Capítulo 02 - Garota Folgada
Olá meninas, desculpe pelo o atraso, mas minha net está de zoação com a minha cara. Espero que gostem do capítulo.
Boa leitura!
Igor
Acordei com uma dor de cabeça dos infernos, depois da festa de sábado minha quase melhora da maldita dengue foi por água a abaixo. Tudo por culpa daquela peste da minha irmã. Mas também não deixei barato, a forcei ser minha enfermeira durante todo o domingo, o que a fez resmungar e fazer bico o dia inteiro por perder o passeio com seus amigos. No entanto, valeu a pena cada reclamação feita. Sua conta de favores comigo era enorme e cuidar de mim era o mínimo que ela poderia fazer.
Ingrid ainda tentou coagir a nossa mãe para vir ao meu apartamento e ficar comigo, mas bastou ameaça-la de cortar sua gorda mesada extra que a esperta desistiu e inventou uma boa desculpa para dona Elena Salazar.
Hoje, segunda-feira, ainda continuo indisposto, porém não posso e nem gosto de deixar minhas pacientes na mão. Posso não aparentar, mas detesto ser irresponsável, quando assumo um compromisso tenho em mente o dever de cumprir, e não será uma dorzinha pelo corpo que irá me impedir.
Sou médico ginecologista e amo a minha profissão. Meu pai também foi um grande médico ginecologista, Alberto Salazar, era um homem forte e decidido, amava a vida de uma maneira inexplicável, e mesmo que não esteja mais nesse mundo, é nele que me inspiro.
Trabalho há cinco anos na Clínica Estevão Alencar. Quando estava perto de terminar minha residência, tinha começado a procurar um local para montar um pequeno consultório para assim começar atrair meus próprios pacientes. Foi quando um dia levei minha mãe e irmã para almoçamos em um dos nossos restaurantes favoritos. Lá encontramos o Doutor Estevão Alencar e sua esposa, Lorena, ele tinha sido um grande amigo do meu pai, além do que, meus pais também foram padrinhos do seu casamento. Em uma conversa agradável, mamãe acabou revelando sobre a minha busca por um local para montar meu consultório. O Doutor Estevão de imediato se interessou e me pediu que o procurasse no dia seguinte na sua Clínica, que é uma das mais conceituadas aqui da região. Nossa conversa foi bastante agradável e a sua proposta para trabalhar para ele era irrecusável, aceitei sabendo que muito daquela oferta se devia ao fato de ser filho de Alberto Salazar, seu amigo e parceiro de faculdade, porém com o passar do tempo provei minha capacidade e profissionalismo.
Tomei um banho frio, e enquanto me vestia liguei para Lilian e confirmei meus compromissos para aquele dia. Lilian já não trabalhava mais na recepção da Clínica. Com a ampliação da mesma, ela passou a ser responsável pela administração, ajudando o Leo e a Isa, que assumiram a responsabilidade da Clínica, no entanto Lilian sempre era a primeira a chegar ao trabalho e não tinha perdido o hábito, ainda, de ficar com as agendas de compromissos dos médicos. Avisei que em 40 minutos chegaria e despedi-me.
Abri a porta do meu quarto e fui atacado por um aroma delicioso de café. Minha irmã, Ingrid, poderia ser mimada e maluca, mas sabia preparar um café da manhã como ninguém. Sorri orgulhoso por saber que não teria que derrubá-la da cama para ir à faculdade. Ela era doidinha, mas assim como eu, era responsável.
Entrei na cozinha e a encontrei colocando dois sanduíches na sanduicheira. Cantando desafinada alguma música que saia dos seus fones de ouvidos. Fui até ela e os puxei, o que a fez se assustar.
— Bom dia minha dama de companhia. — Falei, beijando sua testa e pegando uma xícara na mesa já posta com o café da manhã.
— Bom dia, Gô. — Sorriu abertamente.
O que já me deixou em alerta para o golpe a seguir.
Ela sempre acordava de mau humor e estava alegre demais para aquele horário. Conheço a figura, bomba viria depois.
