Capítulo 3
(Safira)
Assim que a longa trilha de terra chega ao fim nos deparamos com um sítio enorme, cheio de árvores e bem cuidado. À direita há uma casa amarela e à esquerda, uma laranja, ambas idênticas, diferenciando-se apenas pela cor.
Meu pai chama atenção para guardarmos nossas coisas nas casas: na amarela devem estar hospedados apenas os meninos, e na laranja, as meninas; para evitar qualquer tipo de "problemas escondidos".
— Nós colocamos nas portas de cada quarto listas com os nomes de vocês impressos. Devo ressaltar que vocês devem ficar no quarto onde acharem seus nomes escritos no papel. São exatamente... — Meu pai olha para seu relógio de pulso. — Dezessete e trinta e um, e às dezoito horas quero que todos estejam no salão que se localiza alguns metros atrás das casas para que possamos dar os passos iniciais para as programações das próximas semanas.
Todos então sorriem e voltam a conversar, pegando suas malas e se direcionando às casas.
— Meninas, havia dito para vocês que nós ficaremos em uma casa mais reservada, então venham que vou mostrar onde é. — Minha mãe começa.
— A dos Flintstons? — Sarah sorri.
— Essa mesmo! — Mamãe responde com um sorriso.
— Que engraçado, nunca vi nada parecido! — Comento.
— Quando vim aqui pela primeira vez também achei muito engraçado. E estranho. — Ela sorri. — Esse lugar me traz tantas lembranças... — Mamãe comenta com um olhar distante e logo começamos a nos deslocar para um lugar longe do campo de futebol, longe das casas e de tudo; é como se estivéssemos caminhando rumo ao desconhecido, porque só consigo ver uma imensidão de árvores e gramado.
Nossa mãe sempre fala dessas lembranças dos acampamentos, mas há um que ela discorre com mais paixão, com mais amor e mais carinho; tenho certeza que ela não escolheria perder essas memórias por nada nesse mundo.
E esse tal acampamento que ela lembra com tanta saudade foi exatamente aqui, por isso é fácil notarmos o seu olhar sempre distante. Acho que em cada canto que seu olhar toca ela pode ver as cenas de décadas atrás voltando a acontecer: as brincadeiras, os amigos, as provas, as risadas, os cultos, os romances... E esse sentimento tão complexo que é a nostalgia acaba me deixando confusa, pois ao mesmo tempo em que é gostoso traz também a tristeza em saber que tudo o que vêm à mente já se acabou e não mais voltará a acontecer.
Eu daria muita coisa para saber exatamente tudo o que meus pais viveram aqui, por mais que isso seja quase impossível, porque também sei que há coisas que eles preferem manter em um segredo só deles, como se fosse um tesouro muito precioso. E na verdade é mesmo. Talvez se eu viver algo muito inesquecível aqui também terei tesouros guardados na memória para sempre!
Depois de andarmos por longos minutos — e atravessarmos algo parecido com uma parede de árvores — chegamos a uma parte mais rebaixada e reclusa do sítio, inclusive tivemos que descer uma pequena escadaria.
— Meu Deus! Esse lugar é incrível! — Sarah grita.
— Está muito mais bonito do que quando o vi pela primeira vez! — Mamãe solta outro comentário nostálgico. Acho que terei de me acostumar com isso nos próximos dias.
Aqui é realmente um lugar muito diferente e bonito: desde a escadaria começa um estreito caminho de pequenas pedras até uma casa que, acredite ou não, é idêntica à dos Flintstons — e eu estava mesmo pensando que minha mãe havia brincando conosco quando disse isso. Ao redor da trilha predomina um gramado verde vivo lindo, parece até artificial de tão perfeito! Em muitos pontos aleatórios também há algumas mesas redondas pequenas feitas de pedras rodeadas por bancos circulares também de pedras. E a área possui tantas árvores que o sol não se direciona para nenhum lugar, pois elas formam uma enorme e fresca sombra. É como um pátio recreativo natural. Encantador!
Minha mãe nos guia até a casa e abre a porta. Ela é bem pequena, mas tem dois andares. Não tem televisão, mas tem um sofá grande e macio na sala; uma pequena mesa de madeira mais à frente e uma escada em espiral que leva ao andar de cima, onde há dois quartos pequenos com duas camas de solteiro cada e um banheiro.
Assim que guardamos nossas malas no quarto saímos logo da casa e vamos novamente em direção ao salão.
— E aí minhas filhas, estão animadas? — Nossa mãe pergunta enquanto caminhamos.
— Muito, ainda mais nesse lugar que foi tão importante para a senhora! — Digo.
— Pois é, foi mesmo muito marcante na minha vida, até porque conheci o pai de vocês aqui. — Ela repete pela milésima vez.
— Nós já sabemos, mãe. Vocês nos contaram essa história a vida inteira! — Sarah reclama e acabo sorrindo. Mamãe é uma graça!
— Sim, Safira... — Ela enfatiza meu nome, ignorando o comentário de Sarah. — Assim como encontrei seu pai aqui pode ser que você também descubra alguém especial, filha.
Sorrio. — De novo essa história, mãe? Já disse: aqui só têm jovens conhecidos, não tem como eu encontrar alguém novo!
— Primeiro: têm sim outros jovens que vieram e não são da nossa igreja; e segundo: qual o problema se seu futuro marido for uma pessoa conhecida? Seria maravilhoso! Muito melhor que qualquer rapazinho que você encontra por aí... É como diz o ditado: não troque o certo pelo duvidoso.
— Mas não tem nada certo, mãe! — Sorrio desconfiada.
