às duas da manhã, o meu coração fez meu copo ficar vazio
— O julgamento de agressão sexual de Taylor Swift será realizado no Tribunal Distrital dos Estados Unidos pelo Distrito do Colorado. O julgamento envolve David Mueller, um ex-DJ, processando a cantora e compositora Taylor Swift por difamação, o que supostamente o levou a ser demitido injustamente após um incidente de meet-and-greet em 2013 — Jamie ouviu atentamente a voz de Robin Roberts, uma das apresentadoras do Good Morning America. Em um quarto de hotel em Denver, ela baixou o volume da televisão, sabendo que a menor menção do que estava para acontecer atingiria Taylor com força. No banheiro do quarto, a americana ouviu a notícia de qualquer maneira, mas parecia difícil processar que ela estava prestes a passar por um momento como aqueles — Swift então processou Mueller por agressão sexual, buscando um valor simbólico de $ 1 em danos. O julgamento começa hoje, 7 de agosto, com Mueller e Swift comparecendo ao tribunal — Jamie suspirou levemente, observando o segmento continuar no GMA, e então, fazendo uma pausa, ela simplesmente desligou a televisão e colocou o controle remoto de lado, na cama.
O julgamento recebeu atenção significativa da mídia devido ao status de Taylor. Os noticiários e a mídia vinham relatando diariamente os detalhes do caso e a reação do público, e com o julgamento batendo à porta, tudo ficou ainda mais falado, o que deu a situação um gosto ainda mais amargo. Claro, Taylor queria que as pessoas entendessem o problema e entendessem por que ela o perseguia a fim de uma resolução. Ela queria ser ouvida e queria que outras pessoas passando por situações semelhantes encontrassem nela uma visão positiva de como dar um passo à frente e buscar ajuda.
Pensando nisso, ela havia deixado claro que faria o que fosse preciso, o que fosse necessário, mas não imaginava o quanto isso atrapalharia a estabilidade com a qual trabalhara durante todos aqueles meses. O processo em si era algo que levava muito tempo, e Taylor lembrava bem de todas as etapas.
Em 2 de junho de 2013, durante sua terceira turnê, ela participou de um pré-show organizado pela rádio KYGO antes de um de seus shows no Pepsi Center em Denver, Colorado. Inúmeros fãs e funcionários da emissora marcaram presença no evento, onde lá foram convidados a conhecer a americana antes de tirar fotos com ela. No evento, Taylor posou para uma foto com David Mueller, funcionário da rádio na época, e sua então namorada Shannon Melcher, também funcionária da emissora. Durante a fotografia, David enfiou a mão por baixo da saia dela, agarrando-a, e logo após o incidente, assim que David saiu da sala com a namorada, Taylor contou a Andrea o que havia acontecido. Seu gerente de turnê obviamente ficou sabendo disso, o fotógrafo presente na época também, assim como membros de sua equipe de segurança.
Após a denúncia, a equipe de segurança de Taylor perseguiu David nos bastidores, o que resultou em sua escolta para fora do show. O incidente também foi relatado à rádio KYGO e David foi demitido logo depois que eles conduziram sua própria investigação sobre o incidente.
Por um tempo, ficou como um incidente terrível que aconteceu, mas foi esquecido, com a resolução de que David pagou pelo que fez, em outras meios, sendo demitido. Mas em setembro de 2015, David processou Taylor por difamação, alegando que nunca a tocou. Ele alegou que, como resultado das falsas alegações, ele perdeu o emprego injustamente, sua imagem pública foi manchada e ele foi banido sem razão de qualquer um dos shows futuros de Taylor.
Como se isso não bastasse, David buscou $ 3 milhões em renda perdida, afirmando que estava ganhando aproximadamente $ 150.000 por ano na KYGO. Em seu processo, ele reconheceu que Taylor esteve em tal situação, mas culpou o funcionário da KYGO, Eddie Haskell, alegando que foi um caso de identidade trocada, que Taylor e sua equipe confundiram.
No mês seguinte, Taylor entrou com um processo de agressão sexual. No processo, ela expressou que estava totalmente ciente de quem a havia agredido, nomeando David como o indivíduo que a apalpou de forma deliberada, inadequada e sem sua permissão. Em seu processo, Taylor exigiu um julgamento com júri e expressou que doaria todo o dinheiro que ganhasse com o julgamento para organizações de caridade que protegem as mulheres de agressão sexual e outros atos violentos.
No início de 2016, Taylor deu sua declaração. Na época, ela havia pedido que a foto dela e de David, em 2013, não fosse disponibilizada ao público, com a juíza lacrando os documentos, mas a imagem acabou vazando alguns dias depois, pelo TMZ - que pareceu especialmente ansioso para revelar todos os segredos de Taylor no mundo, quaisquer que fossem. Em seu depoimento, Taylor detalhou sua recontagem do evento, alegando que David havia intencionalmente levantado a mão sobre o vestido dela e a apalpado. Ela lembrava que tinha entendido que a situação não tinha sido um acidente quando tentou se afastar e a mão de David ainda estava lá.
Como parte das coisas nos Estados Unidos, alguns processos realmente tomavam tempo, e por dois anos aquilo tinha se inclinado, até que finalmente o momento chegou. Então, o julgamento começou na segunda semana de agosto, com David, Taylor e suas respectivas equipes jurídicas presentes. Neste dia, os jurados em potencial foram questionados sobre sua objetividade em relação ao caso. Os candidatos foram questionados se eram fãs da música de Taylor ou se tinham acompanhado o trabalho de David. As perguntas sobre Taylor foram diretas, se os candidatos ouviram sua música, assistiram a seus programas, assistiram a seus vídeos e compraram qualquer coisa relacionada a sua imagem. De sessenta pessoas, um total de oito jurados foram escolhidos, seis mulheres e dois homens.
No dia seguinte, os advogados fizeram suas declarações iniciais. Douglas Baldridge, o advogado de Taylor, afirmou que ela estava tomando uma posição por todas as mulheres, e descreveu o incidente como uma agressão no local de trabalho. Babe McFarland, o advogado de David, alegou que seu cliente não tocou em Taylor de forma como a declarada e que o incidente custou a David sua carreira. Após as declarações iniciais, David deu seu testemunho, afirmando que sua mão entrou em contato com uma parte do corpo dela que parecia ser sua cintura, mas que nada tinha acontecido além disso.
Andrea também depôs, detalhando sua lembrança do incidente. Ela descreveu como ficou enojada depois de saber o que sua filha havia experimentado e observou que quando viu a foto, viu imediatamente como Taylor parecia desconfortável.
No dia seguinte, foi a vez de Taylor depor; e Andrea não pôde estar presente no tribunal durante seu depoimento. Ela testemunhou por quase uma hora descrevendo como tinha ficado ansiosa e sem reação, e falou sobre sua resposta monótona a David e sua namorada após a foto.
Pelos dias restantes, muitas outras testemunhas foram colocadas a frente. Stephanie Simbeck, a fotógrafa de Taylor, foi ao estande para contar o que viu ao tirar a foto. No dia seguinte, Greg Dent, ex-guarda-costas de Taylor, também testemunhou. Isso foi seguido pela ex-namorada de David, Shannon, que disse não ter observado a colocação das mãos do homem na cantora, e descreveu a foto como acelerada, ao ponto que ela mal tinha prestado atenção no espaço. Ryan Kliesch, co-apresentador do programa que David tinha na KYGO, testemunhou dizendo que inicialmente pensou que a coisa toda era uma piada porque não sabia que seu colega de trabalho era desrespeitoso com as mulheres.
Durante o julgamento, os funcionários do Craftsy, um site de artesanato e design com sede em Denver localizado em frente aos tribunais, procuraram colocar post-its nas janelas de seus escritórios. As notas continham as letras e os nomes das músicas da discografia de Taylor, incluindo "Fearless", "Clean" e "Shake It Off" como sinais de encorajamento e apoio à americana durante suas aparições no tribunal. Na maioria dos dias, Jamie acompanhou Taylor, tentando não ser vista, para não fazer daquilo um espetáculo obrigatório. Ela queria demonstrar apoio, e queria que Taylor sentisse isso.
No último dia, o juíz então rejeitou o caso de $ 3 milhões de David contra Taylor, citando a razão como insuficientes de que Taylor tinha sido responsável diretamente por sua demissão. Como conclusão, ambas as equipes jurídicas deram suas declarações finais antes do júri deliberar por horas. Por fim, o júri decidiu que David havia agredido sexualmente Taylor no meet-and-greet de 2013, admitindo-lhe o que ela tinha pedido inicialmente, US$ 1.
Taylor se sentiu realmente aliviada quando tudo acabou, mas por um tempo parecia em um estado catártico, como se precisasse de algum tempo para processar tudo. Ela então saiu de Denver e voou para Tampa Bay, para mais um show da Reputation Stadium Tour, porque sua agenda não tinha descanso, e ela tinha esse compromisso marcado.
Como uma boa surpresa, os fãs na plateia seguraram notas de $ 1 em sua homenagem, como um símbolo de apoio a ela e uma referência a sua exigência atendida. Taylor fez um discurso sobre as vítimas de agressão sexual antes de continuar com o set list da turnê, interpretando uma mistura de "New Year's Day" e "Long Live", com uma adição de "Clean".
No discurso, ela fez questão de declarar que no dia anterior não estava cantando em um estádio lotado em Tampa, mas estava em um tribunal em Denver, Colorado. E aquele tinha sido o dia em que o júri se posicionou a seu favor e disse que acreditavam nela. Ela continuou a falar sobre acreditar nas vítimas, dizendo que sentia muito por qualquer pessoa que tivesse passado por uma situação próxima e sido desacreditada, e sentia muito por quem tinha passado por aquilo e não falava por medo de não ser acreditada. Ela encerrou seu discurso agradecendo com respeito aqueles que a apoiaram no que foi uma parte realmente horrível de sua vida, e contemplando onde sua vida teria terminado se as pessoas não acreditassem nela.
Naquela noite, ela saiu do palco para os braços de Jamie, e foi em seu avião, em direção a Nova York, que terminou o dia, enquanto despejava o choro que tinha segurado por todas aquelas horas.
Com uma boa resolução, e com um peso tirado de si, Taylor passou uma semana focada em decidir junto de Tree as instituições que receberiam sua ajuda, como parte do que ela tinha decidido quando deu sua palavra de que levaria toda aquela história com David até o final. Por fim, escolheu a RAINN, uma organização não governamental estadunidense que trabalhava contra o abuso sexual; e a Joyful Heart Foundation, para sobreviventes de agressão sexual. Por questões que diziam respeito apenas a ela, Taylor pediu que aquilo não fosse comentado, porque ela não parecia estar buscando por uma promoção ou qualquer coisa do tipo, mas a página oficial da RAINN no twitter a agradeceu, e a Joyful, fundada por Mariska Hargitay , uma figura que significa muito para Taylor - e mais que isso, uma figura amiga - acabou fazendo o mesmo.
No sábado seguinte a tudo isso, tendo um respiro dos dias pesados, Taylor ficou ao lado de sua amiga de longa data, Abigail, em Martha's Vineyard, Massachusetts, enquanto ela se casava com o fotógrafo Matt Lucier na Old Whaling Church em Edgartown. Jamie não pôde acompanhar, com os ensaios de Summer and Smoke, em Londres, mas Taylor não deixou de ter um bom tempo. Era a segunda vez que era a madrinha de casamento de alguém, e aquilo não falhou em a deixar animada.
Abigail usava um vestido deslumbrante rosa claro e branco enquanto Taylor usava um vestido cor de vinho, como as outras madrinhas. Ela combinava a cor com seu batom, e mantinha os cabelos soltos, mas bagunçados, no estilo que tinha se acostumado a usar por todo aquele ano.
Um grupo de crianças e adultos se encontraram do lado de fora da igreja, na esperança de dar uma olhada em Taylor, conseguindo fotos ou mesmo um autógrafo, mas nada disso foi possível. Taylor ajudou Abigail com a cauda de seu vestido quando elas se prepararam para entrar na igreja, e a equipe de segurança da cantora pediu à multidão que tinha ido a ver para não se aproximar. Sua equipe de segurança estava em peso no local, porque diferente das saídas a restaurantes, idas a passeios e coisas do tipo, aquilo era um evento maior, mais significativo, era um momento especial para Abigail, e Taylor não queria ser a responsável por fazer daquilo uma bagunça, ainda que tivesse atraído fãs, observadores e paparazzis.
A cerimônia, mesmo com o tumulto do lado de fora, terminou sendo linda, e a recepção foi ainda mais bonita, sem a crescente que Taylor tinha atraído, por conta do espaço afastado. Infelizmente, Taylor precisou deixar a celebração um pouco mais cedo, e aquela noite mesmo ela pegou seu jato em direção a Londres, mas seu destino final não foi a cidade chuvosa, e sim a cidade situada em um labirinto de pequenos e grandes canais registrado pela laguna no nordeste da Itália.
Veneza.
— Ele é tão sereno — Taylor aceitou, encarando Leo que repousava nos braços de Jamie, enquanto juntas caminhavam pelo corredor do Excelsior Hotel, em Veneza.
— Dormindo — Jamie murmurou, no tom calmo mas pingando ironia de sempre. Leo tinha estado acordado por toda a viagem, quando embarcaram no jato de Taylor, e não parou por um segundo. Como uma criança de um ano, ele parecia mesmo ter muita energia, mas a partir do momento em que apagou parecia difícil qualquer coisa o acordar.
Jamie tinha desembarcado em Veneza para o Festival de Cinema, onde A Favorita teria sua estreia. Taylor tinha uma agenda livre, e prometeu que a acompanharia. Aproveitando o tempo, as duas, que tinham prometido passar um tempo com o pequeno Leo - o que normalmente fazima sempre que estendiam os dias em Londres - não queriam postergar aquilo, então, com a permissão de Birdie e Kyle, embarcaram na viagem que tomaria dois dias. A exibição do filme aconteceria na noite seguinte, cinco de setembro, e já pela manhã do dia seis Jamie e Taylor voltariam para casa, porque Taylor precisaria seguir para os Estados Unidos, dando continuidade a sua turnê, com um show marcado em Kansas City.
Inevitavelmente, Jamie voltaria para Londres com Leo, mas retornaria sozinha para Veneza no dia dez, quando a bancada do júri do Festival de Veneza bateria o martelo e anunciaria os vencedores da edição. Jamie estava cotada para o prêmio Marcello Mastroianni, que reconhecia os atores em ascensão, mas sendo honesta consigo mesma, ela não achava que levaria prêmio algum, ainda sim tinha combinado com Lizzie que marcaria presença para a celebração, tendo também a after party da Cartier, onde teria o elenco do filme como companhia.
Como uma escolha acidental, Lizzie reservou uma suíte no Excelsior, um dos hotéis de luxo mais emblemáticos de Veneza. Localizado na praia do Lido, ficava a cerca de 20 minutos de barco dos principais pontos turísticos.
Os quartos eram espaçosos e com um estilo retrô, em um toque dos anos 1960, canalizando tanto a arquitetura em estilo mourisco quanto a vibração vintage de uma Miami Beach de tempos passados. Mais alguns rostos famosos estavam ali, especialmente pela razão do Festival de Cinema de Veneza.
Lizzie, junto de um assistente e dois dos seguranças de Taylor acompanharam Jamie e a americana até o quarto, mas se despediram logo em seguida, comentando que se veriam em algumas horas. Com uma exibição de The Favorite para a crítica ainda naquela tarde, uma conferência de imprensa faria parte logo em seguida. Nesse tempo, Taylor permaneceria no Hotel, e pela noite elas ainda não sabiam para onde iriam. Jamie tinha sido chamada para um jantar reservado com o elenco de seu filme, mas ela queria mesmo um tempo mais calmo com Taylor e Leo, então parecia uma boa ideia terminarem a noite em algum restaurante mais calmo, e depois talvez andassem por alguns pontos da cidade.
Com o horário da conferência se aproximando, Jamie conseguiu ajuda para se arrumar, com uma equipe de cinco pessoas. Ela manteve a maquiagem básica para o dia, os cabelos soltos, e como escolha de roupa optou por um terno Marc Jacobs azul claro, com lapela de cetim, e uma camisa branca de algodão. Com o relógio que havia ganhado de Taylor no ano anterior, e mais alguns acessórios, de pulseiras a colares, o visual parecia confortável o bastante para as entrevistas que teria pelo dia.
Ela se despediu de Taylor, e deixou o Hotel com Lizzie, onde pegou um barco a motor com Harris, com quem se encontrou na saída do Excelsior, e juntos seguiram em direção ao Palazzo del Cinema di Venezia.
Harris tinha se mantido em peças sóbrias para o dia. Ele vestia uma camisa polo ampla feita em mescla de seda e algodão, uma calça de alfaiataria, com apliques laterais em lã angorá. O conceito formal parecia atualizado com influências do streetwear, um conceito não convencional de alfaiataria, que a Stylist de Harris mesclou a uma bota Chelsea em couro escovado, caracterizado pela sola grossa e robusta, com um design minimalista e com um charme modernista.
Por conta do sol forte, Harris e Jamie desceram do barco no deck com óculos de sol no rosto, enquanto o garoto tinha optado por um modelo clássico, de lentes grandes e cor preta, Jamie fez uso de um óculos com estilo contemporâneo, da Prada. A armação com formato panthos era formada por uma ponte em metal refinada e rebites na parte da frente que adicionavam um toque casual e elegante, combinando com o terno azul, especialmente pela combinação de cores com a armação transparente e as lentes turquesa. Os óculos serviram para diminuir também o incômodo causado por alguns flashes de câmeras quando eles entraram no Zorzi, a sala de cinema com 48 lugares reservados para parte do elenco e para a imprensa.
