Capítulo 05 - Nem tudo é o que parece
Olá meninas! Desculpe-me o atraso na postagem, mas às vezes trabalho aos domingos e fica um pouco difícil de publicar mais cedo.
Enfim. Capítulo saindo. Espero que gostem.
Alice
Cachorro!
Só pode ser sina, não encontro outra resposta. Meu dedo é podre quando se trata de homem. Só me sinto atraída por mulherengos convencidos e metidos a besta. Igor era o nome do maldito da vez, aquele que perpetuou os meus sonhos todo o final de semana. O safado teve o desplante de me arrastar para uma pequena copa na Clínica. Mas sabe o que foi pior? Eu gostei de ser atacada por ele, de sentir o gosto do seu beijo novamente, da forma como imprensou meu corpo entre o seu, quente e viril, e a porta. Meu cérebro gritava que era errado, que eu sairia machucada, mas o meu corpo, grandessíssimo traidor, o desejava como a um manjar. Por mais perigoso e errado, se ele não tivesse se afastado, eu não teria resistido a sua sedução.
Assim que me fez prometer passar a noite de amanhã juntos, Igor me largou. E instantaneamente senti um vazio dominar o meu corpo. Sorri quando percebi que não era apenas eu que sofreria para aliviar aquele fogo entre minhas pernas. Seu pau estava visivelmente desconfortável dentro do seu jeans.
Saí da copa cuidadosamente para não ser pega em flagrante. As recepcionistas não estavam mais por ali. Caminhei ainda com as pernas trêmulas até próximo ao balcão de recepção. Tudo estava tranquilo, olhei em volta e não tinha ninguém por perto, nenhuma sombra, sabia que a qualquer momento Igor surgiria pela recepção com aquele sorriso cínico na cara.
Busquei um espelhinho dentro da minha bolsa e me olhei. Meus lábios estavam inchados e, com certeza, tia Lilian perceberia, ela era muito esperta, notaria logo o que tinha acontecido. Peguei rapidamente um gloss de tom rosa e passei nos lábios para tentar disfarçar um pouco. Ainda me observando reparei em uma pequena marca avermelhada se formado em meu pescoço.
Droga!
Amanhã amanheceria roxo, como esconderei essa marca?! Ajustei a gola do meu blazer, antes que minha tia chegasse. Por hora tinha como passar imperceptível.
— Onde você estava, Alice? — Pulei de susto com tia Lilian falando e me pegando de surpresa.
— Nossa! Que susto a senhora me deu, tia. — Disse levando minhas mãos ao coração e tentando me acalmar. — Eu? Hum! Fui... Ao banheiro. Estava muito apertada. — Menti. Mas tive quase certeza que não a convenceu o suficiente. Eu era um desastre para mentir.
Tia Lilian inspecionou com o olhar toda a recepção da Clínica, buscando por algo, ou especificamente alguém de 1,90 m, cabelos loiros escuros e cara de safado com um sorriso sedutor.
— E por que não passou o gloss no banheiro? — Perguntou, apontando para o gloss e o espelhinho que estava em minhas mãos.
Que pergunta mais boba era aquela? Mas eu não seria louca em questionar.
— Deixei minha bolsa aqui. — Respondi bem tranquila.
— Não vi sua bolsa quando voltei aqui na recepção. — Acusou duvidosa.
— Estava em cima daquele sofá. — Falei cinicamente, apontando para um sofá um pouco distante do balcão de recepção.
Ela ficou me observando, como se quisesse falar algo mais, porém desistiu.
— Como vou chegar amanhã um pouco mais tarde, preciso imprimir um documento para Pâmela enviar logo cedo para o Dr. Estevão. — Explicou. E eu dei graças a Deus que mudou de assunto. — Ele está afastado da Clínica, mas gosta de saber de tudo que acontece por aqui.
— Ainda temos tempo. O voo da Sandrinha só sai à meia-noite.
— Mesmo assim. Não gosto de deixar ninguém esperando. — Avisou. — Tome. Pegue a chave do meu carro e vá pegá-lo no estacionamento e traga-o até a entrada da recepção. — Pediu me entregando um molho de chaves. — É o tempo enquanto termino aqui.
Peguei suas chaves e saí em direção ao estacionamento. No momento em que atravessei a porta de entrada, reparei em um táxi um pouco a frente. Uma jovem descia. Será que era alguma paciente? Mas não tinha mais nenhum médico na Clínica, além do Igor. Será que ele ainda tinha paciente para atender hoje?
Reparei que a jovem falou algo com um dos seguranças da Clínica e em seguida caminhou, vindo em minha direção. À medida que se aproximava tinha a sensação que a conhecia de algum lugar. Só quando chegou bem perto de mim que a reconheci como a garota da boate, aquela que estava abraçada com o Igor, ambos tão sintonizados um com o outro na pista de dança.
Meus pés travaram e eu não conseguia dar um passo. Merda! Como pude me esquecer dela e deixá-lo me tocar. Você não toma jeito Alice Schneider.
— Boa noite. — A garota disse gentilmente.
— Boa noite. Posso ajudá-la? — Mesmo sabendo de quem ela veio atrás. Fingi-me de sonsa.
— Estou procurando o Dr. Igor. — Falou com uma voz doce.
Ela me analisou da cabeça aos pés. Senti-me invadida, sem saber o que tanto especulava. Se estivesse em outro lugar que não fosse meu local de trabalho, com certeza, perguntaria se eu tinha algum problema. Odiava me sentir intimidada.
— Não sabia que o Dr. Igor ainda tinha consulta. — Instiguei curiosa pela sua resposta.
— Oh! Não sou sua paciente. Ele está me esperando. — Explicou.
Aquele Ordinário! Gritei mentalmente, por enganá-la descaradamente.
Como pode ser tão cara de pau? Intimando-me a passar a noite com ele, enquanto já tinha um encontro com outra mulher hoje. Talvez ela seja sua namorada. Idiota! Idiota que eu sou. Por pouco não caí na lábia daquele despudorado. Seria mais uma que ele traçou. Que ódio!
— O Dr. Igor está na recepção. — Bradei sem deixá-la falar mais nada e disfarçando minha raiva. — Com licença. — Pedi e sai sem esperar sua resposta.
Estava com tanto ódio que era capaz de matar aquele libertino só com o poder da mente. Entrei no carro de tia Lilian e bati a porta com força. Odiava ser enganada ou enganar as pessoas. Aquela menina parecia ser gentil, apesar de que me senti mal pela forma como me olhou, mas a coitada mal sabia quem era o sem-vergonha do seu namorado.
Liguei o carro, e estacionei próximo da porta da recepção, não tão perto como tia Lilian tinha pedido, mas o suficiente para ver como Igor a abraçava pela cintura, enquanto eles conversavam e sorriam junto com minha tia.
Baixei a cabeça e encostei-me ao volante do carro, não queria e não precisava ver aquela cena do casalzinho 20. Ele não era nada meu. Não tinha me feito promessas. A noite de amanhã teria sido só sexo. Eu que deveria tomar vergonha na cara e não cair nas conversas de homens como Igor.
Larguei Valentim pelo mesmo motivo. Ele só queria sexo, nada de relacionamentos, e Igor pelo visto era do mesmo jeito, ainda mais cretino que o Valentim, pois enganava uma pobre garota que, com certeza, sonhava com um futuro juntos.
Ainda de cabeça baixa, escutei quando a porta do passageiro abriu e senti quando tia Lilian sentou no banco fechando a porta em seguida.
— Por que não avançou mais para frente? — Questionou.
— Desculpa, tia. Acordei muito cedo e aproveitei para cochilar um pouco. — Respondi com o semblante cansado.
— Oh! E essa sua tia aqui fazendo você esperar. Desculpe, Ali — Respondeu fazendo carinho no meu braço. — Quer que eu dirija? Você aproveita e descansa mais um pouco.
— Não. Eu gosto de dirigir. — E era verdade, eu amo dirigir. Ajuda a espairecer. E era tudo que eu precisava no momento.
