Lidar
Jake Ballard-Hunt
Cruzo meus braços e fico andando de um lado para o outro, ignorando os pedidos da minha mãe para sentar ou tomar um pouco de café. Tínhamos chegado há uma hora e minha tia parecia estar demorando todo o tempo do mundo para examinar Emma.
James está esfregando uma mancha de sangue do braço e Alex acabou de ir embora quando ele falou algo sobre estar bem sozinho. Então os dois estavam bem brigados já que ela saiu batendo os pés como uma criança e ele parecia ter ficado emburrado.
A porta abre e vejo minha tia esfregando as mãos por causa do álcool em gel, então me aproximo e eles levantam das cadeiras para se aproximar também. Lily parece bem mais séria do que deveria estar, então olho por cima e vejo Daniel enrolando o braço de Emma, mas não consigo ver ela.
-Ela...- Lily respira fundo.- Ela não está bem.
-Como assim? Perdeu muito sangue? Precisa de cirurgia?- pergunto.
-Não, fisicamente, ela está bem.- assente.- Precisa ficar com o braço em uma tipóia, por causa do tiro, e tem algumas queimaduras no corpo dela, mas nada grave para uma cirurgia.
-Então por que falou que ela não estava bem?- minha mãe pergunta.
-Ela não consegue ouvir sons muito altos.- explica e franzo as sobrancelhas.- Precisam falar baixo perto dela. Quando tentamos fazer a ressonância, ela começou a gritar e precisou ser sedada.
-O que isso significa?- meu pai parece mais preocupado que o de costume.
-Ela está com estresse-pós-traumatico.- explica.- Eles colocaram ela para assistir as filmagens de guerra e a torturaram dia e noite. A mente dela está uma confusão e talvez tenha que fazer tratamento com a Sarah.
-Mas ela vai ficar bem, né?- James cruza os braços.
-Ela está tentando brincar e parece a mesma dos almoços.- Lily tenta sorrir.- Mas não tem como saber o quanto foi atingida, chamei a Sarah e ela vai conversar um pouco com ela.
-Então ela não vai para casa hoje?- pergunto.
-Não.- balança a cabeça.- Ela vai poder ir amanhã, mas hoje quero que ela fique aqui. Com a supervisão de pessoas capacitadas.
-Somos capacitados.- minha mãe franze as sobrancelhas.
-É, certo.- Lily concorda para não haver briga e meu pai sorri fraco.
-Podemos falar com ela?- minha mãe aponta.
-Daniel está se dando bem com ela.- minha tia olha para mim.- Acho melhor darmos um tempinho. Vocês podem ir para casa, descansar e voltar depois.
-Eu vou ficar.- sento na cadeira.
-Agora você se arrependeu, né?- James pergunta.- Quando vê que ela está na merda....
-Vai se foder, James!- avanço em cima dele.
James não antecipa meu soco e bate as costas na parede, nos encaramos e as bochechas dele ficam vermelhas. Então ele avança em cima de mim e sinto apenas seu soco antes de começar a derrubar ele e segurar a gola da sua camisa para socar.
Solto um grito quando ele soca meu estômago e inverte as posições, ele começa a me socar sem parar e grita mais alto quando minha mãe segura a cabeça dele pelo couro cabelos sem pena nenhuma.
-Vocês dois, parem!- ela grita e agarra meus cabelos também.- Sim, Jake foi um imbecil e acho que nunca vou perdoar ele por isso. E não, James, você não pode descontar em Jake a frustração que está sofrendo com Alex!
-Calma, princesa.- meu pai toca o braço dela e a afasta.- Vocês dois vão embora...
-Mas eu...- aponto para a porta.
-De jeito nenhum você vai ficar aqui com esse temperamento.- meu pai me encara.- Emma precisa de calma, quando estiver calmo, você volta aqui...
-Eu sou...
