Capítulo 09 - Caixa de surpresas
Mais um capítulo. Espero que gostem... Uma excelente leitura!
Música para ouvir: Coração Radiante - Grupo Revelação
Alice
Igor encarava meu irmão cara a cara tranquilamente, depois da sua declaração sobre estarmos namorando.
— Repete o que você disse? — Levi bradou encarando minha mão entrelaçada a do Igor.
— Isso mesmo que você escutou. Alice e eu estamos namorando. — Igor repetiu sem fraquejar sobre o olhar enfurecido do meu irmão.
Não era que o Levi não me deixasse namorar. Ele, assim como o meu pai, achava que um cara decente deveria primeiro pedir permissão a eles para me namorar ou eles tinham esperança que eu me convertesse de vez ao judaísmo, e seguisse a doutrina veementemente.
Senti o quanto meu irmão estava se controlando, fechava as mãos em punhos, apertando ferozmente. Levi era um homem com um coração enorme e bondoso, porém seu maior defeito era o temperamento forte. O que ainda o segurava para não partir para cima do Igor, era o fato de estar na minha casa, mas precisamente na casa da minha mãe. E nisso seu lado cavalheiro e respeitador prevaleciam.
— Isso é verdade, Ali? — Levi perguntou, fitando-me sério.
Seu olhar demonstrava expectativa, eu sabia que iria decepcioná-lo por omitir sobre o Igor. Mas tudo vinha acontecendo tão rápido. Até eu mesma estava assustada com a mudança repentina em minha vida, principalmente em meu coração.
— O Igor me pediu em namoro ontem. — Respondi implorando com o olhar que me deixasse explicar.
Há pouco mais de dez anos nos descobrimos irmãos por parte de pai e, desde então nos tornamos amigos, confidentes e protetores um do outro. Ele sabia do Valentim, algo que não o agradava muito, mas forçava-se a aceitar as minhas decisões mesmo não concordando. E assim era eu em relação a ele. Algumas de suas atitudes eu não aceitava, mas as respeitava por amor.
— Eu perguntei se está namorando esse crétin, Alice. E não quando ele pediu você em namoro. — Cuspiu com raiva. — Fala logo, porra!
— Ei! Não fale assim com ela. — Igor proferiu, tomando-me em seus braços de forma protetora. — Você por acaso me chamou de cretino em francês? — Questionou sério.
— Idiota e imbecil também. — Levi rebateu avançado para cima do Igor.
No mesmo instante sai dos braços do Igor e fiquei entre os dois para evitar uma tragédia. Pela tensão que ambos exalavam, seriam quase que impossível separá-los depois que se atracassem.
Vi Danilo atento a qualquer movimento surpresa que pudesse ocorrer, e de alguma forma aquilo me tranquilizou.
— Levi entre no meu quarto. Agora. — Proferi séria. — Precisamos conversar.
Ele sequer mexeu-se. Continuava estático fitando Igor.
— O que está acontecendo aqui? — Mamãe apareceu no corredor. Seu olhar era de quem não estava entendendo nada. — E por que você está vestida dessa forma, Ali? — Olhou-me exigindo uma explicação.
— É só um mal entendido, mamãe. — Expliquei. — Por favor, faça companhia ao Igor na sala enquanto converso com meu irmão. — Pedi fitando o Levi.
— Tudo bem querida. Só vim avisar que a sua titia Lilian e sua prima estão a caminho, e nada da Sarah com o namorado. — Comunica mamãe. — Venha Dr. Igor.
— Não se preocupe com a Sah, mamãe. Ela sabe se cuidar.
Virei-me para Igor, implorando em silêncio que seguisse a minha mãe.
— Se você quiser eu fico com você. — Igor pediu.
— Obrigada, mas não.
Igor traçou seus dedos carinhosamente pelo meu rosto. Seu olhar era hesitante e duvidoso.
— Eu não quero te deixar sozinha com ele.
— Você acha que eu vou machucar a minha irmã, seu merde? — Levi bradou.
— PAREM! — Gritei assustando a todos. — Estou de saco cheio dessa situação ridícula aqui. Eu só quero vestir uma roupa e curtir o jantar que a minha mãe e meus amigos prepararam para mim. — Respirei fundo. — Mamãe, Danilo e Igor, vão para a sala e esperem o restante do pessoal. Logo estarei lá com vocês. — Ordenei friamente. — E você, Levi Schneider, vem comigo. — Disse friamente entrando em meu quarto.
Aguardei que Levi entrasse e fechasse a porta. Eu não queria magoá-lo, pois o amava demais, mas se ele não respeitasse a minha decisão eu não poderia fazer nada.
Depois que ele fechou a porta esperei que se pronunciasse, porém permaneceu calado. Virei-me e o encontrei encostado à porta do quarto me fitando.
— Solta logo a merda dos cachorros, Levi. Eu não tenho muito tempo. — Disse grosseiramente.
— Por que não me falou desse cara? — Perguntou baixinho.
— Porque tudo aconteceu rápido demais. Nem ligar para o papai eu liguei ainda por falta de tempo, e o fuso horário não está me ajudando também. — Dei de ombros, caminhando para o meu guarda-roupa e procurando algo para vestir.
— Você realmente está namorando esse babaca? — Interrogou.
— Primeiro. Eu gostaria que não o chamasse assim. Você não o conhece, não sabe da sua índole. — Graças a Deus! Já pensou se o Levi soubesse que Igor não passava de um mulherengo. — Segundo. Como disse antes, ele me pediu em namoro ontem. E terceiro, eu estou sim cogitando em aceitar.
— Eu achei que você gostasse daquele outro cara. O sócio do Danilo. — Relatou, referindo-se ao Valentim.
Sim. Eu era completamente arriada por ele, mas o Valentim nunca quis nada além de sexo selvagem e sem compromisso. Pensei em dizer isso, mas só pioraria a situação.
— Relacionamentos terminam. Valentim e eu tínhamos incompatibilidade de gênios. — Disse apenas.
Levi caminhou até a minha cama e sentou-se avaliando a bagunça sobre a minha mesinha de cabeceira. Ainda bem que meu vibrador estava dentro da sua caixa debaixo de toda aquela desordem de papéis e portas retratos. Já pensou o Levi achá-lo também? Já não bastava o Igor, que, com certeza, ainda tiraria proveito da situação. Fiquei envergonhada só imaginar como faria isso. Com o Igor tudo era inesperado.
— Eu não gostei desse cara, Ali. Sei que os poucos minutos que estive com ele não podem me fazer julgar uma pessoa. No entanto, eu tenho a sensação que ele ainda vai te machucar. — Proferiu tentando soar naturalmente, mas era visível o quanto flagrar sua irmã beijando um desconhecido o incomodava.
Vê-lo preocupado, fez com que minha raiva e constrangimento se esvaíssem por completo. Corri para a cama e sentei ao seu lado entrelaçando as nossas mãos.
— Levi, eu te amo. Muito. — Pronunciei baixinho. — Eu adoro a forma como tenta me proteger, mas preciso fazer as minhas escolhas sozinhas. Mesmo que eu quebre a cara depois.
— Então você gosta dele? — Questionou curioso.
— Eu mentiria se dissesse que não gosto.
Ficamos em silêncio por alguns instantes, ambos perdidos em pensamentos. Sim. Eu gostava do Igor, me sentia atraída e desejosa por ele. E uma parte de mim queria muito tentar essa relação e outra morria de medo que o pressentimento do Levi acontecesse.
— Desculpe pelo vexame de agora há pouco. Mas quando vi você com essa mini roupa e aquele cara te apalpando e beijando, como se você fosse uma salope qualquer fiquei cego de raiva. — Enunciou envergonhado, principalmente por me tachar como uma cadela vadia. — Você sabe, Ali. Nossa família é muito conservadora e, por mais que eu sei que você não é nenhuma santa. Eu não consigo imaginar... É... Você sabe. — Levi sorriu envergonhado.
