⚕ 07 ⚕
➯ ⚕ Harry
Draco e eu ainda estávamos na comunal, agora largados nos sofás, mexendo em nossos celulares, quando nosso sossego foi tirado por uma gritaria.
— Mattheo-Tomas-Riddle! — Uma garota dos olhos e cabelos castanhos e pele parda adentrou o local correndo atrás do outro Sonserino. Azria...
— Az, meu amor, vamos conversar! — Mattheo praticamente implorou se escondendo atrás do sofá onde eu estava sentado.
O Riddle com medo? Tem uma primeira vez para tudo. Ri com meu pensamento.
— Conversar? Você quer conversar?! — Ela rodeou o sofá para alcançá-lo e passou a desferir vários tapas no garoto. — Eu vi você olhando para as pernas da Weasley, seu cretino!
Arregalei os olhos e olhei para Draco, constatando se ele também estava prestando atenção na cena. Foi inegável dizer que sim, quando o loiro gargalhava no outro sofá enquanto o amigo apanhava.
— Para de ser doida, mulher! — Mattheo, por sua vez, tentava se defender dos tapas. — Para com isso, sua maluca!
— Talvez eu devesse pegar umas dicas de moda com aquela cabeça de tomate e diminuir minha saia também! Aposto que o Fred adoraria! — Ela berrou cruzando os braços e vi o rosto do Riddle se tornar sombrio no mesmo instante.
— O Weasley, é? — O tom frio na voz de Mattheo me fez questionar a sanidade da garota, já que ela permanecia com seu olhar firme na direção dele. — Acho, então, que ele não vai se importar de te levar para o baile de inverno, porque você acaba de ficar sem acompanhante.
Mattheo se desvencilhou das mãos da morena, que estava chocada demais para reagir, e foi em passos furiosos para o dormitório masculino.
— Argh! — Ela resmungou se jogando na poltrona e enfiou uma almofada na cara. — Se eu não me jogar da Torre de Astronomia, jogo ele.
— Relaxa, Black. — Draco disse ainda com um sorriso maldoso dançando em seus lábios. — Em menos de duas horas ele vai rastejar de volta pra você, é sempre assim.
— Tem razão. — Ela bufou frustrada e deixou a almofada cair no chão, então me olhando. — Tem sorte de não ter uma namorada, primo.
Então, num movimento, Azria estava nos deixando sozinhos de novo. Primo? Ah, é óbvio! Sirius era literalmente meu tio agora.
O som de uma notificação vinda do celular de Draco cortou o silêncio estranho que havia ficado.
— Ah, ótimo! — O loiro resmungou sarcástico assim que leu a mensagem. — Theodore nos fez a gentileza de enviar a matéria que perdemos nas aulas de ontem.
— Estudar no sábado? — Fiz uma careta.
Essa era a última coisa que queria fazer naquele momento. Eu era bom em quase tudo, mas, se tinha algo que me fazia sentir um asno, era a matéria de poções.
— Tem algo melhor pra fazer? — Malfoy questionou com a voz entediada.
— Me juntar à Azria na Torre de Astronomia não me parece má ideia. — Rebati com humor, me levantando do sofá e Draco revirou os olhos. Ladrãozinho de manias! — Vamos logo!
Mesmo resmungando, fomos para nosso dormitório, espalhando o máximo de livros possível sobre nossas camas. Não tem jeito de fugir, vamos ter que realmente fazer essas lições atrasadas.
— Ahhh! — Me joguei para trás na cama, colocando as mãos atrás da cabeça e encarei o teto. — Que tédio, não aguento mais essa merda sobre raízes!
Nem precisei olhar para Draco para saber que o loiro revirou os olhos, mas o que me surpreendeu foi tê-lo se sentando na ponta da minha cama.
— A gente já estudou o suficiente. — Ele me tranquilizou e fechou os livros jogando-os em sua própria cama.
— Pelo amor de Merlin, fala de qualquer coisa comigo menos ingredientes e poções! — Implorei sentindo minha cabeça doer de tantas regras e complicações lidas.
— Depois me dizem que eu sou o dramático. — Draco zombou brincando com sua pulseira prateada.
Aquela pulseira parecia ter valor sentimental, já que o Malfoy se distraiu facilmente olhando para ela com brilho nos olhos. O brilho fazia seus olhos azuis se destacarem e um sorrisinho imperceptível se formou nos lábios do loiro.
Voltei a prestar atenção na pulseira, mais especificamente nos dedos delicados que a tocavam. As mãos de Draco são tão bonitas...
— Er... Malfoy? — O chamei, limpando a garganta e recebi um olhar mortífero.
— Harry... É Draco, D-r-a-c-o, Draco. Entendeu? — Ele me corrigiu me fazendo ruborizar de vergonha e meneou a cabeça me olhando com os olhos semicerrados. O que eu estava pensando? Merlin! Esse é o Malfoy, supremacista e mimado. Pare de achar ele atraente, Harry!
— Draco... — Me corrigi engolindo seco. Que se foda, eu sou um Potter, nada me coloca medo. — Se eu te contar uma coisa, promete não contar pra ninguém?
— Vou contar pra quem? Você é meu único amigo. — Draco me empurrou de leve buscando espaço em minha cama e se deitou ao meu lado, também encarando o teto. — Mas prometo.
O cotovelo de Malfoy tocava o meu, enquanto dividiamos a cama de solteiro e eu podia jurar que minha pele estava tomando vários choques fracos.
Por que tão próximo, seu filho da puta?
O loiro se virou de lado, apoiando a cabeça na mão e me olhou atento. Meu coração se acelerou, batendo forte em meu peito como se fosse explodir. Finalmente me virei da mesma maneira, olhando em seus olhos.
— Tá começando a me assustar. — Ele murmurou. — Por acaso vai dizer que é um bruxo das Trevas que quer destruir o mundo bruxo?
Ri, não pela piada, mas sim pelo nervosismo do momento. Eu me sentia tão inseguro quanto na outra realidade, mas não recuaria outra vez. Preciso contar à alguém e, se Draco é meu melhor amigo nesse universo, ele tem que ser o primeiro a saber. Eu sinto isso.
— Não, definitivamente não é isso. — Respirei fundo baixando meu olhar.
— Ainda bem, eu odiaria ter que ser seu braço direito. — Malfoy riu. — Todos sabem que é o braço direito que se fode sempre.
— Tenho certeza que você seria um ótimo Bruxo das Trevas, meu dom é salvar o mundo. — Comentei sarcástico. Odiava a cobrança de ser o herói da Grifinória, pelo menos agora eu teria paz.
— Então, o que quer me contar? Matou alguém? Eu sei ótimas maneiras de te ajudar a esconder um corpo. — Ele brincou me deixando impaciente. Quando eu poderia falar?! — Podem-
— Draco, eu sou bi! — O interrompi soltando tudo de uma vez. Porra, não dá mais pra voltar atrás.
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