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Capítulo 02 - Meus pés nunca vão tocar o chão

Sabe o que eu descobri?

Que o mundo dá voltas

Dizem que meus pés nunca vão tocar o chão

O quê?!

Eu sou uma boa garota

But I'm A Good Girl - Christina Aguilera

Eu abri os olhos ao ouvir o toque do meu celular soar na escuridão do meu quarto, a única luz vinha da tela do aparelho.

Eu juro que dessa vez eu vou matá-lo.

- O que você quer? - eu murmurei ainda sonolenta, ouvindo a voz do Russo soar natural.

Ele não dorme?

- Marianne, você poderia me levar um cappuccino com canela amanhã?

- São três horas da manhã, Peter - Eu rosnei - Você não podia ter esperado pra me falar isso?

- Eu achei que te acordaria muito cedo - Ele se justificou, fazendo minha exasperação subir.

Eu me sentei na cama, bocejando.

- Peter, você me acordou agora - Eu respirei fundo.

- Mas você pode voltar a dormir agora - Eu senti um sorriso em sua voz.

- Eu vou desligar - Eu murmurei.

- Boa noite, Marianne - Ele desejou.

- Você vai ter muito chantilly no seu café amanhã, Piatri - Eu revirei os olhos.

- Por favor, vamos manter o Peter - ele zombou antes de encerrar a chamada.

Eu joguei o celular na mesa de cabeceira, caindo na cama de novo. Já faz um ano que eu estava trabalhando com Pyotr, e eu posso jurar que esse russo maluco ainda vai acabar me enlouquecendo em algum momento.

Ele, apesar de ainda insistir em me chamar de Marianne, tinha se mostrado um bom chefe. Nós não somos exatamente amigos, afinal eu não sei muito sobre sua vida, a não ser que ele é russo e tem três irmãs. Eu sequer consigo pronunciar seu nome da forma certa. No fim, chegamos a um acordo de que eu o chamaria pela versão americanizada de seu nome, mas sempre que eu queria irritá-lo, arrumava uma nova forma bizarra de tentar pronunciar 'pyotr'.

Meu pai também me contou que ele veio para os Estados Unidos para fazer a faculdade, conseguindo um visto de estudante que se transformou em um visto para trabalho quando ele se formou e foi contratado pela Navruz Publications. Ele cresceu depressa na editora depois disso, Omar disse que foi a melhor decisão que Elena tomou, pois ele elevou a Book Review a outro nível.

Isso era tudo o que eu tinha reunido sobre o Russo em um ano, isso é, sobre sua história. Sobre seus gostos pessoais eu aprendi bastante. Ele não é fã de chantilly, gosta das suas bebidas extremamente quentes, prefere chocolate branco à chocolate ao leite ou meio amargo. Tem uma paixão incrível pela leitura, tanto que a transformou em seu ganha pão, odeia ir em reuniões sozinho e acaba sempre me arrastando junto, se aproveitando do fato de que ninguém tem coragem de me barrar por ser a herdeira Navruz.

E tem uma mania inexplicável de me ligar de madrugada pelas mais diversas razões. Confirmar se eu despachei um documento, se entrei em contato com algum escritor, perguntar sobre reuniões e, aparentemente, pedir um café diferente para o dia seguinte. Essas chamadas aconteciam cerca de três vezes por semana, e eu sempre acabava descontando minha irritação em alguém no dia seguinte.

Eu tentei voltar a dormir, mas depois de mais de uma hora revirando na cama, percebi que meu sono se foi de vez. Eu me levantei, tomando um banho demorado, pelo menos poderia me arrumar com calma. Muita calma.

Eu vesti um macacão social branco, sapatilhas pretas - que eu trocaria por um par de scarpins floridos assim que chegasse na editora - e deixei meus cabelos soltos.

Um pouco mais cedo do que eu costumava, eu saí de casa, decidida a caminhar até o prédio da Navruz Publications. Não era um longo percurso, se caminhasse tranquilamente eu chegaria em vinte minutos.
Eu consegui pegar a Starbucks vazia por algum milagre, comprei o cappuccino com canela e pedi para caprichar no chantilly, aquele russo terá que lidar com a minha irritação hoje.

Após conseguir um vanilla Latte para mim, atravessei a rua em direção ao prédio, onde um dos seguranças me cumprimentou de forma amigável. Eu tentei não descontar meu mau humor nele, o coitado não tinha culpa do meu chefe ser um completo lunático! Entrei no elevador e quando as portas estavam prestes a se fechar, Halley entrou apressada.

- Bom dia - Ela me olhou com curiosidade - Está cedo para você, não?

- Bem, é o que acontece quando eu estou acordada há mais de três horas - Eu murmurei.

- Outro telefonema? - Halley perguntou com diversão.

- Eu juro que ele não dorme! - Eu exclamei - Dessa vez foi para mudar o tipo de café.

- Então ele está encrencado - ela cantarolou seguindo para fora do elevador.

- Você não faz ideia - Eu sorri seguindo o meu caminho.

Pyotr ainda não tinha chegado no escritório.

Claro que não... Ele me acorda para pedir um café e nem está aqui para receber.

Eu coloquei o copo térmico sobre a sua mesa e voltei para a minha sala para buscar alguns livros que ele havia ganhado.

Eu levei a caixa para dentro do seu escritório e a coloquei no chão na frente da sua estante. É bom aproveitar que o lugar está vazio e começar a trabalhar. Coloquei fones de ouvidos e liguei meu celular em alguma música aleatória, apenas para passar o tempo.

- They say I'm really sexy, The boys they wanna sex me. They always standing next to me, Always dancing next to me - Eu cantarolei com a musica, deixando meu corpo se mover com o ritmo enquanto eu me abaixava para pegar outro livro - Trying to feel my hump, hump, looking at my lump, lump...

Eu notei uma movimentação com minha visão periférica, me virei depressa para encontrar Pyotr encostado no batente da porta, me observando com uma sobrancelha erguida.

Desde quando ele está parado ali?

- Peter... - Eu retirei os fones com pressa, tentando me impedir de corar - Eu não te ouvi chegar.

Meu chefe me pegou mesmo rebolando em seu escritório?

- Eu estou interrompendo? - Ele perguntou me fazendo corar ainda mais.

Eu o observei por um momento, ele estava bem bonito hoje. usava um terno preto com a camisa branca com o colarinho aberto sem gravata. Seus cabelos estavam penteados para trás com esmero. Muito sexy.

- Eu termino isso depois - Eu arregalei os olhos ao perceber o rumo dos meus pensamentos, fazendo o homem franzir o cenho e se desencostar do batente da porta.

- Precisa de ajuda? - Ele se aproximou quando eu me abaixei para pegar a caixa que ainda tinha alguns livros.

- Não! - Eu exclamei me erguendo com a caixa nas mãos - Quero dizer, eu me viro. Onde está sua gravata, Piotre?

- Eu esqueci em casa, e você sabe bem que não é assim que se pronuncia - Ele respirou fundo antes de pegar a caixa da minha mão - Me dá isso, eu arrumo.

- Eu posso fazer isso, é meu trabalho - Eu protestei.

- Eu decido o que é seu trabalho. Onde está meu café? - ele recolocou a caixa no chão.

- Na mesa - Eu indiquei o copo tentando fugir dali.

Qual o seu problema, Mary? É só o Peter! Você está com raiva dele, aliás. E daí se ele te pegou cantando e rebolando no escritório dele?

- Mary, tem chantilly aqui - A voz decepcionada do russo chamou minha atenção enquanto eu estava saindo da sala.

Ele me chamou de Mary? Eu me virei mais uma vez em sua direção e tive que me controlar para não rir de sua expressão.

- Você não poderia apenas beber sem abrir o copo, como todo mundo faz? - Eu me aproximei da sua mesa.

- Como você conseguiu errar dessa vez? Não colocam chantilly em cappuccino - Ele reclamou.

- Foi um pedido especial meu - Eu pisquei para ele, esquecendo o constrangimento de momentos atrás - Eu te avisei que te puniria por me acordar de madrugada.