— Falei pra sua mãe mais cedo, que você poderia ficar com o meu carro para levar a Sandrinha ao aeroporto. — Pronunciou.
— Obrigada, mas o Levi se disponibilizou a nos levar. — Agradeci. — Ele acha perigoso mamãe e eu voltarmos sozinhas tão tarde do aeroporto.
— E ele está certíssimo. Seu irmão é um completo cavalheiro. Sortuda a mulher que fisgá-lo. — Comentou toda sorridente.
— Sim. Meu irmão é um perfeito cavalheiro. — Reafirmei.
Porém, ele também era um irmão ciumento e protetor além da conta. O pior que eu ainda tinha que enfrentar sua fúria essa noite. Contei a Levi o motivo da venda do meu carro, ele tinha me pressionando por telefone. Sabia que meu irmão não me deduraria para mamãe e papai, no entanto eu ouviria suas queixas por um bom tempo.
*****
— Oi filha que bom que chegou. Já estava preocupada. — Mamãe disse, vindo me abraçar. — Você está com uma carinha abatida. — Analisou-me.
— A culpa foi minha, Laura. Ali ficou me esperando terminar alguns trabalhos pendentes. — Tia Lilian explicou.
— Estou bem, mamãe. É só um pouco de dor de cabeça. Mas vou tomar um analgésico e logo passará. — Tentei tranquilizá-la.
Realmente estava com dor de cabeça e com muita raiva de mim mesma por ser tão estúpida. Quando transamos na boate eu não sabia quem era o Igor. Achava que nunca mais o veria, por isso não me senti tão culpada quando o vi dançando com aquela garota. Mas agora era diferente, ele seria meu colega de trabalho, nos veríamos todos os dias e, com certeza, sua namorada frequenta a Clínica ativamente. Com que cara olharia para todos? Não permitiria ser uma pessoa sem escrúpulos. Nunca.
— Cadê a Sandrinha? — Perguntei afastando aquele sem-vergonha da minha cabeça.
— Está no quarto com Ludmila, terminando de arrumar a mala. — Mamãe respondeu. — E o seu irmão está no seu quarto te esperando. Está com uma cara de poucos amigos. — Ela deu de ombros. Mamãe já conhecia o jeito mal humorado do Levi.
— Eu vou lá falar com ele e depois tomar um banho bem rápido. — Abracei mamãe beijando sua testa. — Por que a senhora e tia Lilian não vão para o quarto da Sandrinha? Daqui a pouco chego lá.
— Está bem querida. — Beijou-me carinhosamente. — Oh meu Deus! Com essa loucura toda da viagem da sua irmã, esqueci-me de perguntar sobre seu primeiro dia de trabalho. — Falou sobressaltada.
— Mamãe, nos falamos duas vezes hoje por telefone e lhe contei tudo. E também tenho certeza que você e tia Lilian se falaram durante todo o dia e ela contou as novidades.
— Isso é verdade, Laura. Falei que a nossa Ali agora é coordenadora da ala de fisioterapia e ortopedia. — Tia Lilian falou orgulhosa.
— Eu sei, mas quero saber de tudo do novo emprego da minha filhota. Estou tão orgulhosa de você. — Pronunciou emocionada. — Já avisou ao seu pai?
— Ainda não. Amanhã cedo ligo pra ele. — comuniquei.
Deixei mamãe e tia Lilian na sala e segui para meu quarto. Minha noite estava apenas começando. Agora escutaria a segunda sessão de reclamações do Levi.
Entrei no meu quarto silenciosamente, Levi dormia tranquilamente na minha cama. Aproximei-me devagar e o observei. Apesar de ser meu meio-irmão, éramos muito semelhantes. Alto, loiro e de olhos azuis idênticos. Ele chamava a atenção da mulherada por seu porte, beleza e principalmente pelo seu sotaque forte francês. Já tinha ouvido confissões de mulheres que passaram por sua cama e diziam amar quando ele sussurrava em seus ouvidos. E mesmo que fosse um irmão ciumento e antiquado, o amava e sentia muito orgulho.
Sentei-me na beirada da cama, ainda observando-o. Alisei seu rosto delicadamente contemplando sua altivez. No mesmo instante Levi abriu aquele par de olhos de um azul-turquesa, capaz de nos fazer se perder dentro deles.
— Oi. — Disse gentilmente, ainda acariciando seu cavanhaque bem aparado.
— Oi. Chegou agora? — Perguntou com seu timbre voz grossa misturada com seu sotaque.
— Alguns minutos. — Respondi baixinho.
Levi afagou seu rosto na minha mão e depois a puxou levando aos seus lábios e beijando-a.
— Você sabe o quanto está encrencada? — Olhou-me sério.
— Mais ou menos. — Retruquei.
Tentei me levantar da cama, mas Levi me puxou encarando-me.
— Ali, o que você fez foi errado. Você não deveria ter escondido isso. Ou pior, você não deveria passar a mão nas alienações dessa sua soeur envieuse. — Levi sempre chamava Sandrinha de "soeur envieuse". Que significa irmã invejosa em francês.
— Eu falei para a Sandrinha que essa seria a última vez que a ajudaria. — E realmente eu tinha dado uma corça nela. — Mas dessa vez ela ficou assustada de verdade com a pressão dos agiotas. Tenho certeza que aprendeu a lição.
— Da mesma forma que se arrependeu quando foi pega fumando maconha e quando o policial perguntou seu nome ela respondeu Alice Schneider? Ou quando penhorou o anel de esmeralda da nossa Grand-mère que Papa lhe deu de presente quando completou 20 anos? — Instigou. — Você não vê, Ali? Ela sempre será assim com você, porque você aceita e a protege.
— Eu sinto a necessidade de protegê-la, assim como você faz comigo. Sandrinha é só uma garota mimada.
— Ela é uma mulher de 24 anos, e não uma garotinha desprotegida. — Reclamou, sentando ao meu lado na cama e me puxando para um abraço. — Eu não vou brigar com você porque já fiz o suficiente pelo telefone e, principalmente, porque hoje é dia de comemorar pelo seu novo emprego. — Abriu aquele sorriso lindo.
Levi e eu ficamos conversando por mais algum tempo. Discordamos quando me disse que no dia seguinte providenciaria outro carro para mim. Expliquei a ele que não aceitaria, que em breve daria entrada em um carro semi-novo assim que recebesse meu primeiro pagamento. Depois de muita peleja consegui convencê-lo, no entanto, discutimos novamente quando se disponibilizou a ir me deixar e buscar no trabalho. Dessa vez foi mais difícil persuadi-lo, mas no fim o convenci de que Danilo fazia todos os dias o caminho que passava pela Clínica para ir ao trabalho e que me daria carona, e a noite voltaria com tia Lilian.
*****
— Se cuida, meu amor. E assim que desembarcar me ligue. — Mamãe choramingava abraçando Sandrinha há horas.
Dona Laura passou todo o trajeto do nosso apartamento até o aeroporto aconselhando Sandrinha. Ela sempre foi muito cuidadosa conosco, principalmente com minha irmã que parecia viver em um mundo imaginário.
Aproximei-me das duas e abracei ambas carinhosamente.
— Boa viagem, Sandrinha. Aproveita essa oportunidade para conquistar seus objetivos. — Desejei.
— Sim, mana. Paris que me aguarde. — Sorria empolgada.
— Tenha juízo, Maria Sandra. — Pronunciou Levi fazendo a minha irmã olhá-lo furiosa.
— Agora me deixem embarcar família. — Desfez nosso abraço. — Em breve mando notícias. — Falava sorridente, pegando sua valise.
Caminhou até o portão de embarque e virou acenando com mãos.
— Au revoir. — Despediu.
O caminho de volta para casa foi silenciosa. No momento em que chegamos em casa, mamãe agradeceu a Levi e entrou. Como já passava de uma hora da manhã, o convidei para dormir aqui em casa, mas Levi prontamente recusou. Ele gostava da sua privacidade, então despedi-me dele e entrei.
Estava tão exausta que assim que entrei em meu quarto tirei as minhas sapatilhas e caí de roupa e tudo na cama, adormecendo em seguida.
Meu sono tinha sido tão profundo que nem lembrava se tinha sonhado. Levantei ainda com o cérebro adormecido, fazendo toda a minha higiene em modo automático. Odiava quando dormia poucas horas.
Escutei mamãe avisar que Danilo já havia chegado, gritei que logo sairia. Depois de pronta, arrumei minha bolsa colocando calça legging, regata, tênis, chinelos, lingerie, toalha e produtos de higiene. Enquanto organizava, lembranças da noite passada vieram em meus pensamentos. Se aquela garota não tivesse aparecido, com certeza estaria nesse instante acrescentando também na bolsa a minha melhor lingerie e, uma muda de roupas para o dia de trabalho da manhã seguinte. Balancei a cabeça tentando afastar esse pequeno vacilo. Doutor Igor seria apenas um colega de trabalho, mesmo que precisasse agir rudemente com ele.
Como o Dan tinha uma reunião marcada às oito horas da manhã, apenas tomei uma xícara de café e fiz uma pequena marmita para levar com frutas e pãezinhos doces com requeijão.
Como sempre, mamãe acompanhou Dan e eu até o carro. Nos despedimos dela com beijos e abraços, e partimos. Sarinha não tinha vindo, mas havia ligado para dar bom dia e nos convidar para tomar um drink depois do trabalho.
Fui todo o caminho contando empolgada sobre meu novo emprego e o cargo inesperado que consegui. Claro que ocultei a parte do cafajeste. Não tinha mais necessidade de falar dele. Até sobre nosso rolo na boate não valia a pena comentar. Danilo me parabenizava e vibrava de felicidade por minha conquista.
Beijei meu amigo assim que parou o carro na porta da recepção, combinando ao mesmo tempo de me pegar no final do expediente para irmos ao barzinho que Sarinha tinha falado.
Entrei na recepção sorridente e cumprimentei as recepcionistas e alguns pacientes que estavam por perto. Segui direto para a cantina, para comprar um cappuccino. Precisava estar bem disposta para os meus primeiros pacientes.
Alguns funcionários do refeitório vieram me cumprimentar e acabamos conversando rapidamente. Eles me falaram o que teríamos para o almoço e perguntaram se eu gostaria de algo especial para que eles pudessem fazer para dar boas vindas. Agradeci pela hospitalidade e pedi que me surpreendessem.
No caminho até a Ala de Fisioterapia e Ortopedia cumprimentei e conheci mais alguns funcionários da Clínica, inclusive estagiários de fisioterapia.
Antes que pudesse entrar em meu consultório a recepcionista me chamou e avisou dos meus horários e obrigações para o dia de hoje. Tinha uma reunião para daqui a 15 minutos. Seria tipo uma reunião de boas vindas com os funcionários da ala que coordenaria. Pedi alguns minutos para guardar minha bolsa e logo iria para a sala de reunião.
No instante que abri a porta do consultório meu coração acelerou ao deparar com um sorriso descarado. Igor estava sentado bem à vontade em minha poltrona na certa me aguardando para me seduzir.
— O que faz aqui? — Disparei, sentindo minha pele começar queimar pela raiva se instalando.
— Bom dia para você também, Minha Diabinha. — Proferiu com aquela voz rouca.
— Dr. Igor, estou muito ocupada no momento. Gostaria que o senhor se retirasse. — Pedi, saindo de frente da porta para que ele fosse embora.
Igor levantou lentamente e veio em minha direção, seguro de si e me encarando. Parou em minha frente e o aroma do seu perfume invadiu minhas narinas. Antes que eu pudesse dizer qualquer palavra, Igor fechou a porta e como a noite anterior encostou-me esmagando-me com seu corpo.
— Você sempre acorda assim, mal humorada? — Questionou com seus lábios roçando o meu.
— Me larga! — Falei fitando-o furiosa.
— Não. Quero te dar um beijo de bom dia. — Beijou-me, mordiscando delicadamente meus lábios e com a língua tentava adentrar a minha boca.
Mordi seu lábio com tanta força fazendo-o gemer de dor.
— Sou louco por gatinha arisca. Sabia? — Disse cinicamente levando a mão ao canto do seu lábio inferior que havia mordido.
— Nunca mais se atreva a me tocar. — Bradei, quase gritando. — Me solte! — Me debati tentando livrar-me de suas garras, mas era em vão.
— Esqueceu-se de ontem? Da promessa que me fez?
— Não irei pra cama com você, seu descarado. — Cuspi as palavras. — Nunca.
Ele apenas me analisava. O safado achava que eu cederia ao seu charme. Ontem eu tinha sido fraca, mas hoje era outro dia. Não cairia na sua jogada.
Maldito!
Por que você tinha que ser tão gostoso?
Foco Alice! Foco. Não pense desta forma.
— Posso saber o motivo da sua negação? Porque até ontem você me queria. E não negue. — Perguntou friamente olhando fundo em meus olhos
— Não seja cínico, Doutor. — Empurrei novamente, mas Igor me prendia cada vez mais. Quase me deixando sem ar. — Não quero ser amante de um homem comprometido, mesmo que por uma noite.
— E esse homem comprometido sou eu por acaso? — Interrogou duvidoso levantando uma sobrancelha.
— Seu idiota! Eu vi a garota ontem à noite aqui. A mesma que você dançava todo alegrinho na boate. — Socava seu peito querendo me afastar dele. Estava sendo muito difícil de resistir, mas não podia me envolver com ele. — Como você pode ser tão cafajeste? Dando em cima de mim enquanto mantêm uma relação com outra pessoa. Não negue que essa garota de alguma forma é especial pra você.
Abruptamente, Igor me largou e seguiu até a minha mesa encostando-se e cruzando os braços. Em seu rosto um sorriso se formava, ainda maior do que já estava me acostumando a ver.
— Como seria especificamente essa garota? — Ele teve a cara de pau de perguntar.
— Não preciso descrever ninguém. Você sabe a quem estou me referindo. Vai negar?
A vontade que eu tinha era castrá-lo só pelo seu atrevimento. Como uma pessoa em tão pouco tempo conseguia me tirar do sério?
— Não nego. Ela é alguém muito especial. — Confirmou.
— Devasso! — Cuspi com nojo.
— Minha Diabinha está com ciúmes?
— Para de me chamar assim, seu imbecil. — Rosnei.
Igor começou a gargalhar de mim. Eu deveria parecer uma ridícula diante de toda essa situação.
— Você fica ainda mais sexy com ciúmes.
Sem responder a sua piada, respirei fundo e tentando transparecer tranquilidade, abri a porta do meu consultório. Com ele não valia a pena discutir. Era total perda de tempo.
— Gostaria que você se retirasse, por favor. — Pedi calmamente, mas por dentro me tremia fortemente.
Ficamos em silêncio por alguns segundos apenas nos observando. Igor pegou um bloquinho de papel e uma caneta. Anotou algo descartando o rascunho em seguida. Caminhou e parou novamente na minha frente.
— Eu vou. Por agora. Mas você irá atrás de mim. — Avisou colocando o pedaço de papel em minha mão. — Quer apostar quanto que você passará a noite de hoje comigo? — Minha vontade era socar sua boca só para desmanchar esse sorriso libidinoso.
— Não apostarei algo que nunca acontecerá. — Rebati.
— Iremos ver, Minha Diabinha. — Aproximou o máximo de mim frisando esse apelido cafona.
Atravessou a porta e antes que eu relaxasse virou-se todo galanteador dizendo:
— Aceitarei seu pedido de desculpas pelo Cafajeste, mas adorei o Devasso. Me faz pensar em tudo que quero fazer com você logo mais. — Comunicou. — Ah! A propósito. Não jogue fora esse papel, nele consta o endereço do meu apartamento. Te espero as 20 h. Não se atrase! — Piscou o olho e foi embora.
Deus! Esse cara era completamente louco. Aonde eu fui me meter?
Gostaram? Gostaria de saber a opinião de vocês. Até o próximo domingo. Beijos!
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