— A sua linda e maravilhosa irmã preparou um delicioso café para o meu doentinho favorito. — Disse toda dengosa e carinhosa.
Cínica! Essa alma quer reza, pode apostar.
— Fala logo! O que você quer, Ingrid? — Bradei de uma vez, o que a fez arregalar aqueles olhos verdes idênticos aos da nossa mãe e sorriu genuínamente logo em seguida.
— Nossa! Só queria agradar meu irmãozinho. — Fez bico enquanto falava. — Gostou do que preparei? — Perguntou curiosa olhando para a mesa.
Observei mais uma vez a mesa posta com salada de frutas, pão de queijo, suco de laranja, café fresquinho e tapioca. Quase sorri bobamente cedendo ao seu joguinho. Ingrid me conhecia muito bem e sabia dos meus gostos e preferências. Apesar de ser espevitada, tinha um coração de ouro e mesmo que resmungasse na hora, nunca conseguia dizer não. E era por essas e outras que cedia aos seus pedidos. Eu amo minha irmã mais que tudo. E seria capaz de dar o mundo a ela se preciso fosse, no entanto nem sempre facilito tudo para ela.
— Parabéns, pirralha. Parece delicioso. — Pronunciei puxando a cadeira e sentando.
— Você precisa ir ao supermercado sabia? Não tem aveia, ovos e leite. Joguei fora legumes e frutas estragadas da geladeira. — Avisou tirando os sanduíches já prontos da sanduicheira e trazendo para mesa, e sentando também de frente para mim.
— Primeiramente, não alimento um batalhão, então não vejo necessidade de tanta coisa na minha despensa. Segundo, Como você sabia que eu não comeria mais os alimentos que você jogou fora?! Acha que eu sou sexy assim só por causa do sorvete do Fast-Food?! Li no jornal que comida estragada aumenta massa corporal e inteligência. — Falei, tentando não gargalhar com a cara dela de que acreditou em cada palavra que saiu da minha boca.
Mas antes que ela começasse a falar, decidi revelar a verdade, pois essa garota folgada sairia por aí dizendo que eu tinha virado um Gnomo e comia cogumelo podre.
— Na verdade, meu dia será cheio hoje e mal terei tempo de respirar. Se por um acaso eu me lembrar, à noite passarei em um supermercado.
— Eu poderia ir com você se quisesse. — Comentou esperançosa.
Na mesma hora parei e a encarei com um sorriso sarcástico.
— Vamos parar com esse joguinho, Maninha. Diz logo o que você quer e me deixa tomar meu café da manhã em paz. — Alertei.
Enquanto me observava em dúvida se falava ou não, fingi não perceber. Peguei uma tapioca e levei um pedaço na boca apreciando a massa quentinha junto com o café.
— Gô, me empresta seu carro? — Pediu quase que inaudível.
Fui pego de supetão e quase que engasguei engolindo um pedaço de tapioca sem mastigar. Sabia que Ingrid queria algo, mas dessa vez ela superou minhas expectativas. O meu carro?! O meu Hummer H3 5.3 Alpha 4X4 2010, para Ingrid desfilar na Faculdade com suas amigas fúteis?! Nunca. Jamais.
Não sou uma pessoa extravagante que gasta copiosamente, mas o "Meu Garoto" comprei porque tinha sido paixão à primeira vista. Sou louco por carros e desde criança, sempre sonhei em ter uma máquina quando crescesse. Juntei dinheiro praticamente durante toda a minha vida para quando encontrasse "O carro" investisse nele. E foi o que aconteceu. Encontrei Meu Garoto em uma feira de automóveis. Comprei de imediato, passei por apertos aqui e ali durante um tempo, mas não me arrependi. Nem precisei pensar para dar uma resposta a essa fedelha.
— Não. — Respondi sucinto e taxativo.
— Por favor! Por favor! Prometo que terei o maior cuidado.
— Ingrid, você tem ideia do que está me pedindo?!
— Sim. Seu Garoto. — Inquiriu atrevida.