Eu cruzei os braços esperando por sua reação. Ele estava pensativo, provavelmente ponderando se brigava comigo ou não. Mas no fundo, ele sabe que mereceu.

- Você tem uma colher? - Ele perguntou por fim.

- É sério isso? - Eu revirei os olhos - Peter, você não sabe nem o gosto que tem, por que não experimenta?

- Eu sei o gosto que tem - Ele me encarou - É doce.

- Sabe o que mais é doce? Chocolate branco. E ainda assim, você adora - Eu revirei os olhos - olha, eu volto já, vou buscar uma colher.

- Achei que você queria me punir - Ele me lembrou.

- Considere uma recompensa por ter me chamado de Mary - Eu sorri - Quem sabe assim você se acostuma.

Eu segui até a copa que tinha no andar, conseguindo uma colher em um balcão.

- E então, Como está indo a punição? - A voz de Halley me surpreendeu.

- Eu estou indo tirar o chantilly do café dele - Eu suspirei.

- Como isso aconteceu? Onde foi parar toda aquela determinação de fazê-lo sofrer? - ela gargalhou.

- Eu tenho que encontrar outra forma de concretizar isso - Eu suspirei - Alguma ideia?

- E se você passasse a ligar pra ele de madrugada? - Ela sugeriu enquanto retornamos.

- Eu prefiro dormir - Eu neguei - Além disso, eu tenho quase certeza de que ele não dorme.

- Que tal arrumar uma nova maneira bizarra de pronunciar Pyotr? - Ela sorriu.

- Ele já se acostumou - Eu mordi meu lábio inferior, parando junto ao batente da porta que levava à minha sala - Eu vou pensar em algo até o fim do dia.

Eu voltei para o escritório de Pyotr que estava distraído lendo um texto que eu havia separado para ele. Eu caminhei até sua mesa e peguei o copo de café, tentando tirar todo o chantilly de uma vez com a colher.

- Pode deixar, eu faço isso - o homem ergueu os olhos em minha direção.

- Tarde demais - Eu ergui a colher com o chantilly e a levei até a boca.

- Você se sujou - ele avisou.
Eu passei o dedo indicador no canto da boca, tirando o chantilly que tinha se acumulado ali.

- Não sei qual é o seu problema com isso - Eu zombei, levando o dedo sujo até a boca em seguida.
Pyotr parecia prestes a responder algo, quando seus olhos se focalizaram em algo atrás de mim, Ele se levantou depressa, fazendo com que eu me virasse confusa, ainda com o dedo na boca para encarar a pessoa parada ali.

- Velho? - Eu tirei o dedo da boca depressa - O que você está fazendo aqui?

Droga, ele não deveria estar ali. Ele tem que ver que eu levo meu trabalho a sério e não que fico irritando meu patrão.

- Senhor Navruz - Pyotr deu a volta na mesa para apertar a mão do homem.

- Eu não te vi pela manhã - Ele apertou a mão do meu chefe, sem desviar o olhar de mim, com a testa franzida.

- Eu saí mais cedo hoje - Eu expliquei depressa.

- Algum motivo em especial? - Ele alternou o olhar entre nós dois - Você não deveria deixar sua mesa vazia.

Droga, ele com certeza está pensando que eu sou péssima no meu trabalho. Ele não poderia ter aparecido um pouco depois? De preferência quando eu estivesse sentada na minha mesa, agendando reuniões ou lendo e-mails?

- Ela estava me trazendo café, Senhor Navruz - Pyotr explicou.

- Sim - Eu concordei -O café dele. Eu trago toda manhã. Faz parte do meu trabalho, velho.

- Entendo - Omar continuou revezando o olhar entre nós dois - Provar o café do seu chefe também faz parte do trabalho?

Eu olhei para a colher ainda em minha mão, pensando em como eu poderia explicar isso.

"Ele me acordou de madrugada para pedir um café, então eu coloquei chantilly, que ele por acaso odeia, e no fim tive que tirar"?

Se eu falar isso ele vai ter certeza que eu não faço meu trabalho direito!

- Por que você está aqui mesmo? - Eu desconversei colocando a colher discretamente em cima da mesa de Pyotr.

- Eu vim te avisar que você vai almoçar comigo e sua mãe hoje - Ele continuou com o olhar desconfiado.

- Vou? - Eu o encarei confusa.

- Eu vou passar para te pegar antes da uma hora - Ele avisou com uma expressão ilegível - Esteja pronta. E volte ao trabalho, garotinha.

- Sim - Eu murmurei indo em direção a minha mesa torcendo para que ele não contasse isso para minha mãe.

Omar conversou com Pyotr por alguns minutos antes de sair, me fazendo corar pelo o que aconteceu antes. Eu não queria parecer irresponsável diante do meu pai, não queria que ele pensasse que eu não sou capaz de fazer meu trabalho direito.
Eu sou capaz, ele apenas apareceu na hora errada.

- Mary? - eu olhei para cima encontrando o olhar de Pyotr sobre mim. Eu podia jurar que tinha algum traço de preocupação neles, mas sumiu logo.

- Sim?

- Você... você é uma boa assistente - Ele comentou sem graça - A questão do café, bem eu não me importo com isso, então não ligue para o que seu pai disse.

- Obrigada, Peter - Eu ofereci um sorriso genuíno.

Pelo menos alguém enxerga minha capacidade.

Ele acenou e entrou em seu escritório fechando a porta em seguida. Eu respirei fundo tentando me concentrar no meu trabalho.

Eu passei a manhã inteira absorta em uma série de contos que chegou no E-mail, e acabei não notando o passar do tempo até Halley me avisar que meus pais estavam me esperando na recepção central do prédio.

Eu corri até o elevador, mal me lembrando de avisar meu chefe que eu estava saindo. Por sorte o elevador estava parado no andar, quando cheguei ao térreo, era apenas minha mãe que estava aguardando na recepção, recebendo inúmeros olhares curiosos.

Para quem não a conhece, ela até poderia parecer uma mulher distinta e inofensiva, mas quem trabalha ali sabe o perigo que sua presença representava.

- Mary, você demorou - Ela ralhou assim que eu cheguei.

Eu observei seus fios loiros perfeitamente presos em um coque, seus olhos de cor indefinida, que eu gostaria de ter herdado, e seu corpo coberto pelo terninho creme, que conseguia acentuar cada curva com perfeição. Meu pai era um cara de sorte.

- São vinte e cinco andares, mãe - Eu revirei os olhos - Pra chegar aqui mais rápido, só se eu pulasse da janela.

- Seu pai está nos esperando no Le Bernardin - Ela informou colocando a mão nas minhas costas e me incitando a caminhar - Ele levou Paris direto para lá.

- Paris? Quem é Paris? - Eu parei de andar, encarando a porta aberta do carro - Por que essa Paris estará lá?

- Seu pai não te avisou? - Minha mãe revirou os olhos, me incitando a entrar no carro - Nós vamos dar uma entrevista para a coluna de Paris Thompson.

- O que? - Eu arregalei os olhos.

Eu odiava aquelas entrevistas, eu sempre fugia daquelas besteiras e eles nunca fizeram questão que eu participasse, por que a mudança?

- Era pro seu pai ter te avisado - Ela suspirou me lançando um olhar simpático - Na próxima vez eu mesma resolvo isso.

Bem, se fosse ela e não meu pai de manhã, eu com certeza estaria encrencada. Eu respirei fundo e segui em frente, tentando imaginar o que me aguardava.

- Que tipo de entrevista é essa? - Eu questionei, enquanto o motorista dirigia pelas poucas quadras que separavam a empresa do restaurante.

O trânsito infernal, como sempre, tornava as coisas mais lentas.

- Sobre nossa família, sobre a Editora, essas coisas.

- E por que eu tenho que participar? Por que agora? - Eu insisti.

Eu já havia visto dezenas de entrevistas como essas, mas nunca precisei participar de nenhuma.

- Bem, porque as pessoas querem saber o motivo da nossa herdeira estar trabalhando como assistente pessoal - Ela me respondeu - E querem saber o seu ponto de vista sobre isso.

- Você não pode estar falando sério! Mãe, eu não sou uma pessoa pública, não tenho que dar satisfação da minha vida - Eu gemi - Qual é, eu trabalho, vivo basicamente com o dinheiro que eu recebo, nunca fui presa, por que não me deixam em paz?

- Não estamos pedindo para você contar nada pessoal, Mary - Ela me encarou - Não é o fim do mundo. E a parte de nunca ter sido presa é relativa, não é?

- Não é assim que eu vejo - Eu revirei os olhos ignorando sua provocação.

- Vamos - Ela ignorou meus protestos quando o carro parou na entrada do restaurante.

Eu a segui em silêncio até a mesa onde meu pai e Paris estavam. Ela era uma colunista da Adweek, uma popular revista de negócios. Ela conseguiu seu cargo há pouco tempo e já iria entrevistar a família Navruz.

Bom pra ela!

Eu a vi algumas vezes caminhando pelo prédio, mas nunca me interessei em conhecê-la, ou sequer interagir com ela. Ela usava uma roupa de cor neutra e tinha seus cabelos loiros elegantemente bagunçados.

- Aí estão as mulheres da minha vida - Omar declarou se levantando.

Ele tinha trocado de roupa desde que esteve no escritório mais cedo, ele usava um terno cinza, com camisa branca e gravata vinho. Um lenço combinando com a gravata e abotoaduras de rubi completavam o visual.

Ele precisava sempre se vestir como se estivesse prestes a assistir uma ópera ?

- Vocês conhecem a senhorita Thompson? - Ele me deu um beijo no rosto e um selinho rápido em minha mãe, antes de puxar a cadeira para que ela se sentasse.

- Srª Navruz - Paris sorriu estendendo a mão para minha mãe - Srtª Navruz.

- Me chame de Mary - Eu pedi.

- Eu já pedi algumas entradas - Omar informou - E também vinho branco, a Senhorita Thompson estava me fazendo algumas perguntas fascinantes sobre você Mary.

- Sobre mim? - Eu a encarei surpresa.

- Sinto muito - A garota se apressou em dizer ao ver minha reação - Só estou curiosa.

- Não precisa se preocupar, garota - Omar se apressou em responder - Mary está aqui para responder qualquer pergunta que você tiver.

- Um detalhe que você esqueceu de me avisar mais cedo, não é, velho? - Eu murmurei de mal grado, observando um pequeno gravador sobre a mesa ao lado da jovem.

- Desculpe querida, mas eu tinha coisas mais interessantes para observar de manhã - Omar deu de ombros antes de mudar de assunto - Gostou do restaurante, Srtª Thompson?

- Eu adorei - Ela respondeu apressada - É muito bonito.

- Depois que eu passei na Navruz mais cedo, eu pensei em levá-las no The Russian Tea Room - Meu pai começou sem desgrudar os olhos de mim - Mas infelizmente eu já tinha feito essa reserva... Os russos são fascinantes, não acha Srtª Thompson?

- Eu suponho que sim - Ela respondeu confusa - Eu...

- E você Marianne? - Meu pai sorriu - Tenho certeza que você acha os russos fascinantes.

- O que? - Eu olhei para minha mãe em busca de ajuda, mas ela parecia tão confusa com aquele assunto quanto eu - Eu só conheço um russo, e acho meio difícil julgar um povo inteiro com base em uma pessoa.

- Rozanov parece ser um bom exemplo de russo - Meu pai insistiu.

- Você trabalha para Pyotr Rozanov, não é? - Paris interrompeu qualquer que fosse a linha de pensamentos maluca do meu pai, fazendo com que eu agradecesse - Como ele é como chefe? Ele te trata diferente por ser a filha do chefe?

- Essa é uma excelente pergunta - Omar sorriu ainda mais, com um brilho estranho no olhar. O que aconteceu com ele? Será que ele pensa que Peter pega leve comigo por eu ser uma Navruz?- Como ele te trata, Mary?

- Ele me trata como qualquer outra funcionária - Eu tratei logo de responder, meu pai não parecia satisfeito com a resposta, mas Paris foi mais rápida.

- Mas não é estranho trabalhar como assistente pessoal? Você não acha que está abaixo das suas habilidades? Quero dizer, você já se formou há mais de um ano, e é a herdeira.

- Eu não concordo - Elena interrompeu - Você pode aprender muita coisa nessa vaga, Mary é formada há pouco tempo, precisa pegar experiência antes de conseguir um cargo melhor.

- Acho que a garota pode falar por si mesma, Elie - Omar interrompeu.

- Desculpe - Minha mãe me ofereceu um olhar encorajador.

- Então, Mary? - Paris sorriu.

- Minha mãe está certa. Eu estou aprendendo bastante - Eu respondi.

- Mas você não acha que poderia aprender em outro cargo também? - Ela insistiu - Algo que não envolvesse buscar café e atender telefonemas?

- Bem, quando eu comecei eu não conseguia nem buscar o café certo - Eu revirei os olhos - Ele pedia com espuma e sem açúcar, eu trazia com açúcar e sem espuma... Ou então com chantilly.

- Agora você sabe bem o tipo de café que ele gosta, eu suponho - Meu pai me provocou, fazendo com que eu corasse.

Bem, eu melhorei desde o início.

- Eu ainda cometo alguns erros - Eu voltei a falar, o ignorando - Mas eu me esforço para acertar.

- É natural cometer erros - Minha mãe veio em meu socorro - Quando eu trabalhava para Omar, eu sempre levava chá verde para ele, sendo que ele detestava. Eu não conseguia gravar essa informação.

- E vocês dois acabaram se envolvendo - Ela declarou com um sorriso no rosto - É uma bela história.

- É difícil conciliar esse tipo de trabalho com uma vida pessoal paralela - Minha mãe explicou.

- Você consegue fazer essa conciliação, Mary? - Paris questionou.

Eu respirei fundo antes de responder aquela pergunta, minha mãe me garantiu que não fariam perguntas pessoais.

- Bom, eu...

- O namorado dela é o trabalho - meu pai gargalhou - Se é isso que você quer saber.

- Pai! - Eu exclamei.
Qual o problema dele?

- É melhor mudar de assunto - Minha mãe lançou um olhar significativo para o marido.

Nós passamos o resto do almoço em paz. Eu não fui mais alvo das perguntas de Paris e pude me concentrar em minha comida. Foi quando me lembrei que não tinha avisado Pyotr que iria sair e nem que horas eu voltaria. Já haviam passado dez minutos do fim do meu horário de almoço.
Eu peguei meu celular notando uma mensagem dele perguntando onde eu estava.

Ótimo...

- Vocês podem me dar licença? - Eu me levantei, saindo da mesa antes que meu pai protestasse.

Eu disquei o número do meu chefe com pressa assim que cheguei na calçada e ele atendeu ao primeiro toque.

- Onde você está? - Ele perguntou.

- Desculpe, minha mãe chegou e estava apressada - Eu me justifiquei - Eu esqueci de avisar que estava saindo.

- Não importa, aonde você está?

- Agora? - Eu franzi o cenho - No Le Bernardin.

- Eu te pego em dez minutos - Ele declarou - Me espere na porta.

Ele desligou antes que eu pudesse responder, eu decidi não discutir e apenas ir pegar minhas coisas.

- Sinto muito - Eu peguei minha bolsa - Eu preciso ir.

- Algum problema? - Minha mãe perguntou.

- Peter está vindo me buscar - Eu expliquei - Ele precisa de mim.

- Peter? - Paris me olhou confusa.

- Acredite em mim, é melhor ela chamá-lo de Peter - minha mãe explicou para a jovem - ela simplesmente não consegue pronunciar.

- Obrigada por esclarecer, mãe, mas agora eu preciso ir.

- Tenho certeza que precisa - Omar murmurou.

Por que ele está sendo tão esquisito?

Bem, eu não tinha tempo para descobrir, me limitei a acenar para eles e sair do restaurante.

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