-Vai discutir comigo?- meu pai levanta as sobrancelhas.- Não me importa para onde vocês dois vão, mas saiam daqui e deixem Emma descansar.
Olho para minha mãe e ela está com o rosto sério, ok, então, vou ter que sair aqui antes que eles peçam para a segurança me arrastar. Pego minha jaqueta e vou na direção oposta a que James foi, não quero falar com ele agora.
Penso no que Lily falou sobre Emma e começo a imaginar que se eu tivesse ido mais cedo ou algo assim....paro antes de passar pela porta e percebo que ela estar traumatizada assim foi minha culpa, eu que quis deixar ela lá.
Falei que ela merecia o que estava acontecendo, falei que não me importava com ela, falei que ela era culpada quando, na verdade, não abriu a boca sobre a minha família, mesmo quando estava na merda.
Cada dia a mais que ela passou lá dentro foi mais traumatizante para ela. Podia descobrir onde ela estava com um movimento e não o fiz. Eu quis deixar ela apodrecendo por que ela simplesmente tinha passado todas as barreiras que eu tinha construído envolta de mim.
Eu....eu causei isso.
𑁍
Emma Ballard-Hunt
Me ajeito na cama confortável e observo Daniel falando baixo com Sarah, ela chegou há alguns minutos e eles dois estão conversando perto da porta. Não sei sobre exatamente o que eles estão conversando, mas deve ser algo sobre mim.
Eles tinham me examinado, então me deixaram tomar um banho e agora eu estava muito mais relaxada do que antes, quando tentaram me colocar na ressonância e eu não consegui me aguentar com o barulho.
-Oi, Emma.- Sarah vem na minha direção e a observo.- Como você está?
-Bem.- garanto e ela sustenta o olhar.- Eu estou bem.
-Claro, se você acha que está...- senta na minha frente e observo os olhos castanhos doces.- O que aconteceu lá dentro?
-Eu não....- começo a respirar rápido.- Eu não quero...
-Ok, ok.- ela fala quando a máquina do coração começa a acelerar.- Me conta, como era sua infância? Seu pai era legal?
-Ele...- engulo em seco.- Ele me levava para o parque de diversões nos finais de semana quando ele tinha tempo da oficina.
-Gostava de ir?- sorri.
-Sim, ele sempre conseguia os maiores ursos para mim.- abaixo a cabeça e aperto minhas mãos.- E tomávamos sorvete antes de sairmos.
-Tinha uma relação boa com seu pai, então.- ela afasta uma mecha do rosto.- O que fez você entrar no exército?
-Ele morreu.- mexo os ombros.- E eu não tinha como pagar uma faculdade. Então achei que me alistar ia ser bom, ao menos iria ter uma abrigo e comida.
-Você tentou sobreviver.- ela parece entender.- Não tem vergonha nisso, Emma.
-Você não está com raiva de mim?- meus olhos começam a arder.- A família toda deve estar com raiva de mim...
-Por que ficaríamos com raiva?- ela franze as sobrancelhas.
-Porque eu ia trair vocês.- começo a chorar.- Eu...- fungo.- Vocês devem me odiar...
-Não, Emma, não odiamos.- ela me abraça com cuidado.- Estamos do seu lado, todos aqui precisaram sobreviver. Você é um dos nossos, não odiamos você.
-Eu achei...- soluço.- Eu achei que...- ela se afasta e vejo Laura entrar com lágrimas nos olhos.- Eu achei que ia morrer....
Laura não dia uma palavra quando me abraça com força e choro no ombro dela, suas mãos acariciam meus cabelos e minhas costas doloridas e continuo chorando no seu ombro não sei por quanto tempo.
-Shh.- Laura beija minha testa.- Estamos com você.- sussurra baixinho.- Eu estou com você, Emma. Família, lembra?
-Sinto muito.- sussurro.
-Não tem motivo.- me acalma.- Agora você está segura. Não tem motivo para se desculpar.
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