomodasse, não havia nada que ela pudesse fazer a respeito, não quando ela visse a mais nova com outras pessoas apaixonadas por ela. O mero pensamento era tão insuportável que Taylor sentiu tudo o que havia ingerido voltando. Em outra cena patética, ela não pôde deixar de pensar, Taylor vomitou no estacionamento do clube, longe da multidão e das câmeras, mas à vista de sua segurança, e como um anúncio terrível, Lemonworld, a mesma música que ela tinha dançado com Jamie na sala da casa que dividiam em Londres, tocava dentro do clube, e ela não podia fazer nada a não ser implorar para voltar para casa.
— Eu quero ir para casa — Taylor disse, e não pôde se conter, então continuou — Mas não é isso, eu não quero ir para casa daqui, eu quero pegar um avião e voltar para casa, eu quero ir de volta para Jamie.
— Você terminou com ela, Taylor — Noel encostou a mais nova em seu ombro. Ele não tinha visto o momento, mas Taylor havia comentado sobre o que tinha acontecido, e sua condição era tão ruim que mesmo que ela não tivesse comentado, ele saberia que algo estava errado, porque Taylor estava no seu melhor nas últimas semanas, tão bem que apenas algo como aquilo poderia a deixar tão mal.
— E isso foi tão estúpido, mas tão certo, porque não posso deixá-la afundar na minha vida — ela murmurou, a caminho do carro. Noel a colocou no banco de trás, e sentou ao lado dela, enquanto o motorista e os outros dois seguranças seguiam nos bancos da frente — Ela deve me odiar.
— Ela com certeza não te odeia — Noel assegurou — E você sabe que pode consertar as coisas, certo?
— Desde quando você dá conselhos?
— Desde que você terminou a melhor coisa que aconteceu com você em anos, por medo — comentou Noel. Ele estava perto de Taylor tempo suficiente para estar ciente daquilo. Ele praticamente a viu crescer, dos 16 aos 27 anos, era muito o que ele tinha visto.
— Não foi por medo — rebateu Taylor.
— Não? — ele olhou para ela e arqueou as sobrancelhas.
— Foi por amor — ela disse, em um sussurro. Sua voz era tão baixa que se não estivesse no bando ao lado, Noel provavelmente não teria ouvido — Eu não posso ser egoísta sobre isso. Eu a amo e sei como estar comigo a destruiria lentamente. Eventualmente ela iria embora, todos eles vão — ela deu de ombros.
— Bem... — ele elaborou sobre o que diria, suspirando levemente — Isso foi muito altruísta da sua parte. Quero dizer, pensando nela e tudo — o homem mais velho assumiu — Mas às vezes precisamos ser um pouco egoístas, Taylor. E Jamie é uma garota adulta, e acho que ela sabe decidir sozinha o que é melhor para ela ou não — comentou Noel, mas não recebeu nada de volta — Não cabe a você decidir isso pelas duas.
De volta a Londres, quando Jamie recebeu a ligação de Taylor, e a repentina resolução de que ela estava pensando em terminar as coisas, ela estaria mentindo se dissesse que previu tudo o que tinha acontecido naquele espaço de tempo. Ela tinha imaginado cenários ruins, com Taylor voltando para Los Angeles e a pressão em torno da própria carreira voltando a incomodar, mas nem mesmo nesses pensamentos ela tinha imaginado um tão ruim quanto o que realmente aconteceu.
Elas concordaram em se encontrar em algumas semanas. Taylor faria o que fosse necessário, teria suas reuniões para discutir o possível novo álbum, compareceria a tudo o que já havia agendado e depois voltaria para Londres, voltaria a vida a que se acostumara nas últimas semanas. Mas é claro que isso não aconteceria de novo, e Jamie mal podia esperar para que a mais velha a escutasse, e entendesse o que havia feito.
Taylor também era um pouco orgulhosa, mesmo que entendesse a confusão em que se meteu, acabando com tudo, ela não voltaria, e Jamie sabia disso. Assim, ela não pensou duas vezes ao comprar uma passagem com rota direta para Los Angeles, e quase doze horas depois lá estava ela, desembarcando no LAX, pegando um táxi e seguindo pela cidade a caminho da casa da ex-namorada, ou namorada. Mesmo aquilo parecia confuso.
Ela ainda carregava uma chave reserva para a casa de Beverly Hills, e isso foi algo que pensou imediatamente, profundamente grata por ter guardado aquela chave quando Taylor comentou que parecia certo, que ela deveria ficar com ela.
Jamie chegou no final da noite e não encontrou nada além do pessoal de segurança de Taylor e o silêncio absoluto. Um dos seguranças comentou que ela havia saído, mal havia parado em casa, mas que estava com Noel e outros três integrantes da equipe. Então Jamie achou que deveria esperar porque em algum momento ela iria vê-la. Se não naquela noite, talvez no dia seguinte.
