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Atenção! Alerta de gatilho: transfobia

➯ ⚕ Harry

Prestavamos atenção em toda a cena da família Riddle e, principalmente, eu não conseguia tirar os olhos da minha mãe. Era estranho vê-la sem aquele olhar carinhoso e reconfortante.

Aquela Lily não existe, Harry. Nunca existiu... Repeti incessantemente em minha mente, sentindo a mão de meu pai Regulus pousada em meu ombro e seu olhar se tornando entristecido a cada segundo.

— Hazz... — Draco me chamou sem ânimo algum e finalmente desviei meu olhar da ruiva para o loiro ao meu lado. — Meus pais chegaram, eu tenho que ir.

— O-o quê? Já? — Franzi minhas sobrancelhas, agarrando a mão pálida do garoto.

— Eu juro que te ligo assim que chegar em casa. — Ele olhou para todos os lados procurando pelos pais, assim que percebeu que não havia nenhum Malfoy à vista, me puxou pela cintura e me beijou como se fosse a última vez em que fizesse isso.

Eu o abracei apertado assim que terminamos o beijo e enterrei meu rosto no pescoço de Draco, inalando o perfume por mais tempo possível.

— Eu amo... — As palavras saíram da minha boca instintivamente, mas me segurei no mesmo segundo. Não seja idiota, vocês estão juntos a uma semana. E se ele não sentir o mesmo? E se você for muito rápido? E se ele se sentir ameaçado? — ...tanto o seu perfume.

— Obrigado. — O loiro sorriu tímido, mas se afastou assim que viu sua mãe virando o corredor. — Eu preciso ir, amor.

— Vou esperar a ligação... — Sorri machucado, sentindo um vazio se formar enquanto Draco ia em direção aos pais e se afastava cada vez mais, sendo arrancado de mim. — ...amor.

— Não se preocupe, querido. — Meu pai me abraçou. — Sei que a Cissa não vai se importar se Draco for passar algum fim de semana no Largo Grimmauld.

— Como? — Olhei para ele sem entender.

— Vocês não vão ficar numa prisão, filho. — Meu pai sorriu e piscou para mim. — São melhores amigos, Cissa nunca se importou com isso e não vai ser agora que vai se importar.

Nos sentamos num dos bancos do corredor e ficamos conversando um pouco sobre como seria estar novamente todos os dias em casa, também sobre a reunião de Dumbledore com os pais. Loucura... Eles não conseguiam encontrar nenhum vestígio sequer do assassino.

Enquanto conversamos, vimos Danielle Riddle agarrar o braço do marido e Lily se afastou da família com uma cara nada boa, diferente de Mattheo que tinha uma expressão de vitória no rosto.

— Harry... — Um sorriso iluminou o rosto da ruiva assim que ela colocou os olhos em mim e veio em minha direção, me abraçando.

Fiquei imóvel, não querendo abraçar de volta, mas não conseguia empurra-la para longe. Um zunido havia me tirado de órbita, me ensurdecendo.

— Filho? — Ela me questionou finalmente me soltando daquele abraço terrível. — Eu senti tanta saudade, você tá um rapaz!

Vi meu pai se enrijecer tenso, serrando os punhos ao lado do corpo e encarando a Evans com pura raiva.

— Vamos, filho. Vamos encontrar seu pai e seu padrinho antes que eles coloquem fogo em Hogwarts... de novo. — Meu pai disse sem tirar os olhos da mulher que sorria com maldade.

— Você mudou, Polaris. — A Evans disse ao meu pai e cruzou os braços o examinando com o olhar. — Quase não te reconheci de primeira.

Vi o olhar do mais alto vacilar, mas voltou à ela com a raiva brilhando. Espera... Lily se referiu ao meu pai como "Polaris"?

— Já viu Harry, Lily. Agora, vá embora. — Ele disse entredentes, me puxando mais para si. — E meu nome é Regulus, Regulus Arcturus Potter.

A risada sarcástica vinda da ruiva fez meu sangue ferver. Ela tinha a aparência da minha mãe, mas definitivamente não era a Lily que eu pensava conhecer. Vadia...

— Faça-me o favor, Polaris. Você nunca vai deixar de ser uma Black. — Lily revirou os olhos. — Agora, será que posso ter um momento a sós com o meu filho?

— Não! — Soltei em alto e bom tom antes que meu pai pudesse responder a Evans e a encarei enojado. — Eu nem te conheço, você não é minha mãe.

— Vamos lá, Harry. — Ela tentou esconder sua expressão chocada com um sorriso amigável. — Não seja rude comigo, eu sou sua mãe.

— Regulus e James Potter são meus pais, você é só uma preconceituosa do caralho! — Praticamente cuspi as palavras no tom mais grosseiro que tinha e vi a expressão da ruiva mudar para sombria.

— Isso é jeito de falar comigo, seu moleque?! — Lily agarrou meu pulso com força, me encarando de perto.

— Me solta! — Gritei desvencilhando meu braço das mãos da megera e meu pai se colocou em minha frente, sacando sua varinha na direção da Evans.

— Toque no meu filho novamente e eu te mostrarei o quão bom eu sou em praticar as Artes das Trevas! — Regulus disse com um olhar frio sobre ela e manteve sua varinha a postos.

Todos haviam parado o que estavam fazendo e o corredor se encontrava num silêncio absoluto, atentos ao escândalo.

— Então é assim, não é? Agora você é muito corajosa! — Lily riu nos olhando com ódio. — Você não passa de uma garotinha assustada, Polaris. É a vergonha da família, Walburga e Orion não imaginavam que você os envergonharia mais que Sirius. Você é uma...

— Ah, cala a boca, vadia! — Só conseguimos ver o momento em que Danielle socou o rosto da Evans, fazendo-a parar no chão com o nariz sangrando. — Você que é a garotinha assustada e frustrada consigo mesma.

— Finalmente alguém fez isso. — Meu padrinho disse sorrindo satisfeito ao ver a ruiva se levantando com dificuldade.

— Reggie! — Meu pai, James, correu até o meu outro pai e o abraçou o mais apertado que conseguiu, o mesmo se desmontando em lágrimas no mesmo instante. — Meu amor... não... eu te amo... eu te amo tanto... você é incrível, é um homem incrível, é um pai maravilhoso.

Meu pai simplesmente não parava de chorar e acho que era a primeira vez em que o via chorar em público.

— Se aproxime novamente do meu marido e do meu filho e você estará morta, Evans! — Meu pai disse entredentes enquanto Madame Pomfrey a puxava em direção à enfermaria e ele voltou sua atenção para o marido em seus braços. — Reggie, meu amor... ela é uma vaca, não dê ouvidos à ela. Você é perfeito... é meu garoto, o homem por quem me apaixonei...

— Eu amo você, Jay... — Meu pai respondeu num fio de voz e vê-lo tão abalado me fez sentir um ódio maior ainda por aquela mulher.

— Não importa o que aconteça, você é meu pai. — Falei o abraçando apertado, o que arrancou um sorriso em meio o rosto choroso de Regulus. — Eu amo você, pai.

— Eu também amo você, filho. — Ele respondeu com a voz embargada e beijou minha testa. — Amo vocês dois...

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