Jamie se encontrou com Yorgos, Olivia e Nicholas já dentro da sala de exibição, e foi realmente encantador os ver. Nicholas se emocionou para um abraço e perguntou como tinha estado por todos aqueles dias. Olivia fez o mesmo, e elas pararam para comentar como gostariam que Rachel estivesse ali, mas ela tinha acabado de dar à luz, então era clara a ausência. Yorgos parecia leve, e animado. Ele tinha estado realmente feliz com o resultado de seu processo, e instruído com a ideia que tinha atendido com a direção que entregou, e mais do que isso, com a oportunidade de trabalhar com dois novos talentos promissores, comentando sobre Jamie e Harris. Ele ainda teceu elogios a Olivia, e não falhou em elogiar o trabalho de Nicholas.
Com a exibição ocupando o espaço, o filme foi muito bem recebido, e no tempo que o elenco caminhou junto em direção à sala de conferências, para a rodada de perguntas, havia uma animação crescente em todo o espaço. Os jornalistas receberam o elenco e o diretor com uma salva de palmas, que eventualmente foi silenciada quando todos se acomodaram em seus lugares. Da direita para a esquerda, Harris, Jamie, Yorgos, Olivia e Nicholas tomaram seus lugares, e ao lado de Nicholas a mediadora da conferência de imprensa, Giulia D'Agnolo Vallan, se acomodou.
Ela apresentou o elenco, e reconheceu outros colaboradores do filme que estavam presentes na sala, como o designer de som, os produtores, a figurinista e o designer de cenário. Dando início às perguntas, ela começou por um jornalista logo à frente do palco elevado, que direcionou sua questão a Yorgos, e o indagou sobre a história e o roteiro, sobre o que tinha o levado a querer fazer aquele filme. O diretor cuidadosamente tomou seu tempo e respondeu com calma, e logo em seguida, a segunda pergunta da tarde foi direcionada a Jamie.
— Você interpreta essa mulher que é muito observadora, mas que expõe muito pouco, não fala tanto. Suas expressões, o seu rosto, é muito importante no filme. Como você se sente interpretando esse tipo de papel? — uma mulher, que se identificou como sendo de um jornal italiano, perguntou.
— Bem, eu... Eu amei — Jamie respondeu, sorrindo levemente — Muito disso foi apenas... Não sei, acho que não tinha entendido ainda quando começamos a trabalhar nisso o quão importante esse ponto seria, acho que comecei a entender mais pela forma como Yorgos estava filmando, que muito disso seria mais silêncio e observação do que qualquer outra coisa, o que é fantástico. Se eu pudesse fazer um filme e não dizer uma palavra, eu ficaria realmente muito feliz, e eu sei que muitas outras pessoas ficariam muito felizes também — ela brincou, o que rendeu algumas risadas — Mas é, hm, é basicamente isso — ela finalizou , dando a deixa para a continuação da conferência.
Entre duas ou três perguntas para Yorgos, uma para Nicholas e Harris, e duas para Olivia, a mesa girou outra vez para uma questão direcionada a Jamie. Dessa vez, um homem em nome de uma publicação americana levantou a mão, e de terno bem ajeitado e com o cabelo longo até pouco acima dos ombros, ele se apresentou.
— Essa é para Jamie — ele sinalizou — Levando em conta toda a disputa do filme, você relaciona isso a como as coisas em Hollywood são? Deve haver alguma rivalidade, certo?
— Eu não sei se chamaria de rivalidade — Jamie respondeu — Eu diria que existe mais um espírito competitivo, que realmente existe na maioria dos lugares. Mas... Essa é uma pergunta interessante, porque eu realmente não tinha pensado na analogia de ligar isso a indústria do cinema de algum jeito, a associação não tinha mesmo passado pela minha cabeça.
— Eu estou curiosa sobre uma coisa — Giulia disse, aproveitando a deixa e o tempo que se aproximava do fim — O elenco na tela parecia funcionar muito bem. Como vocês criaram isso?
— Não criamos — Olivia respondeu — Mas o roteirista criou.
— Exato — Jamie concordou.
— E fizemos o que Yorgos nos pediu para fazer — a mulher continuou.
— E também, nós tivemos essas três semanas de ensaio antes do início das filmagens, e não foi como um ensaio tradicional. Não foi uma experiência simples e chata... Tony estava lá — Jamie se referiu a um dos roteiristas — Yorgos estava lá, obviamente. Nós ficamos juntos por três semanas e fizemos um monte de coisa completamente maluca, então nós meio que aprendemos a passar por situações vergonhosas em frente um do outro e nos apoiarmos um no outro e acho que no tempo que começamos a filmar já estavámos muito próximos e confortáveis uns com os outros.
— Dando um passo natural — Olivia brincou, rindo de leve.
— Eu poderia ficar ouvindo mais sobre o filme por muito mais tempo, mas preciso encerrar — Giulia disse, com pesar — Muito obrigada por virem até aqui — ela agradeceu, e aproveitando a deixa, a sala lotada de jornalistas logo encontrou seu caminho e começou a dispersar.
Jamie saiu com o elenco pela parte de trás, e enquanto Harris e Nicholas despontaram para um lado, ela, Olivia e Yorgos seguiram para outra direção, para mais uma hora de entrevistas.
Deixando o Palazzo del Cinema, quando o fim da tarde se aproximou, Jamie se despediu dos colegas de elenco e voltou para o Excelsior. Terminando com o dia menos agitado, ela e Taylor foram com o pequeno Leo e mais dois seguranças para um restaurante simples de nome Il Refolo, onde a noite foi calma. A localização era encantadora, numa parte tranquila do canal. A comida que pediram parecia a melhor que já tinham provado, e dois garçons estavam de bom humor, adoráveis para lidar, em espíritos ótimos, ao ponto de terem tirado um tempo para conversar e oferecer dicas da cidade.
No dia seguinte, os preparativos para o tapete vermelho do festival começaram cedo, e perto da hora de se dirigirem até o Palazzo del Cinema, Taylor, Jamie e Leo pareciam já prontos.
Vestindo um deslumbrante vestido preto até o chão com detalhes de cristal, Taylor apresentou um visual clássico e sóbrio, e muito elegante. Acessórios mínimos acrescentaram ao look, com a única coisa chamativa sendo o acréscimo de um par de brincos pretos e prateados deslumbrantes. Seu cabelo solto e maquiagem se manteve contido, em um tom que era simples o suficiente para parecer polido, mas continha vários elementos mais chamativos, como o batom vermelho, já característico.
