Capítulo 01 - Um novo princípio.
SURPRESA MENINAS!!!
Demorou, e muuuuuito, mas chegou a história do Igor e da Alice. Nos últimos três meses minha vida está de pernas para o ar, porém não aguentava mais deixar vocês esperando. A princípio os capítulos serão postados aos domingos. Sim, eu sei que é chato um capítulo por semana, compreendo vocês perfeitamente. Acredite. No entanto foi à única maneira que encontrei para postar ainda em 2014. Conforme minha nova empreitada for se firmando acrescentarei mais um capítulo no decorrer da semana. Peço gentilmente a compreensão de todas.
Nesse primeiro capítulo, iremos conhecer um pouco da Alice Schneider. Espero que gostem.
Música para ouvir: Daughters - John Mayer
ALICE
Ah diaba! Desse jeito eu vou gozar logo.
Acordei pela segunda vez consecutiva suada e desejosa. Desde sábado não paro de pensar na foda insana que tive na boate. Não sei o que deu em mim. Gosto de sexo, mas nunca tinha feito aquela loucura de pegar o primeiro cara que me cantou e trepar como uma cachorra no cio. Claro que a seca de um mês contribuiu bastante, já que eu tinha dispensado meu amigo com benefícios, Valentim, porém não justificava sair abrindo as pernas para qualquer um. Mas com "Ele" tinha sido diferente. Sua voz tinha sido meu ponto fraco, minha ruína de sedução.
Ele possuía uma voz rouca e sensual. O tipo de homem que por mais que soltasse uma cantada brega, o que ele realmente fez, era confiante de si. Sabia o que estava fazendo e agia sem medo de falhar. Convencido do seu poder de sedução. Ainda fingi estar irritada pelo seu atrevimento e entrei na brincadeira para ver até onde ele iria. Confesso que no momento que me desvencilhei dele e saí abrindo caminho para voltar para a pista de dança, achei que ele desistiria. Ledo engano. O Sr. Gostoso seguiu-me e agarrou-me com precisão. Naquele momento sabia que iria ver estrelas, e realmente vi, vi uma constelação inteirinha.
Ele tinha me levado para um local discreto, o chamado "Labirinto". Um local arquitetônico dentro da boate, cheios de corredores, onde havia vários casais buscando um momento de prazer a dois sem muitos Voyeur por perto. Tudo tinha sido tão rápido e ao mesmo tempo tão intenso, que nem ao menos perguntei o seu nome. Mas que de olhos fechados consigo lembrar nitidamente dos seus traços, dos seus gemidos misturados aos meus e do seu aroma másculo misturado ao seu perfume amadeirado.
Depois do nosso sexo selvagem agi como uma covarde e fugi dele no momento em que virou para se livrar do preservativo. Sabia que tinha sido apenas sexo, e não queria criar um mal-estar mostrando o quanto ele me afetaria quando me dispensasse, então facilitei para nós dois.
Voltei para a agitação da boate, e depois de alguns minutos o vi circulando pela pista de dança. Seus olhos buscavam algo, a princípio tive esperança de que me procurava e ainda cogitei a possibilidade de ir atrás dele, e quem sabe passarmos mais um tempo juntos. Mas no mesmo instante constatei que agi certo em ir embora sem dizer uma palavra.
O bonitão logo se juntou a um grupo de meninas que dançavam no meio da pista e uma loira foi logo se pendurando em seu pescoço e ele agarrou sua cintura, a puxando para seus braços. Ambos sorriam e dançavam com muita intimidade.
Sem vergonha!
Ele tinha uma namorada, ou poderia ser sua noiva, esposa, quem sabe? Não tive tempo de analisar seus dedos das mãos, em busca de algo comprometedor. Sempre analiso dedos das mãos antes de qualquer encontro. É de lei. Não só para verificar marca de alguma aliança, mas também para verificar se seus dedos são realmente longos. Minha tia Lilian sempre diz que é através dos dedos das mãos de um homem que sabemos se ele é bem dotado nas partes baixas. Teoria da titia.
Mesmo com o Cachorro se esbaldando na pista de dança com a pobre namorada, que nem sequer imaginava o que ele tinha acabado de aprontar. Tentei ainda me divertir. Sarah logo se atracou com um moreno bonitão e sumiu, enviando minutos depois uma mensagem dizendo que tinha se arrumado com o cara e iriam para um local mais tranquilo. Essa tinha sido a minha deixa para ir embora, mesmo com as reclamações da minha irmã.
