Emma Ballard-Hunt

Eu estava sem lençol, sem colchão e apenas com um travesseiro, não sabia nem como estava conseguindo dormir. Estava com fome, estava com nojo, estava com insônia, não conseguia grudar os olhos por três segundos.

Todo som que eu ouvia me deixava alerta e eu tinha que levantar para ficar preparada, respiro fundo quando ouço os passos se aproximando e me encolho de forma que eles não possam ver nada demais. Ele abre a porta e me observa com um sorriso calmo.

-Bom dia, Emma.- começa a se aproximar.- Tenho roupas quentes e uma bandeja de comida no corredor.

-Tem, é?- o observo.

-Sim.- coloca as mãos nos bolsos e olha para meu braço.- Também posso tratar esse ferimento.

-Em troca de que?- minha voz sai séria.

-Apenas informações.- senta na minha frente.- Sei que não quer trair eles. Mas pense em você, Emma, pense que está aqui quando pode aproveitar da proteção da CIA.

-Eu...- relaxo meus ombros e ele parece confiante.- Eu não vou trair eles.- sussurro.

Seu sorriso se fecha rapidamente assim como toda a sua expressão, então ele levanta e agarra meus cabelos, grito alto quando começa a me puxar até o chão e me joga. Então pisa nas minhas costas para me deixar presa.

-Se você não vai trair, então não preciso de você!- grita e eu me encolho.- Você não serve para nada!

-Me mata.- peço com um choro fraco.- Me mata e acaba com isso!

Ele atira e grito quando o chão ao meu lado é atingido, começo a tremer e outro tiro é disparado do outro lado. Ele só está me torturando, ele apenas está me forçando a achar que vai me matar.

Aperto o prego que peguei e travo o maxilar querendo arriscar tudo, então me viro e arranho o rosto dele em uma diagonal. Ele grita caindo para trás enquanto segura o rosto e um dos seus homens me segura e outro soca meu abdômen.

Caio de joelhos no chão com um gemido e olho para o prego no chão, começo a alcançar e grito mais alto quando ele pisa na minha mão antes mesmo que eu o pegue de novo.

-Você vai morrer.- ele fala limpando o sangue.- Amanhã. Você vai morrer.

-Olha, você tem coragem.- sorrio.

Eles me largam e saem do quarto, tento levantar e não consigo de jeito nenhum, então deito de costas para a porta, ainda no chão, e começo a chorar. Não vou entregar nenhum deles, eles não vão cair por minha causa, não por minha causa.

𑁍

Jake Ballard-Hunt

-Tem uma abertura aqui.- círculo com uma caneta vermelha.- Ela fica aberta por uns dez minutos para a recarga da cozinha e da limpeza.- explico.

-Como vamos entrar por aqui?- Jesse parece mais focado do que antes.

Depois que contei o que tinha acontecido, eles pareceram ficar mais concentrados. Não tinha contado sobre o mais importante, sobre o motivo dela ter parado aqui, não ia contar, iria deixar ela contar para eles, de alguma forma ou de outra, ela iria contar.

-Vamos ir dentro de um dos caminhões.- James passa a mão pelos cabelos.

-Como vamos entrar?- meu pai pergunta.

-Vocês não vão.- digo.

-Claro que vamos.- minha mãe cruza o braço e vejo Alex ficar com as bochechas vermelhas.- Ela é nossa nora.

-Ok.- suspiro.- Paguei o motorista para embarcar a gente na empresa e entrar com a gente.

-Voce pagou quanto para o motorista?- H franze as sobrancelhas.

-Isso importa?- pergunto incrédulo.

-Não, tudo que importa é que vamos pegar Emma e sair de lá o mais rápido possível.- meu pai começa.- Sem tempo para nada, vamos pegar Emma e ir.

-Nem ver as armas legais da polícia?- pergunto para descontrair e todos eles me encaram.

-Não, Jake.- minha mãe parece preocupada de verdade.

-Provavelmente ela está bem.- mexo a cabeça.

-Vamos combinar de você não falar nada por um tempo.- James dá tapinhas no meu ombro e sorrio com raiva.

-Por que tá todo mundo me dando patada?- pergunto.

-Porque você tá sendo um cretino.- Jesse volta a estudar o mapa.

-Eu?- pergunto incrédulo.

-Sim.- todos respondem na mesma hora e bufo.

-Então eu vou para a minha casa.- pego as chaves.- Nos encontramos amanhã bem cedo. Vou mandar o local para vocês.

Todos eles murmuram algo e eu coloco as mãos dentro dos bolsos do casaco. Eles só estão me odiando assim por que não estou desesperado para pegar Emma, não é como Dakota ou Sophia, em que Chris e Logan estavam arrancando os cabelos.

Dakota e Sophia não mentiram para eles, sempre soubemos quem elas eram e nunca iriam passar a perna na gente, mas Emma? Ela tinha quebrado algo dentro de mim que nem sabia que existia, por isso estava ainda tão surpreso por isso.

Não queria deixar que eles vissem que ela tinha realmente atingido algo em mim, eles, e nem ela, podem saber que eu estou sentindo uma traição de mais alto nível. Quer dizer, eu dormia com ela, eu transei com ela, eu contei coisas que nunca contei para James...

Irônico que quando eu decido confiar em uma pessoa, ela seja a que mais vai me foder na vida inteira. Emma tinha feito algo com a minha cabeça que eu não conseguia desfazer. Não conseguia parar de pensar nela e também não conseguia parar de pensar na traição.

Entro no meu carro e dou a partida, aperto minhas mãos no volante quando vejo o mesmo carro estúpido parado atrás de mim na oficina. Começo a dirigir, e não é surpresa alguma quando ele começa a me seguir de longe.

Não preciso juntar dois neurônios para saber quem é e agora eu vou acabar com esse filho da puta de todas as maneiras possíveis. Ou melhor, eu posso guardar ele para depois que Emma estiver segura em casa.

Então começo a fazer um plano na minha cabeça e viro o carro para a rua que pegaria para ir até aquele prédio antigo em que morava com James. Ele só tem os carros agora, vários e vários carros que temos, além dos da garagem, e usamos nas corridas.

Acelero o carro e ele é obrigado a acelerar também, pesco o controle do portão e deixo no meu colo enquanto troco a marca e dobro uma esquina rapidamente. Ele conseguir me acompanhar, mas bate a lateral do carro em um outro.

Sorrio lentamente e vejo por que ele escolheu Emma, ele nunca entraria para minha equipe com essa curva. Acelero mais o carro e ele vem me seguindo como se eu fosse um idiota que não percebesse nada que acontece ao meu redor.

Entro no prédio e viro o carro rapidamente para ficar no canto do prédio e esperar por ele. Deve ter entendido que eu já sei quando deixo a garagem aberta especialmente para ele passar.

O carro vem lentamente e para na ponta oposta, então escondo uma arma embaixo da camisa e saio do carro. Ele parece surpreso quando me vê andando bem, já recebi tiros demais para controlar a dor quando ela vem.

-Acha mesmo que eu não perceberia?- pergunto fechando o portão da garagem.

-O que vai fazer? Matar um policial?- ele ri.- Você seria caçado.

-Se eles conseguirem me incriminar.- mexo os ombros.- E, atualmente, vocês não têm conseguido incriminar ninguém, não é, policial?

-Você é só um garoto idiota que tem complexo de Deus.- explica mais sério.- Não me venceria em uma luta justa.

-Tem razão.- assinto.

Ele é maior que eu no aspecto de músculos, não sou tão musculoso quanto ele, mas tem uma coisa que eu sou que ele não é, e é isso que vai definir minha vitória. Por que ele nunca faria isso se fosse como eu, então cruzo os braços e relaxo o corpo.

-Mas sabe, você é um policial.- brinco.- Você sempre segue a lei e faz o que seu comandante diz, não?- pergunto rindo e ele pisca.- Policial persegue ladrão.- cantarolo.- Sabe o que um ladrão faz?- sorrio.- Ele rouba.

O policial arregala os olhos quando saco a arma escondida e atiro em seus dois joelhos, ele cai no chão gritando de dor e sangrando e eu suspiro me aproximando do idiota que ainda está tentando fugir sem as pernas.

-Não tão rápido, policial.- tiro a arma do coldre dele.- Vamos ter uma conversinha?