— Imaginar um cara transando comigo da mesma forma que você faz com as suas mulheres. — Soltei sorrindo.
— Alice! — Arregalou os olhos, seu rosto estava completamente vermelho. — Eu não preciso saber disso. — Bufou irritado.
Não aguentei e cai na risada com sua reação. Nós não conseguíamos ficar chateado um com o outro por muito tempo. Levi bem que tentou ficar sério, mas logo não resistiu e juntou-se a mim na risada.
— Você não disse se me desculpa? — Perguntou assim que saciamos nossas risadas.
— E eu consigo ficar furiosa com você? — Beijei seu rosto carinhosamente. — Eu te desculpo, mas... Gostaria que aceitasse minha relação com o Igor. E não o destratasse sem motivo. — Pedi fazendo cafuné em sua cabeça.
— Tudo bem, mas não pedirei desculpas a ele. — Rebateu convicto. — Além do mais ele tem cara de ser muito debochado.
Ah! Maninho. Debochado é elogio. Ele também é convencido, metido, arrogante, sarcástico, devasso e PHD em línguas quando se trata de sexo oral e sabe o que fazer para dar prazer a uma mulher, mas isso você não precisa saber.
— Eu sou quero que você seja feliz, Ali. — Por fim pronunciou.
— Eu sei.
De repente a porta é aberta de supetão, e minha amiga Sarah entra igual um furacão.
— Ei! Todo mundo está te esperando. Que demora, Ali! — Bradou toda sorridente.
— Desculpe. Já estou indo. — Falei, levantando-me e pegando um vestido solto de alças fina azul que papai havia trazido da França da última vez que esteve aqui. — Você e o Gabriel demoraram.
— Desculpa, mas você sabe né?! — Emitiu com um sorriso malicioso.
— Olá Sarah. — Levi falou friamente.
— Como vai, Levi? — Sarah o cumprimentou desfazendo o sorriso.
Senti um clima estranho entre os dois. Fiquei observando como ambos estavam incomodados.
— Ali, vou deixar você trocar de roupa. Não demora. — Levi proferiu saindo rápido do quarto, mas antes flagrei meu irmão e minha melhor amiga trocar rapidamente olhares.
— Vamos Ali! — Ela apressou-me, porém permaneci calada encarando-a séria.
— O que foi isso entre você e o meu irmão? — Interroguei.
— O que?
— Sarah Cianca, não me faça de boba. Eu percebi uma tensão entre você dois. — Fiz cara feia.
— É impressão sua, Ali. — Disse desconfiada.
Éramos muito amigas e nós duas nos conhecíamos muito bem. Assim como não conseguia esconder nada da Sarah e do Danilo. Ela também não.
Subitamente liguei os pontos.
— Puta que pariu! Você e o Levi já treparam. — Acusei-a.
— Shiii! Cala a boca, Alice. Você quer que todos lá na sala escutem? — Sarinha pediu sem graça.
— Como? Quando isso aconteceu? — Perguntei ainda sem acreditar.
— Por favor, Ali. Eu conto para você depois, mas vamos lá para sala. — Era a primeira vez que via minha melhor amiga envergonhada. — Aliás, eu também estou muito brava com você. Como pode omitir sobre o Igor? — Desviou o assunto.
— É melhor conversarmos depois então. — Simplesmente disse.
Se começasse a nossa conversa agora, provavelmente todos na sala morreriam de fome nos esperando.
Vesti o meu vestido, fiz um coque bagunçado no cabelo, calcei uma rasteirinha em dois minutos. Optei por não passar maquiagem. Queria relaxar, conversar, me divertir com meus amigos e também dar uns beijinhos no Igor quando desse.
