Capítulo 80
"O amor e o ódio as vezes insistem em andar de mãos dadas".
- Miguel Arango - RBD
Por Emma
É tão difícil ter que ir embora mesmo com o coração implorando para ficar. A algum tempo atrás eu me perguntava quanto tempo mais isso iria doer? Era tão estranho e imaturo, eu me sentia incapaz, e qualquer que fosse a oportunidade pra me destruir de qualquer forma, eu aceitava com muito gosto, como se eu não merecesse nada melhor e tivesse nascido para isso. Mas eu estava errada, ninguém, merece algo assim e que bom que eu aprendi e agora sei que não preciso de ninguém para ser feliz.
Hoje é um dos meus dias preferido do ano, 24 de dezembro, véspera de Natal. Eu nunca entendi porque gosto tanto desse dia, deve ser o clima de festa, de família, não sei, mas esse ano algo mudou dentro de mim, não estou tão ansiosa, é como se algo estivesse faltando.
— Tudo bem? — Christian pergunta me tirando dos meus pensamentos.
Estamos voltando de Brighton, ficamos conversando e acabamos dormindo na praia e acordamos apenas agora e por incrível que pareça, não aconteceu nada entre a gente, acho que é uma evolução.
— Sim, mas preciso fazer uma coisa, poderia ir comigo? — Não sei porque, mas a Emily e a.... a mãe dela não saio da minha cabeça.
— Claro, onde você quer ir? — Ele pergunta e falo, ele muda a rota indo em direção ao apartamento delas. — Tem certeza que quer fazer isso, não acha melhor chamar a Emily em algum lugar?
— Não, tudo bem, eu juro que não vou bater em ninguém hoje — sorrio pra ele. Estou sentindo um aperto no peito, eu preciso ver minha irmã.
O apartamento delas fica um pouco mais afastado do centro de Londres, então demoramos um pouco para chegar. Deve ser um verdadeiro pesadelo para mulher que viveu toda a vida tentando ser rica e ter tudo do bom e do melhor, está morando em um lugar assim, tendo que trabalhar em um bar cheio de homens bêbados, mas ela quis se dar bem na vida da maneira errada e mais fácil, e acabou se ferrando.
Descemos do carro e vamos para portaria, mas como sempre, não tem ninguém, então subimos direto para o 3B, apartamento delas. A porta está aberta como se tivesse sido arrombada, e está tudo bagunçado, os moveis quebrados, tudo pelo meio, olho para o conto da sala e vejo elas duas sentadas chorando.
— Aí meu Deus, Emily... — Ela está ajudando a mãe dela se levantar. Christian vai até elas para ajuda-las. Eu fico paralisada sem saber o que fazer, é como se eu estivesse sentindo que eles estavam precisando de mim.
— Emma — Emily vem até mim e me abraça — veio uns caras mascarados aqui e destruíram tudo, a mamãe tentou impedir, mas eles empurrarão ela, eu tive tanto medo — sua voz tremular mostra seu estado nervoso.
Olho pra Aria e vejo seu rosto sangrando, ela está com um grande corte na testa. Christian ajuda ela a sentar no sofá e pede para Emily pegar algo para colocar no corte.
— Deixa, eu pego — falo indo procurar algum kit de primeiros socorros. Acho um no banheiro, levo até a sala, engulo seco antes de sentar ao lado da mulher que me abandonou. Eu sei que preciso ajudar, mas minha vontade é de ir embora com minha irmã e fazer o mesmo que ela fez comigo a anos atrás, mas eu simplesmente não consigo.
— Obrigada — ela agradece, olho seria em seus olhos e digo sem o menor arrependimento.
— Não estou fazendo isso por você — ela olha para baixo triste.
Eu nunca tinha parado para reparar bem nela, seus traços são parecidos com os da Emily, seus cabelos são loiros, ele vai até um pouco abaixo do ombro, já seus olhos são da mesma cor que os meus, verde. Ela é linda, mas seu olhar é de dor, tristeza, não sei explicar, talvez a vida tenha castigado um pouco ela, mas não tenho pena, ela que escolheu viver assim.
— Vocês têm algum lugar para irem, está tudo destruído, podemos chamar alguém na segunda para organizar tudo e ver o que dá para recuperar — Christian pergunta e ela nega.
— Não tenho para aonde ir, mas se você puder levar a Emily até eu resolver tudo — Emily a interrompe.
— Não vou te deixar, eles podem voltar.
— Eu dou meu jeito, vai por favor, é Natal, vai se divertir com sua irmã.
— A senhora não pode ficar aqui sozinha — Christian diz levantando algumas cadeiras jogadas pelo chão.
— Elas vão para meu apartamento, na segunda eu mando alguém arrumar tudo e precisamos ir na polícia prestar queixa, eles podem voltar e fazer algo pior — digo seca.
— Obrigada, filha — estreito os olhos pra ela sem acredita no que acabou de me chamar.
— Eu não sou sua filha e quero deixar bem claro que não estou fazendo por você, você e nada pra mim, é a mesma coisa, você só vai para minha casa, porque sei que a Emily não te deixaria aqui sozinha — todos me olham sem jeito — Cristian, por favor ajude elas, eu vou esperar no carro.
Eu não sei porque e como eu sabia que algo ruim estava acontecendo. Eu acho que nunca sentir isso antes e sei que está apenas começando. Tento segura minhas lágrimas para não demostra o quanto isso ainda me abala, a raiva que sinto dela parece que nunca vai acabar, acho que nunca odiei tanto uma pessoa assim.
Alguém bate na janela do carro me assustando, limpo minhas lágrimas, destravo as portas para eles entrar, o Christian senta no banco do motorista e elas duas atrás. Se minha mãe souber que deixe a Aria entrar no carro dela, ela me matar, fora que ainda estou fora de casa desde ontem e nem avisei onde estou. Se bem que a tia Mel deve ter falado que estou com o Christian, já que ela não ligou para mim ainda.
Deixamos as duas no meu apartamento, convidei a Emily para vir comigo, mas ela não quis, eu a entendo, apesar de tudo é a mãe dela.
— Não sei se conseguiria ajudar ela, se eu estivesse no seu lugar — olho pra ele — e não vem dizer que não se importa, que eu sei que não é verdade.
— Não fala para mamãe ta, ou ela vai pirar, você a conhece.
— Desculpa, mas ela já sabe — olho para ele indignada — eu não confio naquela mulher, nem gosto da aproximação de vocês, eu tinha que falar — reviro os olhos, irritada, precisava falar? É apenas por hoje e pela Emily, não iria deixar ela naquela situação e eles podem voltar, não acho que foram ladrões, eles não iriam perder tempo roubando quem não tem nada e ainda fazer tudo aquilo, eles seriam rápidos e pelo, o que vi, foi algo bem específico, aquela mulher deve está metida em coisa errada novamente.
Seguimos para minha casa, ele estaciona o carro na garagem e vai para casa da mãe dele se arrumar, estamos atrasados para ir para casa dos meus avós. Agora tenho que encarar as feras, o Christian me meteu em uma encrenca, a mamãe vai me matar.
— Emma Montgomery Salvatore, eu posso saber porque você estava com aquela vaca — ela grita assim que apareço na porta — fecho os olhos me assustando com o grito dela.
— Eu posso explicar.
— Não quero explicação, eu quero você longe dela, entendeu? — Assinto pra ela — e amanhã eu, vou tirar ela de lá e me certificar que você vai ficar bem longe dela — ela grita e meu pai tenta acalma-la. Minha mãe é a melhor pessoa do mundo, só não a estresse.
Por Christian
A conversa que tive com a Emma ontem foi tão necessária, foi como uma forma de desabafo e pela primeira vez na vida, um entendeu o outro, esse tempo longe um do outro serviu muito como amadurecimento, esquecemos do passado, do tempo que éramos apenas crianças e fazíamos coisas para írrita o outro. Hoje ver que só não estamos juntos por isso é horrível, mas nunca é tarde demais para recomeçar, mas dessa vez fazendo o certo e de uma forma calma, sem pressão, sem rótulo, apenas se curtindo, como fizemos ontem, apenas com a companhia um do outro já foi o suficiente para saber que é isso que quero.
