Pedidos
Jake Ballard-Hunt
-Então, eu estava esperando que você concordasse com algo.- explico me sentando.
-Com o que?- meu pai pergunta enquanto concerta o carburador de um carro.
-Lembra que o Jesse vive aqui em cima?- aponto com a cabeça.
-Sobre isso...- meu pai levanta a cabeça e me encara.- Deveria colocar isolamento acústico nas paredes, quando chego de manhã, ele só falta estourar os tímpanos com a música alta.
-É, eu vou conversar com ele.- dispenso o assunto.- Queria saber se tem espaço para mais um.
-Mais um?- ele franze as sobrancelhas.- Jake, aqui não é abrigo...
-Não dá resposta sem antes conhecer ela.- explico.
-Ela?- ele me observa.- Jesse já sabe que vai morar com uma garota?
-Claro, ele aceitou superbem.- minto.
-Quero conhecer ela.- mexe a mão.
-Ok.- me levanto.- Espera aqui, ok?
-Não vou sair daqui.- ele aponta para o carro e volta a concertar.
Sabia que Emma estava na parte de trás da oficina, Jesse queria que ela ensinasse a ele como fazer a curva fechada e os dois estavam dando voltas com o carro. Pareciam um bando de malucos sem pé nem cabeça.
Eles me vêem sair e eu espero eles saírem do carro, Emma arruma os cabelos em um coque alto e Jesse parece tonto demais com todas as voltas que os dois deram no carro antes de eu aparecer.
-Você, volta a praticar.- falo.
-Não aguento mais fazer isso.- ele murmura voltando.
-Então deveria aprender a fazer logo.- rebato.
Ele me lança um olhar que sei muito bem que está mandando eu ir me foder. Olho para Emma e ela está colocando as mãos dentro dos bolsos da jaqueta, seu olhar está curioso e aproveito o momento em que eu sei das coisas e ela não.
-O que?- pergunta perdendo a paciência.
-Acho que você já sabe que eu fui no seu apartamento.- começo.
-É, eu desconfiava.- ela fica levemente mais tensa.
Igual ficou quando eu perguntei da cicatriz, mas era uma cicatriz tão marcante que eu não consegui parar de tentar saber o que tinha acontecido. Sabia que tinha sido uma bomba, mas não sabia que bomba era, podia ser uma que não tinha sido noticiada.
-Enfim, eu vi toda aquela porcaria que você chama de apartamento.- resumo.- Quero ajudar você. Sou muito bom, eu sei, então...
-Quem disse que eu precisava de ajuda?- ela franze as sobrancelhas.
-Eu.- respondo.- Aquele apertamento não é lugar para você.
-Ah, você me conhece há uma semana e sabe qual e o lugar para mim agora.- ela ri.- Claro, por que você é incrível, não é, Jake?
-Que bom que sabe, Emma.- pisco.- Então, Jesse mora aqui em cima e tem um quarto vago.
-Eu estou bem no meu apartamento.- Emma mexe os ombros.- Se já terminou, eu preciso corrigir o que Jesse está fazendo de errado.
-Não, ainda não terminei.- seguro o braço dela.- Você vai aceitar a ajuda, por que eu estou mandando que aceite.
-Você está mandando?- ela fica vermelha.- Quem você acha que é para mandar que eu faça algo?
-Eu sou seu chefe.- explico.- Meus comandos vão para o seu celular e você os segue, não é?
-Não acredito que vai dar essa para cima de mim.- ela sorri com raiva.
-Acredite.- assinto.
-Que seja.- ela puxa o braço.- Não volte a me tocar.
-Não acabou.- falo e ela respira fundo.- Meu pai quer falar com você, a oficina é dele e é ele quem decide.
-Olha, o meu chefe tem um chefe.- ela passa por mim e sorrio.
-Sabe, você pode achar que isso fere meu orgulho, mas não.- ando atrás dela.- Você brigando comigo é bem mais legal que qualquer outra coisa.
-Ótimo, podemos começar a passar para o físico e quem sabe eu jogue você contra o vidro da sala do seu pai.- ela entra comigo na oficina.- Onde ele está?
-Ali.- aponto.
Emma começa a andar e vou seguindo atrás dela, meu pai ergue a cabeça e parece surpreso quando aponto para Emma. Então ele pega um pano e começa a limpar a graxa das mãos enquanto ela se aproxima.
-Emma?- pergunta.
-Sou eu.- ela mexe a cabeça.
-Jake falou que precisava de um canto para ficar.- explica.
-Ele acha que sim.- Emma fala e vejo suas bochechas vermelhas.
-Acha, é?- ele olha para mim.
-O apartamento dela tem o tamanho do nosso banheiro.- explico e Emma me encara.- Não adianta fazer essa cara...
-Eu não faria essa cara se você não fosse um idiota que fica impondo o que eu devo fazer.- ela rebate.
-Eu não estou impondo o que você deve fazer, Emma, eu estou falando que você não tem condições de viver naquele ovo...
-Agora você está xingando o apartamento...
-Não me interrompa quando eu estiver falando...
-Você que me interrompeu primeiro...
-Ok, não vamos chegar a lugar nenhum com isso.- meu pai respira fundo e parece tentar conter uma risada.- Emma, você pode ficar aqui. Tem um quarto sobrando e Jesse não vai se importar.
-Realmente não precisa disso.- Emma balança a cabeça.
-Quer mesmo voltar a discutir isso?- pergunto.
-Por que você é tão irritante?- ela volta a me encarar.
-O que está acontecendo aqui?- minha mãe aparece.
-Os dois estão discutindo.- ele fala rindo.- É melhor do que aquilo que você assiste.
-Por que estão discutindo?- minha mãe cruza os braços.
-Emma mora em uma bosta de apartamento...
-Jake, o apartamento não se ofende, para de xingar ele...
-Já falei para não me interromper...
-Vai me mandar ficar de boca fechada também?
-Seria um sonho se isso acontecesse...
-Entendi.- minha mãe murmura.- Bem, querida, você pode ficar lá em cima, tem um quarto sobrando.
-Eu estou bem no meu...
-Isso você faria você ficar muito mais próxima.- minha mãe explica e Emma para.- Não precisaria dirigir até aqui e pouparia tempo.
-Não quero incomodar vocês.- ela fala mais baixo.
-Não incomoda nem um pouco.- minha mãe sorri.- Por que você....não vem jantar lá em casa hoje?
-O que?- eu e Emma falamos na mesma hora.
-A empregada preparou a porção de sempre achando que James estaria aqui e eu não quero gastar comida.- minha mãe olha para meu pai.- Não é, amor?
-É.- ele assente rapidamente.
-Eu tenho planos...
-Ela tem planos.- repito.
-Não faria essa desfeita conosco, faria?- minha mãe franze as sobrancelhas.
Olho para Emma e percebo que minha mãe atingiu o ponto, ela sabia fazer isso quando queria algo de alguém. Respiro fundo me controlando ao perceber que Emma vai jantar lá em casa hoje e não tem nada que eu possa fazer para impedir.
-Ok.- Emma fala baixo.
-Ótimo.- minha mãe sorri.- Jake, onde estão os outros?
-Jesse está lá atrás, H está nas pistas e Alex está....não sei.- mexo os ombros.
-Vou falar com o Jack e a Cora.- ela suspira.- Ontem ela foi lá em casa e falou que James não estava atendendo ela.
-Eu falei, maluca.- mexo as mãos.
-Ela pode estar preocupada.- meu pai fecha o capô.- Não vamos presumir nada.
Olho para Emma e ela parece não concordar, percebo que ela tem que ter falado com Alex para isso acontecer. E na mesma hora quero saber o que rolou entre as duas, então minha cabeça começa a ir de um lado para o outro.
-Eu vou mostrar onde você vai ficar.- digo.
-Agora?- Emma pergunta.
-É.- assinto prestes a segurar o pulso dela.
-Já falei para não me tocar.- ela bate na minha mão.
-Ok, sua doida, calma.- começo a subir as escadas de trás.
Ouço uma risada da minha mãe e ignoro enquanto subo mais e mais. Emma me acompanha e abro a porta para mostrar o apartamento em que Jesse está vivendo.
É bem legal, a sala de estar é mais uma sala de jogos pequena e tem dois quartos e uma cozinha bem equipada e preparada. Então caminho até um dos quadros e vejo que está totalmente em branco, pronto para ela
-Então.- fecho a porta e Emma para de frente para a janela.- O que rolou com a Alex?
-Como sabe que rolou algo?- ela afasta as persianas.
-Sei lá, pressentimento.- explico.
-Ela só me falou para ficar longe do James.- Emma vira e me encara.- Disse que ele era dela.
-Eu sabia.- sorrio.- Eu sempre sei.
-Ok, Gandhi.- ela começa a vir na minha direção.- Agora sai da frente da porta.
-Eu ganho o que com isso?- pergunto.
-Você é uma criança, Jake.
Adoro como ela perde a paciência rápido.
-É uma pergunta simples.- explico.- O que eu ganho com...
Emma agarra minha camisa e me bate contra a porta, arregalo os olhos quando os cabelos dela se soltam e Emma aproxima o rosto do meu de um jeito perigoso. Encaro os olhos esverdeados.
-Eu não sou uma garota de quem você dá em cima ou manda.- sussurra.- Você não vai fazer o que fez de novo.
-O que eu fiz?- provoco.
-Mandou em mim e agora está me importunando.- explica.- Da próxima vez, Jake, eu vou chutar seu saco e não vai ser fraco.
-Entendido.- murmuro.
-Que bom.- ela me empurra para o lado e abre a porta.
Ouço seus passos pesados até sair do apartamento e sento na cama, não que eu fosse um maluco ou algo assim, mas acho que tinha ficado muito excitado com isso. Acho não, tenho certeza.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro