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➯ ⚕ Draco
Com o passar dos meses, depois da derrota bem merecida de Evans, meus pais conseguiram convencer o ministério da magia de estarem sob ameaça de Lilian e era claro que as ajudas financeiras em projetos públicos também tinham sua influência na decisão de perdão para nossa família.
Então, assim que a poeira abaixou fomos obrigados a retornar para Hogwarts, sendo agora monitorados pela McGonagall, que era a nova diretora.
Por semanas tentei falar com Harry ou, ao menos, ficar sozinho no mesmo cômodo que o garoto, mas tudo o que conseguia era ser evitado. Harry não me olhava mais nos olhos e fingia não escutar minha voz. Aquilo estava começando a me chatear. Eu entendia que não seria fácil para ele me perdoar, mas Potter estava sendo totalmente intransigente.
Às vezes, quando ele me dirigia a palavra durante os treinos de quadribol me chamando de "Malfoy", tinha vontade de derrubá-lo da vassoura e colocar toda a minha frustração para fora. Mas tudo o que meu corpo fazia era entrar no piloto automático e fingir que não estava adoecendo cada vez que Harry fazia isso. Potter estava implicando comigo de propósito.
No dormitório, ele apenas se deitava de costas para mim e vez ou outra ia para a cama vazia do Riddle para chorar escondido. Eu tinha tanta vontade de confortá-lo, mas Harry nunca permitia que eu me aproximasse.
Eu estava ficando louco. Ele estava me deixando completamente louco.
Cheguei a cogitar mandar uma mensagem para o garoto, mas sempre que chegava ao fim do texto minha insegurança de que ele já havia me bloqueado gritava e eu o apagava.
Percebi que talvez devesse ir a um curandeiro de mentes depois de um treino de quadribol em que Harry decidiu que seria prudente flertar com Cedrico Diggory na minha frente e toda a minha raiva se transformou em lágrimas, o que resultou em um espelho quebrado e pequenas cicatrizes em minha mão.
Eu não podia mais lidar com aquilo, estava cansado. Potter era um amor normalmente, mas virava um demônio se vingando, principalmente quando se tratava de mim.
Era por isso que eu tentava uma última vez conversar com aquele teimoso cabeça dura, eu o amava e tinha consciência disso. Seria minha última tentativa, se Harry se recusasse a me ouvir eu o deixaria em paz para sempre, mesmo que isso me ferisse completamente.
— Harry! — Exclamei no corredor vendo-o apertar o passo ao perceber minha presença. — Harry James Potter!
— Fala logo o que quer e me deixa em paz, Malfoy! — O moreno exclamou parando bruscamente de andar, o que acarretou em uma colisão entre nós.
Harry se virou em minha direção e lançou aquele olhar frio das últimas semanas, aquele olhar que me fazia sentir um garotinho chorando pela mamãe e pelo papai.
— Ficou mudo? Se vai me fazer perder tempo é melhor ir embora. — Potter disse cruzando os braços sobre o peito e uma expressão dura no rosto. — Tchau, Malfoy.
Ele se virou novamente, mas antes que pudesse me deixar para trás, o puxei pelo braço e o prendi contra a parede de pedra do corredor.
— O que voc-...
— Eu cansei, tá legal?! — Exclamei encarando os olhos esmeralda com fúria. — Eu estou cansado dessa sua estupidez!
— Me deixa em paz. — Harry ordenou tentando me empurrar, mas o segurei firme, sem vacilar minha expressão séria.
— Não, agora você vai me ouvir! — Ordenei apertando cada vez mais o uniforme do moreno entre meus dedos. — Eu passei semanas tentando falar com você, passei semanas como um cachorro que se perdeu do dono, sendo tratado pior que lixo. Eu cansei de ser colocado como vilão, Harry.
— Draco... — Potter tentou falar algo, mas cortei sua fala, nervoso demais para escuta-lo.
— Não! Sem essa de "Draco". Eu não sou um animal pra ser escorraçado desse jeito e você é tão babaca quanto eu! — Gritei irritado, segurando as lágrimas. — Você se acha tão superior à mim, mas não é!
— Não fui eu quem se aliou a uma assassina. — Harry disse com desgosto e respirei fundo para não surtar de vez.
— Eu já disse milhões de vezes que eu fui obrigado, porra! — Falei entredentes, sentindo meu coração quebrar mais um pouco a cada vez que ele desacreditava no que eu dizia. — Quantas vezes vou ter que te explicar que meus pais me obrigaram a servir àquela canalha da sua mãe?!
— Você tá mentindo! — Harry gritou de volta.
— Estou? — Semicerrei os olhos chegando mais perto de seu rosto. — O único sendo falso aqui é você, Potter.
— Eu nunca menti pra você. — Ele rosnou.
— Eu me abri com você! Contei coisas que nunca contei à ninguém! Me entreguei por completo! — Relembrei segurando ao máximo o choro. — E você me retribuiu acreditando que tudo o que fiz foi por vontade própria...
— Ela estava na sala da sua casa, Draco! O que você queria que eu pensasse?! — Harry questionou, agora num tom menos agressivo.
— Queria que confiasse em mim! Que me amasse, assim como eu te amava! Você é o mentiroso, Potter! — Berrei já sem controle sobre minhas lágrimas, que escorriam por minhas bochechas. — Você disse que não me abandonaria e foi exatamente o que você fez!
— Draco... — A voz do moreno vacilou por um segundo e vi seu olhar se tornar envergonhado.
— Não, Harry. Chega! Chega de mentiras! Chega de ser humilhado! Chega de correr atrás de quem claramente me odeia, tanto quanto eu me odeio! — Soltei o uniforme do mais alto deixando-o livre para ir. — Agora quem não quer mais saber de você, sou eu.
— Dray... — Os olhos verdes de Harry brilharam com algumas lágrimas brotando.
— Chega... — Minha voz saiu por um fio, enquanto eu me desabava em lágrimas. — Eu me enganei pensado que você seria capaz de me amar, de passar por cima de tudo o que é detestável em mim. Você só me usou e eu não quero continuar com isso...
Me afastei bruscamente do garoto e, já sem controlar mais nada, comecei a correr para longe. Acabou... Acabou, agora acabou...
— Draco...
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