Hoje o Natal é na casa dos avós dela, ela não chegou ainda, deve está encrencada com os pais dela. Eles estão certos em querer ela longe, aquela mulher não presta e pode usar o vinculo dela com a Emma para fazer algo ruim contra ela. Olho para porta de entrada e vejo ela entrando com um lindo sorriso em seu rosto. Ela está usando um vestido preto curto, seu cabelo está com algumas mechas presas, está deslumbrante.
— A senhorita me concede essa dança? — Me curvo mostrando a mão para tira-la para dançar.
— Seria uma honra, senhor — seu sorriso é encantador. Vamos para o jardim afastado de todos e começamos a dançar ao som da música Happier. Escuto ela cantarolando baixinho em meu ouvido.
"Nós terminamos há um mês
Seus amigos são meus, você sabe que eu sei
Você seguiu em frente, encontrou um novo alguém
Mais uma garota que desperta o melhor em você
E eu achei que meu coração estava separado
De toda a luz do Sol do nosso passado
Mas ela é tão doce, ela é tão bonita
Ela significa que você esqueceu de mim?"
Ela sussurra cada palavra como uma forma de desabafo, doí saber que a fiz tanto mal. Queria que ela soubesse que jamais tive a intenção de magoa-la e todo que fiz, foi por ser um tolo em achar que ela não me amava. Ela é o amor da minha vida, e todas as partes de mim, sabem disso, queria que ela soubesse também.
"Espero que você esteja feliz
Mas não como estava comigo
Eu sou egoísta, eu sei
Não posso te deixar ir
Então, encontre alguém incrível, mas não encontre ninguém melhor
Eu espero que você esteja feliz, mas não seja mais feliz"
Ela é linda, sua voz é encantadora tão familiar e adorável, como uma lembrança que perdi uma vez e nunca mais achei. Cada nervo do meu corpo dispara de uma só vez, talvez seja porque meus sentimentos estejam mais fortes, estamos nos encarando e suavemente, subo minha mão para seu pescoço aproximando ainda mais dela que fecha os olhos apreciando meu toque. Consigo sentir o gosto dos seus lábios antes mesmo de beija-los, o sabor do seu beijo e as lembranças de nossas noites juntos invadem minha mente. Por alguns segundos eu estava consciente de todos os pequenos detalhes que haviam nela.
— Você não pode fazer isso — ela diz com a voz falha, dando um passo para frente aproximando mais ainda a gente — não pode fazer eu me apaixonar mais ainda por você.
Quando nossos lábios estão quase se tocando escutamos alguém se aproximando e ela sair dos meus braços assustados.
— Hora dos present.... — olho e vejo o Pedro nos olhando perplexos.
— Tio, é eu... eu, não sei o que dizer.
— Precisamos dizer algo? — Falo e ela me olha inconformada — é cara, iria acontecer exatamente o que você está pensando, se você não tivesse atrapalhado — Emma dar uma cotovelada em mim — o que? É verdade, mas sempre aparece um empata - cruzo os braços irritado, poderia ter esperado só mais um pouquinho né.
— De novo não — ele choraminga passando a mão na cabeça e ficamos sem entender, mas pelo o que conheço, deve ter sido a Bella, ela com certeza foi uma jovem muito rebelde.
— Eu vou encontrar os outros — Emma diz e sair dando três tapinhas em seu ombro. Olho para o Pedro irritado e falo.
— Cara, eu te odeio - não consigo resistir um sorriso lembrando das palavras dela, ela ainda me ama, não acredito que depois de tanto tempo ainda tenho uma chance, mas dessa vez eu não vou estragar, eu não posso. - Feliz Natal Pedrão, eu sou o cara mais feliz desse mundo, mesmo você atrapalhando meus planos.
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