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Ainda naquela terça feira, Park Sooyoung foi até o vizinho de Kim Seokjin sentindo o sol quente arder o topo de sua cabeça. Inevitavelmente entreolhou a casa do estudante que ainda permanecia vazia. Era provável que a cirurgia ainda estivesse acontecendo, ela não tinha ideia! Mesmo assim, algo em seu coração alertava que ela deveria ir para casa, pegar a sua bicicleta e finalmente retornar para o seu lar, sem mais atordoar a sua mente com tantas coisas que não mais pertenciam a ela. Independente de tudo, Joy precisava entender que o passado já passou, e ela deveria seguir em frente!
Após respirar com exaustão, caminhou até a casa do vizinho, onde chamou pelo o senhor na varanda. Ao ver a silhueta se aproximar para abrir a porta, a jovem deu uns passos para trás, já notando a sua bicicleta junto com o homem que a empurrava com cuidado.
- Bom dia, senhor. - Com um sorriso contido ela o cumprimentou.
- Sua carinha parece melhor, tem boas notícias? - o vizinho parecia um tanto preocupado pela situação, e ela procurou rapidamente em sua cabeça as palavras certas para expor aquele momento delicado.
- A Sra. Hyemin deve ficar boa logo. Obrigada por ter guardado minha bicicleta. - atenciosa, ela pegou finalmente o seu veículo, o trazendo para perto de si. - O senhor foi muito gentil.
- Imagina, eu entendo que tenha sido corrido ontem. - O homem beirando a terceira idade suspirou pensativo. - Que bom que tudo deu certo.
- Sim, verdade. - Sooyoung deu um mínimo sorriso antes de montar em sua bicicleta. Ao colocar a bolsa para frente, um estalo lhe cortou a memória. - Ah, ahjussi. - Rapidamente ela abriu o zíper tentando localizar o lenço. - Sei que já amolei, mas poderia entregar isso para o Jin quando o ver? - As órbitas negras da garota fitaram o senhor de forma determinada.
- .. É só entregar? - o homem pegou o item olhando de maneira um tanto confusa.
- Isso, como o senhor está mais perto do que eu, se não for incomodo..
- Não se preocupe, eu entrego. - Ele assentiu por fim. Ouvir tais palavras fez com que um alívio invadisse o peito de Joy. - Qual o seu nome mesmo?
- Pode falar que foi a Joy. - Sem mais delongas, a morena deu ré em sua bicicleta voltando enfim para a calçada. - Obrigada mais uma vez. - De longe a garota acenou antes de ir embora, dessa vez com um sentimento de missão cumprida, coisa que por uma série de fatores, não aconteceu no dia anterior.
[...]
Aquele 'meio' de semana se passou de maneira agradável.Passar os dias em casa com sua mãe, lhe trouxe a calmaria que seu coração clamava após tantos acontecimentos. Com a volta de seu pai na quinta feira, tudo se alegrou ainda mais! Agora era oficial, a família Park estava inteiramente de férias.
Seus pais a acompanharam na simples cerimônia da colação de grau que ocorreu na semana seguinte, no ginásio do colégio. Em meio a multidão, não houve tempo para interação nenhum entre ela e quaisquer outros meninos, e seu coração preferiu assim.Vestir uma beca simples e pegar o tão desejado diploma, sinalizou o início de uma nova etapa: Em cerca de um mês, ela estaria se mudando para a capital começando um novo ciclo de sua vida, a universidade!
Não demorou muito para a calmaria do lar dar lugar a correria. Arrumar malas de viagem era uma das poucas coisas que deixava a Sra. Park realmente estressada! A sexta feira se passou voando com a arrumação da casa e as malas espalhadas. Até porque, não seria uma viagem rápida. Seriam dez dias! Ainda assim, Sooyoung não podia estar mais feliz, afinal ela estava voltando para o seu segundo lar, ou o primeiro? Fazia tanto tempo, mas ela ainda podia se lembrar do cheiro da maresia, iria viajar para a sua terra natal, Ilha Jeju.
Joy só tinha cinco anos de idade quando eles saíram daquele lugar paradisíaco. O pai de Joy era só um marinheiro viajante na época da qual estacionou sua pequena embarcação na costa da ilha e procurou um restaurante para se alimentar. Ali ele conheceu a senhora Park. Na época, tão jovem e linda assim como sua filha é hoje. A habilidade de cozinhar era algo já intrínseco na família, coisa que ela havia herdado da mãe, que ainda mantinha o rústico restaurante no lugar, por vezes repleto de turistas.
Fazia tem mais de um ano que Sooyoung não via seus avós, realmente estava com saudades. Estar ali com eles, naquele lugar, em sua antiga casinha, era algo que de fato era capaz de tranquilizar qualquer situação. Ao arrumar as suas roupas na mala, Joy divagou por várias vezes sobre a sua vida, seu coração, seus sentimentos, seu futuro, seu passado, a única certeza que ela tinha ali, era que ela iria ser feliz. Independente de qualquer coisa, nada poderia mudar os planos originários que ela tinha em sua mente. Iria aproveitar cada momento, sem se preocupar com o amanhã.
Durante o sábado pela manhã, estava tudo praticamente arrumado, menos a ansiedade de Joy que insistia em pensar se a Sra. Hyemin estava bem ou não. Dando o braço a torcer, a morena fechou a porta de seu quarto afim de encontrar alguns minutos para telefonar. Havia o telefone de Seokjin ali, pelo fato deles terem estudado juntos por algumas vezes. Mordeu o canto da boca e discou o número. Ficou olhando pela varanda de seu quarto onde inevitavelmente algumas cenas antigas se reproduziram em sua cabeça, até que a ligação foi atendida.
- Alô? - Ao ouvir a voz do outro, rapidamente ela percebeu que ele parecia surpreso com a ligação.
- Oi, Jin...
- Sooyoung... - ele sorriu fraco do outro lado da linha - Você 'tá bem?
- Sim, estou ótima, e a sua avó? - Ela sabia que pareceu rude, mas a fala saiu sozinha. Não queria falar de nenhuma outra coisa que não fosse Hyemin.
- Ah, minha vó já está em casa. - A frase dele saiu mais arrastada. Talvez por perceber que ela não queria falar sobre ele, assim como ele tristemente imaginava. - Ela recebeu alta ontem.
- Que bom ouvir isso. - Um suspiro sincero escapou dos lábios róseos - Deu tudo certo na cirurgia?
- Deu sim, felizmente fizeram a tempo. Ela acordou tem dois dias e já me dá trabalho querendo levantar da cama.
- Seus familiares não estão aí? - ela se sentou na cama enquanto falava.
- Tem uma tia que está aqui p'ra ajudar, é filha dela, mas minha vó é teimosa. - o semblante um tanto descontraído da voz de Jin, fez com que o rosto de que a Park soltasse um breve sorriso.
- Ela é uma figura mesmo. - Lançou o olhar ao vento, ao se lembrar da conversa que teve com a senhora no baile.
- Realmente. Mas agora ela vai melhorar.
- Vai sim, ela é forte. - Sooyoung umedeceu os lábios antes de continuar. - Estou na torcida por ela, vou ter que desligar agora. - a morena se levantou da cama de maneira mais atordoada.
- Mas já? - Seokjin soltou sem conseguir esconder o lamento.
- Sim, eu só liguei p'ra saber do estado dela. Agora eu preciso ir. - a entonação de Joy, por mais que doce, deixou claro que ela não queria tocar em nenhum outro assunto.
- Entendo. - ele segurou a vontade de insistir. - Obrigado por se preocupar.
- Imagina. - enquanto com uma mão ela segurava o celular, com a outra fechou o zíper da mala. - Tchau, Jin. - a voz doce se afastou do aparelho o desligando por fim. Agora ela não tinha mais nada que pudesse ocupar a sua mente ali.
[...]
Durante a viagem de avião, Sooyoung cochilou por longos minutos. Em seguida fez questão de colocar a sua playlist de viagem para tocar. Como era uma pessoa que amava música, ela amava fazer playlist para vários momentos específicos. Ao som de Bruno Mars ela fechou os olhos novamente, dessa vez só para curtir o momento. Ficou inebriada até que o avião aterrissou.
Assim que saiu do aeroporto, o ar inconfundível de Jeju inflou o torso da garota. Repousou o fone de ouvido no ombro e então sorriu ao olhar para o céu. Um sorriso iluminado tomou conta do rosto de Sooyoung! Estava prestes a viver o seu recomeço, nada melhor que voltar às origens para se reconectar, com tudo e todos.
Não demorou muito para que o carro alugado chegasse finalmente próximo a praia, no bairro abençoado por tal beleza natural. Ao sair do veículo e avistar a casa da avó, como se fosse criança novamente, Joy correu entre o relevo gramado com os braços balançando no ar, afim de não cair.
- *Harmeonii, *harabeoji! - Soo gritou pelos os seus avós, cheia de entusiasmo para revê-los. Aos gritos da mais nova, a senhora saiu de dentro da casa ainda com a mão molhada por estar na cozinha. Logo foi surpreendida pelo abraço da neta. Sooyoung parecia ainda maior!
- Menina, toda vez que te vejo eu tenho um susto. - A mais velha riu a toa. - Está tão linda! - A senhora não aguentou e apertou as bochechas de Joy.
- Ai, vó. - Mesmo em meio a felicidade, ela resmungou - A senhora que está cada dia mais linda.
- Você quer dizer: Cada dia mais enrugada. - Elas sorriram ainda abraçadas. O bom humor era hereditário, a parte mais fechada vinha apenas do lado do pai de Sooyoung, mas em meio a tanta comemoração, nem ele segurava o riso frouxo.
A recepção não podia ser melhor. Rever os avós era algo que deixava Sooyoung muito feliz. Eles não eram adeptos a rede sociais, por isso era difícil manter a comunicação ativa, mas nada era melhor do que ver pessoalmente, com toda a certeza.
O veterano chegou apenas mais tarde após fazer algumas compras para o restaurante. Ao ver a filha, a neta e o genro ali, não conseguiu conter a emoção de igual forma.
Estar naquele lugar era como se a alma da jovem sofresse um renovo. Ao entrar na casinha antiga da qual os três moraram antes de saírem dali, uma nostalgia invadiu Joy a ponto de sua respiração sair audível. Era no fundo da casa de seus avós, o mais impressionante é que segundo a Sra. Park, a casa ainda se mantinha da mesma forma de quando partiram.
Por ser nova, Joy não se lembrava de muita coisa, mas em seu interior, sentia o seu coração se aquecer como se a sua alma reconhecesse aquele ambiente. Tateou os móveis como se eles escondessem histórias sobre si, histórias da qual ela nem se lembrava!
Cada detalhe era significativo. A primeira noite foi marcante com aquele jantar delicioso. Assim como a segunda, terceira, quarta... quando percebeu, já havia se passado uma semana! Aquele era um lindo pôr do sol, Joy estava sentada sob um tronco de madeira, sentindo a areia da praia em contato com os seus pés. Aquele lugar era tão incrível que ela já estava sentindo saudades só de imaginar que estava acabando. Lembrava-se vagamente de um momento que ela entrou no mar junto com os seus pais e engoliu água salgada pela primeira vez. Algo tão bobo e que ainda assim, fez daquele ambiente ainda mais especial.
Sooyoung estava feliz por estar ali, olhando além do horizonte. Quando percebeu, o seu avô já estava próximo, se sentando ao lado dela, no tronco.
- Eu me lembro desses olhinhos. - Ele sorriu ao falar, fazendo com que a neta o encarasse. - Você sempre falou com os olhos, pelo visto você está emotiva.
- O senhor me conhece bem, vovô. - A garota sorriu se aproximando mais dele. - Eu queria que essa viagem durasse um mês ao invés de dez dias.
- Essa sempre será a sua casa, filha.- Ele que tinha as mãos levemente trêmulas, fez um rápido afago no topo da cabeça da morena. - Eu imagino que a capital seja mais legal p'ra jovens como você, mas o vovô sempre estará aqui.
- Hm, o senhor promete? - com um pequeno biquinho ela estendeu o mindinho para ele. Ele prontamente atendeu o pedido da neta.
- Enquanto eu puder, eu prometo. - Ele entrelaçou o mindinho ao dela e eles riram. Sooyoung se sentia tão bem ali com eles, queria que aquele momento ficasse eternizado em sua memória. - Ah. - o senhor colocou a mão no bolso chamando a atenção da jovem curiosa. - eu achei algo seu.
- Meu? - ela entortou o rosto e viu uma pulseira de pedrinhas coloridas preencher suas vistas - M-mas.. - Sooyoung quase travou. - Isso é..
- Ha, é de quando você morava aqui! - ele não conteve a gargalhada. - Estava presa numa árvore e caiu quando sua vó tentou tirar uma fruta que levou anos para brotar.
- Vô, eu não acredito! - ela pôs a mão na boca enquanto com a outra pegou o item, impactada com aquela descoberta, após tantos anos. - Eu me lembro dessa pulseira! Eu costumava escondê-la em lugares junto com outras coisas que eu chamava de 'tesouro'.
- E essa realmente virou um tesouro escondido.
- Ai vô, obrigada. - a jovem o abraçou com um sorriso largo no rosto. Era aquele tipo de memória que ela queria guardar dali p'ra frente. Só queria relembrar do passado aquilo que fosse trazer alegria para o seu futuro.
De resto, esqueceria de tudo! Até mesmo os seus sentimentos por um certo alguém.
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Gente eu peço MIL desculpas pelo atraso na postagem, ontem o dia foi extremamente corrido e cansativo, mas aqui está !
Gostaram do capítulo? Votem e comentem , este é o ANTI-PENULTIMO capítulo !!!
Até sexta que vem
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