Leo não se importou em vestir um pequeno terno Gucci Kids, em tom preto, combinando muito com o visual de Taylor. Jamie foi realmente a que pegou uma curva contra a paleta de cores disposta em preto, mas mantendo a sobriedade de cores. Usando um vestido estilo cota de malha 'nu' da grife italiana Philsophy di Lorenzo Serafina, conhecida por seu estilo ousado, mas romântico. O vestido assimétrico em malha de tachas metálicas e cristais trazia fenda ultra alta, e o tecido realçava seu corpo, enquanto o conjunto de lantejoulas também apresentava uma cruz de veludo transparente nas costas.
Taylor, levando Leo nos braços, chegou sem ser vista, mas Jamie precisou passar pela situação costumeira, que era caminhar pelo tapete vermelho. Harris chegou no mesmo momento, então eles aproveitaram o momento para saírem juntos em algumas das fotos, e foram acompanhados por Nicholas e Olivia que chegaram pouco tempo antes dos dois. Eventualmente, quando o tempo de entrada se aproximou, foi Nicholas quem apressou Jamie - que parou por um momento para fotos com fãs e coisas do tipo - e saiu a puxando pela mão. Enquanto Jamie seguia para a segunda exibição do filme no festival, Taylor e Leo permaneceram em outra sala, e elas combinaram de se encontrar apenas após o fim da exibição do filme, quando o momento de seguir para o pequeno jantar realizado pela Armani as alcançasse;
No Palazzo del cinema:, na Sala Grande, The Favorite foi exibida e ganhou aplausos de pé por treze minutos. Parecia muito difícil não se impressionar com a atuação de todos os envolvidos no projeto, mas uma surpresa recaiu muito em Olivia, que entregou tudo o que poderia e mais. A atuação de Jamie foi muito elogiada também, com o toque claro de que mesmo ao lado de duas pessoas com muita experiência ela não falhou em surpreender e se equiparar as duas.
Depois do jantar da Armani no Palazzo Papadopoli, e a noite simples terminada no Excelsior, Jamie e Taylor precisaram voltar para Londres. Enquanto a inglesa permaneceu na cidade, passando para deixar o pequeno Leo com seus pais, Taylor seguiu para os Estados Unidos, realmente agradecida pelos dias leves. Ela admitia, por motivos óbvios, era realmente apegada a Leo, e com ele, ela tinha apenas as boas situações, então era sempre agradável os momentos que ela e Jamie tiravam para passar com o garotinho. Mesmo com a turnê, dificilmente um mês se passou sem que ela visse o afilhado.
Enquanto Taylor mergulhava na continuidade de sua turnê, Jamie acabou evoluindo para Veneza, para o encerramento do festival e para a entrega dos prêmios do júri. Sem surpresa, Olivia levou a Volpi Cupi de Melhor Atriz, o prêmio apresentado pelo Festival de Cinema de Veneza, e entregue pelo júri do festival em homenagem a atriz que teve um desempenho excepcional nos filmes da lista da competição. Yorgos acabou levando O Grande Prêmio do Júri, garantindo ao segundo filme de maior destaque do evento. E como a grande surpresa da noite, O Prêmio Marcello Mastroianni, que reconhecia um ator ou atriz em ascensão, acabou parando nas mãos de Jamie.
Deixando o auditório com o prêmio em mãos, a primeira coisa que Jamie fez foi uma chamada de vídeo com Taylor, realmente animada sobre a situação. A americana, que estava em Nashville, terminou com um sorriso no rosto, e fez questão de deixar claro o quão contente ela estava.
Saindo do Festival de Cinema de Veneza com The Favorite tendo uma boa impressão, alguns dias mais a frente, o filme voltou a fazer barulho em sua estreia no Festival de Cinema de Nova York. Caindo no aniversário de dois anos de Taylor e Jamie, em 28 de setembro, as duas compareceram à estreia, bem como a festa que se seguiu, com parte do elenco e dos colaboradores.
Elas deixaram para comemorar a data no dia seguinte, quando saíram para um jantar calmo no restaurante do Bowery Hotel, e depois, foram vistas deixando o lugar prontas para voltar para o apartamento de Taylor em Nova York. A saída acabou sendo mais tumultuada que o esperado, e Jamie precisou virar todo seu corpo e caminhar para trás para bloquear Taylor dos paparazzi, até que conseguissem chegar no carro que as esperava. Ela, naquele ponto, já estava acostumada com aquilo. Sair sozinha certamente atraí a atenção, mas sair pelos lugares com Taylor não só atraía a atenção, como também uma crescente confusão.
De qualquer modo, aquela situação foi mais uma daquelas que as duas pareciam já cientes que eventualmente aconteceria. No fim de semana, quando mais um concerto de Taylor bateu na porta, o último da parte americana, em Arlington, no AT&T Stadium, Jamie a acompanhou, assim como Andrea e Austin. Deborah, que esteve presente em dois ou três shows por todos aqueles meses também voou para acompanhar a nora, assim como o marido, David, que tinha arranjado um espaço na agenda para fazer aquilo. Kit e Rose também estavam presentes, assim como John e Kate. Scott, o pai de Taylor, foi o último dentre esses a chegar em Arlington, e foi aproveitando a presença dele no backstage do primeiro dos dois concertos em Arlington que Taylor pensou em um assunto que tinha estado em sua cabeça por algum tempo.
Com seus últimos anos repletos de lutas pessoais, incluindo a agressão sexual e a situação que a levou a se esconder, bem como a falta de tato dos veículos de notícias que a jogaram para fora de seu conforto, expondo toda a questão sobre sua sexualidade, Taylor parecia disposta a carregar tudo isso e transformar em sua luta para ser vocal e ativa em um espaço político, particularmente com a eleição de Marsha Blackburn para o Senado no Tennessee, em poucas semanas.
Todo o código moral de Taylor crescendo se baseava na necessidade de ser considerado boa. Fazer a coisa certa, fazer a coisa boa. E, obviamente, ela nunca foi a pessoa perfeita, de forma alguma, mas, no geral, a principal coisa que sempre tentou ser foi uma mulher honesta.
No entanto, esse mesmo código ficou um pouco confuso em algum lugar ao longo da ascensão meteórica dela aos escalões superiores do estrelato. Sentindo-se satisfeita com a aprovação de seus fãs, parecia claro que Taylor se tornou a pessoa que todos desejavam que ela fosse. Uma pessoa que, por muito tempo, evitou qualquer conflito político, levando milhões de fãs a fazerem a mesma pergunta: "por quê ela nunca comenta o assunto?".
Nas eleições presidenciais de 2016, Taylor não endossou nenhum candidato a cargo, e muitos viram isso como o apoio silencioso as figuras públicas das políticas de direita - especialmente criadas no Sul com base em valores mais tradicionais, onde Taylor tinha, justamente, começado sua carreira.
Quando foi questionada na época da campanha de reeleição de Barack Obama contra Mitt Romney a razão pela qual não comentava sobre política, Taylor tinha deixado claro que como uma cantora de 22 anos, ela não sabia se as pessoas realmente gostavam de suas opiniões políticas. Mas o que estava por trás desse comentário era muito mais do que ela em si tinha deixado escapar.
A razão para Taylor ser tão "secreta" quando se tratava de política durante a maior parte de sua carreira era porque parte da estrutura de ser um artista country era o fato de que não é realmente importante despejar sua política às pessoas. Deixar as pessoas viverem suas vidas era o que tinha aprendido assim que colocou os pés naquele meio, e aquilo parecia impregnado na forma como ela montou sua carreira.
Ela se lembrava com clareza das Dixie Chicks, que foram efetivamente massacradas pela crítica que fizeram ao presidente George W. Bush em um show em Londres em 2003. Um "erro" que quase as custou a própria carreira. Taylor sentiu que foi implorada para parecer "legal" e tudo o que isso implicava, porque uma garota legal não seria capaz de impor suas opiniões às pessoas. Uma garota legal sorri, acena e diz 'obrigada'. Uma garota legal não deixa as pessoas desconfortáveis com suas opiniões, e Taylor estava tão obcecada em não se meter em encrenca que arrastou isso por mais de dez anos. Ela estava simplesmente mentalizando que não faria nada que alguém pudesse falar sobre, mas mesmo tentando seu máximo, questões à parte da política a acertaram em cheio, e ela terminou em um lugar muito parecido com aquele no qual as Dixie Chicks terminaram em 2003.
Passando pelo cancelamento em 2016, tudo tinha mudado consideravelmente, inclusive sua percepção das coisas, mas seu pensamento mudou de vez quando dois grandes momentos colidiram na vida em sua vida: primeiro, o julgamento por seu caso de agressão sexual contra o David Mueller, que se estendeu por tanto tempo, de um modo que realmente mudou a maneira como ela via a desigualdade no sistema jurídico dos EUA. E segundo, o relacionamento com Jamie. Como uma pessoa politizada, as ideias de Jamie eram muito mais à esquerda do que tudo que Taylor tinha tido contato no sistema político dos Estados Unidos. O partido democrata era um partido de centro esquerda, e o partido que Jamie apoiava na Inglaterra era o Partido Socialista da Grã-Bretanha, e ela não apenas não se importava em ir a público e tecer seus comentários defendendo suas ideias, como por todos aqueles dois anos tinha mostrado para Taylor uma visão muito mais clara das lutas que eles tinham. Ao ponto que Taylor pensou consigo mesmo, que da próxima vez que existisse uma oportunidade de mudar alguma coisa, ela deveria saber o que estava representando e o que gostaria de dizer, especialmente como parte da comunidade LGBTQIA+, um grupo historicamente marginalizado e excluído da representatividade social.
Então, enquanto a candidata republicana Marsha Blackburn liderava as pesquisas do Tennessee nas eleições de meio de mandato que estavam prestes a acontecer, Taylor sentiu uma grande mudança em si e o pensamento sobre como poderia usar sua voz. Blackburn representava tudo o que Taylor não apoiava: ela se mostrava contra o Violence Against Women Act, ela era uma candidata abertamente anti-LGBTQ, e não apoiava quase nenhuma política que promovesse a igualdade de gênero ou sexo.
Taylor sabia que sua equipe não estava contente. Pelas últimas semanas tudo que tinha falado sobre era a respeito das eleições, porque algo estava totalmente diferente em sua vida, e ela não podia fingir que não estava. Em uma relação com Jamie, parecia muito errado não falar nada sobre política naquela altura. Ninguém realmente entenderia de onde ela estava vindo, porque isso apenas ela sentia.
Chegando no AT&T Stadium, Taylor estava dentro da Escalade preta, guardada por duas outras em tonalidade branca. Uma a seguia por trás, enquanto a outra fez o caminho pela frente. Com a velocidade reduzida os três carros seguiram pelos corredores do estádio onde a estrutura do backstage e do camarim havia sido montada, e descendo do carro com Olivia no braço, e com Jamie - segurando Meredith - ao seu lado, elas se encontraram com a equipe da americana no camarim.
Taylor tinha dito de antemão que gostaria de conversar com todos, então quando se reuniram o clima parecia especialmente tenso, e tudo apenas piorou quando Taylor despejou seu sentimento.
Jamie, que por todo aquele tempo já conhecia muito bem a equipe de Taylor, se limitou a se manter a distância. Ela estava com Olivia no colo, e Meredith, que antes segurava, estava com Taylor, como que sentindo que a loira precisava da companhia.
Um dos membros da equipe de Taylor, Robert, responsável por sua imagem, foi o primeiro a protestar. Ouvindo com atenção a vontade de Taylor, ele nem mesmo esperou para dizer que Taylor tinha ficado em silêncio por doze anos quanto àquelas questões políticas, e não via motivo para mudarem aquela resolução.
— Sim, mas isso é em casa — Taylor disse, honesta. O fato de estar falando sobre o Tennessee pesava muito em sua decisão de comentar abertamente a respeito daquilo — E também, nas eleições presidenciais de 2016, eu estava em um lugar tão horrível que eu não ia colocar minha cabeça fora da areia para qualquer coisa — ela se explicou.
