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Suas pernas balançando. Seus olhos fixos no céu. Seu corpo deitado. Uma brisa suave bagunçava de leve alguns fios de seu cabelo. A cidade calada. Mais uma madrugada e já havia virado rotina.

Todas as noites, a moradora do apartamento 603 subia até o telhado de seu prédio e ficava ali, deitada com as pernas penduradas para fora do edifício. Simplesmente observava o céu. Todos os moradores dos outros apartamentos tinham conhecimento deste seu hábito e nenhum conseguia realmente entender a tamanha fascinação da garota pelo céu. Alguns diziam que era insônia, outros diziam que ela era maluca e ainda havia outros que diziam que ela permanecia ali esperando vidas extraterrestres a abduzirem. Por mais que todos comentassem e especulassem, a menina nunca contara a verdadeira razão.

Em uma dessas madrugadas, enquanto estava deitada na beirada do edifício, ouviu um barulho estranho. Ela conhecia os sons que ecoavam naquela hora da noite, afinal, já havia perdido a conta de quantas noites passara ali, mas aquele era diferente. Algo nunca ouvido antes, um barulho muito alto que se destacava dos costumeiros cantos dos grilos e cigarras. Suas pernas pararam de balançar e ela se sentou à beira do edifício, tentando descobrir de onde viera o som.

Ao olhar para o prédio ao lado, viu uma janela aberta. As cortinas se movimentavam rapidamente e, prestes a se jogar dali de cima, estava um rapaz. Sua expressão era de medo. Ele olhava para baixo, pensativo, tentando se equilibrar.

- Não faça isso – ela disse, sem desespero em sua voz, como uma mãe aconselhando um filho ao ver que ele está tomando uma decisão errada.

Por mais calma que fosse a voz da garota, o rapaz se assustou e, em um movimento brusco, agarrou-se às cortinas, buscando equilíbrio.

- Não faça isso – ela repetiu, com a mesma serenidade.

Ele procurou de onde viera a voz. Olhou para cima esperando ver um anjo, mas, ao olhar para o lado, deparou-se com a menina, sentada, que ainda repetia "não faça isso" com a mesma calma.

- Por que não? – ele disse, com medo e insegurança em sua voz.

- Porque não vale a pena.

Ele olhou de novo para baixo, segurando-se na cortina.

- Eu não tenho razão para viver – disse, como se estivesse querendo convencer-se de que aquilo era verdade

- E nenhuma razão pra morrer.

Silêncio. A sua fala calma calara até os grilos e cigarras. Ele desceu do batente da janela e desapareceu. Ela voltou-se a deitar, como se nada houvesse acontecido.

Após alguns instantes, ouviu outro barulho. Ele havia pulado. Porém, de um prédio a outro. Deitou-se ao lado dela, em silêncio.

- Você não ama as estrelas? É como se pequenos diamantes estivessem pendurados no céu. É como se elas fossem um belo tapete de brilhantes e nós a poeira jogada para baixo dele. Chega a ser injusto. Não merecemos de forma alguma nos deparar com elas todas as noites, elas são algo muito superior a nós. Nós não seríamos tão altruístas como elas, nunca morreríamos e deixaríamos nosso brilho por mais séculos e séculos somente para os outros admirarem. É por isso que eu acho fascinante ficar deitada aqui, toda a noite, contemplando-as. E você? Do que você gosta? – ela falou, ainda com a voz serena, sem desviar os olhos do céu

Ele gostava da calma na voz dela, gostava de como ela havia disparado a falar sem nenhuma razão, gostava do jeito que ela balançava as pernas sempre no mesmo ritmo, gostava do brilho nos olhos dela enquanto a mesma falava do céu.

- Macarrão com queijo – as palavras saíram da boca dele sem pensar e ele logo se arrependeu.

Ele podia falar a verdade, mas tinha medo de dizê-la.

- Boa escolha! – ela disse, soltando uma gargalhada.

Ele também gostava da risada dela. Não era tão alta, nem tão baixa, nem tão longa, nem tão curta, nem irônica, nem falsa. Era simplesmente perfeita. Ele pôde jurar que, se gravasse aquela risada e a escutasse pelo resto da vida repetidamente, não se cansaria.

Ele tentou olhar para as estrelas, mas algo o fazia olhar para ela. Assim como as estrelas a fascinavam, ela o fascinava. Ele não conseguia olhar para o céu sabendo que havia algo ainda mais magnífico ao seu lado.

- Era uma noite como esta noite. Não estava frio, nem quente. O vento estava forte, porém era um vento morno. Eu o respirava e ele me aquecia. Era uma noite como a de hoje.

Ele não entendeu o porquê daquilo. Ela estava contando uma história ou simplesmente delirando junto com as estrelas? Seus olhos estavam fixos no céu e ela mal piscava.

- Meus pés estavam bambos e eu me equilibrava onde agora estão meus joelhos. Eu estava tentando me concentrar. Era realmente aquilo que eu queria? O prédio parecia muito mais alto do que eu imaginava. Soltei um pé, colocando-o para fora do edifício. Talvez eu tomasse mais coragem se simplesmente me desequilibrasse.

Mais uma pausa. Ele não quis interromper. Era óbvio que ela era muito melhor que ele em relação às palavras, ou, quem sabe, em relação a tudo.

- Então eu acabei me desequilibrando. Meu coração pulsou ainda mais forte do que pulsava antes. Meu pé voltou para sua posição inicial rapidamente, como em um reflexo, e eu me afastei da beirada. Olhei mais uma vez para baixo. Era realmente isso que eu queria? Fechei os olhos. Senti novamente o vento quente invadir meus pulmões. Talvez, se eu olhasse para cima, eu teria coragem de dar mais um passo à frente. Então eu levantei minha cabeça, esperando alguma razão, alguma coragem, alguma atitude. Acabei encontrando-as olhando para esse céu estrelado. Nenhuma nuvem, nada que atrapalhasse a minha visão daqui de cima. Ao invés de dar um passo, coloquei minhas pernas para fora do prédio e deitei, assim como estou agora.

As palavras dela caíram como chuva em um dia quente de verão dentro da cabeça do garoto. Então, ela também havia tentado? Então, ela havia o salvado assim como as estrelas a salvaram?

- Para quê pular se, de olhos fechados, você não consegue vê-las? – ela se referia às estrelas.

A pergunta foi para ele. Por mais que fosse retórica, ele queria ter algo para responder, para falar pra ela. Após seu último ponto de interrogação, ela virou a cabeça, o olhando com seus grandes olhos castanhos e depois voltando a olhar para cima.

Aqueles olhos. Ele faria qualquer coisa por aqueles olhos. Era só ela pedir. Tudo o que ele queria no momento era vê-los de novo, porém já estavam de volta ao seu habitat natural: fixos no céu.

- Ah, se eu pudesse ser como elas. Tão graciosas. Tão gentis. Tão singelas nesse grande pano preto. São como pequenas lantejoulas em um enorme vestido. Podem se passar despercebidas, porém sem elas o vestido não teria beleza alguma. Ah, se eu pudesse ser como elas – ela repetia, com um suspiro ao final de cada frase.

Ele estava buscando aquela razão, aquela coragem, aquela atitude. Olhava para ela, olhava para as estrelas. Pouco a pouco, com movimentos milimétricos e preenchidos de ansiedade e medo, seus dedos foram deslizando pela cobertura do prédio onde estavam deitados e se aproximando cada vez mais dos dedos dela.

Ele torcia para que ela não disparasse a falar naquele momento, apesar de amar quando ela o fazia. Ele torcia para que ela não suspirasse pelas estrelas, apesar de achar cada suspiro dela uma nova nota musical. Ele torcia para que ela não se levantasse e saísse dali, por mais que ele amaria vê-la andando. Na cabeça dele, ela devia flutuar e dançar enquanto andava. Mas ele tinha que manter aquele silêncio, aquele momento. Ele tinha que mantê-lo até conseguir alcançar sua mão.

Sua pele tocou as costas da mão da menina. Ele podia sentir a ponta de seus dedos queimarem. Foi aproximando mais até que sua palma cobriu toda a mão dela. Ela, sem desviar o olhar do céu, abriu os dedos devagar, deixando o espaço perfeito para que os dele pudessem se encaixar. As mãos se entrelaçaram e ele fechou os olhos para poder sentir aquele momento melhor, queria realmente acreditar que aquilo estava acontecendo. Percebeu que era real e era melhor do que ele imaginara.

Ele abriu seus olhos e aquele grande par de círculos castanhos estava à sua frente. Ela por sua vez conseguia ver todos os pequenos brilhos nos olhos dele. Assim, percebeu que refletiam as estrelas. Percebeu que brilhavam mais que o céu. Galáxias dançavam dentro dos olhos azuis escuros do rapaz tão estranho, mas tão familiar. Encarava-o sem piscar, ele a olhava como se fosse uma obra de arte a ser comtemplada e não compreendida. Podiam passar o resto da vida ali, observando o universo dentro dos olhos do outro.

Agora, já não mais observavam as estrelas, mas as estrelas os contemplavam, suspirando: "Ah, se pudéssemos ser como eles. Tão graciosos. Tão gentis. Tão singelos nesse grande cinza-concreto da cidade. Tão silenciosos nesse mar de ruídos. São como vagalumes nessa floresta de pedra. Sem eles, a cidade não teria a mesma graça. Ah, se pudéssemos estar no lugar deles. Tão perto um do outro. Ah, se pudéssemos ser como eles. Tão profundamente apaixonados."

F    I    M

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