Não sou chegada à agitação, gosto de ficar em casa e assistir filmes e seriados comendo pipoca e tomando um bom vinho. Mas era o último sábado da minha meia-irmã, Sandrinha comigo. Ela está indo hoje à noite para França, onde ficará por dois anos estudando. Então, acabei sendo convencida por ela e minha melhor amiga, Sarah, para saímos e fazermos uma despedida. Sarah está terminando arquitetura e trabalha em uma agência que promove eventos. Foi daí que ela conseguiu os convites para essa festa em uma boate recém-inaugurada por algum riquinho da região. Na hora sugeri a ideia de irmos a um barzinho e tomarmos alguns Drinks, mas Sandrinha amou a ideia da boate. Então não tive como negar.
Minha história é meio dramática, tenho 26 anos e sou filha de um relacionamento extraconjugal. Minha mãe morou em Paris por cinco anos, ela é completamente apaixonada por tudo que é relacionado aos franceses, principalmente aos homens. Segundo Dona Laura Ventura, os homens franceses são os melhores amantes. E foi lá, na França, que eu fui concebida, apesar do meu pai ser descendente de alemão. Mamãe conheceu meu pai, o judeu Elly Schneider, em um passeio com suas amigas por Besançon, uma cidade que fica situada às margens do rio Doubs. Lá existe uma pequena comunidade local judaica. E foi nessa visita pela Sinagoga de Besançon que Laura Ventura caiu nos encantos do boêmio.
Tiveram um breve romance, porém intenso. Sempre que podia papai ia a Paris visitá-la. Até que um dia Laura Ventura descobriu que Elly Schneider estava de casamento marcado com uma judia e havia suspeita da moça estar grávida. Essa tinha sido a primeira decepção amorosa da minha mãe. Papai ainda a procurou várias vezes, mas mamãe o evitou de todas as maneiras. Pouco tempo depois do rompimento minha mãe se descobriu grávida. Sozinha e magoada em Paris, decidiu voltar para o Brasil sem falar da minha existência aos seus amigos da França e ao meu pai. E foi no Brasil que nasci sendo Alice Ventura.
Quando tinha 01 ano de idade, mamãe reencontrou o seu primeiro amor de adolescência, o primo Otávio Ventura. Ele passou a ser a minha presença paterna, o que me fez vê-lo e o chamá-lo como pai. Logo Otávio e mamãe foram morar juntos e quando eu estava com 03 anos de idade minha meia-irmã, Maria Sandra, nasceu. Otávio era um homem bom e carinhoso com suas três mulheres. No entanto, o jogo e a bebida o destruíam, e ele não aceitava ajuda. O que levou minha mãe a ter sua segunda decepção amorosa. Ela não queria suas filhas sendo criadas nesse mundo, onde vários agiotas batiam a nossa porta cobrando dívidas exorbitantes e até mesmo nos ameaçando de morte. E pela segunda vez Laura Ventura fugiu de um homem.
Com duas filhas pequenas, minha mãe tinha alugado um pequeno apartamento no bairro próximo à casa da tia Lilian. Professora de História e Língua Francesa, arrumou um emprego em uma escola particular e conseguiu bolsas de estudos para minha irmã e eu. Mesmo com um pequeno salário mamãe nunca nos deixou faltar nada e construiu um lar para nós.
Mesmo com todas as promessas de largar os vícios, mamãe nunca aceitou Otávio de volta. Permitiu que nos visitasse regulamente e sempre esteve disposta a ajudá-lo, mas ele nunca quis ser ajudado. Otávio foi encontrado morto quando eu tinha dez anos de idade, seu corpo tinha sido jogado em um matagal completamente dilacerado. Lembro que na época mamãe ainda tentou apaziguar sua morte, mas Sandrinha e eu sabíamos que tinha sido devido as suas dívidas de jogo.
Quando criança sofri achando que era adotada, não compreendia porque minha mãe e Sandrinha eram morenas, ambas tinham cabelos semelhantes e castanhos, e eu, loira de olhos azuis, mesmo que Sandrinha também tivesse olhos claros, mas não era como os meus. Quando questionava minha mãe sempre inventava uma maneira de fugir do assunto. Muitos dos nossos amiguinhos da escola me zoavam por ser diferente delas. Perguntavam se o nosso pai era loiro e quando respondia que não, pois achava que era filha legítima do finado Otávio, riam e diziam que eu era filha de chocadeira, pois não tinha pai.
Fiquei tão depressiva na época que mamãe precisou me levar a uma terapeuta, pois sofria de insônia devido ao medo de ir para escola, passei a não querer estudar e meu rendimento caiu bastante, me tornando uma garota rebelde. Na minha festa de quinze anos bebi descontroladamente, causando um escândalo na família. Dona Laura não conseguia me controlar e, não aguentando mais ver meu estado, decidiu contar a verdade sobre meu pai. Dizia que sentia muito medo que eu sofresse por ser uma filha ilegítima. Na hora tive uma mistura de alegria e raiva. Ela deixou em minhas mãos a decisão de querer procurá-lo e eu, de certa forma, compreendi e amei ainda mais a mulher que me gerou e protegeu. Laura Ventura tinha medo de perder o amor que eu sentia por ela, e principalmente tinha receio de como Elly Schneider reagiria ao descobrir que tinha uma filha adolescente.
Passei todo aquele ano me dedicando a voltar a ser a garota que minha mãe me ensinou ser. Dediquei-me intensamente aos estudos, queria que meu pai tivesse orgulho de mim. Quando completei 16 anos, mamãe me enviou a França para estudar por seis meses. Entrou em contato com sua antiga colega de quarto, Abigail, e contou toda a verdade. Abigail era uma solteirona alegre, professora de Artes. Ela se disponibilizou a ajudar a procurar o meu pai. Para minha surpresa, quando desembarquei em Paris, Abigail já havia descoberto tudo sobre ele, até o seu número do seguro social.
Elly Schneider era viúvo e tinha um filho da minha idade chamado Levi. Lembro que na hora um pânico tomou conta de mim e quase desisti e retornei para o Brasil.
Os primeiros dias em Paris tinham sido de adaptação. Aos 16 anos eu já tinha estabelecido metas para o meu futuro e, para isso, precisaria de muita paciência para cumprir cada meta desejada. Estabeleci-me na casa da Abigail. Lembro que ela tinha feito questão que eu me hospedasse em seu pequeno apartamento de dois quartos. Claro que fiz também questão de ajudar nas despesas. Resisti aos trancos e barrancos a vontade de ir atrás do meu pai. Enfiei a cara nos estudos logo no início do semestre. Não tive dificuldades com o idioma, pois desde pequena mamãe ensinou a Sadrinha e eu a língua francesa.
Elly Schneider possui uma pequena rede de padarias e confeitarias, onde fabrica massas caseiras. Os estabelecimentos são famosos por seus Croissant saborosos e de derreter na boca. Abigail, através de um amigo em comum com papai confirmou que ele sempre estava todas as quartas-feiras pela manhã em uma de suas Confeitarias a poucos quilômetros da Pont Neuf.
Fechando os olhos consigo voltar no tempo, há dez anos e rever nitidamente nosso primeiro encontro. Cheguei a confeitaria às oito horas. Com as mãos suando e as pernas tremendo de nervosismo, e mesmo com a temperatura baixa, sentia meu corpo em chamas. Entrei e busquei uma mesa reservada, mais próxima ao balcão de gostosuras. Uma moça ruiva de sorriso gentil me atendeu, e lembro que mesmo com o cardápio na mão não conseguia ler nada que tinha lá. Então pedi a primeira coisa que veio a minha cabeça.
- Uncafé et un croissant, se il vous plaît. - Falei gaguejando, frisando um estranho sotaque.
A ruiva me olhou estranho e ficou me analisando por alguns segundos, me deixando completamente envergonhada. Depois abriu um sorriso tímido.
- Você é brasileira? - Perguntou. Arregalei os olhos surpresa por falar meu idioma. Balancei a cabeça confirmando. - Sou Belinda. Sou portuguesa, mas morei no Brasil quando criança. Por isso percebi seu sotaque. - Disse gentilmente.
- Sou Alice. Sou brasileira. E é minha primeira vez em um país estrangeiro. - Repeti.
- Um café e um croissant. Isso? - Perguntou percebendo meu desconforto.
- Sim.
Belinda voltou para o balcão, enquanto eu olhava cada detalhe da Confeitaria. Era pequena, aconchegante e muito familiar. O aroma das massas era marcante. Havia poucas pessoas no local, do no meu lado direito um grupo de jovens riam falando sobre um tipo de festival de música, uma senhora mais a frente apenas apreciava seu café e atrás de mim um jovem rapaz estava inerte do que acontecia ao seu redor, provavelmente perdido em alguma aventura do livro que lia.
A ruiva retornou e depositou meu pedido na mesa.
-Bon appétit! - Disse sorrindo, e indo atender a novos fregueses que adentrava ao estabelecimento.
- Merci. - Falei quase que inaudível.
Antes mesmo de levar a massa deliciosa à boca. Uma porta a minha frente se abriu e um homem alto, de cabelos grisalhos, charmoso, de presença marcante e de olhar sagaz surgiu na minha direção. Meu pai, Elly Schneider. Não tive dúvidas. Mamãe tinha me dito que ele era um tipo de homem que intimidava as pessoas por sua confiança.
Ele caminhou para o balcão. Observando e anotando algo em um caderninho. Não conseguia tirar os olhos deles. Buscava semelhança entre nós. E sim, havia, muitas semelhanças. Percebendo que estava sendo observado. Levantou a cabeça para as mesas buscando com o olhar até encontrar com os meus. Naquele momento uma sensação muito forte de proteção surgiu dentro de mim. Levantei-me confiante e fui ao seu encontro. Seu olhar sempre fixo ao meu.
Ele parecia deslumbrado.
Fiquei em silêncio esperando que ele falasse algo. Depois de vários minutos apenas nos encarando Elly Schneider olhou para uma parede ao lado onde continha varias fotos e dentre milhares delas havia uma em destaque. Aproximei e entendi o motivo. Era uma foto antiga de uma mulher jovem de cabelos loiros até os ombros. A foto era preto e branco, mas podia perceber que a jovem mulher tinha olhos claros de uma tonalidade forte. Ela sorria lindamente olhando um bebê no seu colo. Aquela mulher era eu. Não eu propriamente. Eu era idêntica a ela, numa versão anos 50.
- Essa era minha mãe. - Pronunciou em francês. - Ela morreu quando eu tinha 20 anos. - Suspirou e voltou a me olhar como se quisesse gravar na sua memória minha face. - Ela era linda e alegre... Eu amava seu sorriso. - Sorriu ao lembrar. - Se minha mãe não estivesse morta, eu poderia jurar que você era ela. - Fechou os olhos e balançou a cabeça como se não acreditasse no que estava acontecendo. Eu apenas me mantinha calada, quieta, absorvendo tudo. Cada momento precioso com o meu pai. - Como se chama? - Perguntou.
Essa era a hora da verdade. Do tudo ou nada.
- Ali... Alice... Alice Ventura. - Respondi tentando o meu melhor francês, mas só saiu o meu pior.
Elly Schneider franziu o cenho, parecendo recordar de algo. Meu coração parecia querer saltar e saí pela boca. Papai nunca falou, mas tenho certeza o quanto ele percebeu meu pavor misturado com a ansiedade.
- Sou filha de Laura Ventura. Lem... Lembra dela? - Despejei de uma vez. Desejava abraça-lo, senti seu aroma e gritar que era sua filha.
Sem dizer uma palavra, Elly Schneider, compreendeu no instante quem eu era. Seus olhos esbugalhados pela surpresa deram lugar ao um sorriso, mas não era um sorriso qualquer, era um sorriso de que me acolhia. Era a confirmação da sensação de proteção que senti antes. Se minha mãe era meu refúgio, meu pai seria o meu porto seguro.
O barulho do alarme do meu celular despertou-me de um dos momentos mais felizes da minha vida. Papai me reconheceu como sua filha, não antes, é claro, de brigar com minha mãe por ter fugido grávida e omitido tudo para ele. Mas o tempo fez ele a perdoar, e ambos tentam ter uma convivência pacifica, apesar dos excessos de proteção de ambos por mim. Papai me trata como uma garotinha de 10 anos.
Poucos meses depois daquele lindo dia, meus documentos foram todos alterados. Passei a ser Alice Marrie Ventura Schneider. Marrie em homenagem a minha avó.
Além de um pai protetor, ganhei um irmão ciumento. Levi Schneider é a versão mais jovem do nosso pai. Papai acabou abrindo duas pequenas confeitarias aqui no Brasil. Uma forma que encontrou de ficar mais perto de mim. Quando Levi completou vinte anos, veio morar no Brasil para gerenciar as filiais brasileiras. E com isso, ficar no meu pé vinte e quatro horas por dia. Mas eu amo ter um irmão mais velho. Nossa diferença é de apenas dois meses, mesmo assim ainda é o meu irmão mais velho.
Verifiquei a hora e levantei às pressas tropeçando no tapete e derrubando meia dúzias de livros que estava na minha mesinha de cabeceira.
Merda! Desastrada é o meu nome do meio.
Hoje, segunda-feira, seria um dia cheio de emoções. Uma entrevista de emprego, levar minha irmãzinha caçula ao aeroporto e principalmente uma sensação estranha que vinha sentindo desde ontem. Uma sensação que há anos não sentia, avisava-me que algo novo estava surgindo. E eu não fazia a menor ideia do que seria.
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