Fechei os olhos e suspirei contando até dez para ter paciência com a aquela garota.
— Gô, meu carro ainda está na oficina.
— Mais um motivo para não emprestar o carro a você, barbeira.
— Eu dirijo melhor do que muitos homens metidos a piloto. — Cuspiu raivosamente.
— Fala isso para o meu bolso e a traseira do pobre carro que você colidiu, enquanto estava se maquiando ao mesmo tempo em que dirigia.
— Aquele idiota freou de supetão. Não tive como evitar. — Xingou.
— Se você estivesse atenta ao trânsito seu carro não estaria na oficina.
— Vai me emprestar ou não o seu carro? — Insistiu cinicamente.
— Não! — Falei levantando. — E se apresse. Tenho uma paciente em 30 minutos. — Saí da cozinha o mais rápido possível. Não estava com paciência para capricho de garota mimada.
Retornei para meu quarto e segui direto para o banheiro. Escovei os dentes, passei perfume, peguei minha carteira, celular e a chave do carro em tempo recorde.
Cheguei à sala e encontrei uma Ingrid me esperando de cara feia. Fingi não perceber, saímos do meu apartamento em silêncio. Permanecemos sem trocar nenhuma palavra até chegarmos à sua Faculdade. Minha irmã entendia quando era um não definitivo.
— Obrigada pela carona. — Disse emburrada já abrindo a porta do carro para sair. Agarrei seu braço e a forcei olhar para mim.
— Para de charminho, Ingrid! — Proferi sorrindo carinhosamente, mas ela continuou calada. Suspirei, suplicando mentalmente por paciência dessa bobagem toda. — Vamos fazer o seguinte. Quando você sair da Faculdade pegue um táxi e vá direto para Clínica. De lá iremos ao supermercado e eu deixo você dirigir meu carro. Tudo bem? — Era o máximo que eu poderia fazer por Ingrid em relação ao Meu Garoto.
Ingrid me fuzilou com olhar como se tivesse dito algo do outro mundo.
— Topa ou não? É pegar ou largar — Perguntei.
— Aconselho colocar algum curativo adesivo para esconder esse chupão em seu pescoço, antes de começar atender suas pacientes. Será ridículo uma paciente visualizar a marca de suas safadezas. — Proferiu mudando de assunto. — Mas...
Lá vinha bomba de novo. Essa garota era pior do que um terrorista pronto para detonar tudo a qualquer momento.
— Tenho umcurativoaqui. Colocaria rapidinho. É só você me dizer que vai emprestar seu carro e eu te dou, Meu Garoto — Enfatizou o "Meu Garoto" com um curativo fuleiro nas mãos para que eu pudesse, a todo o momento, me lembrar do motivo do seu atrevimento.
— Esquece, meliante! Trabalho em uma Clínica e posso encontrar em qualquer canto um curativo melhor do que esse projeto que você segura aí em sua mão? E outra, isso não é um chupão! — Ajustei a camisa tentando esconder a mancha roxa. — Bati na quina da porta do banheiro. — Falei a primeira desculpa esfarrapada que veio a minha cabeça.
— Você pensa que sou uma idiota, Igor Salazar? — Às vezes esquecia que Ingrid não era mais uma garotinha que gostava de brincar de boneca. — Isso é um chupão, sim. Sei muito bem diferenciar. — Afirmou categórica. — Percebi desde ontem de manhã essa marca, ou seja, alguém se deu bem na festa do Heitor. — Sorriu maliciosamente. — E ainda vem todo dengoso dizendo que está doente. Homens!
E, sim. Eu havia me dado bem naquela festa temática ridícula dos anos 70. Tão bem, que eu não tinha certeza se tinha sido real, até o dia seguinte, quando entrei no banheiro e olhei-me no espelho e me deparei com uma pequena mancha roxa arredondada em meu pescoço.
— Desce logo, pirralha abusada. Já estou atrasado. — Pedi fingindo estar com raiva.
Sempre era assim, não conseguíamos passar muito tempo chateado um com outro.