Sarah e eu seguimos para sala e todos já se encontravam lá. Mamãe, Igor, Danilo, Levi, Gabriel, tia Lilian e minha prima Ludmila.
Mamãe como sempre acolhedora, já havia servido vinho a todos e tinha duas tábuas de frios na mesinha de centro. Aparentemente tudo estava em perfeita harmonia. Tirando o olhar furioso da minha tia acusando-me de: que porra é essa de namoro entre você e o Igor, mocinha?
— Até que enfim! — Igor proferiu vindo me beijar. O que me deixou completamente encabulada.
— Igor!
— O que foi? — Se fez de desentendido. — Já pedi permissão a sua mãe para te namorar e ela adorou. — Sussurrou em meu ouvido.
Fitei mamãe que estava nos olhando sorridente.
O restante da noite foi como eu tinha desejado. Todos reunidos e se divertindo. Levi e Igor até se envolveram em uma conversa junto com Gabriel e Danilo. Parecia até que o episódio no corredor nunca havia acontecido. Claro que eu sabia que ambos estavam levantando uma bandeira de paz. E isso me tranquilizava. Muito.
No final todos foram indo embora aos pouquinhos, pois amanhã ainda era sexta-feira e a maioria acordava cedo para trabalhar. Me despedi de cada um. Meu irmão, Levi, foi o primeiro a ir, pois levantava muito cedo para preparar as massas folhadas da confeitaria. Depois Sarah e Gabriel saíram animados deixando claro que a noite para eles mal tinha começado. Danilo beijou-me no rosto e combinou o horário que passaria para me buscar e me deixar na Clínica.
— Já está tarde. É melhor eu ir embora. — Igor falou.
Faltavam poucos minutos para meia noite. Mamãe e tia Lilian estavam terminando de organizar a cozinha. Enquanto Igor e eu estávamos no sofá nos beijando. Me sentia como uma boba adolescente que levava o primeiro namorado em casa. Por incrível que pareça Igor se comportou como um perfeito cavalheiro. Nada de mão boba ou tentativa de me imprensar em alguma porta.
— Vamos para meu apartamento, Diabinha. — Pediu mordiscando o lóbulo da minha orelha.
— Ainda não, Igor. — Disse num sussurro, mas louca para passar a noite com ele.
Esta noite tomei a decisão de tentarmos esse namoro relâmpago. Eu não conseguia lutar contra esse desejo que sentia pelo Igor. Entretanto queria ir devagar, aprofundando a nossa relação. E por mais que eu estivesse excitada, queria esperar mais um pouco. Até quando pudesse resistir.
Igor despediu-se de mamãe e tia Lilian e o acompanhei até o seu carro.
— Amanhã é o aniversário do Leo. Tem certeza que não quer ir comigo. — Indagou encostando-se ao seu carro e me puxando para seus braços.
— Vamos devagar, por favor. — Clamei fazendo biquinho.
— Tudo bem. — Concordou. — Mas você está proibida de usar aquele pau de plástico. — Proferiu tentando ficar sério, contudo seu sorriso debochado surgia. — Se quer gozar me chame, eu venho te satisfazer quando quiser. — Ruborizei.
Igor beijou-me com intensidade, apertando-me contra seu corpo para que sentisse o quão excitado estava. Ainda ficamos trocando beijos mais ousados, até que esperei que entrasse no seu carro e partisse. Caminhei, voltando para casa com um sorriso tolo no rosto.
— Alice. — Escutei uma voz conhecida me chamando.
Virei e dei de cara com Valentim.
— Valentim! — Indaguei surpresa. Não esperava vê-lo aqui no meu condomínio. — Oi. — murmurei envergonhada. Será que ele meu viu com Igor? Não que isso importasse, mas seria estranho.
— Oi. Vim te buscar para comemoramos seu novo emprego. Comprei o seu espumante favorito. — Disse mostrando a garrafa em suas mãos.
Valentim Castellamare tinha sido o homem dos meus sonhos por muito tempo. Ele era alto, corpo musculoso e definido, olhos e cabelos castanhos, sua pele era bronzeada da cor do pecado. Sua boca era carnuda e ele sabia usufruir muito bem dela. Sempre usava barba rala, que o deixava com um ar de homem sério e sexy. Houve um tempo, não muito distante, que amava quando deixava meu corpo avermelhado por causa da barba, mas agora tudo havia mudado. O sentimento e desejo não existiam mais.
— Valentim, eu acho melhor não. Está tarde e preciso acordar bem cedo. — Falei tentando ser gentil.
— Vamos gatinha. Sempre nos divertimos tanto quando estamos juntos. Sinto falta do seu cheiro. — Rogou aproximando de mim e tocando meu rosto. — Prometo não te cansar muito. — Sorriu malicioso.
— Não. — Rebati firme, me afastando dele. — Valentim, não quero mais. Eu acho que deixei bem claro da última vez que conversamos.
— Ali, eu andei pensando. Eu quero muito firmar nossa relação. Você tinha razão, está mais do que na hora. — Indagou.
— Acho que agora é tarde. — Respirei fundo e o olhei firme. — Eu me envolvi com outra pessoa. E é com ele que eu quero ficar.
— O cara que você estava se enroscando agora pouco? É ele? — Sondou. — Ali, tá na cara que ele só quer sexo com você. Depois que usar e abusar, te joga de escanteio.
— Isso não é da sua conta. — Bradei. Quem ele pensa que é para falar do Igor? Valentim era tão mulherengo ou safado quanto o meu Devasso. — É melhor eu ir. Adeus, Valentim.
Passei por ele a caminho de casa, mas antes que eu entrasse, Valentim puxou meu braço, virando para encará-lo.
— Você é minha, Alice. — Avisou severamente. — Nada acabou entre nós dois. — Finalizou com olhar duro e beijando meus lábios em seguida e partindo.
Que porra foi isso?
Precisava urgente conversar com o Danilo sobre a atitude do Valentim. Se ele queria me assustar. Digamos que conseguiu.
* * * *
Era domingo, e eu estava completamente nervosa enquanto aguardava Igor vir me buscar para irmos a um churrasco na casa de um amigo seu. Ele havia combinado de me pegar ao meio dia. Faltavam apenas trinta minutos e já me encontrava totalmente pronta e ansiosa para passar o dia com ele.
Desde o jantar de quinta-feira, Igor e eu mal nos encontramos. Almoçamos rapidamente juntos no refeitório da Clínica na sexta-feira, porém ele recebeu uma chamada de emergência e saiu sem ao menos terminar sua refeição. No sábado passei o dia com Levi e minha mãe. Havia sido um passeio maravilhoso. Só nós três, até senti saudades da minha irmã Sandrinha nessas horas. Era ela abusada, mas me fazia falta. Primeiro fomos escolher meu carro novo. E com muita insistência do Levi acabei comprando um carro zero. Um Ford KA Hatch vermelho, minha cor favorita. O vendedor havia nos dado um prazo de dez dias para que eu recebesse meu mimoso. O que significava que teria que abusar do Danilo por mais alguns dias para ir ao trabalho. Depois almoçamos, compramos umas besteiras para a casa do Levi, coisa que ele achava que em uma cozinha não precisava, e por fim, encerramos nosso passeio no cinema, assistindo uma comédia e comendo pipoca com refrigerante.
Lógico que Igor não perdeu a oportunidade de ficar me mandando mensagem a cada hora. Ele também tinha insistido que eu fosse dormir em seu apartamento no sábado, e de lá irmos direto para o churrasco. Não vou negar que fiquei tentada a ir, mas estava exausta do passeio e também da primeira semana de trabalho, e optei por dormir cedo e descansar para hoje.
— Filha, o porteiro avisou que Igor chegou. — Mamãe apareceu na porta do meu quarto. — Pedi que ele o deixasse entrar para te pegar aqui na frente.
— Obrigada mamãe. Como estou? — Perguntei, sabendo que ela diria que estava linda.
Sandrinha e eu poderíamos vestir um saco de batatas que mamãe sempre diria que estávamos perfeitas.
— Está maravilhosa. O doutor ficará doido. — Contemplou.
Vesti uma saia jeans curta clara e desfiada, com uma blusa solta de gola canoa branca. Sapatilhas e muitas bijuterias de acessórios.
— Colocou preservativos na bolsa? — Mamãe perguntou normalmente.
— Mamãe! — Indaguei corando o rosto.
— Ah filha! Até parece que eu não sei onde isso vai acabar. — Deu de ombros. — Não que eu não queira um neto, mas a relação de vocês está apenas começando. E se você aparecesse grávida, provavelmente o Dr. Igor seria castrado por seu irmão e seu pai.
— Deus me livre de um bebê agora na minha vida. — Proferi, batendo três vezes na minha mesinha de cabeceira a fazendo rir.
Escutamos a buzina do carro do Igor. Mamãe me acompanhou até a porta e beijou-me na testa.
Igor estava apoiado ao seu carro me aguardando. Assim que me viu seu sorriso se abriu e apesar dos óculos escuros que estava usando, que o deixava ainda mais bonito, o senti me avaliando da cabeça aos pés.
— Adorei a saia. — Falou cheio de malícia.
— Você também não é de se jogar fora de bermuda. — Rebati, me aproximando dele e beijando sua boca, dando uma mordidinha em seu lábio inferior, o pegando de surpresa.
Igor estava despojado e lindo, de bermuda lisa azul marinho e camisa polo branca. Seu cabelo estava bagunçado, porém fodidamente sexy.
— Estou pensando seriamente em desistir de ir para o churrasco e te levar para o meu apartamento. — Comentou alisando meu rosto. — Você está mais linda do que nunca, Minha Diabinha.
— Obrigada. — Por pouco não pedi que não fossemos para o churrasco.
— Vamos. O quanto antes chegarmos ao churrasco, poderemos sair dele logo em seguida. — Comunicou abrindo a porta do passageiro para mim. Ainda devorando minhas pernas, enquanto sentava no banco e passava o cinto de segurança.
O caminho até a casa da mãe do seu amigo durou quinze minutos. A casa era aconchegante, com um jardim enorme, repleto de flores, pássaros, coelhos, tartarugas, e outros animais pequenos. Tinha uma pequena piscina, onde duas crianças brincavam animadamente. Ao lado, uma cobertura com churrasqueira, mesas, cadeiras e um pequeno palco com alguns instrumentos musicais. Parecia uma pequena chácara escondida na cidade grande.
— Igor, meu querido. Nem acreditei quando o Roberto me falou que você vinha. — Uma senhora baixinha morena de óculos com um sorriso animado veio nos receber.
— Que saudades, dona Iolanda. — Igor abraçou a senhora gentilmente.
— Espero que apareça mais vezes. — Resmungou a senhora.
— Prometo que virei mais vez.
— E essa moça linda? Quem é? — A senhora olhou carinhosamente.
— Essa é Alice, minha namorada. — Igor anunciou.
— Jura! Glória ao pai. Como eu esperei por esse momento, Igor.
— Alice, essa é a dona Iolanda, mãe do meu amigo Roberto.
— É um prazer conhecê-la, dona Iolanda. — Cumprimentei gentilmente.
— Você deve ser muito especial, Alice. Conheço o Igor há anos e nunca o vi apresentar uma garota como sua namorada. — A pequena senhora comentou alegremente.