— Ainda não. — Ela responde com um sorriso grande nos lábios, o que me acaba me assustando.
— O que a senhora está insinuando? — Rio. — Que eu namore com alguém lá da igreja?!
— Não estou insinuando nada. Só estou dizendo que nunca se sabe... Nós não conhecemos os planos de Deus. Vai que seu escolhido esteja aqui neste exato momento?!
— Não brinca, mãe! Não sinto nada por ninguém que está aqui.
— Não sente, mas pode sentir, se quiser.
— Ih mãe, já chega, né? Por que você incentiva tanto a Safira a namorar? Eu também estou solteira, sabia? — Sarah se intromete.
— Você ainda é muito jovem, Sarah. E eu não estou incentivando ninguém a namorar, apenas estava comentando que seria muito melhor se sua irmã namorasse alguém da igreja e alguém conhecido, pois o processo de adaptação seria muito melhor!
— Está bem mãe, entendi. Mas essa conversa está ficando muito estranha, vamos parar por aqui, ok? Ainda vou começar minha faculdade e tenho muito que fazer.
— Nossa, filha, você fala como se namorar fosse um impedimento. Mas também não me surpreendo; atualmente ninguém mais vê o namoro como algo sério, as pessoas só querem curtir e acabam esquecendo quais são as verdadeiras intenções: que é se conhecer melhor para o casamento. Sua faculdade não deve te impedir de casar, minha filha, se você souber conciliar as coisas não haverá nenhuma dificuldade.
Minha mãe acaba parando seu discurso quando chegamos ao salão; ela vai direto para o lado do meu pai já que vão terminar de organizar algumas coisas enquanto os demais jovens não chegam. Eu e Sarah ainda ficamos mais alguns minutos comentando sobre a conversa estranha da minha mãe; mas logo depois nos juntamos a três meninas do ministério de coreografias que estão conversando: Gabi, Letícia e Amanda.
— Oi meninas, a paz do Senhor! — As cumprimentamos ao nos aproximar.
— Paz! — Elas respondem. E logo após elas começam a nos contar sobre uma proposta feita pela Samantha de ensaios aqui no acampamento.
— Boa tarde pessoal, paz de Cristo! — Ouvimos a voz do meu pai no microfone e logo ficamos atentas. — Sejam todos bem vindos ao acampamento de 2041! Espero que já tenham se acomodado e encontrado seus devidos dormitórios. Tudo certinho? — Ele pergunta e todos respondem confirmando. — Agora a mulher mais linda desse acampamento vai ler para vocês as nossas regrinhas. — Meu pai diz e todos começam a sorrir. Eu e Sarah nos entreolhamos e sorrimos. Se eles se impressionam com isso não fazem noção de como esses dois se tratam em casa! Mais parecem um casal de adolescentes apaixonados que namoram há apenas uma semana.
— Olá galera, paz do Senhor a todos! — Ela cumprimenta com um lindo sorriso e depois começa a ler o folder com todas as regras de comportamento, horários e programações do acampamento. Logo após meu pai volta a pegar o microfone.
— Muito bem, vamos agora ao momento inicial mais esperado: o sorteio das equipes! — Ele grita, fazendo com que todos nós façamos o mesmo.
⁂
Dentro de uma hora já temos tudo resolvido: o resultado do sorteio formou seis equipes de vinte pessoas.
Azul: Abigail, Lucas, Leandro, Ester, Diana, Gabriele, Davi, Mateus, Caio, Maria Clara, Flávia, Vivian, Marcos, Letícia, Henrique, Sara, Pedro, Sofia, Mariana e João.
Verde: Ícaro, Giulia, Bruna, Vitória, Cássio, Nicolas, Amanda, José, Samantha, Karen, Enzo, Mikael, Gabriel, Beatriz, Luíza, Sheila, Helena, Mário, Paulo e Lúcio.
Laranja: Miguel, Júnior, Felipe, Isadora, Leonardo, Alice, Júlia, Samuel, Isabelly, Márjorie, Heitor, Ana, Yasmin, Lívia, Débora, Melissa, Victor, Silas, Nicole e Isac.
Vermelha: Sarah, Lídia, Esmirna, Ítalo, Manuela, Daniel, Tiago, Luís, Safira, Joaquim, Rebeca, Fernanda, Otávio, Igor, Erick, Enoque, Ludmila, André, Caio e Laís.
Amarela: Ágata, Kaynon, Eduarda, Alana, Maysa, Nathan, Elias, João Lucas, Carolina, Augusto, Diêgo, Taís, Luana, Yara, Natália, Hugo, Danilo, Ruan, Isabel e Juliana.
Branca: Vicente, Laura, Emerson, Artur, Jamily, Raul, Josué, Vinicius, Marcelo, Joana, Rute, Aila, Daniele, Marcos, Karolyny, Steicy, Jéssica, Emile, Izabela e Vanessa.
Olá amores, tudo bem?
Vim me desculpar pelo atraso no capítulo; ontem tive uns empecilhos e acabei não tendo tempo para escrever, mas aqui está. E com uma só narração, como pediram rsrs Espero que estejam gostando.
Ah, também não consegui postar a Entrevista com os personagens em 24 horas que havia prometido para ontem, mas já saiu. Corram lá para ver!
E é isso, gente! Deixem seus votos e comentários aqui para me ajudar e me deixar feliz haha
Ahhh, já fizemos 40K na Primeira Tempoarada *------* Aeeeee! Estou muito feliz, gente, e divido essa conquista com vocês! Muito obrigada por tudo, que Deus continue nos abençoando e fazendo nossa família crescer cada vez mais! Grande beijo,
- SophiieM ❤
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