Ingrid beijou-me o rosto e desceu do carro.
— Tá bom. Tá bom. Chego às seis da noite na Clínica. — Comunicou. — Ah! E passe um gelinho nessa marca. Te amo, Maninho — Desceu do carro soltando gargalhadas.
Aguardei até que ela entrasse na Faculdade, assim como eu fazia quando ela era mais nova e ia deixá-la no colégio.
Voltei meu olhar para o espelho retrovisor e visualizei aquela marca roxa no meu pescoço. A única prova que eu tinha que aquele diabo em pele de anjo tinha sido real. Ainda podia sentir o gosto e o cheiro do seu mel em minha boca. Tinha sido perfeito o nosso sexo. Pretendia ter prolongado mais aquele momento, mas a Minha Diaba sumiu como um fantasma, antes mesmo de eu perguntar seu nome. Ficando apenas aqueles olhos que mais pareciam duas pedras de Ágatas de tão azuis que eram presos em minha memória.
******
Cheguei à Clínica em cima da hora. Estacionei o carro e entrei às pressas pela recepção. Minha primeira paciente já se encontrava me aguardando e ostentando seu barrigão de 07 meses. Gentilmente fui até ela e pedi desculpas usando meu lado encantador de médico sério e culpei o trânsito pelo atraso. Avisei que em cinco minutos a chamaria. Segui pelos corredores a caminho do meu consultório e antes mesmo de entrar na minha sala, Gabriel, meu amigo e Nutricionista da Clínica, surgiu no corredor.
— Bom dia, Igão! — Cumprimentou
— Cara, você desapareceu na festa do Heitor.
— Ah, Mano! Encontrei uma morena no caminho até banheiro. Muito gostosa e inteligente. Não resisti aos seus encantos e a levei embora dali para um lugar que poderíamos ficar mais à vontade. — Lembrei novamente da minha Diabinha que também a vi enquanto seguia para o banheiro. Santo Banheiro! Só que não tive a mesma sorte que o Gabriel.
— Eu já não tive a mesma sorte. — Dei de ombros sem acrescentar nada mais.
— Achei minha garota, Igor. Minha princesa é muito fogosa. Estou só o bagaço. — Confessou feito um bobo.
— Minha princesa?! Já está assim? — Franzi o cenho surpreso. Gabriel não era uma cara de se impressionar com uma mulher tão fácil.
— Sarah. É o nome da minha princesa. — Disse orgulhoso. — Ela é incrível. Decidimos curtir mais um pouco.
— Pelo visto muito em breve terei que alugar uma roupa de pinguim para um casório. — Brinquei.
— Não vamos exagerar. — Ficou sério. Gabriel fugia de compromisso tanto quanto eu e, com certeza, casamento era uma palavra que também não existia em seu dicionário.
— Ué! Você que disse que estava apaixonado. — Zoei com ele.
— Falei que achei minha garota. A Sarah é muito linda, gostosa, inteligente e muito legal. Acabamos passando o dia de ontem juntos. — Justificou. — Iremos nos encontrar novamente essa semana. Isso não significa que já comprei um anel de noivado. — Parecia ansioso ao tentar explicar a diferença.
— Sei. — Decidi não zoar com ele naquele momento. Deixaria para quando estivesse com Fernando e Luís. — Cara, preciso trabalhar, meu dia está lotado e já estou atrasado. Depois você me fala da sua garota. — Sorri sarcasticamente.
— Beleza, Mano. Também estou atolado de trabalho. — Comunicou.
Antes mesmo de seguir caminho Gabriel chamou-me novamente com uma cara que eu já conhecia.
— Só para avisar que a nova fisioterapeuta eu vi primeiro. — Informou todo maroto. — Parece um anjo de tão linda. — Sorri. Gabriel sabia que a nova funcionária chamaria minha atenção.
— Se for um anjo mesmo, pode ter certeza que é no meu altar que ela ficará. — Brinquei desafiando. — Além do mais você agora tem uma Princesa. — Entrei na minha sala gargalhando sem esperar Gabriel responder.
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