— Por que você? — Scott, o pai de Taylor perguntou, querendo mesmo entender. Em sua cabeça parecia claro que havia tantas figuras se abrindo politicamente, ao ponto de que para ele apenas não fazia sentido Taylor dar aquele passo. Ela tinha construído a própria carreira de maneira diferente das estrelas pop com quem dividia a indústria — Quero dizer, Bob Hope faz isso? Bing Crosby fez isso? O Mick Jagger faz isso?
— Querido... o quê? — Andrea disse, em um tom que deixou claro que aquela comparação não fazia sentido — Vamos lá!
— O que estou dizendo é... — Scott tentou se explicar.
— Em primeiro lugar, não estamos falando das celebridades da época do seu pai, e definitivamente não estamos falando de republicanos — Taylor apontou.
— Imagine se viéssemos até você dizendo: "Ei, nós temos essa ideia que pode reduzir pela metade do número de pessoas que vêm para a sua próxima turnê." A outra coisa, apenas do ponto de vista da segurança, é "Taylor Swift sai contra Trump." — Robert tentou fazê-la entender.
— Eu não me importo se eles escrevem isso! — Taylor se irritou — Estou triste por não ter feito isso dois anos atrás, mas não posso mudar isso, então estou dizendo agora que essa questão é algo que eu sei que é certo, e vocês... — a garota suspirou cansada — Eu preciso estar do lado certo da história. E se o candidato democrata não ganhar...então pelo menos eu tentei.
— Taylor, aqui está o problema — Robert começou, mas antes que pudesse dar continuidade ao que queria dizer, Taylor voltou a o interromper.
— Eu só quero ler para você o que eu escrevi, e vou tentar começar... — ela sentiu as lágrimas tomando parte de seus olhos. Então pensou que não deveria estar começando a chorar por aquilo, mas situações como aquela realmente a incomodavam. De qualquer modo, ela levou as mãos até o rosto, se certificando de que nem mesmo uma lágrima escorreu, e então continuou — Eu só quero que você saiba que isso é importante para mim. Isso é...
— Concordo plenamente com a questão, mas deixa eu te explicar... — Scott começou.
— Você a ouviu? — Andrea perguntou, o interrompendo, com uma voz sobre a outra.
— Eu li tudo que ela escreveu — Scott deu certeza — Mas eu estou apavorado. Eu sou o cara que saiu e comprou carros blindados para ela.
— Eu me preocupo com a segurança dela tanto quanto qualquer um — Andrea falou — Talvez até mais. E isso não é uma questão.
— É realmente um grande negócio para mim — Taylor falou, com a voz embargada — Ela vota contra... contra o pagamento justo das mulheres, ela vota contra a autorização do... da Lei de Violência Contra a Mulher, que basicamente está nos protegendo de abuso doméstico e perseguição. Perseguição! — ela indicou para si mesmo, deixando claro o que todos sabiam. Tinha perdido a conta de quantas vezes o apartamento em New York tinha sido quase invadido, sem falar nas situações próximas daquela em Los Angeles, Rhode Island, mesmo em Nashville — Ela vota... Ela acha que... que se você está em um relacionamento homoafetivo, você deveria ter ser expulso de lugares fechados, como restaurantes ou coisa do tipo — Taylor apontou para Jamie no canto da sala, que tinha ficado em silêncio por todo aquele tempo — Vamos lá, pai! Eu estou em um relacionamento com uma mulher e essa candidata está basicamente dizendo que não posso ter direitos humanos realmente básicos, e é mais do que certo ou errado neste ponto. Eu não consigo nem mesmo ver outro comercial... e vê-la disfarçando essas políticas atrás das palavras rasas e dos "Valores cristãos do Tennessee." Esses não são os valores cristãos do Tennessee. Eu moro no Tennessee. Eu sou cristã. Não é isso que defendemos.
— Taylor — Scott tentou, uma última vez, suspirando cansado e mexendo na própria mão, como se o estado da mais nova não tivesse nem mesmo o afetado.
— Eu tenho que fazer isso. Eu preciso que você apenas... Pai, eu só preciso que você me perdoe, por fazer isso, porque eu estou fazendo isso — Taylor disse, sem esperar uma resposta, e Scott soube que não tinha conversa partindo daquele ponto.
De modo que dois dias adiante, Taylor se encontrou com Tree em sua casa em Los Angeles, e em um fim de tarde, sentada no sofá, ela mesma publicou uma imagem com um texto em seu Instagram, deixando claro que estava tomando sua primeira posição política, apoiando o democrata Phil Bredesen. Ela deu seus motivos, e destacou quem era, falando do ponto de vista no qual fazia parte de uma comunidade que se encontrava realmente ameaçada pelos discursos de Martha.
De imediato a reação foi sentida, e na manhã seguinte os segmentos dos shows matutinos que compreendiam a política interna só sabiam falar sobre a voz de Taylor, e como ela poderia mesmo influenciar a geração que a acompanhava. Ela estava com Jamie no sofá de casa quando viu o Good Morning America replicar sua publicação e ler, palavra por palavra, o que tinha escrito.
— Eu me sinto muito bem por não me sentir mais amordaçada — ela compartilhou com a namorada, encarando a televisão — Eu me eduquei agora e é hora de tirar a fita adesiva da minha boca"
— É o certo — Jamie a deu aquela certeza, o que poderia não parecer muito, mas era. Especialmente vindo dela.
— Eu quero amar glitter e também defender os padrões duplos que existem em nossa sociedade. Quero vestir rosa e fazer músicas divertidas, profundas ou leves, e ainda sim falar como me sinto em relação à política. E não acho que essas coisas tenham que se anular — foi o que Taylor disse, quando se encontrou com a 13 management na sexta-feira, para uma breve reunião. Parecia tão óbvio que nem todos estavam felizes, mas Taylor estava bem consigo mesma, e isso era o que parecia importar.