Fui apresentada a mais dois filhos de dona Iolanda e suas esposas. Eram pessoas animadas e que adoravam curtir o domingo em família. O Roberto, amigo do Igor chegou com sua esposa que para minha surpresa e vergonha era a minha assistente, Ana. Fitei furiosa o Igor, pois ele disse que não haveria ninguém conhecido, e por mais que éramos oficialmente namorados, por enquanto não queria misturar mais do que já estava nossa relação com o trabalho.
— Olá Alice. — Ana veio me cumprimentar. — Desculpa ter escondido de você. — Pronunciou parecendo envergonhada.
— Pelo menos agora eu sei de onde o Igor conseguiu meu número de telefone pessoal. — Acusei-a.
— Me desculpe novamente.
— Tudo bem, Ana. Só espero que isso não se repita.
Ela assentiu.
Roberto, o marido da Ana, era muito animado, na verdade estava sendo uma tarde deliciosa e divertida com essa família. Mesmo com a Ana presenciando as carícias entre mim e o Igor, estava amando.
Dona Iolanda era o tipo de pessoa que gostava de combinar música com comida. E para ela, churrasco só combinava com pagode, e aparentemente todos na família gostavam de cantar e tocar. Então era terminantemente proibido cantar outro ritmo de música. Ela também havia me confidenciado que quando Igor e Roberto eram mais jovens, eles tiveram uma banda de garagem, onde ensaiavam cantando rock. Eles diziam que atraíam a mulherada.
— Vamos Igor! Solte o seu gogó e cante uma música. — Roberto gritou do mini palco, assim que encerrou uma música.
— Estou enferrujado. Hoje eu quero apenas assistir vocês cantarem. — Igor respondeu debochado.
— Está com medo de desafinar na frente de Alice? — Roberto o desafiou.
Igor olhou para mim e sorriu, depois beijou meu rosto e levantou indo direto para o pequeno palco.
— Cara, eu estava tentando não ofuscar o seu brilho, mas já que você insiste. — Igor expressou sarcasticamente para Roberto tomando seu microfone.
— Qual música você vai estragar com sua voz? — Roberto perguntou.
— Só aceito pagode, Igor. — Dona Iolanda gritou do meu lado.
— Tudo bem, dona Iolanda. Vou cantar uma música que tenho certeza que a senhora gostará.
Os primeiros toques dos cavaquinhos soaram, seguida da voz grossa e afinada do Igor. Mas o que me surpreendeu foi a música que ele havia escolhido. Coração Radiante do Grupo Revelação.
O que mais quero é te dar um beijo
E o seu corpo acariciar
Você bem sabe que eu te desejo
Está escrito no meu olhar
Eu sabia que ele tinha escolhido essa música de propósito. Era a forma que o Igor queria mostrar o quanto me desejava. E a intensidade do seu olhar a mim não negava.
O teu sorriso é um paraíso
Onde contigo eu queria estar
Ai! Quem me dera se eu fosse o céu
Você seria o meu luar
Eu te quero só pra mim
Como as ondas são do mar
Não dá pra viver assim
Querer sem poder te tocar
Meu coração batia acelerado. Com certeza todos naquele lugar perceberam que ele cantava para mim. E por mais safado e mulherengo, Igor foi o primeiro homem a demonstrar sentimentos sinceros por mim. Claro que ele não me amava, até porque ainda era tudo recente. Mas era visível que me desejava, e nesse instante eu queria aproveitar até quando durasse.
No momento que terminou de cantar a última estrofe da música, todos aplaudiram entusiasmados e pedindo bis. Contudo Igor sem pestanejar desceu do palco e veio direto a mim.
— Está na hora de irmos. — Disparou fitando-me intensamente.
Eu sabia o que viria a seguir, mas desejava ouvir as palavras da sua boca.
— Par... Para onde iremos? — Gaguejei perguntando.
Igor sorriu cinicamente e aproximou seus lábios próximos do meu ouvido dando uma leve mordida, sussurrando as palavras que deixavam a minha pele em chamas.
— Primeiro vamos dar uns amassos no meu sofá, Minha Diabinha.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro