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01

💙 MARCO 💙

Meus dedos batem agitados nas teclas do computador. Estou concentrado preenchendo a ficha do paciente que acabou de sair quando ouço o telefone da clínica tocando alto, com aquele barulho irritante que me tira do sério quando estou concentrado. Estico a mão, sem tirar os olhos da tela, e atendo.

Doutor Bittencourt, tem uma senhora aqui fora que deseja falar com o senhor... — A voz de Jackeline, minha secretária, soa receosa do outro lado da linha, pois ela sabe que odeio ser interrompido quando estou trabalhando, principalmente se for por um motivo frívolo.

— É alguma paciente? Estou ocupado, Jackeline — digo de modo educado, mas firme.

A resposta demora muito mais do que o normal e só aí desvio os olhos da tela, desconfiado. Passo a mão pelo pescoço dolorido devido ao tempo que estou sentado nessa cadeira, sem sequer mover o corpo para o lado. Suspiro, encostando as costas devagar na cadeira confortável do consultório, e espero a resposta de Jackeline, que parece que vai chegar apenas no ano que vem.

Essa enrola toda para responder me diz que não vem coisa boa por aí. Era só o que me faltava. Eu realmente não preciso de mais problema agora. Os pacientes dos últimos dias me transmitiram uma carga bem pesada e negativa e está bastante difícil não absorver cada problema, cada sofrimento, cada dor que escuto em casa consulta. Fazer isso no mínimo cinco vezes ao dia não é realmente uma coisa que me deixa relaxado. Não que eu esteja reclamando do meu trabalho como psicólogo, pois amo o que faço, mas não posso dizer que às vezes não me questiono se minha mãe não tem razão. Talvez eu devesse ter assumido os negócios do papai. Talvez eu fosse um advogado relaxado, como meu irmão, ao invés de um psicólogo estourado.

Já notou que eu divago muito? Talvez eu não fosse assim se tivesse seguido a carreira de advogado. Quer dizer... Ah, dane-se, seria sim.

Não, senhor, mas ela insiste que é muito importante. Caso se vida ou morte, nas palavras dela — fala Jackeline após eu ter viajado nos meus problemas e eu suspiro.

— Deixe entrar. Ela tem cinco minutos antes de a próxima paciente chegar — respondo e me concentro na tela novamente.

Assim que me lembro de perguntar o nome da criatura que interrompeu meu trabalho, percebo que minha secretária já desligou a ligação.

Termino de preencher o relatório da última consulta com uma paciente recorrente e mando o documento para a impressora. A mulher vai realmente precisar de um acompanhamento com o psiquiatra além dos atendimentos comigo. Não consigo deixar de sentir empatia por ela e seus milhares de problemas. Sempre me sinto um filho da puta quando reclamo das merdinhas da minha vida que chamo de problemas. Percebo que nem chegam perto das coisas que vejo e ouço todos os dias.

Levanto-me e ando até a máquina, ficando de costas para a entrada da sala, quando ouço alguém batendo na porta e ela se abrindo devagar.

— Pode entrar — digo tardiamente, analisando os papéis com concentração.

Coloco uma cópia em uma pasta na estante meticulosamente organizada ao lado da impressora e, por um minuto, esqueço-me de que tem mais alguém comigo na sala porque a pessoa não abriu a boca ainda.

Viro-me devagar e encontro uma figura feminina parada em frente à minha mesa. Ela analisa a sala com receio, com os lábios presos entre os dentes.

Franzo a testa por um segundo até finalmente reconhecer a mulher.

— Guilhermina? — indago com a voz baixa, sem realmente acreditar na sua presença.

— Oi, Marco. Quanto tempo... — A voz dela não passa de um sussurro.

É inacreditável que ela esteja aqui na minha frente depois de tudo o que me fez passar. Esquece o que falei. Tenho problema. Um problema do caralho de ter que controlar as palavras duras que queria soltar agora.

— Um ano e meio, para ser mais exato.

Ela abaixa a cabeça, constrangida, e torce a alça da bolsa preta surrada que segura. Franzo a testa de espanto. Primeiro porque Guilhermina parece diferente... O corpo, a postura, as roupas, a voz baixa. Aproximo-me mais da minha mesa, ficando de frente para a mulher envergonhada, e seguro na cadeira enquanto a encaro.

O cabelo loiro está malcuidado e preso em um rabo de cavalo bagunçado como se ela só tivesse acordado e vindo para cá. Ela usa um conjunto de camiseta amarela e calça jeans que já viu dias melhores. Vejo um pequeno rasgo na calça e Guilhermina percebe o meu olhar ali, porque coloca a mão e parece sem graça quando a encaro.

— O que você está fazendo aqui? — Tento controlar o tom rude na voz, mas não consigo.

— Eu... Eu preciso conversar contigo urgente. Juro que não queria aparecer aqui depois de tanto tempo. Quer dizer, eu... — fala, parecendo nervosa, ainda sem me encarar.

Mais uma vez meu rosto se transforma em uma careta de espanto. Se eu não conhecesse tão bem cada traço dessa mulher, eu diria que Guilhermina tem uma irmã gêmea e que é ela quem está na minha frente neste momento. É quase inconcebível a mulher tão indomável ter se transformado nessa pessoa tão tímida. A não ser que ela esteja fingindo...

Não queria, mas não consigo evitar analisar seu corpo. Os seios pequenos e o corpo esguio não existem mais. Agora ela é dotada de peitos excessivamente fartos. A cintura se manteve fina, mas agora se destaca ainda mais devido ao quadril avantajado que ela, definitivamente, não tinha antes.

— Você pode ir direto ao assunto? Tenho paciente em menos de cinco minutos. — Olho no relógio e desvio meus olhos do corpo dela, focando no seu olhar, que mal me fita por dois segundos.

Era só o que me faltava. Por fora consigo me manter calmo e frio, mas por dentro minha mente explode de dúvidas e feridas abertas.

O que ela faz aqui depois desse tempo todo?

Por que me abandonou sem se explicar?

Por que me fez mil promessas quando não estava disposta a ter uma relação séria comigo?

Por quê?

— Não consigo... Eu... Você pode me dar água? — murmura.

Ela finalmente me olha e encaro os olhos heterocromáticos, um azul e um verde, tão lindos e únicos, antes vivos e afiados, agora estão marcados com fortes olheiras e um tom opaco, quase sem vida.

A vontade é dizer para ela ir procurar água na casa do caralho, mas apenas respiro e uso de toda a educação que meus pais me deram. Inclino-me em direção ao telefone e peço uma jarra de água com gelo para Jackeline.

Eu gostaria de pedir um uísque sem gelo para mim, mas infelizmente estou no trabalho e ainda tenho um longo dia pela frente. Sinto que essa conversa irá precisar de umas boas doses de bebida. Uma pena que não posso me dar esse luxo agora.

— Eu posso? O ponto de ônibus é distante daqui e essa sapatilha machucou meu pé.

Ela aponta para o divã onde meus pacientes costumam sentar e eu faço um gesto de indiferença. Meu nível de educação tem limite, principalmente se relacionado a uma pessoa que me destruiu. E como assim ponto de ônibus? Desde quando ela pega ônibus?

Não demora para Jackeline voltar com a água gelada. Ela coloca a bandeja de prata em cima da minha mesa e sorri com simpatia antes de sair pedindo licença. Guilhermina se serve da água e noto seus dedos trêmulos enquanto segura o recipiente.

— Então... — digo de um jeito impaciente, sentando-me também.

Vejo que ela me analisa de um jeito tímido, focando os olhos em meus movimentos quando abro o jaleco para desafrouxar a gravata que uso. Nunca odiei tanto usar terno para vir trabalhar, os dias de calor nunca foram sofrimento quanto esse sufocamento que sinto com a presença sem explicação de Guilhermina. Parece errado simplesmente estar na sua companhia.

— Vejo que você realizou seu sonho de abrir sua clínica, ainda em uma área nobre. Fico feliz que não desistiu do seu sonho para se tornar um advogado — ela fala e olha para meus diplomas e prêmios espalhados pela parede. — Te achei pela internet e...

— Você não veio aqui para falar do meu sucesso profissional, não é, Guilhermina? — Mais uma vez não consigo evitar o tom duro na voz. E nem quero.

— OK. Desculpa. Tudo bem... Eu queria explicar o motivo de eu ter ido embora. Foi meio complicado, Marco...

Solto uma risada sarcástica e ela para de falar, encarando-me sem entender.

— Jura? Sério mesmo que você aparece aqui depois de dezoito meses para me dizer isso? Agora? Não acha que está só um pouco atrasada? — falo, inclinando-me para ela com os olhos queimando de fúria.

Sinto meu coração palpitando de raiva, de uma ira crua e genuína. Não sei como ainda estou aguentando ficar na mesma sala que ela. Sinceramente não sei.

Aperto meus dedos, cravando as unhas na palma das mãos com força, e a vejo abrindo e fechando a boca, sem saber o que dizer. Essa versão dela me irrita. Não sei se pela revolta que sinto pelo acontecido ou se por simplesmente não saber o que ela está pensando ou como se transformou nessa versão esquisita de mulher submissa.

A antiga Guilhermina rebateria meu jeito grosso com uma resposta afiada e me colocaria no meu lugar, mas essa nova apenas abaixa a cabeça e coloca uma mecha que escapa do seu cabelo atrás da orelha.

— Desculpa, Marco. Você não tem ideia do quanto foi difícil ter que ir embora ou do que eu passei — sussurra, ainda sem me olhar. — Eu fiquei despedaçada e...

— Chega, Guilhermina! Não quero te ouvir, não quero te ver e muito menos saber das suas motivações para ter feito o que fez. Tudo o que eu quero de você é distância.

— Marco, me escuta. Eu sei que você me odeia, e com razão. Mas meus motivos para vir aqui vão muito além da sua raiva. São muito mais importantes — fala e a vejo engolindo em seco. — Podemos conversar com mais calma depois que seu trabalho acabar? Não quero te atrapalhar.

— Não podemos — respondo com firmeza enquanto a intimido com o olhar.

— Por favor, Marco, eu... — Vejo que ela seca uma lágrima que cai do olho e passo a mão pelos cabelos com raiva.

Puta que pariu!

Odeio que Guilhermina esteja aqui novamente. Odeio que ela tenha aparecido para bagunçar o que demorei meses para conseguir colocar no lugar. Mas odeio vê-la chorando, e ela sabe disso. Talvez seja apenas mais um dos seus joguinhos, ainda assim não consigo expulsá-la daqui como gostaria.

— Tudo bem — respondo, passando os dedos nas têmporas, sentindo que uma dor de cabeça monstra vai aparecer. — Pega meu endereço com a Jackeline lá fora. Estarei em casa às 20 horas, pode passar lá.

— 20 horas? É um pouco tarde. Não posso deixar... — Arqueio uma sobrancelha pela exigência quando eu nem deveria vê-la, quem dirá deixar que ela pise na minha casa, mas ela suspira e volta a morder o lábio inferior com força. Quando foi que Guilhermina se transformou nesse tipo de mulher? Por quê? — Tudo bem. Vou dar um jeito.

Quase me arrependo de ter aceitado isso, mas deixarei que ela se explique. Quem sabe assim as dúvidas que voltaram a aparecer com o seu surgimento repentino não vão para os quintos dos infernos e eu a enterre de vez na minha vida? Volto a me concentrar na tela do computador, como se ela já tivesse saído da sala, e ouço o barulho da cadeira sendo arrastada.

— Obrigada, Marco — sussurra e nem faço questão de levantar os olhos quando ela sai do consultório.

Respiro fundo assim que a mulher que costumava ser dona de todos os meus sorrisos sinceros e carinhosos some da minha visão. Enfio os dedos pelos cabelos, que estão precisando de um corte urgentemente, e solto uma série de palavrões altos. Em um impulso, jogo o copo que ela deixou sobre a mesa na parede, fazendo com que Jackeline entre assustada na sala.

— Tudo bem, senhor Bittencourt?

— Ótimo, Jackeline. O próximo paciente já chegou? — Ela acena com os olhos arregalados. — Então mande entrar, por favor.

Assim que meu paciente entra e se senta no divã confortável, minha mente viaja para os olhos heterocromáticos tristes. Abro um sorriso forçado para o senhor grisalho à minha frente e penso que Guilhermina apareceu hoje e já começou a bagunçar a porra da minha vida e da minha cabeça.

Que psicólogo de merda que eu sou.

Espero que tenham gostado, amores meus <3 Comentem para a tia Naty o que acharam desse doidinho e da Guilhermina hahaha

Espero vocês na sexta! 💙

Não esqueça de deixar seu voto e seus comentários!


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