Por isso, na próxima semana, ela se sentiu mesmo contente lendo cada peça mínima da repercussão de seu apoio. As coisas pareciam tão bem, que a impressão era a de que nada podia estremecer o bom clima que tinha se instalado em sua vida. Bem, quase nada... porque na realidade tinha um único tópico que vinha a incomodando cada vez que era citado nas conversas que tinha com Jamie.
Desde o casamento de Kit, a mais nova parecia cada dia mais ansiosa - e pronta - para dar o passo que tinha tido início no ano anterior. Em momento algum ela jogava a questão como se estivesse forçando Taylor a algo, mas nunca deixava de falar que deveriam sim começar a pensar em uma data para o casamento, aproveitando o tempo que havia no início do ano antes de mergulharem mais uma vez em trabalho.
Sendo honesta consigo mesma, Taylor tinha estado animada por um tempo... até que não esteve mais. Parecia muito mesquinho da parte dela pensar em qualquer outra resolução que não acabasse em casamento, ela pontuou para si mesma, mas também não poderia ser desonesta com o que sentia. Ela amava Jamie, e isso não era uma discussão, mas achava que se casar era dar um passo muito duro, e ela não estava exatamente pronta para se comprometer.
E não estava pensando apenas em si. Com o relacionamento se tornando público, parecia muito difícil não ligarem ela a Jamie e vice-versa, ao ponto de que para a atriz, cada mínima coisa que acontecia era com as pessoas despejando uma questão sobre o que aquele relacionamento significava. Jamie não falaria sobre, mas isso não impediria as pessoas de perguntarem, e ainda que não devesse significar muito, para Taylor pesava demais.
Pensando sobre quando a questão "casamento" tinha surgido com Tom, ela se viu reconhecendo que a resposta "não" tinha estado na ponta de sua língua assim que ouviu a pergunta, porque ainda que tivesse tido um bom tempo com o ator, ela não o amava. Com Jamie, ela nem mesmo pensou em dizer "não", porque a amava o bastante para nem mesmo se conter e derrubar um "sim". E então um ano se passou, e muita coisa mudou, e Taylor acabou reparando como ainda não se via como anos atrás imaginou que se veria. Casada, estabilizada, e com filhos.
Ela tinha mesmo muita coisa para fazer, e não queria apressar nada. No fim, ela sabia que teria uma vida toda para assinar um pedaço de papel com Jamie, ao menos era o que pensava, e a única coisa que precisava era externar aquilo. Claro, a coragem parecia longe de a alcançar, mas mesmo sem ela, Taylor puxou o assunto quando às duas da manhã de uma terça-feira, pouco depois de se acomodarem para dormir, no apartamento em Tribeca, Jamie comentou como Deborah tinha perguntado se elas decidiram uma data ou não para o casamento.
— Eu espero que você não me odeie — foi assim que a americana começou. Elas estavam deitadas no escuro, a única luz que entrava no quarto era a de fora, da cidade, que mesmo naquele horário parecia muito acordada. Taylor alcançou a mão de Jamie no escuro, e entrelaçou seus dedos, quase que como querendo ter uma certeza de que tudo estava certo, de que o que falaria não mudaria as coisas — Eu não acho que devemos nos casar. Pelo menos não por agora — ela disse, e o que acompanhou o momento foi o silêncio, então continuou — Quando eu disse "sim" para o pedido me pareceu mesmo como a coisa certa a se fazer. Então, no casamento de Kit, você parecia mesmo animada com a ideia de ter um momento como aquele, e eu não conseguia sentir nada diante daquilo. Eu acho que tentei puxar para mim uma ideia de que no momento era isso que eu queria, mas depois de um tempo eu reconheci que não estou pronta para dar esse passo.
— Então você não quer se casar? — Jamie murmurou no escuro, querendo ter certeza de que havia escutado aquilo mesmo.
— Eu achei que estava sendo honesta quando disse que queria, mas eu não estava — Taylor exclamou, e nem mesmo um segundo depois, sentiu a mão de Jamie se afastando da sua, e o corpo dela se levantando da cama. Pelo escuro do quarto ela viu apenas a silhueta da garota se mexendo, e viu quando ela abriu a porta, saindo pelo corredor. Taylor tentou entender por um momento como agir diante daquilo.
Jamie era a que se sentava e conversava sobre as coisas. Taylor era a que fugia quando não sabia como resolver as situações; então os papéis pareciam um pouco trocados. Tentando não pensar tanto, pois se fizesse isso não tomaria uma atitude, Taylor se levantou e seguiu pelo corredor, então fez o caminho pela escada até o andar inferior, apenas para encontrar Jamie na sala, sentada no sofá enquanto observava a chuva fina que parecia cair pela janela.
— Você acha que isso é demais? — a inglesa perguntou, reparando na presença da americana — Toda a questão do casamento — ela se explicou, então continuou quando percebeu que Taylor parecia sem reação o suficiente para lhe dar uma resposta — É só uma pergunta.
— Isso é demais — Taylor confirmou — Eu sinto muito... — ela disse, apenas para ver Jamie se levantando. Alcançando o sobretudo que tinha deixado pelo dia em cima do sofá, ela o vestiu por cima das calças de pijama e da camisa branca que vestia, e com chinelos pretos nos pés saiu pela escada que a levou até a saída principal, murmurando que estava tudo bem, mas que ela precisava mesmo de um momento para si.
Jamie acabou saindo enquanto uma leve chuva caía. Acostumada com o tempo como aquele, por conta de Londres, as gotas eram tão espaçadas e finas que aquilo nem mesmo a incomodou. Com honestidade, ela não tinha ideia de para onde iria, mas precisava de um momento, e Taylor apenas a viu desaparecer virando a direita na Broadway.
notes.
chegamos ao fim de dead sea...
...mas não ao fim da história da Jamie e da Taylor! Por essa razão, salt and the sea (a segunda parte de dead sea) já está disponível no meu perfil, com uma introdução breve.
eu tenho tido um ótimo tempo escrevendo isso aqui, e tem ainda tanta coisa sobre a qual quero desenvolver, mas entendi que a primeira parte da história delas parece muito bem disposta, então é hora de seguir para outros caminhos. eu espero que vocês continuem acompanhando!
até salt and the sea!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro