⚕ 02 ⚕
➯ ⚕ Harry
Assim que pisamos na enfermaria, Mattheo e Blaise vestidos com o uniforme da Sonserina e eu com roupas normais, pois me recusava a usar qualquer coisa verde esmeralda, Madame Pomfrey veio até nós.
— Meninos, o que fazem aqui tão cedo? — A senhora nos examinou com o olhar, já procurando algum sinal de hematoma, ou algo assim.
— Poppy, o Potter não tá bem. — O Riddle a chamou pelo apelido. Já era de se esperar, já que as visitas de Mattheo à enfermaria eram frequentes. Privilégios de ser um brigão.
A mulher de cabelos tão brancos quanto algodão me olhou compadecida.
— O que está sentindo, senhor Potter? — Ela questionou indicando para que eu me sentasse numa maca e assim eu o fiz.
— Minha cabeça está doendo... — Respondi automaticamente, mas balancei minha cabeça afastando aquilo. Porra, foca Harry! — Mas a questão não é essa, Madame Pomfrey! Esses dois idiotas estão tentando me convencer de que eu estou na Sonserina! É loucura, diga à eles.
As sobrancelhas dela se enrugaram me olhando fixamente e, de repente, um silêncio desconfortável recaiu sobre o ambiente.
— Madame? — Murmurei nervoso sentindo minhas mãos suarem e de repente o ar faltar. Por que ela não me respondia?!
— Harry... — Blaise, que estava parado ao lado da maca, pousou a mão sobre meu ombro. Ela não havia negado as afirmações dos garotos...
— Não! — Afastei Zabini com um movimento brusco. — Não toca em mim!
Ele me encarava surpreso pelo tom de agressividade em minha voz e ergueu as mãos em sinal de rendição.
— Então... R-realmente... Eu... — Comecei a gaguejar, minha visão se tornando turva e a dor de cabeça apenas aumentando. — Não! Não é possível! Isso só pode ser a porra de um pesadelo!
— Senhor Potter, se acalme. — A mulher pediu e meus olhos incrédulos caíram sobre ela. Me acalmar? Me acalmar?!
— Eu só posso estar num pesadelo... É sim, é a droga de um pesadelo. — Repeti as palavras num misto de choque e desespero tentando me convencer daquilo. — Caralho...
Senti um peso cair sobre meu peito, era uma sensação que apertava meus pulmões me impedindo de respirar corretamente.
Harry fucking Potter, o apanhador da Grifinória, filho de James e Lily Potter – dois membros importantes do ministério da magia – selecionado para a Sonserina?
Merlin, eu quero morrer!
— Terra chamando Potter... — Riddle estalou os dedos diante dos meus olhos, parecendo preocupado pela primeira vez na vida.
— Chega! Parem com esse teatro idiota! — Gritei saindo da maca num pulo, genuinamente irritado. — Eu não sei como conseguiram convencer Madame Pomfrey de participar dessa merda, mas eu tô fora!
Empurrei os dois Sonserinos para abrir passagem e sair da enfermaria, mas escutei a voz baixa da velha murmurando um feitiço. E foi nesse instante que meus olhos pesaram e meu corpo amoleceu, se tornando tudo escuro novamente.
Quando abri meus olhos novamente, me deparei com Blaise e Mattheo sentados na maca ao lado da minha, um lendo um livro sobre Transfiguração e o outro jogando em seu PSP, respectivamente.
— Não era um pesadelo... — Resmunguei meio grogue e me sentei com um pouco de dificuldade, chamando a atenção dos dois.
— Não, Harry, não era. — Zabini suspirou frustrado abaixando seu livro e me encarou com uma expressão entediada.
— Aquela velha desgraçada, onde é que ela tá? — Questionei percebendo a ausência da Pomfrey na enfermaria. Azaro aquela velha se ela tentar me desmaiar de novo!
— Relaxa, Potter. — Mattheo arrastou a voz revirando os olhos sem tira-los do seu jogo. — Ela pensa que você bateu com a cabeça bem forte, então foi chamar seus pais.
Ouvir a palavra "pais" aqueceu meu coração por um instante. Ao menos vou poder correr até os braços da mamãe e ter a certeza de que não fiquei completamente louco.
Mattheo recebeu uma cotovelada de Blaise diretamente no estômago.
— Porra! — Ele gemeu de dor perdendo o ar por alguns segundos.
— Ela está ligando pros seus pais, só por garantia de que eles saibam. — Zabini tentou me tranquilizar.
Fechei a cara contorcendo minha boca em um bico e cruzei os braços sobre o peito, balançando minhas pernas no ar emburrado. Odeio essa demora...
O silêncio voltou a reinar e os garotos voltaram a prestar atenção em suas próprias atividades, me deixando em paz. Apenas para que, de repente, a cabeça platinada de Draco mimado Malfoy adentrasse o local em passos rápidos e largos.
— Esperei vocês para tomar o café da manhã por horas, seus babacas imbecis! — Malfoy berrou, dramático como sempre e seu olhar irritado caiu em mim. Pelo menos isso ainda estava normal. — E você, Potter...
Selecionei mentalmente uma série de ofensas para despejar naquele ser nada pensante, apenas esperando que ele dissesse algo para me provocar.
— Nunca mais me dê esse susto! — Malfoy, contrariando todas as leis do universo, me surpreendeu com o tom de repreensão em sua voz e um abraço quase sufocante.
Mas que p-
Arregalei os olhos assim que o choque passou e o empurrei pelos ombros, levando meu olhar incrédulo para seu rosto confuso. Por que diabos Draco Malfoy me abraçaria?
— O que você tá fazendo?! — Soltei ríspido, na defensiva, sentindo meu peito explodir em um misto de emoções. O Malfoy me encarava parecendo... Chateado?
— Qual o seu problema, porra? — O loiro franziu as sobrancelhas e cruzou os braços sobre o peito, me analisando meticulosamente. — Harry, se eu te fiz algo é pra falar. Se eu quisesse desprezo falaria com meus pais.
Revirei os olhos. Estava prestes a abrir a boca para retrucar a fala de Malfoy, mas fomos interrompidos por duas vozes diferentes vindas de fora da enfermaria e uma eu conhecia muito bem. Pai.
— Venha, senhor Potter! O Harry está descansando, mas pode já ter acordado. — Madame Pomfrey falou adentrando a enfermaria, sendo seguida por meu pai e... Regulus Black? — Meninos, por favor, nos deixem a sós!
Sem hesitar muito, o trio de prata praticamente evaporou da sala, ainda parecendo frustrados. Todos eles cumprimentando em um murmúrio baixo meu pai e o irmão do meu padrinho.
— Pai, onde é que minha mãe está? — Questionei tendo um pressentimento ruim.
Não vê-la ali fez meu conforto desmoronar, meus olhos arderam indicando o começo de algumas lágrimas e um nó se formou em minha garganta, mas os contive.
— Harry, querido... — Regulus veio até mim, intercalando um olhar de incerteza entre meu pai e eu, e tocou meu rosto de uma forma carinhosa.
Aquele gesto repentino me assustou e recuei, vendo tristeza no fundo dos olhos do homem.
— Papai, por favor, eu quero a minha mãe. — Praticamente implorei com a voz embargada e ele veio em minha direção, se sentando ao meu lado na maca.
— Filho... — Meu pai passou a mão em meu cabelo, fazendo uma espécie de carinho reconfortante.
O que ele queria dizer com "Filho..."? Eu só queria abraçar minha mãe... O que eles não estavam me contando?
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