O relógio marcava duas da manhã quando Taylor chegou em casa. Abrindo a porta para ela, Noel a acompanhou até a sala e, com as luzes apagadas, nenhum dos dois notou a figura esparramada no sofá. O barulho da porta chamou a atenção e, encostada no sofá, Jamie se levantou.
Foi Noel quem a viu primeiro, e Taylor, que não estava já mais tão alta quanto estava quando saiu do clube, olhou para a figura de sua ex-namorada. Com os olhos indicando claramente que ela havia adormecido ali mesmo enquanto esperava por ela.
— Ah, hm... — Noel limpou a garganta, chamando a atenção e quebrando o clima estranho e todos aqueles olhares trocados — Vou deixar vocês duas conversarem.
— Noel- — Taylor tentou, mas antes que pudesse completar qualquer frase, o mais velho já as havia deixado. Sem muita escolha, ela acabou encarando Jamie — O que você está fazendo aqui?
— Eu não sei — Jamie deu de ombros — Você terminou comigo sem espaço para discussão e eu poderia deixar para lá se não me importasse tanto com o que temos — disse a mais nova, e não conseguiu ajudar a si mesma, porque acabou parecendo mais chateada do que deveria demonstrar.
— Eu fiz isso por você.
—Você precisa parar de jogar coisas como 'eu fiz isso por você' na mesa quando é óbvio que você fez isso porque está com medo.
— Eu não estou com medo — Taylor repreendeu, mas dentro de sua própria mente ela se corrigiu. Ela estava apavorada — E eu realmente não sei o que você pensou que conseguiria vindo até aqui. Acabou, Jamie — ela disse com firmeza e virou as costas, subindo as escadas para o andar superior.
Jamie a seguiu, acelerando o passo.
— Precisamos conversar, Taylor. Isso é o que eu pensei que conseguiria ao vir aqui. Uma conversa.
— Não temos nada para conversar — Taylor se voltou para o corredor, e três ou quatro passos à frente, entrou no quarto e fechou a porta, tentando ser rápida, antes que Jamie pudesse impedi-la.
Mas Jamie manteve a mão na porta e conseguiu segurá-la.
— Isso é tão maduro da sua parte que é até difícil entender que estamos nessa situação — Jamie deixou escapar, sendo totalmente ácida.
— Por que você está brigando comigo? — Taylor perguntou.
— Eu não estou brigando com você — Jamie respondeu.
— Sim, você está — a mais velha sentiu sua voz falhar — Como se eu realmente tivesse feito a pior coisa do mundo. Eu te fiz um favor — ela apontou.
— Bem, eu não preciso de um favor desses, Taylor — Jamie tentou fazê-la entender.
O aperto na porta acabou forçando ainda mais. Taylor tentou fechá-la, e Jamie acabou segurando-a e impedindo-a de fazer isso, novamente, mas no empurrão Taylor acabou forçando demais, e perdendo a superfície da maçaneta. Sentindo-a escorregar pela própria mão, com a abertura da porta voltada para fora, a americana acabou ouvindo o impacto da porta no rosto de Jamie, que a puxou com tudo, sem perceber como Taylor a soltara.
— Merda! — reclamou a mais nova, largando a maçaneta e levando as duas mãos ao rosto, mais especificamente ao nariz. A dor parecia maior do que qualquer coisa que ela já havia sentido e, ainda por cima, ela logo viu o líquido vermelho escorrendo pelo filtro dos lábios e pingando no chão.
Taylor correu para ver o que exatamente havia acontecido. Ela tentou se aproximar, e Jamie acabou se afastando, não por causa de Taylor ou pelo briga que estavam tendo, mas porque estava doendo muito, e ela não via como Taylor poderia ajudá-la. A mais velha não pôde deixar de sentir um aperto estranho no próprio peito, mas deixando isso de lado tentou se aproximar novamente, e tirou as mãos de Jamie do ferimento, só para ver melhor.
— Isso realmente dói — Jamie praticamente choramingou, esquecendo completamente que apenas alguns minutos atrás ela e Taylor estavam no meio do que parecia muito com uma discussão.
— Eu não vou mentir e dizer que isso parece bom — Taylor comentou, e Jamie assentiu, só então percebendo como a mais velha tinha algumas lágrimas em seus olhos.
— Porque você esta chorando? — ela perguntou, em um tom baixo, quase sussurrado.
— Porque você se machucou — Taylor respondeu.
— Mas eu estou bem — ela tentou tranquilizar a mais nova.
— Você acabou de dizer que isso está doendo.
— Sim, mas... eu estou bem — ela assegurou.
— Precisamos ir a emergência — disse Taylor.
— Vou pedir para que um dos garotos me leve — Jamie comentou, se referindo a um dos motoristas de Taylor.
— Eu vou junto.
— Taylor-
— Eu vou junto, Jamie — Taylor enfatizou, e sem espaço para discussão Jamie apenas assentiu.
Então, naquela madrugada, as duas foram parar na emergência de um hospital enquanto um médico receitava a Jamie os cuidados que ela teria de ter com aquele machucado no nariz. Felizmente ela não precisaria de uma intervenção mais dura ou algo assim, apenas cuidados simples e tudo ficaria, o médico garantiu. Em seguida, deixou claro que ela precisaria colocar uma compressa fria no nariz por cerca de 10 minutos, para diminuir a dor e o inchaço nos próximos dias, e tomar corretamente os anti-inflamatórios prescritos por ele.
— Você não deveria ter vindo — Jamie comentou enquanto subia no banco de trás do carro que Noel estava dirigindo. Ele havia as acompanhado, mas somente ele, pois Jamie não queria um grande alvoroço sobre aquilo, e mesmo que a contragosto, Taylor aceitou aqueles termos — Porque você é você. Com certeza algo será falado sobre isso logo pela manhã.
— Duvido que isso aconteça — Taylor comentou — O médico parecia muito legal e não fez tantas perguntas, embora tenha me reconhecido.
— Por que você está tão calma sobre tudo isso? — Jamie observou — Uma hora atrás estávamos brigando exatamente por isso, por atenção e por como sua vida é extremamente pública, e agora aqui estamos, as pessoas te reconheceram lá e-
— E por enquanto isso não é tão importante quanto você e o fato de que você se machucou — lembrou Taylor.
Nesse momento Noel já havia ligado o carro, e voltava tranquilo para casa. Taylor desviou o olhar de Jamie para a janela, para a vista que tinha da cidade.
— Vou ficar pelo menos duas semanas assim — Jamie revirou os olhos, e sentiu a dor no nariz tomar conta de seu rosto — Que porra é essa... — ela murmurou.
— Me desculpe — Taylor implorou, porque ela sentiu que deveria fazer aquilo. Tinha sido totalmente descuidada, e tudo fora totalmente não intencional, mas era difícil não sentir que ela era culpada.
— Não foi sua culpa.
— Eu soltei a porta e-
— Não foi sua culpa, Taylor — Jamie apontou, e deixou o espaço cair em um silêncio, que ao contrário de outras vezes parecia mais desconfortável do que nunca.
Mas nenhuma das duas ousou quebrá-lo e continuaram assim até a casa de Taylor. Querendo dizer muito, mas com cada uma ficando em seu próprio espaço.
Ao entrarem pela porta da sala, passaram pelo corredor inicial e seguiram pela extensão da sala principal até a cozinha. Lá, Taylor ajudou Jamie a colocar gelo no ferimento, para tentar conter um pouco a dor, e sentou-se de frente para ela, com a bancada as separando.
Taylor apoiou os cotovelos no balcão e o rosto nas mãos, então suspirou cansada, sem saber o que dizer, ou mesmo se deveria dizer alguma coisa.
Finalmente, ela pediu, em voz baixa:
— Desculpa.
— Eu já disse que não foi sua culpa — Jamie a lembrou, mais uma vez.
— Não sobre isso — Taylor esclareceu — Desculpe porque eu estraguei tudo entre a gente. Eu sinto muito.
— Eu sei que você sente.
— E eu preciso parar de fazer isso.
— Sair assim e me ignorar quando chega a hora de enfrentar certas situações? — Jamie perguntou, lembrando-se de como passou um mês no escuro depois do primeiro beijo entre elas. Ela tirou a pequena compressa do contato com seu nariz e colocou-o no balcão para que pudesse encarar a mais velha.
— Não é certo.
— Não, não é — Jamie concordou.
— E eu vou entender se você não me quiser de volta — Taylor disse — Provavelmente há pessoas muito melhores do que eu por aí.
— É... Bem, infelizmente para essas pessoas, é você quem eu amo — Jamie brincou, do jeito dela, leve mas séria.
— Eu também te amo — Taylor respondeu — Acho que é simples assim, certo?
— É simples se quisermos que seja. Então, é importante entender... Onde estamos em tudo isso, Taylor? Porque eu quero você não importa o quê, mas é muito difícil entender onde estamos quando você faz esse tipo de coisa e então... Eu- — Jamie fez uma pausa, pensando no que dizer, mas finalmente continuou — Você não torna te amar a coisa mais fácil do mundo. Pelo contrário, às vezes é muito difícil.
— Porque eu sou uma bagunça — reconheceu Taylor, e riu sem muito humor.
— Não vou mentir, você é, mas ainda é a bagunça que eu quero — Jamie disse — Eu só preciso que você me prometa que mesmo quando situações como essa nos atingirem, e eu sei que irão, nós vamos voltar para resolvê-las.
— Eu prometo — Taylor disse, segura de suas próprias palavras — Eu não vou fugir de novo.
— Nós sabemos que você vai — Jamie foi honesta — Você vai, eu irei te buscar e nos encontraremos. Você encontrará o caminho de volta para mim certo!? Sempre... — Jamie quase sussurrou o última parte querendo nada mais do que uma confirmação daquilo que tinha dito.
E num tom tão baixo quanto o dela, conseguiu ouvir Taylor confirmando tudo o que ela precisava, pelo menos naquele momento.
— Sempre.
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